setembro 25, 2024

OS PAINÉIS DOS GRAUS - Almir Sant’Anna Cruz


Na Maçonaria Operativa, o que caracterizava as reuniões dos Maçons a céu aberto nos canteiros de obras ou nos barracões, eram os desenhos que se faziam no chão, geralmente das ferramentas, das Colunas e do Pórtico do Templo de Salomão.

Quando da transformação da Maçonaria Operativa em Especulativa, as reuniões passaram a ser feitas em ambientes fechados, geralmente em tavernas, que eram ricas cervejarias dotadas de quartos, cabeleireiros, salões de leitura e de reuniões, e a prática de se desenhar no chão – pelo fato dos desenhos não se apagarem facilmente ou por danificarem o assoalho dos estabelecimentos – foi sendo gradativamente substituída por Painéis de tecido, semelhantes a tapetes, que após o término da sessão eram enrolados e guardados por um dos Irmãos.

Essa alteração caracterizou uma importante evolução, pois além dos Painéis de tecido serem mais práticos, os Símbolos ficavam menos expostos às vistas profanas e, sobretudo, podiam ser desenhados com mais capricho e dentro de princípios estéticos mais bem elaborados, ao menos em relação aos desenhos feitos toscamente no chão.

O segundo passo na evolução dos Painéis, que perdura até os nossos dias, foi adotar quadros para cada Grau, no lugar dos tapetes de tecidos, o que permitiu que alguns Irmãos extravasassem seus dotes artísticos.

Todavia, em 1772, a Grande Loja da Inglaterra idealizou a construção do Freemason’s Hall, um edifício de uso exclusivamente maçônico, concluído em 1776.

Assim, as Lojas Maçônicas passaram a se reunir em ambientes próprios, onde todos os Símbolos representados nos quadros estavam presentes fisicamente, podendo-se dizer que perderam a sua razão de ser.

Perderam, sim, sua função utilitária, mas foram elevados à categoria de Símbolo, representativo do Mestre, que é aquele que deve transmitir aos Aprendizes e Companheiros o significado dos Símbolos dos respectivos Graus, que estão figurados nos Painéis, o Símbolo da Tracing Board (*Tábua de Delinear*), como é chamado na Maçonaria inglesa, que passamos, no Brasil, a adotar os nomes de *Painel* e *Prancheta*, como se fossem dois distintos Símbolos.

Os Painéis são quadros onde estão figurados os principais Símbolos dos respectivos Graus. 

Os Painéis em uso no Brasil são de origem inglesa e francesa, sendo que os de origem inglesa foram elaborados por John Harris, desenhista arquitetônico e pintor de miniaturas inglês para a sua Loja, a Emulation Lodge of Improvement for Master Masons (Loja Emulação de Melhoria para Mestres Maçons), em 1823, que, como o próprio nome indica, é uma Loja de Instrução para o Emulation Ritual (Ritual Emulação), praticado no Grande Oriente do Brasil como sendo Rito de York, que apresenta características semelhantes ao verdadeiro Rito de York Americano, mas muito diferente dos Ritos criados na França. 

Esse conjunto de Painéis ingleses ao serem utilizados por Ritos originários da França, apresentam incongruências irreconciliáveis.

Já os Painéis de origem francesa estão absolutamente em conformidade com a estrutura dos Ritos originários da França.

A utilização de dois Painéis para um mesmo Grau, sob os nomes de Painel Simbólico e Painel Alegórico, é uma invenção brasileira inexistente na Maçonaria Universal. 

Painel do Grau é um só, o que é exposto na abertura da Loja em cada Grau. 

Os Mestres têm, ou deveriam ter, a obrigação de conhecer o simbolismo de cada elemento figurado nos Painéis, para que possam transmitir com propriedade os ensinamentos aos Aprendizes e Companheiros, como preconizados pela Prancheta, que no verbete próprio, será demonstrado que Painel e Prancheta são dois nomes que se dá a um mesmo Símbolo.

Verbete do Dicionário de Símbolos Maçônicos: Graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre Interessados no Dicionário contatar o Irm.’. Almir no WhatsApp (21) 99568-1350

setembro 24, 2024

ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU - Newton Agrella

(exercício semântico)

Veja como é instigante nosso processo de relação e familiaridade com a expressão: 

"...Assim na Terra como no Céu..."

Ainda que destituídos de quaisquer verbos que possam ensejar as ideias de estado, ação,  ligação ou qualquer tipo de transitividade direta ou indireta , ou simplesmente de intransitividade  "Terra e Céu"  simplesmente se confluem e  interagem entre si.

O Sal da Terra sugere a ideia de origem no sentido mais bruto da expressão e o Céu exerce as funções do paraíso idealizado de um ciclo que se encerra.

A cada ação que a Terra manifesta o Céu reage no âmbito de sua magistratura.

Assim na Terra como vivemos, há um estágio superior que nos aguarda e cuja crença da maioria dos seres humanos se reveste de uma nova oportunidade de aprimoramento.

Nada impede que possamos sentir e imaginar que o conteúdo da expressão  "Assim na Terra como no Céu"  seja o cultivo e a relação mais íntima entre o  nosso espírito e o nosso corp

Afinal, se a nossa concepção é baseada num Princípio Criador e Incriado do Universo, cada um de nós se constitui  numa ínfima fagulha desse mesmo sistema. 

Somos o acabamento mais perfeito da imperfeição.

Seja no exercício da elevação espiritual quando buscamos semear a Virtude ou  quando tomamos atitudes vis e rasteiras ao praticarmos o Mal, os dois polos se chocam em Força e Beleza.

Some-se a tudo isso que "Assim na Terra como no Céu" não impõe necessariamente um gênero ou conceito divinal.

Ele é  tão somente o espelho e reflexo de nossas Almas.



S.A.D.A.I. - Preste atenção que é importante

S.A.D.A.I. - O que é isso?

Somos nós - S.A.D.A.I.  é a Síndrome de Atenção Desviada Ativada pela Idade.

Ela se manifesta assim:

Digamos que você decida lavar o carro.  

Ao caminhar para a garagem, você vê que há correspondência na caixa de correio.

Por isso, você decide verificar  primeiro a correspondência. 

Você deixa as chaves do carro em cima de um armário para jogar os envelopes vazios e anúncios no lixo e percebe que a lixeira está cheia.

Na correspondência, você encontra uma fatura e decide aproveitar o fato de sair para  levar o lixo, de ir ao banco, que está logo ali na esquina, para pagar a fatura.

Você procura sua carteira no bolso, mas ela não está lá.

Você sobe para o seu quarto para pegá-la e na mesinha de cabeceira, encontra uma lata de coca que estava bebendo um pouco antes e que havia esquecido lá.

Você tira a latinha de lá, para procurar a carteira e sente que ela está quente.

Aí você decide levar para a geladeira.

Ao sair do quarto, você vê as flores que sua filha lhe deu na cômoda e lembra que tem que colocá-las na água.  Você coloca a coca na cômoda e lá encontra os óculos que procurou a manhã inteira.  

Você decide levá-los para o escritório, após colocar as flores na água.

Você vai até a cozinha procurar um vaso e pelo canto do olho vê um controle remoto.

Lembra que ontem à noite você quase enlouqueceu procurando por ele e decide levá-lo para o quarto e colocá-lo no lugar dele !!

Você põe seus óculos em cima da geladeira, não encontra nada para as flores, pega um copo alto e enche de água ...por enquanto você decide  colocar as flores assim.

 Você volta para o quarto com o copo na mão, coloca o controle remoto na cômoda e coloca as flores no copo, que não é adequado e claro ... você deixa cair muita água ...Que chato!!! 

Pega o controle remoto novamente e vai até a cozinha para pegar um pano.

Deixa o controle remoto na mesa da cozinha e sai.............

Tenta se lembrar o que você deve fazer com o pano que está em sua mão ..

 Conclusão:

 *duas horas se passaram;

 *você não lavou o carro;

 *você não pagou a fatura;

 *a lata de lixo ainda está cheia;

 * A lata de Coca-Cola está  quente em cima da cômoda;

 *você não colocou as flores em um vaso decente;

 *você não sabe onde colocou sua carteira;

 *você não consegue mais encontrar o controle remoto da televisão;

 *você não consegue mais encontrar seus óculos;

*Tem uma mancha no tapete do quarto e .......

*Você não tem ideia de onde estão as chaves do carro !!

 Você para para pensar:

 como pode ser?

 Eu não fiz nada durante o tempo todo essa manhã, mas eu não tive um momento de folga ......


setembro 23, 2024

PRIMAVERA E SUA ETIMOLOGIA - Newton Agrella


Neste short-tour pelas Estações do ano, deparamo-nos com cenários surpreendentes.

No que se refere à nossa Estação Protagonista deste fragmento, ou seja; a *PRIMAVERA* seu significado se traduz como: PRIMEIRO VERÃO

Radical "VER"= Estação

Em Português a partir do LATIM temos:

*VER* ÃO

PRIMA *VER* A

IN *VER* NO

Exceção na palavra *OUTONO*

*Brevíssimo Histórico:*

Para os romanos havia somente duas estações: uma muito longa e a outra, breve. 

A primeira era composta pela soma do que hoje chamamos Primavera, Verão e Outono, enquanto a estação mais breve era o  *hibernun tempus* , que deu origem ao substantivo *INVERNO* 

A estação mais mais longa se chamava  *VER, VERIS* , palavra que deu origem a *VERÃO* 

Porém, em determinado momento da História, o começo da estação passou a ser chamado de *primo vere* (primeiro verão) e mais tarde, prima vera, dando origem ao vocábulo *PRIMAVERA* enquanto que a época mais calorosa recebeu o nome de  *deveranum tempus* ( *VERÃO* ). 

Apesar dessa subdivisão, a estação cálida (morna) ainda era mais prolongada, até que em certo momento seu período final, o tempo das colhetas, foi chamado  *autumnus* derivada de auctus (aumento, crescimento, incremento) e esta,d e augere (acrescentar, fortalecer). 

O vocábulo latino  *autumnus*  chegou à nossa língua como *Outono*

Desfrute de sua *PRIMAVERA* como quem começa sua primeira estação da vida !!!



SEARA DE TRANSCENDÊNCIA - Roberto Ribeiro Reis


Não adianta ter material riqueza,

Tampouco ostentação ou luxúria;

Se a vida for de espiritual penúria,

A miséria d’alma é uma certeza.


O Maçom traz na consciência

Que não é submisso à matéria;

Tem isso como norma séria,

Pois prima pela quintessência.


Age com a devida excelência,

Seu plano mental vai burilando;

Essa pedra que está lapidando

À matéria não presta obediência.


A Ordem tem como abrangência

O domínio das vulgares paixões,

Dos vícios, de todas as tentações

Que atrasam a nossa existência.


Agir com parcimônia e paciência,

Pois aqui não se esgota a vida;

E que depois de nossa partida

Há um plano de proeminência.


É necessário amor, persistência,

Luta e coragem nessa messe,

Para que o Obreiro se interesse

Pela ascensão e com veemência.


Que nossa vida não seja carência,

E a abundância nos seja constante;

É olhar o firmamento, num instante,

O céu pode ser nossa referência.


O mundo sutil conduz à sapiência

De tudo o que alude ao Universo;

O Pedreiro deve estar submerso

Na seara que o liga à transcendência.


PRIMAVERA ! - Adilson Zotovici



Pássaros voam chamando a atenção 

Ao Astro Rei que ao longe surge 

Qual vem dizer que o tempo urge

Que é chegada agora nova estação


Para esquecer qualquer quimera,

Superar a tristeza, a solidão

Deixar esvair do coração

Angústia que até então tivera 


Tempo de alegria e renovação

De admirar a cor que extasia,

Sentir o perfume que inebria

De linda flor em eclosão 


Provas de DEUS na atmosfera

Que tudo conspira a favor

De quem vê e vive o amor

Trazido por ela...a Primavera 



setembro 22, 2024

ALGUNS TRECHOS DA PALESTRA "O CAMINHO DA FELICIDADE"

Alguns trechos de minha palestra principal, que já foi realizada em mais de 2.000 oportunidades desde 2003, em Lojas Maçônicas, Rotary e Lions Clubes, Universidades, escolas, empresas e instituições.

Como sempre acontece, os honorários de minhas palestras são a doação de alimentos ou outros materiais, que ficam para a própria Loja encaminhar para beneficência. De 2003, quando iniciamos este trabalho, até hoje, foram arrecadados mais de 200 toneladas de alimentos, material de higiene e limpeza, agasalhos e cobertores, material de construção, mobiliário, fraldas, etc. 

Para ter a palestra em sua Loja Maçônica basta convidar.




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EQUINÓCIO DE PRIMAVERA - Jorge Gonçalves




Outrora, a Terra era considerada parada no centro de uma esfera celeste imaginária, chamada de Esfera Celeste. Com esse modelo imaginário, podemos traçar linhas, polos e círculos para ajudar a compreender os complexos movimentos dos corpos celestes.

Uma dessas linhas imaginárias é a eclíptica, que pode ser comparada a uma "avenida" imaginária ao longo da qual o Sol se move no período de um ano. No movimento aparente anual do Sol, a eclíptica apresenta uma inclinação em relação ao Equador celeste (outra das linhas imaginárias) de cerca de 23,5˚. Essa inclinação é responsável pelas estações do ano durante o movimento aparente do Sol.

Existem quatro pontos notáveis nessa trajetória, conhecidos como os pontos equinociais e solsticiais.

Hoje não vamos falar sobre os solstícios, vamos falar de equinócio. Temos o ponto vernal, que é o ponto na Esfera Celeste determinado pela posição do Sol quando cruza o Equador celeste enquanto se move pela eclíptica. A distância angular entre o Sol e o Equador é chamada de declinação.

Hoje, às 09:43, o Sol está no ponto oposto ao vernal, o ponto de Libra. Logo, acontece o equinócio de setembro, marcando a primavera no hemisfério sul e o outono no hemisfério norte, dependendo da perspectiva de observação.

As civilizações antigas utilizavam estrelas, como Aldebaran, para marcar os solstícios e equinócios, além das constelações de Câncer, Capricórnio, Áries e Libra. Essas estrelas são visíveis de ambos os hemisférios e têm sido usadas ao longo da história para ajudar na marcação do tempo e das estações.

Hoje celebramos o equinócio, o primeiro dia de uma nova estação! O início da primavera no hemisfério sul, uma época de renovação e florescimento. Como bem disse o extraordinário Khalil Gibran: " _Nós vivemos apenas para descobrir a beleza. Todo o resto é uma forma de espera_ ." Tenha um excelente dia!



AS TRES JANELAS - Jules Boucher


As Três Janelas

Três Janelas estão representadas no "Quadro de Aprendiz": a primeira a Oriente, a segunda ao Meio-Dia e a terceira a Ocidente; nenhuma janela se abre para o Norte. Essas três janelas são cobertas por uma rede de arame. "Elas representam, diz Plantageneta, as três portas do Templo de Salomão, e essa evocação, se considerarmos isoladamente a Oficina Maçônica, poderia parecer, no mínimo, paradoxal. Mas não é nada disso. A rede que protege essas aberturas lembra que o trabalho dos operários é subtraído à curiosidade do profano, cujo olhar não sabe penetrar no Templo; mas sublinha que, se o olhar do Maçom não for detido pelo mesmo obstáculo, suas perspectivas são essencialmente diferentes. Com efeito, ele não pode olhar materialmente a vã agitação da rua, pois ao seu redor tudo está fechado, mas nem por isso, espiritualmente, ele deve determinar o movimento do mundo sensível encarado do ponto de vista em que ele se encontra".

"A Loja do Aprendiz não recebe nenhuma luz do exterior", escreve Wirth, que acrescenta: "Ela lembra, por esse detalhe, as criptas subterrâneas cavadas no flanco das montanhas, os hipogeus do Egito ou da Índia, o antro de Trofônio, etc. A Loja do Companheiro, em contrapartida, está em comunicação com o mundo exterior graças às três janelas..."

Ora, pelo que pudemos constatar, os antigos rituais maçônicos fazem menção de três janelas no grau de Aprendiz. Oswaldo Wirth suprimiu-as um tanto levianamente, para poder adaptar sua explicação à sua concepção.

Quanto a Plantageneta, ele fala das três portas do Templo de Salomão. Ora, na Bíblia se diz (I Livro dos Reis, VI, 4): "O rei fez na casa (no Templo) janelas com grades fixas". Ignora-se tudo a respeito do número dessas janelas e de sua disposição. Sabe-se, apenas, com certeza, que o Templo se abria de leste para oeste, como na maioria de nossas igrejas catedrais; desse modo, o Templo era iluminado pelo Sol ao nascer. A orientação geral era a mesma que a das igrejas, isto é, a construção estava orientada, em seu comprimento, no sentido Leste-Oeste, mas o Sol é que ia ao encontro do Santo dos Santos.

Os Maçons construtores sempre orientaram os Templo com a entrada para o Ocidente e de modo que as três janelas do "Quadro" sigam a marcha do Sol. Não existe janela ao Norte, porque o Sol não passa por aí.

As janelas são protegidas por redes não para impedir que os profanos olhem para o interior do Templo — pois se o Templo, fosse iluminado interiormente, uma simples rede de metal não seria suficiente para impedir que se visse o que acontecia dentro deles — mas simplesmente para impedir o acesso ao Templo.

O Templo fica isolado do mundo profano e o Maçom não deve sofrer nenhuma tentação para se tornar espectador do mesmo. Pelo contrário, é preciso que, ao sair do Templo, depois de ali ter haurido novas forças, o Maçom volte a ser um agente no meio à multidão anônima e aí distribua a Sabedoria, a Força e a Benignidade que adquiriu no Templo.

A janela do Oriente traz a doçura da aurora, sua renovação de atividade; a do Meio-Dia, a força e o calor; a do Ocidente dá uma luz que, à medida que se torna mais fraca, convida ao repouso. O Norte, escuro, como não recebe nenhuma luz, não precisa de janela.

Os trabalhos dos Maçons começam, simbolicamente, ao Meio-Dia e terminam à Meia-Noite. Começam ao Meio-Dia, quando o Sol brilha com toda a sua força no Templo.

Os Aprendizes são colocados ao Norte porque têm necessidade de serem esclarecidos; eles recebem assim toda a luz da janela do Meio-Dia. Os Companheiros, colocados ao Meio-Dia, precisam de menos luz, e a sombra provocada pela parede do Templo ilumina-os suficientemente. Na mesma ordem de idéias, notar-se-á que o Venerável e seus assessores recebem de frente apenas a luz do crepúsculo. Em contrapartida, os Vigilantes são alertados desde a aurora pela luz que os atinge em cheio.

Os catecismos maçônicos dizem comumente que os Companheiros se colocam ao Meio-Dia porque são suficientemente avançados para suportar o brilho da luz; por outro lado, eles dizem que o Iniciado do segundo grau é convidado a se tornar ele próprio uma chama ardente, fonte de calor e de luz. Todos hão de convir, sem esforço, que existe aí um pleonasmo e que "fontes de luz" não têm necessidade alguma que se acrescente a seu brilho o brilho do dia.

Fonte: JULES BOUCHER, A Simbólica Maçônica — Ed. Pensamento

OFICINA MAIS BELA - Adilson Zotovici


Qual bem pintada aquarela

Ou mesmo a lápis num papel

Ou burilada em estela

Com um bom maço e bom cinzel


Qual tela doce e singela

Que ao livre pedreiro é mel

Que se distante flagela

Canteiro sem ela é fel


O “Olho” , a sentinela,

Desde o portal ao dossel

Onde o obreiro se revela


Admissão nela, o laurel

A oficina mais bela

Do fundo da terra ao céu !



setembro 20, 2024

PENSAMENTO CRÍTICO - Newton Agrella


Muito se fala e se ouve a respeito da expressão "Pensamento Crítico", porém definí-la ou explicá-la de maneira clara e direta parece um exercício relativamente indigesto.

Valendo-se de um critério simples para a sua explicação, o Pensamento Crítico constitui-se na capacidade de avaliar os acontecimentos e as situações de maneira crítica.

Para tanto é necessário que entendamos que a palavra "crítica" advém do grego *kritikē significa "a arte de julgar" (Dicionário Etimológico Japiassu & Marcondes, 1990).

Em filosofia, "crítica" tem o significado de análise. 

O Pensamento Crítico portanto, requer que o ser humano consiga deixar de lado suas crenças e opiniões subjetivas e pessoais para fazer sua análise pura e impessoal.

Algo como se a pessoa fosse capaz de ver as coisas de fora, sem participar, ou seja; apenas analisando de maneira isenta, sem qualquer tendência ou proselitismo.

Se transpusermos essa disposição para a Maçonaria, verificamos que a mesma encerra dentre seus princípios a ausência de qualquer "partidarismo político" ou de qualquer "proselitismo religioso" como base filosófica para a elaboração do Pensamento Crítico.

O foco analítico deve se pautar no racional, sem permitir que as emoções influenciem no julgamento final.  

Essa prerrogativa porém, não é qualquer impeditivo para que o Homem possa crer num Princípio Criador do Universo nem tampouco professar um exercício de Fé naquilo que possa conectá-lo a uma inspiração ou força divinal ou transcendental.

O Pensamento Crítico é baseado em conceitos e emprega não somente a lógica  (formal  ou, mais frequentemente, informal) , mas "critérios intelectuais amplos" como clareza, credibilidade, precisão, relevância, dentre outros.

Na Maçonaria esse exercício demonstra o caráter antropocêntrico e especulativo, como meio de construção dos valores mais caros e edificantes de nosso templo interior.



DIÁLOGO COM O ESPELHO - Newton Agrella


Pior que todas as pragas que assolam a humanidade e em particular o nosso país é sem sombra de dúvida o Vírus da Ignorância.

O ignorante não abre frente às discussões, não se permite ouvir, ponderar, aquiescer posições contrárias ou aceitar as diferenças.

Vivemos um período da história contemporânea do Brasil, cujo nível intelectual e cultural de nosso povo atinge patamares que beiram o subterrâneo.

O simples fato de discordar de algum conceito ou de sustentar um ponto de vista diferente sobre algum tema ou objeto de discussão já é motivo de destempero e de violência.  

O opositor é visto como um inimigo. E fugir da raia sem qualquer contra-argumento sustentável parece ser o caminho mais curto e indolor.

Nos últimos tempos, a sociedade brasileira, meio que assumiu, uma postura equivalente às torcidas de futebol.

Leia-se que com maior ênfase no que diz respeito às questões de natureza política.

Sejam nos meios acadêmicos, literários, artísticos, na mídia e nos demais segmentos sociais, "marcar território e entrincheirar-se nele" tornou-se um "must" - uma espécie de obrigação para ser aceito num grupo.

Essa insipiência, fruto de um país que jamais se preocupou com a Educação, acabou criando gerações cada vez menos comprometidas com o exercício do Pensamento.

Como fruto desse processo, a figura do ignorante tornou-se lugar comum em todas as áreas.

Diga-se de passagem que formalmente, o ignorante estabelece critérios que desqualificam o conhecimento alheio em favor de sua falta de conhecimento. 

Sua inconsistência intelectual 

o leva a fazer ideias falsas sobre si mesmo e sobre o mundo que o cerca, de forma errônea e deturpada. 

O Vírus da Ignorância causa estragos inimagináveis e os sintomas mais evidentes de serem diagnosticados são: 

- não saber ;

- não querer saber ;

- ou ignorar o conhecimento científico provado e comprovado por métodos científicos e pela lógica. 

- e o inominável "eu acho que..."

Nesses dias de confinamento absolutamente necessários, nada mais sadio para combater esse Vírus da Ignorância do que ler, inteirar-se da realidade que nos cerca, exercitar o cérebro e começar a pôr em prática o Discernimento, cuja base é o velho e conhecido Bom Senso.