outubro 09, 2024

O TAU NO AVENTAL DO MESTRE INSTALADO - Paulo Valle


 

O avental do Mestre Instalado é igual ao do Mestre, porém com Taus (letra semelhante à latina T) invertidos no lugar das rosetas. 

Segundo o Irm.’. Joaquim Gervásio de Figueiredo in Dicionário de Maçonaria, O Tau é um “antigo símbolo egípcio de iniciação.

Segundo o demonstra R.F. Mackenzie, ‘era um símbolo de salvação e consagração. E como tal, tem sido adotado como símbolo maçônico do Real Arco’.

O Tau é a cruz em forma de T, e um dos mais antigos símbolos cruciformes, entre os quais se inclui o Malhete.

No Budismo do Norte significa ‘senda da perfeição’. ‘Não entraste no Tau, a senda que conduz o conhecimento?’ (Voz do Silêncio, Parte I de Helena Pietróvna Blaváski)”.

O Irm.’. Nicola Aslan in Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia afirma que o Tau, entre os antigos, era um símbolo sagrado e universal, tendo aparecido inicialmente entre os fenícios (nota: tanto Hiram era rei da cidade-estado fenícia de Tiro, quanto Hiram Abiff era um fenício de Tiro), representando as forças naturais do Sol fecundador, da terra fertilizada e, consequentemente, a vida universal.

Surgiu posteriormente como a 22ª e última letra do alfabeto hebraico (nota: Salomão era hebreu). Era o sinal dos sinais (nota: e isso se observa no Ritual de Instalação de Veneráveis Mestres).

O Tau foi adotado pela Maçonaria como um símbolo do equilíbrio, resultante do ativo e do passivo e representando a ligação do mundo material ao mundo espiritual ou como símbolo representativo da vida eterna, mas sempre indicando uma elevação puramente espiritual.

A forma do Malhete, símbolo do poder, tem a forma do Tau. E conclui que enquanto o Tau representa sacrifício e morte para alguns, simboliza para outros a vida, a eternidade e a luz que regula a parte material do homem e a própria divindade.

“É o último degrau da evolução humana, isto é, a perfeição, caminho seguro para a integração com o Ser Supremo” (nota: o Mestre Instalado pode ser considerado como sendo o último degrau dos graus simbólicos).

Quanto ao fato do Tau ser usado invertido no Avental dos Mestres Instalados, o Irm.’. F.P. Castells in “The Genuine Secrets in Freemasonry” nos ensina que a Maçonaria adotou o Tau na posição invertida chamando-o geralmente de Hiram, como um símbolo do poder e indicando a dignidade do Mestre Instalado.

Retornando ao grande maçonólogo, o Irm.’. Nicola Aslan, no Ritual de Instalação de Venerável, que elaborou para o GOB.’., cita que o Irm.’. Jules Boucher afirma que “segundo uma regra habitual, essencialmente tradicional e nitidamente obrigatória, para a conservação do segredo, de todo rito especificamente mágico, certas palavras devem ser lidas invertendo-as.

E se esta regra se refere a palavras, não há razão para que esta regra não se aplique também a sinais” e completa que “o Tau está ligado ao Mestre Instalado, tanto pelo seu simbolismo espiritualista, como pelo que ele representa no mundo material, isto é, o poder, o mando, a chefia ...” 

Finalizando, e lamentavelmente não podendo ir aqui mais longe, o Tau invertido é um símbolo privativo dos Mestres que passaram pela cerimônia de Instalação.

QUAL A VERDADE QUE INVESTIGAMOS? - Caio Reis


 

Nós, maçons, somos investigadores da verdade. 

Assim aprendemos desde o dia que ingressamos na Ordem.

Vamos então definir a qual verdade nos referimos. 

Seria Deus? 

Seria qual o nosso papel neste planeta? 

Seria a vida após a morte?

Qualquer que fosse a nossa definição uma coisa é certa: Todas essas indagações a serem investigadas, deveriam ser absolutamente desprovidas de quaisquer imposições dogmáticas.

Os dogmas são colocações imutáveis e não sujeitas a contestações e indagações.

Não creio que seria possível investigar qualquer dos temas acima mencionados se esbarrarmos em dogmas que impeçam a nossa investigação.

É bem difícil ser maçom e despojar-se muitas vezes de princípios que trazemos arraigados desde a mais tenra idade. 

Esta, porém é a única forma de investigarmos temas transcendentais e desta investigação tirarmos algum proveito.

A Constituição de Anderson é impregnada pelo espírito místico-religioso e mostra a Maçonaria como um sistema de ordem moral, um culto para conservar e difundir a fraternidade e união entre os homens e a crença na existência de Deus. 

Sobre Deus e religião dizia o Pastor Anderson o seguinte:

 “Um Maçom é obrigado, por dever de ofício, a obedecer a Lei Moral. 

E se ele compreende corretamente a Arte, nunca será um estúpido, ateu ou um libertino irreligioso.”

Muito embora nos tempos antigos os Maçons fossem obrigados em cada país a adotar a religião daquele país ou nação, qualquer que ela fosse, hoje se pensa mais acertado, somente obrigá-los a adotar aquela religião com a qual todos os homens concordam, guardando suas opiniões particulares para si próprios. 

Isto é, serem homens bons e leais, ou homens de honra e honestidade, qualquer que seja a denominação ou convicção que os possam distinguir. 

Por isso a Maçonaria se torna um centro da união e um meio de conciliar uma verdadeira amizade entre pessoas que de outra forma permaneceriam em perpétua distância.

Algumas das Lojas inglesas, revoltadas com a imposição de dogmas, migraram para a França e insurgiram-se contra essa Constituição Maçônica e também com a interferência de religiosos da época nos assuntos da Ordem.

Na França, criaram o Rito Moderno que não questionava a existência  de Deus e não obrigava que a bíblia estivesse presente nas sessões maçônicas. Foram chamados de ateus, mas justificavam que esta era uma questão de foro íntimo de cada um e que tal assunto não interessava para a Maçonaria.

Foi dessa Maçonaria francesa que se originaram as primeiras Lojas brasileiras, como hoje as conhecemos. 

Faço todo esse relato para que os irmãos sintam como foi e tem sido difícil para nós maçons livrarmo-nos de tudo aquilo que impede sermos verdadeiros investigadores da verdade mesmo que transitória.

Assim, esperamos que as nossas mentes continuem cada vez mais, sendo abertas, para que possamos cumprir o nosso papel na sociedade, combatendo os fanatismos e livrando-nos de dogmas que possam servir como empecilhos para a busca da verdade.

Que o G.˙. A.˙. D.˙. U.˙. a todos ilumine e guarde.



outubro 08, 2024

O QUE É O MAL PARA A MAÇONARIA? - Sérgio Quirino Guimarães


Inicio este artigo com a seguinte provocação: não existe o bom Maçom!

Isso porque, simplesmente, não há a possibilidade do mau Maçom. Bom e Mau são adjetivos que não cabem no que representa a condição de ser Maçom.

Assim como toda água é molhada e todo fogo é quente, os adjetivos que cabem ao Maçom são intrinsecos. Por ser Maçom, ele é honesto. Não! Por ser honesto, ele foi convidado para participar da Maçonaria.

Por outro lado, o MAL e o BEM "existem" na Maçonaria. Não em concepções religiosas, mas no que é mais sagrado para nós, na Moral e na Ética. De

Não podemos dizer que desconhecemos a origem do Mal, pois ele é apenas o lado fraco da natureza humana, manifestado em tudo aquilo que não é desejável ou que deve ser combatido. O Mal é o próprio vício, em oposição à virtude. Por isso, um deve estar em masmorras, e o outro, em templos.

O filósofo alemão Immanuel Kant ensinava que o ser humano teria uma PROPENSÃO para o mal, apesar de ter uma DISPOSIÇÃO original para o bem. Assim, nos reunimos em Templos para por um freio salutar a tal propensão.

E quando o Mal é mais perceptivo entre nós? Quando há disputas eleitorais! Em todos os níveis, Irmãos entram em atrito com outros por conta de cargos em Loja. Lojas que "racham" após a eleição para VM e Potências Maçônicas que surgiram por ações jurídicas em pleitos gerais.

O estudo acadêmico sobre o mal chama-se Ponerologia, que vem do grego "poneros", cujas possibilidades linguísticas originam, remetem e coadunam com diversos substantivos, verbos e advérbios, tais como: doloroso, calamitoso, doente, cruel, malicia, culpa, o diabo e os pecadores.

Desse modo, como Maçons Especulativos, quais pensamentos lhes vem à mente por essas palavras? Devemos, pois, nos conscientizar de nossas próprias fraquezas, e a principal delas é a vaidade. O Mal existe por toda parte, com suas atrações e a tentação do falso brilho das coisas.

A ganância, a inveja, a mentira, a soberba, as calúnias e a ambição mancham tronos e altares, corrompem Lojas e Potências, contaminam todos aqueles que sacrificam seus nomes e sua dignidade em razão do apetite pela vida material.

Isso, porém, é um processo salutar de aprendizado tanto para os protagonistas quanto para os coadjuvantes, bem como para aqueles que acompanham de maneira serena o desenrolar da instrução.

O Livro da Lei ensina que "Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã (Salmo 30:5). E qual deve ser nossa atitude com este "Mal"?

Nenhuma! O enforcado procura sua própria corda! O mal é apenas o lado fraco da natureza humana.

SE VOCÊ, DE FATO, É MAÇOM, TRABALHA PARA E COM O LADO FORTE DE SUA NATUREZA HUMANA, O BEM..



MESTRE DE HARMONIA - Roberto Ribeiro Reis

Uma vez que a Paz, a Harmonia e a Concórdia configuram-se como a tríplice argamassa com que se ligam as nossas obras, é imprescindível que abordemos um pouco sobre o relevante trabalho de quem é responsável pela organização musical em nossos trabalhos.

Como é magnífico participar de uma sessão, cuja Harmonia se revele, a um só tempo, suave e revigorante e que consiga reverberar - não somente pelos quatro cantos do templo- acima de tudo pelos recônditos de nossa alma.

Para tanto, sentimos que essa regência musical deve ter em seu bojo não só um maestro calmo, sereno e atento à marcha ritualística da reunião, mas também canções instrumentais que colaborem para que a sessão (de fato) seja dada como Justa e Perfeita.

Com efeito, não será ao som de uma bateria de escola de samba, “modão” sertanejo ou de um rock psicodélico de Woodstock que se logrará o êxito em nossos trabalhos; ora, se buscamos justamente sair de um ciclo denso da matéria, para buscarmos alcançar um clima espiritualizado, esotérico e (por que não) inefável, como conseguiremos formar uma egrégora ideal se não selecionarmos um repertório digno da Arte Real?

A Maçonaria, enquanto instituição milenar e eminentemente respeitada, merece ter em seu seio homens que façam jus a integrá-la, e que consigam romper as barreiras funestas que têm fragilizado a humanidade.

A vibração de um ambiente colabora para a tomada de importantes decisões em uma Oficina Real, decisões essas que hão de ressoar, inclusive, no mundo profano; se os trabalhos não conseguem tomar força e vigor – dado que desprovidos de harmonia- imaginem o resultado da sessão. Vale a pena refletir sobre isso!

Que os Maçons tenham a consciência plena e ajustada de que o Mestre de Harmonia não é um mero DJ, apresentando músicas aleatoriamente e em descompasso. Ele é um protagonista de excelência em nossos trabalhos, responsável pela produção de boas vibrações quânticas (termo muito em voga, atualmente) e pela troca de boas energias entre os Irmãos. Pelo menos, é o que todos nós esperamos e desejamos!


outubro 07, 2024

AS CONEXÕES NOS FAZEM HUMANOS - Gilson Ribeiro


"A cada avanço na tecnologia digital, somos tentados a acreditar que o progresso é linear e sempre positivo. No entanto, à medida que nossas vidas se conectam mais por circuitos e menos por afeto, percebemos que as relações interpessoais e os laços familiares parecem retroceder. 

O que ganhamos em conveniência, perdemos em presença; o que conquistamos em alcance, sacrificamos em profundidade.

Talvez o verdadeiro progresso humano não se meça pela inovação técnica, mas pela capacidade de mantermos vivas as conexões que nos fazem, de fato, humanos."

A DÚVIDA SALVA, A CERTEZA CONDENA - Sidnei Godinho


Na aviação temos uma máxima: "Na dúvida, Arremete". (arremeter quer dizer cancelar o pouso e seguir em frente)

São segundos para a tomada de decisão que pode implicar em um pouso desastroso, uma arremetida segura, ou ainda um pouso não tão desejável, mas com riscos e danos controlados.

O problema em questão é que na certeza do prosseguir, não há margem para o erro.

Enquanto na dúvida do limite ser extrapolado, a decisão por arremeter sempre lhe trará outra chance para tentar o pouso seguro.

E assim também é em nossas relações cotidianas, sejam profissionais ou passionais.

Quantas e quantas vezes nos encontramos no dilema de forçar a tênue linha do respeito (próprio ou mútuo) em discussões infindáveis, pelo Jugo da certeza, quando abortar e trocar o tópico são as alternativas da sobrevivência conjugal ou social.

Em uma relação (trabalhista, fraterna ou conjugal) Recuar não é retroceder; ter dúvidas não é fraqueza, é apenas percepção de que há opção entre se arriscar a dar certo ou usar de cautela para tentar novamente.

Aproveite o dia para refletir sobre os vôos de sua vida e lembre-se que decolar é opção, mas pousar é obrigação, contudo não precisa ser forçado, pode e deve considerar sempre suas alternativas para estar seguro e ser feliz.

A certeza pode lhe condenar, mas a dúvida pode lhe dar outra chance.

Não seja então senhor da Verdade!



ACÁCIA NA MAÇONARIA - Kennyo Ismail


Não vamos entrar em discussão sobre as centenas de espécies de acácia, pois esse não é o objetivo. 

Tendo a acácia na maçonaria um papel simbólico, a espécie de acácia pouco nos importa. Vamos ao que interessa: 

Como sabemos, os judeus sofreram forte influência dos egípcios durante o tempo em que estiveram naquele território. 

Assim, muitos traços culturais, sociais e religiosos do Egito Antigo foram incorporados pelos judeus. 

Como exemplos, podemos citar a lenda de Anúbis, filho ilegítimo jogado no rio e posteriormente encontrado por uma rainha que o cria, e a lenda da arca do dilúvio, as quais foram recontadas pelos judeus e tiveram seus protagonistas rebatizados com nomes judaicos: Moisés e Noé. 

O mesmo se deveu com a acácia, árvore sagrada dos egípcios e adotada pelos judeus. 

A acácia era matéria-prima para a produção de artigos sagrados no Egito, adotada pela sua alta densidade e durabilidade, não sofrendo ataque de insetos. 

Sua goma (conhecida popularmente como “goma arábica”) era utilizada nas cerimônias sagradas de mumificação. 

Parece que os judeus aprenderam essa lição, pois a acácia foi a madeira indicada para a construção de todos os importantes objetos sagrados, como no tabernáculo, nos altares, e na arca da aliança. 

O fato de seu uso estar mais concentrado no “Êxodo” e aos poucos ser substituído pelo cedro e cipreste, confirma essa teoria da influência egípcia. 

Até aí tudo bem, mas de onde sairia a inspiração para relacionar a acácia com a lenda de Hiram Abiff ? 

Basta recorrermos a uma das principais lendas egípcias: a lenda de Osíris. 

Seth odiava Osíris, que era tido como sábio e poderoso, então resolveu matá-lo. 

Ele fez um belo caixão com as exatas medidas de Osíris e convidou as pessoas para um jogo: aquele que se encaixasse perfeitamente no caixão, ganharia o mesmo de presente. 

Logicamente, quando a vez de Osíris chegou, o caixão era perfeito, e Seth e seus cúmplices trancaram Osíris dentro do caixão e o jogaram no rio. 

Sua mulher, Ísis, o procurou por muitos dias. 

O caixão havia encalhado e sobre ele havia brotado uma… acácia. 

A acácia serviu de indicação para que Ísis encontrasse o corpo de Osíris. 

Por essa lenda, Osíris é considerado o deus da morte e da imortalidade da alma. 

Um corpo sob uma acácia e os ensinamentos sobre a morte e a imortalidade da alma soam familiar??? 

Daí a atribuir à acácia também o significado de segurança, clareza, inocência e pureza, como alguns autores querem, é forçar demais. 

Deixemos para a acácia sua bela missão de simbolizar a vida após a morte, assim como herdamos dos egípcios. 

Isso já é o bastante para um único símbolo...






outubro 06, 2024

A VIDA SEMPRE RENASCE APÓS O INVERNO - Samuel Aguiar da Cunha


Somos hoje chamados a refletir sobre os inícios e recomeços que marcam não apenas o nosso caminho maçônico, mas também os ciclos da natureza e da vida. O mês de outubro traz consigo uma convergência de símbolos poderosos: estamos no início da primavera, que celebra o renascimento da vida e a renovação da criação; vivenciamos hoje um eclipse solar, evento cósmico que nos convida a introspecção e ao realinhamento das nossas intenções; e iniciamos, no pôr-do-sol de hoje mesmo, o ano de 5785 da Verdadeira Luz, marcado por Rosh Hashaná, um momento de profunda renovação espiritual.

Assim como a primavera nos ensina que a vida sempre renasce após o inverno, somos constantemente lembrados de que o fim de um ciclo não é o término definitivo, mas o prelúdio de um novo começo. Essa mesma lição se reflete no eclipse solar, que, embora traga escuridão temporária, logo cede espaço à luz renovada. No campo espiritual, o ano de 5785, com suas tradições de introspecção e reflexão, reforça a necessidade de nos reavaliarmos e renovarmos nossos propósitos, deixando para trás aquilo que já não nos serve.

Nessa linha de pensamento, gostaria de trazer à nossa reflexão a figura simbólica do Ouroboros, a serpente que morde a própria cauda, representando o ciclo eterno de morte e renascimento. O Ouroboros nos lembra que o fim e o começo são partes inseparáveis de um todo contínuo. Assim como o aprendiz que constantemente se aprimora e se reconstrói, nossa jornada como Maçons exige essa renovação perpétua. Cada ciclo nos aproxima mais da sabedoria, da luz e da verdade que buscamos. A cada novo início, não importa o quão pequeno ou imperceptível, encontramos uma nova chance de moldar nossa pedra bruta.

Hoje, assim como o equinócio de primavera e o eclipse, simbolizamos a união entre a escuridão e a luz, entre o término de um ciclo e o início de outro. Que este novo ano lunissolar, 5785, traga-nos a sabedoria para enxergar os momentos de recomeço como oportunidades de crescimento espiritual e moral, assim como a primavera traz o florescimento após o rigor do inverno.

Que a figura do Ouroboros nos lembre de que, mesmo nos momentos de escuridão, devemos estar prontos para o renascimento, para a reconstrução de nossos templos internos, e para recomeçar sempre, com humildade e dedicação.

Sigamos, meus Irmãos, conscientes de que cada novo início nos aproxima mais da plenitude do nosso trabalho e da realização dos princípios que a Maçonaria nos ensina.

E é assim, rogando ao Grande Arquiteto do Universo que nossa Loja e seus Obreiros continuem buscando morrer para o mundo profano e renascer para uma vida purificada e consagrada, declaro nada verificar que impeça o encerramento de nossos trabalhos, se e quando assim desejar Vossa Sabedoria e Prudência.

O TEU VOTO - Adilson Zotovici


Das tuas mãos livre pedreiro

Operárias do teu conceito  

Mudanças no augusto canteiro 

O país, mais justo e perfeito 


Está no teu voto certeiro

Não por obrigação a despeito  

Mas pelo direito primeiro 

Para dar à Nação o respeito 


Em cada preceito sobranceiro  

Teu procedimento insuspeito 

Que fizeram de ti bom obreiro 


Teu maço e cinzel neste pleito 

Brasil começa por derradeiro

Por vereador e Prefeito.

ARLS COLUNAS DO MESTRE HIRAM ABIFF n. 704

 


No dia de ontem, sábado de manhã, horário incomum, visitei uma Loja também incomum, pequena porém muita ativa e com absoluta maioria de obreiros bem jovens.

Tive o privilégio de ouvir um trabalho de qualidade excepcional de um irmão bem jovem, o que ilustra o fato de que não é a idade, mas o estudo que traz sabedoria.

O também jovem e bem humorado Venerável Mestre, Alexandre Cunha Sampaio, apesar de sua postura pessoal informal, conduziu com seriedade e estrita ritualística a agradável sessão.

A ALEGORIA DO TEMPLO NO REAA

 


NA FLAUTA MÁGICA A VISÃO - Adilson Zotovici


 

Na “Flauta Mágica” a visão

De iniciação à porfia

De Mozart, sua criação

Com outro irmão, da maçonaria


Que Tamino à exaustão

Drama que Uraeus o perseguia

Correu contrário ao “Clarão”

À três Damas de Companhia


Da Rainha da Noite a ação

Como açoite à sua filha induzia

O príncipe, que por contemplação

Pamina, sua alma, queria


Com Papageno, um falastrão

Viagem incerta seguia

Por magia, do guarda, um vilão

Pamina então fugiria


O Bem e o Mal em contenção

Como em nosso dia a dia

Que só afinal, com a perfeição

O Bem decerto venceria


Sarastro, que a erudição

Recebeu Tamino com alegria

Vindo da treva, da escuridão,

À Luz da Sabedoria !



outubro 05, 2024

IRMÃO CID MOREIRA - Genaro Freitas


Meu pai foi maçom e era amigo do Cid Moreira de longa data. Em meados dos anos 1950, quando o locutor iniciante com sonhos grandiosos, foi apresentado à Maçonaria, o que mudaria o curso de sua vida. A recomendação veio de meu pai, que via no talento de Cid não apenas uma promessa de grandeza na radiodifusão, mas também uma aptidão para algo maior dentro da Ordem.

Cid foi levado à Loja Luz do Horizonte, uma loja maçônica tradicional na cidade. Aquele ambiente, repleto de símbolos e rituais que remontavam séculos, fascinava o jovem. Seu ingresso na ordem não foi imediato, mas após ser observado e recomendado por vários Irmãos, finalmente foi iniciado. A loja acreditava que sua voz marcante e sua postura sempre ética representavam os ideais de retidão e sabedoria que a Maçonaria tanto prezava.

Com o tempo, o jovem Cid não apenas se tornou parte ativa da loja, como também foi elevado à posição de Orador — uma escolha natural, dada sua habilidade inata para a oratória. Seus discursos no templo eram sempre memoráveis, a voz grave e serena conquistava a atenção e o respeito de todos os presentes. Durante alguns anos, meu pai contava que ele ocupou o cargo com maestria, sendo reconhecido como um dos melhores oradores da história da Luz do Horizonte.

Porém, não foi apenas na Loja que as portas se abriram para Cid. A irmandade,  também estava conectada aos grandes círculos da mídia. Não por acaso, tanto o criador quanto o então diretor do Jornal Nacional, ambos maçons da Loja Sol e Verdade, tomaram conhecimento do jovem locutor através dessas redes. Cientes de seu talento e de sua fidelidade aos princípios maçônicos, os dois influentes maçons se tornaram peças-chave na contratação de Cid pela Rede Globo.

Assim, em 1969, Cid Moreira foi convidado a ser a voz oficial do mais importante telejornal do país, o Jornal Nacional. Embora sua entrada no mundo televisivo fosse justificada por sua competência e talento, é inegável que o poder das conexões formadas na Maçonaria desempenhou um papel significativo nesse momento crucial de sua carreira.

A partir de então, Cid consolidou seu nome não só como um ícone do jornalismo. Ele não pôde continuar na Maçonaria, em virtude de sua agenda muito complicada. Mas continuou a visitar a sua loja em alguns eventos de família e outras ocasiões. Lembro de vê-lo em alguns desses eventos de família, sempre sereno e muito discreto. Ele permanecerá eternizado, reverenciado por sua trajetória tanto no templo quanto nos estúdios.