outubro 20, 2024

1666 - O INCENDIO DE LONDRES - Michael Winetzki


 

VIRTUAIS PORTOS CULTURAIS - Adilson Zotovici



Adilson Zotovici - dedico aos denodados Mestres Palestrantes


São Pedreiros navegadores

Livres, vasto mar de cultura

São marinheiros portadores

D’ Arte Real de carga pura


São palestrantes, professores

Capitães com propositura

Em virtuais portos os primores

Que cabais à semeadura


Enfrentando  os dissabores

Navegação plena,  segura

Das tormentas dos detratores


Essa a missão inda que dura

De porto em porto os mentores

À perfeição que a ventura !



outubro 19, 2024

CONVIVENDO NO MUNDO - Newton Agrella


Estivemos por aí...

Visitando lugares, observando as diferentes formas do comportamento humano e inevitavelmente vendo de que forma as pessoas reagem diante das triviais situações do dia a dia.

Não parece razoável rotular o ser humano com definições que se tornaram uma espécie de estereótipo diante do olhar crítico e sob um exclusivo ponto de vista.

É natural que cada povo tem sua peculiaridade, fruto de inúmeros fatores conjecturais como sua própria história, geografia e os fatores climáticos, alimentação, sofrimentos de guerras, questões isolacionistas e especialmente suas crenças e conformidades éticas e morais.

Mal ou bem, estes são elementos básicos que constituem a identidade cultural de cada povo e respectivas etnias.

Branco, negro, amarelo,  seja o que for, não há melhor nem pior. Tampouco superior ou inferior.

Há simplesmente uma diversidade de características humanas que se reproduzem e se consolidam na sua forma de viver.

Mas sem sombra de dúvida, quando se está longe de casa, o grau de nossas percepções se torna mais evidente, posto que as comparações fazem-se frequentes e inevitáveis.

Isto inclusive é produto das condições econômicas e sociais de cada lugar.

Algumas vezes chocam, surpreendem, e até nos inibem, mas no final das contas, o que vale e importa é "entender e respeitar as diferenças".

No frigir dos ovos, conviver com as diferenças culturais é um legítimo processo de crescimento e evolução.

É claro que respeito, disciplina e ordem são ingredientes mais do que sustentáveis para que possamos estabelecer relações minimamente civilizadas, contudo nem sempre isto basta.

Há que saber se situar e perceber que quem faz o seu lugar no mundo é você próprio.

Vida que segue alí ou aquí, mas que nos revela que nós humanos, somos os seres mais adaptáveis nos mais contrastantes cenários que vida nos oferece.



S. JOÃO EVANGELISTA - Almir Sant’Anna Cruz


 A ABERTURA DO LIVRO DA LEI EM JOÃO 1:1-5 E JOÃO 1:6-9

João, o Evangelista, foi um dos 12  Apóstolos, filho de Zebedeu e irmão do Apóstolo Tiago. Sua mãe Salomé era uma das “santas mulheres” que seguiam Jesus. A família seguia Jesus e o assistiam com seus bens. Seu pai era pescador no mar da Galiléia e seus dois filhos, João e Tiago, ajudavam-no no seu trabalho.

João foi discípulo de João Batista e foi, provavelmente, um dos dois discípulos que João Batista apontou Jesus como sendo o “Cordeiro de Deus”, o que muito serviu para fazê-lo conhecer Jesus e preparar-lhe o ânimo para a vocação definitiva às margens do mar da Galiléia onde, com seu irmão Tiago, foi chamado, no mesmo dia em que o foram Pedro e André.

As populações ribeirinhas do mar da Galiléia se distinguiam dos demais palestinenses por sua natureza vigorosa e bom-humor juvenil. Esta impetuosidade e veemência natural dos dois irmãos provocou o epípeto que Jesus lhes deu de “Filhos do Trovão”,

João aparece entre os Doze, como Apóstolo de primeira importância, e como o “discípulo que Jesus amava”, título máximo que indica que sua alma generosa e límpida o orientava para a luz e a verdade, fazendo-o conhecer prontamente o Messias.

Pertencia ao grupo dos três que Jesus costumava chamar para ocasiões de especial importância, como a ressurreição da filha de Jairo, a Transfiguração e a agonia no Jardim das Oliveiras. Na última ceia, ocupou o lugar próximo ao de Jesus. 

Acompanhou de perto os sofrimentos, paixão e morte de Jesus que, em seus últimos momentos, lhe confiou os cuidados de sua mãe.

Foi João o primeiro a reconhecer Jesus ressuscitado na Galiléia.

Depois do Pentecostes, João passou a ser companheiro de Pedro nas pregações e estava em Jerusalém na ocasião da visita de Paulo àquela cidade, após sua primeira viagem missionária, por volta do ano 50 d.C.

A tradição diz que se transferiu para Éfeso de onde continuou a supervisionar as comunidades da Ásia Menor e que nos últimos anos sua pregação foi se simplificando e intensificando quanto à doutrina do amor cristão.

Diz também a tradição que saiu milagrosamente ileso ao ser atirado em um tacho de óleo fervente, na perseguição de Domiciano (89-96), tendo sido então exilado para a ilha de Patmos.

De Patmos retornou a Éfeso, tendo sido o último Apóstolo a morrer, segundo os escritos da Igreja primitiva, sob o reinado de Trajano, no final do primeiro século.

JOÃO 1:1-5 E JOÃO 1:6-9

Em alguns Ritos maçônicos, não há abertura nem leitura de trechos do Livro da Lei, no caso a Bíblia: Ritos Moderno e Schröder.

Em outros abre-se aleatoriamente, sem leitura: Ritos de York e de Emulação (York-GOB). 

A abertura mais conhecida é a do Salmo 133, usada no Grau de Aprendiz pelo Rito mais praticado no Brasil, o Rito Escocês Antigo e Aceito e também pelo Rito Brasileiro.

Mas algumas Obediências brasileiras e estrangeiras que funcionam no Rito Escocês Antigo e Aceito e no Rito Escocês Retificado fazem a abertura no Grau de Aprendiz no Evangelho de João 1:1-5 e o Rito Adonhiramita no Evangelho de João 1:6-9. 

Em João 1:1-5 consta:

1 – No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.

2 – Ele estava no princípio com Deus.

3 – Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.

4 – Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.

5 – E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.

Essa abertura do Livro da Lei é criticada por muitos autores maçônicos, por ser considerada de viéis cristão, o que ofenderia a universalidade maçônica em que não há uma orientação específica para uma determinada religião.

Outros autores defendem a utilização dessa escritura interpretando-a como uma forma de demonstrar o triunfo da Luz sobre as Trevas.

No Ritual do Rito Adonhiramita, forma-se um pálio sobre o Orador – que estará em frente ao Altar dos Juramentos e ajoelhado em esquadria (com a perna esquerda) – por dois Irmãos cruzando suas espadas em X e com o Mestre de Cerimônias por trás do Orador e sustentando com sua espada as outras.

Em seguida, o Orador abre o Livro da Lei em João e recita alto e em bom som João 1:6-9:

6 – Houve um homem enviado por Deus que se chamava João;

7 – Este veio por testemunha, para dar testemunho da Luz, a fim de que todos cressem por meio dele;

8 – Ele não era a Luz, mas veio para que desse testemunho da Luz;

9 – Era a Luz verdadeira, que alumia a todo homem, que vem a este mundo.

O João referido nos versículos é claramente S. João Batista e a Luz é Jesus Cristo, a Luz do Mundo, o “verbo que estava com Deus e o Verbo era Deus” (João 1:1).

Excertos do livro Personagens Bíblicos da Maçonaria Simbólica.

outubro 18, 2024

MÉDICOS - Adilson Zotovici



Indaguei aos enciclopédicos,

Qual a maior referência

Buscando neles anuência

Para louvar “os médicos” 


Responderam com veemência

“ Hipócrates, Asclépio,...diversos 

Que pelo mundo dispersos

Quais merecem deferência “


Tema para ternos versos 

Pois profissão de bondade

Que sacerdócio em verdade 

Em momentos bons ou adversos 


Sem distinções na sociedade

Como “Lucas” com zelo e amor,

Labutam com igualdade e penhor

A abrandar a dor da humanidade 


De imensurável valor

Cumprem sagrada missão

Tem nossa imensa gratidão

E a proteção ...do “ CRIADOR “ !


Adilson Zotovici

Aos irmão e amigos Médicos pela passagem comemorativa do “Dia do Médico “ ( dia de São Lucas)

A ARTE DA POLÍTICA - Heitor Rodrigues Freire


Desde o começo da humanidade o homem vem sendo contaminado por um vírus invisível, muito poderoso, que desde sempre domina seus atos, pensamentos, palavras e comportamentos. Ele prevalece de forma impressionante e sua longevidade é alimentada pelo próprio homem, *per omnia saecula saeculorum*: o vírus da discórdia.

Basta um olhar atento por toda a história. Sempre tem alguém traindo, matando, roubando, agredindo. E pelo que se observa em nosso planeta, isso está muito longe de acabar.

Para harmonizar as pessoas e mantê-las unidas, as mais diversas religiões vivem pregando o amor. Mas os filósofos, ao longo do tempo, estabeleceram a política como a ciência da comunicação humana, a fim de permitir uma relação harmoniosa entre as pessoas. É uma ciência que sempre mereceu atenção especial, pois seus fundamentos ensejam um sistema lógico, racional e social para que os homens convivam em harmonia e felicidade.

Para Aristóteles, a política é a ciência que tem por objetivo a felicidade humana e divide-se em ética (que se refere à felicidade individual do homem na Cidade-Estado, ou pólis) e a política propriamente dita (que se dedica à felicidade coletiva).

A política, segundo Aristóteles, é essencialmente associada à moral. Isto porque a finalidade última do Estado é a virtude, ou seja, a formação moral das pessoas e o conjunto de meios necessários para que isso ocorra. Como faz falta esse ensinamento de Aristóteles para os nossos políticos.

Aristóteles, também, através de suas obras "Política" e "Ética a Nicômaco" esboçou um novo tipo de política, principalmente por suas ideias de participação popular e por defender que toda boa política deve visar sempre ao bem comum. Há de se dizer, também, que Aristóteles questionou as formas de governo de sua época, mostrando de maneira contundente suas falhas.

A sociedade política e suas instituições, para Sócrates, Platão e Aristóteles, têm uma função formativo-educativa, no sentido de que determinam a justiça ou a injustiça na sociedade e, principalmente, estabelecem que os valores dominantes serão os valores hegemônicos em termos de sociabilidade. Ou seja, o exemplo vem de cima, o líder tem que dar o exemplo.

Como vemos, ao longo da história, houve uma orientação prática no sentido de se exercer a política como a arte de governar, mas o homem sempre inverteu a ordem das coisas, governando para satisfazer seu ego, exercendo o poder para estabelecer um domínio sob seu comando, demonstrando claramente que na prática, a teoria é outra.

Na seara política, o escritor e dramaturgo Bertolt Brecht alertou para a necessidade da consciência de participação do cidadão:

“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio dos exploradores do povo”. 

Já o ex-presidente americano Ronald Reagan, arriscou uma anedota: “Eu achava que a política era a segunda profissão mais antiga do mundo. Hoje vejo que ela se parece muito com a primeira”. 

Ao observar o comportamento dos políticos brasileiros nesta última eleição, ficou muito clara a falta de uma postura filosófica, pois preferiram atacar os adversários, procurando apontar falhas na vida um do outro, como se fossem eles próprios anjos imaculados, esquecendo-se de priorizar a divulgação seus planos de governo.

Quando será que irão aprender que essa prática não produz nenhum resultado, mesmo que se ganhe a eleição? A busca pelo poder a qualquer preço acaba gerando débitos que serão cobrados a tempo e hora, com juros e correção. 

Outro ponto de distorção é o uso da religião como meio para ganhar votos, e se esquecem dos ensinamentos de Jesus, que expulsou os vendilhões do templo. Se viesse hoje, certamente Jesus expulsaria os candidatos dos programas “gratuitos” de televisão, pois o que ali se pratica contraria fundamentalmente seus ensinamentos.

Até quando continuarão alimentando esse vírus nefasto, que continua contagiando a grande maioria dos políticos? A atuação dos políticos contraria outra frase de Aristóteles: “O homem é um animal político porque a razão é essencialmente política”. Contudo, o que menos se vê hoje na política é o uso da razão.

E nós, como ficamos? A resposta cabe a cada cidadão e a cada cidadã.





TAPEÇARIA DE ENSINAMENTOS - Roberto Ribeiro Reis


O que mais temos visto e escutado nos últimos tempos são as pessoas dizerem que nos aproximamos do fim dos tempos; aqui, um religioso fervoroso já consegue visualizar um Salvador montado num cavalo branco; ali, um dito profeta assevera que os quatro cavaleiros do apocalipse estão na iminência de chegar; acolá, influenciadores proselitistas digitais avocam para si o exclusivo monopólio da verdade, suplicando, concomitantemente, a realização de pixs para que seu ministério se mantenha inabalável.

Paralelo a esse discurso escatológico, o mundo assiste a uma saraivada de bombardeiros e tiros, em diversas regiões do planeta; talvez em razão desse desvairado estado de coisas em que se encontra a humanidade muitos religiosos têm arrogado para si o direito de afirmarem que vivenciamos o fim da humanidade.

Peçamos ao Supremo Arquiteto a Sabedoria necessária para que não cauterizemos nossas mentes; que saibamos, independente da religião que tenhamos ou não, identificar os falsos Cristos e os falsos profetas que têm surgido – em progressão geométrica- em todas as partes do mundo.

A Maçonaria, que não se imiscui em assuntos de cunho religioso ou de sectarismo político-ideológico, é uma rica tapeçaria de ensinamentos, capaz de dar ao homem as ferramentas de que ele necessita para sua reforma interior. Nossa Sublime Ordem não se arvora no direito de afirmar, peremptoriamente, quando será o fim do mundo ou quando haverá o juízo final.

Forjados no fogo etéreo, fomos iniciados na Seara da Arte Real a fim de que busquemos a verdade e a Luz Infinita, que são as armas poderosas que o Pedreiro Livre usa para combater todo obscurantismo ou ignorância. O Maçom que se preza não bate continência para os enganos e as apostasias, como muito tem acontecido em nossos dias, infelizmente.

Guiados pelo espírito de tolerância, indulgência e caridade, não somos de pular os Cristos das esquinas que vemos, a saber: os indigentes que nos pedem socorro material, os desamparados que nos pedem ombro e proteção e, especialmente, nossos irmãos quando estes vivem em estado de intensa aflição.

Que saibamos utilizar a couraça da Justiça e o escudo da Fé, diariamente. Que sejamos vitoriosos na luta constante que travamos nos corredores poloneses de nossos inimigos interiores. Que façamos nossa autópsia na Graça e Misericórdia do Grande Arquiteto dos Mundos, o único capaz de saber e revelar o dia do Juízo Final e do famigerado arrebatamento.

Continuemos respeitando e tolerando as crenças religiosas e opiniões diversas, pois nisso reside a verdadeira Sabedoria Maçônica. Enquanto o fim não chega, vistamos nosso avental, apossemo-nos de nosso maço e cinzel, e continuemos no maravilhoso e extasiante trabalho de desbaste de nossa pedra bruta.

outubro 17, 2024

A ANTIGUIDADE DOS SÍMBOLOS - João Guimarães


A primeira constatação que empolga aquele que se aprofunda na interpretação da liturgia maçônica é a da antiguidade dos seus Símbolos, de suas alegorias.

Remontam as origens dos Símbolos Maçônicos à aurora do homem sobre a Terra. 

Daí terem alguns observadores apressados concluído que a Franco-Maçonaria é tão antiga quanto o mundo. 

Trata-se, evidentemente, de um exagero, pois a Franco-Maçonaria, com as suas características atuais, data do século XVIII, ou melhor, do ano de 1717, ponto de partida da Franco-Maçonaria moderna. 

Foi nesta data que se firmou a preponderância da Franco-Maçonaria especulativa sobre a operativa.

Mas, anteriormente à memorável reunião das quatro Lojas franco-maçônicas de Londres, existiam várias Lojas por toda Inglaterra, Alemanha, França e Itália, formada por pedreiros de profissão, reunidos em confrarias, com regulamentos próprios, Sinais de reconhecimento, Símbolos litúrgicos, e se tratando por Irmãos. 

Guardavam ciosamente a sua arte de construir do conhecimento do vulgo ou profanos. 

A par desses conhecimentos, essas confrarias (Guilds, Brotherhoods, Bruderschaften, Confrèries), constituídas por verdadeiros artistas (foram os construtores das grandes catedrais européias e os criadores da arte gótica), reuniam e conservavam a tradição esotérica da antiguidade pagã, às vezes confundidas com as tradições mais novas do cristianismo. 

Compreende-se, assim, o respeito que os príncipes tiveram por essas corporações de artesãos, às quais dotaram de regalias e privilégios.

Desse imenso legado das tradições antigas, de que os pedreiros (maçons, masons, maurerei) foram os depositários conscientes ou inconscientes, faziam parte também as tradições ocultas, herméticas, dos mistérios antigos, perpetuados em símbolos e práticas esotéricas.

Estabeleceu-se, assim, um liame entre a Franco-Maçonaria do século XVIII e a mais remota Antiguidade, que levou os escritores a que nos referimos, a declarar a Franco-Maçonaria coeva da vinda do homem sobre a face da terra. 

A verdade, contudo, como já dissemos, é um pouco diferente: os legítimos Símbolos Maçônicos é que se perdem na noite dos tempos, mas a Franco-Maçonaria, como a conhecemos, data de pouco mais de dois séculos, ou por outra, a Instituição é nova e a sua essência antiga.

Tão antigos são os Símbolos adotados e conservados zelosamente pela Franco-Maçonaria, que sem receio de errar podemos afirmar que nenhum deles é de data posterior ao ano um da era cristã. 

Tal afirmativa se reveste de tanta importância que o poder     mantê-la compensa todas as pesquisas, todas as vigílias gastas em escavar o dourado veio das tradições antigas.

Existem Símbolos na Franco-Maçonaria, usados desde a fase operativa, cujo significado foi inteiramente estranho aos homens da época, não Iniciados nos Mistérios Maçônicos, quando não foram completamente desconhecidos. 

Pois bem, quando teve o mundo notícia dos descobrimentos arqueológicos verificados no século XIX, constataram os Franco-Maçons que muitos de seus Símbolos figuravam nos objetos encontrados, pertencentes a civilizações já desaparecidas, com as quais os homens haviam perdido todo contato, anteriores ao advento do cristianismo.

É forçoso admitir que os Franco-Maçons não inventaram, por coincidência, tais Símbolos, pois muitos deles tinham o mesmo significado maçônico de hoje. 

Alguns, por exemplo, são tão evidentes, que não permitem margem a dúvidas. 

Existiu, portanto, um misterioso fio que preservou a tradição antiga, fio esses que não trepidamos em declarar, o segredo dos Iniciados. 

A Sabedoria Antiga, velada em alegorias e guardada pelo compromisso, entre determinado grupo de homens, congregados em torno de um ideal iniciático, pôde, assim, chegar até nós. 

Só dessa forma compreende-se o mistério que a muitos pareceu indecifrável.

Ensinam a História, a Sociologia e a Literatura que as obras Homéricas foram guardadas pela tradição oral durante séculos, antes de receberem a forma escrita. 

O mesmo processo sofreram quase todas as lendas dos primórdios da civilização. 

Se assim aconteceu em relação a obras literárias e narrativas históricas, porque não sucederia o mesmo com uma tradição iniciática, perpetuada através de Símbolos?

Sobre o poder conservador dos Símbolos, já disse o nosso Irm.: MICHA que "se a verdade sobre a natureza essencial do ser e da vida universal é tão alta e tão sublime que nenhuma ciência vulgar ou profana não pode chegar a descobrir, o simbolismo é por sua vez como uma espécie de revestimento, de meio de conservação ideal dessa verdade e uma linguagem ideográfica que a iniciação entrega à nossa meditação, e que só os Iniciados podem traduzir sem deformar-lhe o sentido."  (A. Micha — "Le Temple de la Veritè ou La Franc-Maçonnerie dans sa Véritable Doctrine", Anvers, 2ª édition, pág. 63).

A longevidade das práticas maçônicas repousa tranquilamente na imutabilidade de seus Símbolos, muito mais fáceis de se guardarem puros do que longas narrativas.       

E o que é a liturgia senão o conjunto desses Símbolos realizados sob determinada forma em determinadas circunstâncias. 




RESPONSABILIDADE, BASE DA ÉTICA - Leon Grinberg


 

Ser significa ser totalmente. 

Sermos nós mesmos, assumir. 

É nos comprometermos com cada hora de nossos dias, é sermos um homem em plenitude. 

Reiteramos: viver é dar sentido à vida. 

Cada momento da existência põe à prova o homem. 

Assumirá ele a responsabilidade de responder com todo seu ser à invocação do momento? 

É livre. 

Pode escolher e decidir. 

Nesta eleição ele joga o sentido da sua existência. 

E ao eleger para si mesmo, estará elegendo para a humanidade.

A responsabilidade é a única insofismável base de toda ética. 

É precisamente a responsabilidade que possibilita o exercício da ética e a prática da moral.

O que é conflitante? 

O que cria a crise do homem e no homem? 

A cisão da existência em tabela valorativas distintas. 

Pode ser que individualmente estabeleçamos a nossa própria escala de valores, nossa própria mensuração com prioridades diferentes. 

O importante é o ajustamento da nossa conduta à nossa tabela valorativa, evitando a multiplicidade de morais. 

Não há uma ética para o Templo e outra para o mercado.

O processo formativo maçônico nos encaminha, desde o primeiro grau, rumo a uma coerência entre pensamento, palavra e ação. 

Guia-nos para alcançar afirmativamente a unidade da vida do homem em todos os campos. 

Uma única vida, uma única resposta, uma única responsabilidade, um único compromisso, uma única ética.

Sempre há no recôndito do homem uma voz interior que o chama, que pergunta que indaga que reclama. 

Às vezes a chamamos de consciência. 

Perante ela, alguns se ocultam entre palavras, entre ideias, entre ações. 

Outros se revelam se manifestam tal como são. 

Alguns argumentam tranquilizando-a, se justificando. 

Outros se realizam se ajustam. 

Lutam contra a fragmentação, a divisão da vida em categorias distintas e em recintos temáticos, qual compartimentos estanques, que nenhuma relação estabelece entre si. 

O ético, o estético, o religioso, o metafísico, o sociológico, o econômico, o psicológico etc., que em definitivo refletem aspectos do homem, nunca do homem total.

Karl Jasper disse: “O modo como vejo a grandeza e como me comporto perante ela, me faz chegar ao meu próprio ser”.

Ante um ideal de perfeição alguns expressam: são utopias; negam-no e reduzem tal ideal ao comodismo do nível em que se encontram. 

Outros, pelo contrário, e entre eles estão os maçons, tentam-se elevar, se realizar nessa meta de perfeição. 

Essa meta de perfeição logicamente leva implícita a efetivação dos nossos princípios básicos.

Liberdade, Igualdade, Fraternidade. 

Amor à justiça; procura da verdade. 

Respeito à sabedoria; reconhecimento da harmonia e da justiça. 

Tolerância no seu legitimo limite.

Rejeição, superação ou controle da hipocrisia, ambição, inveja, egoísmo etc. 

Mas, acima de tudo, a pedra básica, o fundamento da nossa Instituição; a Fraternidade. 

E ela depende da compreensão.

Ambas, fraternidade e compreensão determinam e descansam na responsabilidade, forjada, no nosso caso, como maçons, na real interiorização do que os nossos símbolos dinamizam.

Nossa formação maçônica implica ao menos estarmos a coberto de intenções e ideias espúrias, vigilantes de que a sabedoria, harmonizada pela beleza e pelo amor, seja a potência das nossas ações, e por onde a nossa conduta esteja nas vinte e quatro horas do dia, a prumo, no transcurso do reto caminho a transitar pela vida.



outubro 16, 2024

MAMÃE PARTIU... FOI CHAMADA !


Em homenagem a amada mãe do nosso querido porta, que no dia de hoje partiu para a morada eterna ao lado do trono do GADU.


Caros amigos, meus irmãos 

O Grande Arquiteto Poderoso 

Por mais um gesto bondoso 

Estendeu com afeto Suas Mãos 


Para tê-la mais perto, ao lado,

Levando a "Mamãe tão Amada"

À quão Inefável Morada 

Respeitando ela " O  Chamado" 


Ao seu merecido descanso 

Após vida memorável 

Qual rio em lida incansável 

Concedido por ELE o remanso 


E nesta  Eterna  Viagem

Por caminho de Luz , Sagrado

Conduz  seu espirito  aguardado

"Pelos seus"...na Superna  Paragem ! 


À minha amada e inesquecível MÃE Genoveva Pasquino Zotovici

17/10/1929  - 16/10/24

HEMOGRAMA MAÇÔNICO - Roberto Ribeiro Reis



Um dia ameno, bucólico e harmônico,

Ideal para fazer exames de laboratório;

Cuidar da saúde é dever obrigatório,

Vou fazer meu hemograma maçônico.


Constatar através das hemoglobinas,

Seja pelas plaquetas ou até hemácias,

Que saudável estou, feito as acácias,

Que vão muito bem minhas proteínas.


E que também a taxa de creatinina,

Ureia, sódio, vitamina B12 e potássio

Provam que estou –qual o Irmão Cássio –

Com muito pique, desde a hora matutina.


Meu sangue é M (de Maçom) positivo,

Quase imune às enfermidades profanas;

Se possui as mazelas, são em filigranas,

A Arte Real tem me deixado mais vivo.


Maçonaria é clínica que molda o mental,

Em prejuízo da matéria, o espírito depura;

É a Oficina que busca lapidar a criatura,

Que se aventura a um viés transcendental.



MAÇONARIA , NA VISÃO DE ALBERT PIKE - Sidnei Godinho


"Por mais que exista um mundo de sentimentos maçônicos, ainda assim ele pode ser um mundo onde ela (a Maçonaria) está ausente.

Ainda que há um sentimento vago de caridade maçônica, generosidade e desprendimento, falta a prática ativa da virtude, da bondade, do altruísmo e da liberdade.

A Maçonaria assemelha-se aí às luzes frias, embora brilhantes.

Há clarões ocasionais de sentimentos generosos e viris, um esplendor fugaz de pensamentos nobres e elevados, que iluminam a imaginação de alguns.

Mas não há o calor vital em seus corações." (Albert Pike - Morals and Dogma).

Com isso Albert Pike faz uma radiografia da Maçonaria da sua época, não diferente e até com contornos mais expressivos na Maçonaria de hoje.

Numa definição mais coloquial: "Muita conversa, muita pompa, pouca atitude".

Os elementos do conhecimento inseridos no Rito Escocês Antigo e Aceito, conforme afirmou o próprio Pike, apontam na direção de uma outra Maçonaria: "Maçonaria é ação, não inércia.

Ela exige de seus iniciados que trabalhem, ativa e zelosamente, para o benefício de seus Irmãos, de seus país e da Humanidade.

É a defensora dos oprimidos, do mesmo modo que consola e conforta os desafortunados."

E ele não para por aí, ao diagnosticar a inércia do Maçom: "Se isto for negligenciado, todo o refinamento, a cortesia e o conhecimento acumulado nas classes superiores parecerão mais dia menos dia, tal como capim seco no fogo da fúria popular."

E, por fim, afirma:

 "Não é a missão da Maçonaria engajar-se em tramas e conspirações contra o governo civil.

Ela não faz propaganda fanática de qualquer credo ou teoria; nem se proclama inimiga de governos.

Ela é o apóstolo da liberdade, da igualdade e da fraternidade.

Não faz pactos com seitas de teóricos, utopistas ou filósofos.

Não reconhece como seus iniciados aqueles que afrontam a ordem civil e a autoridade legal, nem aqueles que se propõem a negar aos moribundos o consolo da religião.

Ela se cola à parte de todas as seitas e credos, em sua dignidade calma e simples, sempre a mesma sob qualquer governo".

Então, se não se opõem, como combater o mal?

- Sendo o agente da causa do Bem, quer no seio familiar, na comunidade, na nação, em toda a humanidade.

Portanto, não combate porque age, chama para si a responsabilidade.

É ação executora do bem. 

Não brada, não critica, não julga, não acusa, não questiona, não se inflama.... Apenas age, ocupando o espaço da crítica, distribuindo e servindo a todos do seu conhecimento através da sua própria conduta, tomando para si as rédeas da carruagem.

Isso é o que se espera do Maçom.

Moral E Dogmas, de Albert Pike

Leitura quase obrigatório para os iniciados no REAA.


SOFISTAS - Ivan Froldi Marzollo


Nesta data de grande importância onde homenageamos nossos professores e catedráticos compartilho este pequeno texto cujo faz parte de um módulo apresentado na Universidade Pablo Olavide Sevilla Espanã, o objetivo é formar uma matriz fundante e criar uma leitura crítica necessária à compreensão de técnicas de oratória e retórica habitual em nossos dias . E homenageia a data especial.


Os sofistas eram considerados mestres da retórica e da oratória, acreditavam que a verdade é múltipla, relativa e mutável. Protágoras foi um dos mais importantes sofistas.


Na Grécia Antiga, haviam professores itinerantes que percorriam as cidades ensinando, mediante pagamento, a arte da retórica às pessoas interessadas. A principal finalidade de seus ensinamentos era introduzir o cidadão na vida política. Tudo o que temos desses professores são fragmentos e citações e, por isso, não podemos saber profundamente sobre o que eles pensavam. Aquilo que temos de mais importante a respeito deles foi aquilo que disseram seus principais adversários teóricos, Platão e Aristóteles.

Eles eram chamados de sofistas, termo que originalmente significaria “sábios”, mas que adquiriu o sentido de desonestidade intelectual, principalmente por conta das definições de Aristóteles e Platão. Aristóteles, por exemplo, definiu a sofística como "a sabedoria (sapientia) aparente mas não real”. Para ele, os sofistas ensinavam a argumentação a respeito de qualquer tema, mesmo que os argumentos não fossem válidos, ou seja, não estavam interessados pela procura da verdade e sim pelo refinamento da arte de vencer discussões, pois para eles a verdade é relativa de acordo com o lugar e o tempo em que o homem está inserido.


O contexto histórico e sociopolítico é importante para que se compreenda o papel e o pensamento dos sofistas para a sociedade grega. Embora Anaxágoras tenha sido o filósofo oficial de Atenas na época do regime de Péricles, não havia um sistema público de ensino superior, então jovens que podiam pagar por instrução recorriam aos sofistas a fim de se prepararem para as dificuldades que enfrentariam na vida adulta. Uma delas, imposta pelo exercício da democracia, era a dificuldade de resolver divergências pelo diálogo tendo em vista um interesse comum. O termo “sofista” não corresponde, portanto, a uma escola filosófica e sim a uma prática. Mesmo assim, podemos elencar algumas caracterizações comuns aos sofistas:


Antilógica. Uma estratégia de ensino comum aos sofistas era ensinar os jovens a defenderem uma posição para, em seguida, defenderem seu oposto. Essa técnica argumentativa foi chamada de antilógica e foi criticada por Platão e Aristóteles por corromper os jovens com a prática da mentira. Historiadores contemporâneos, no entanto, consideram essa técnica como uma atividade característica do espírito democrático por respeitar a existência de opiniões diferentes (cf. CHAUÍ, Marilena).

Os mais conhecidos sofistas foram Protágoras de Abdera (c. 490-421 a.C.), Górgias de Leontinos (c. 487-380 a.C.), Hípias de Élis, Isócrates de Atenas, Licofron, Pródicos e Trasímaco. Vamos agora conhecer um dos mais importantes, Protágoras.

Protágoras: “O homem é a medida de todas as coisas”

Um dos responsáveis para que Protágoras se tornasse um dos mais conhecidos sofistas foi Platão, que dedicou a ele uma obra, o que mostra que o filósofo, mesmo sem concordar com o sofismo, respeitou o pensamento de Protágoras ao ponto de se dedicar a elaborar objeções. Além de ensinar a arte do debate aos jovens em suas muitas visitas a Atenas (lembre-se de que os sofistas eram professores itinerantes, isto é, não residiam em um lugar específico), foi nomeado por Péricles para redigir a constituição de uma colônia ateniense (cf. KENNY, Anthony).

No diálogo Teeteto, Platão traz um importante pensamento de Protágoras: “O homem é a medida de todas as coisas, das que são como são e das que não são como não são”. Isso significa, em outras palavras, que se uma pessoa pensa que uma coisa é verdade, tal coisa é a verdade para ela. Ou seja, a verdade é subjetiva e relativa, não objetiva e absoluta. Por exemplo, se uma pessoa está com febre, ela pensa que a temperatura do ambiente está baixa, mesmo que ela esteja em Fortaleza e os termômetros apontem 38 graus.

Como não há uma verdade objetiva a ser considerada, a verdade sempre seria relacionada aos indivíduos. Em relação à crença nos deuses (como sabemos, a sociedade grega era politeísta), o relativismo tem a consequência de que não há uma crença mais correta do que a outra, todas devem ser respeitadas, pois o homem não pode saber nada a respeito dos deuses, se existem ou como são. Quando diz isso, Protágoras se aproxima do agnosticismo. Em suas palavras, que chegaram a nós por Diogenes Laertios:

“No que diz respeito aos deuses, não posso ter a certeza de que existem ou não, ou de como eles são; pois entre nós e o conhecimento deles há muitos obstáculos, quer a dificuldade do assunto, quer a pouca duração da vida humana”.

Diogenes Laertios, ao criticar Protágoras, nota que sua obra foi queimada em praça pública por atenienses que acreditavam que ele corrompia a juventude e ironiza, dizendo que ele foi o primeiro homem a dizer que em relação a qualquer assunto há duas afirmações contraditórias. Depois, Platão objetou que se todas as crenças são verdadeiras, a crença de que nem todas as crenças são verdadeiras também é verdadeira.

A técnica argumentativa dos sofistas foi registrada por Protágoras em sua obra Antilogia. Para ele, era preciso aprender a argumentar pró e contra determinada posição, pois todas são verdadeiras. A antilógica era um bom recurso para se preparar para debates, pois ao se conhecer profundamente os principais argumentos contra e a favor de determinado assunto, é possível defender bem qualquer posição tomada sobre ele e objetar com eficácia os argumentos dos adversários.

Referências bibliográficas 

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo, Editora Ática, 2000.

KENNY, Anthony. História Concisa da Filosofia Ocidental. Lisboa, Temas e Debates, 1999.

LAÊRTIOS; D. Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres. Tradução, introdução e notas: Mário da Gama Kury. 2ed. Brasília, editora Universidade de Brasília, 2008.

PLATÃO. Diálogos I : Teeteto (ou do conhecimento), Sofista (ou do ser), Protágoras (ou sofistas). Tradução e textos complementares: Edson Bini. Editora: EDIPRO. Bauru, 2007.