outubro 25, 2024

A DEFINIÇÃO DE MESTRE - Papus


Somos guiados passo a passo na nossa evolução, e os guias que nos são enviados pelo invisível vêm de diferentes planos; em linguagem mística “apartamentos”, segundo o gênero de faculdade que eles devem evoluir.

Trata-se de mestres, mas é necessário darmos a este termo, de imediato, o seu significado verdadeiro e geral, porque na nossa época de mediocracia universal, termos tão elevados como “mestre” são atribuídos, pela cortesanice dos arrivistas, a qualquer indivíduo que lhes possa ser de alguma utilidade na sua ascensão às alegrias e aos horrores materiais.

O Mestre é um guia, e ele pode devotar-se à evolução de três tipos de faculdades humanas: pode dirigir a evolução da coragem, do trabalho manual ou das forças físicas como o oficial, o mestre construtor ou o professor de boxe. É realmente um Mestre, mas este é o produto da sociedade e age sobre a porção física das faculdades humanas.

Este tipo de maestria é coroado por um enviado do plano invisível que se chama “o Conquistador” e que faz evoluir a humanidade como a febre faz evoluir as células humanas na batalha, no terror, no sacrifício e na matança em todos os planos.

O segundo tipo de maestria visa à evolução do mental humano. Ele começa pelo Mestre de escola, a quem Grosjean quer sempre retornar para chegar ao professor universitário, com todos os intermediários possíveis.

Tudo isto constitui a banda dos queridos Mestres, horda sagrada que defende justamente as suas prerrogativas e eleva diante do profano a barreira das ciências técnicas e dos exames.

Este tipo de maestria é dominado por um enviado do mundo invisível vindo do apartamento que os antigos chamavam Hermes, Trismegisto, e que chamamos pessoalmente o Mestre intelectual, caracterizado pelas luzes que projeta em todos os planos de instrução.

Acima, enfim, encontramos aquele que é o único a ter verdadeiramente direito a esse título de Mestre. É o enviado real, encarregado de evoluir as faculdades espirituais da humanidade, e ele apela a forças que bem poucos compreendem e de quem poucos ainda podem seguir as incitações. Este é aquele a quem chamamos um Mestre espiritual, que foi assim chamado por Marc Haven, no seu maravilhoso estudo sobre Cagliostro, o Mestre Desconhecido, e por Sédir, nos seus comentários sobre o Evangelho, o homem livre.

Seja qual for o nome que lhe dermos, ele chega a certo período manifestando-se abertamente, a outros períodos ocultando-se no meio dos humanos e agindo desconhecido para o bem coletivo e todos os que podem entrar em contato com ele guardam uma tal lembrança que o seu coração permanece comovido por várias encarnações.

É dele que Sédir diz, em uma das suas conferências:

Mas quando o Mestre aparece, é como um sol que se ergue no coração do discípulo; todas as nuvens se desfazem; todas as gangues se desagregam; uma nova claridade, ao que parece, se expande no mundo; esquecem-se dissabores, desesperos e ansiedades; o pobre coração tão infeliz se lança rumo às radiosas paisagens entrevistas, sobre as quais o tranquilo esplendor da Eternidade estende as suas glórias; nada mais terno lança sombras na Natureza; tudo, enfim, se concilia na admiração, na adoração e no amor”.

É aquele que provoca discípulos ardorosos ou adversários impiedosos e que recebe, como Cagliostro, cartas deste tipo:

“Eu ficaria feliz, então, se pudesse dar-lhe provas dessa afeição terna e respeitosa da qual foi penetrado, dessa afeição da alma que não sei dar e que sinto tão vivamente. A minha existência física e moral pertence a ele; que ele disponha dela como do mais legítimo apanágio… A minha mulher, os meus irmãos, os meus pais, Me du Piqueet e a sua família, que também lhe devem grandes obrigações, querem… Que o Senhor Conde de Cagliostro esteja persuadido de que fomos afetados além da expressão de tudo o que os acontecimentos imprevistos lhe fazem sofrer, e que a nossa ambição e a nossa glória estariam satisfeitas se pudéssemos encontrar ocasiões de servir-lhe de maneira útil, é a homenagem simples e espontânea dos nossos corações”.

Estas classificações, como todas as classificações humanas, são forçosamente um pouco artificiais; em geral um Mestre aborda, mais ou menos, as três categorias a que nos referimos, e como tudo no invisível é coletivo, esses enviados se prendem não a personalidades, mas a “apartamentos”. Assim, um enviado do apartamento do Cristo está sempre ligado à lei Cristal solar, o que fecha a porta invisível a todos os impostores.

É perigoso deixar-se chamar “Mestre”, porque, além da evocação dos seres de orgulho que velam ao nosso redor, isto dá àquele que aceita esse título, a responsabilidade de todos as faltas cometidas por seus auto intitulados discípulos.

Assim vosso servidor, que não passa na realidade de um pobre soldado desse exército, não tendo sequer podido nele obter os galões de cabo, fica desagradavelmente impressionado cada vez que lhe enfiam goela abaixo o título de “Mestre”.

Consolo-me imaginando que estou fazendo uma viagem à Itália. Nesse país encantador, recebe-se um título nobiliário segundo o valor da gorjeta que se distribui aos empregados dos trens; por cinquenta centavos é-se cavalheiro; por um franco, duque ou excelência; e por cinco francos, é-se pelo menos príncipe. O número de Mestres que são mestres como o viajante à Itália é príncipe, é de tal forma grande na terra, principalmente nos centros intelectuais, que o verdadeiro Mestre tem razão de permanecer desconhecido.

Permitam-me abrir um parêntesis aqui. É a propósito de uma associação misteriosa de homens evoluídos, conhecidos sob o título de “Rosa-Cruz”. Este título é um nome exotérico, cuja finalidade é ocultar o nome secreto e verdadeiro da sociedade em questão. Ora, uma multidão de ambiciosos, que nada sabem de real sobre esta sociedade, ornam-se a torto e a direito com esse nome e dizem, misteriosamente aos seus amigos e conhecidos: “Admirem-me, vejam as minhas belas plumas de pavão; não digam a ninguém: Eu sou Rosa-Cruz”.

Não falamos, bem entendido, do 18° grau do escocismo. Ora, os verdadeiros Rosas-cruzes (eles são dez, ao todo) não se dizem tal. Apresso-me a dizer que não sou um deles, mas os conheço. Eles se divertem muito em ver que o nome profano da sua sociedade ser desavergonhadamente empregado de todas as maneiras; é um pouco como um societário da Comédie-Française que vê na província um figurante se esforçando para desempenhar o seu papel e copiar o seu nome. Ele sorri, mas não se aborrece.

De onde vem este nome de “Mestre”? Na França, do latim magister que, decomposto nas suas raízes dá-nos:

MaG, fixação numa matriz (intelectual ou espiritual) do princípio A pela ciência G;I S, dominação da serpente (S) pela ciência divina (I), característica do nome de “ÍSIS”; TR, proteção pelo sacrifício de qualquer expansão (R).

Se, deixando de lado as chaves hebraicas e o tarot, dos quais acabamos de nos servir, e nos voltarmos para o sânscrito, obteremos duas palavras:

MaGa, que quer dizer “felicidade e sacrifício” com o seu derivado “Magoni“, a aurora, es Ista, que quer dizer “o corpo do sacrifício”, a oferenda.

O Mestre, o Maga Ista, ou o Magisto, o Mago, é, pois, aquele que vem sacrificar-se, que dá o seu ser em oferenda para a felicidade dos seus discípulos. Compreender-se-á agora o símbolo maçônico do Pelicano e a lei misteriosa “O iniciado matará o Iniciador”.

Antes de deixar o sânscrito, digamos que a palavra “Guru” originou a palavra francesa “Grave”; é o instrutor, aquele a quem chamamos “o Mestre intelectual”, o Grave professor, e isto não tem qualquer ligação, em geral, com o plano das forças divinas.

Fonte: Esta matéria foi republicada no nº 2, de 2001, da edição francesa de L’Initiation

ANTI-MAÇONARIA - Almir Sant’Anna Cruz


SÉCULO XVII

Mesmo antes da constituição da primeira Potência Maçônica, a Grande Loja de Londres (1717), já surgiram os primeiros ataques anti maçônicos, o que comprova, inclusive, que a Maçonaria Especulativa já vinha tomando o lugar da Maçonaria Operativa. 

Em 1652 um pastor presbiteriano de Kelso, Escócia, Maçom Especulativo, já levantara suspeita e estranhara o fato de se ter palavras secretas. 

Em 1698, um panfleto anônimo, endereçado “a todas às pessoas piedosas de Londres”, a Maçonaria era qualificada de “seita diabólica”, e seus membros de “sequazes do anticristo”, sob o argumento - ainda usado até os nossos dias – de que “se esses homens não fazem o mal, por que se reúnem em segredo e têm sinais secretos?”

SÉCULO XVIII

Com o surgimento da Grande Loja de Londres, os ataques anti-maçônicos tornaram-se mais intensos e mal-intencionados, até porque o escândalo é rentável para uns e desperta grande curiosidade no público em geral. É muito fácil – até os nossos dias – entreter na imaginação do público, o que de pior se possa conceber sobre o “segredo” dos Maçons! 

Os Maçons eram acusados de serem beberrões que se reuniam misteriosamente para confraternizarem unicamente entre eles, sugerindo, inclusive, que seriam homossexuais, razão pela qual não admitiam mulheres na fraternidade. 

Nessa época surgiram os “Mock Masons” (Maçons de Brincadeira), anti-maçons que, em Londres, realizavam procissões burlescas com personagens fantasiados de Maçons. 

É dessa época, também, a publicação das “exposures” (exposições), em que se revelavam certas práticas maçônicas. Algumas dessas publicações, como a “Masonry Dissected” (Maçonaria Dissecada) de Samuel Pritchard em 1730, acabaram se tornando importantes fontes de pesquisas sobre como era a Maçonaria Especulativa nos seus primórdios. Por essa publicação, sabe-se que em 1730 o Grau de Companheiro já havia se dividido em dois para constituir o Grau de Mestre. 

Outra acusação curiosa era a de que os Maçons eram “papistas”, em virtude da Inglaterra ser um país de maioria protestante e um Grão-Mestre (1729-1730), o Duque de Norfolk, ser católico. 

Na França, não foi diferente e as “exposures” proliferavam. Citaremos como exemplo apenas algumas: 

Uma publicação em “La Gazette d’Amsterdam” nos mostra que desde 1738 já havia o cargo de Orador e que todos em Loja portavam espadas. 

Em 1742 o Abade Perau publicou “O Segredo dos Franco-Maçons”, descrevendo uma iniciação no Grau de Aprendiz. 

Em 1744 Léonard Gabanon publica o “Catecismo dos Franco-Maçons” que descreve uma iniciação no Grau de Mestre. 

Em 1745 surge “A Ordem dos Franco-Maçons Traídos”.

Em 1746, o Padre Abeé Larudam em “Les Francs-Maçons Écrasés” (Os Franco-Maçons Esmagados) nos revela como surgiu o termo “Goteira”.

SÉCULO XIX

Começam a se distinguir os temas anti-maçônicos preferenciais: 

(1) a Teoria Conspiratória Anglófoba, em que a Maçonaria seria uma fachada do Serviço Secreto Inglês para obter o domínio mundial; 

(2) A Teoria Conspiratória Anti-Semita, em que as altas finanças judias, especialmente dos Rotchschild, estariam por trás dos Maçons. Surgiram caricaturas de marionetes vestidas de Maçons com cordéis sendo manobrados por judeus e que o simbolismo do Templo de Salomão utilizado pela Maçonaria significava, na verdade, a dominação mundial pelos judeus; 

(3) o Tema Satanista, em que os segredos maçônicos ocultavam o culto ao demônio e que as Lojas seriam “sinagogas de satanás”, tema que ainda perdura até os nossos dias. 

O mais célebre propagador dessa mentira foi um impostor que se utilizava de diversos pseudônimos, entre os quais o de Léo Taxil, tema já tratado em capítulo anterior.

SÉCULOS XX e XXI

Continuam recorrentes os ataques anti-maçônicos, sempre utilizando os temas do passado, sobretudo o tema Satanista e as Teorias Conspiratórias para obter a dominação mundial. 

A Internet tornou-se um importante veículo de propagação de ridículos ataques anti-maçônicos dos Detratores da Maçonaria, que não passam de uns idiotas, que acreditam piamente nas inverdades sobre a Maçonaria que ouvem e as disseminam. Por mais que se tente esclarecê-los, adotam a postura do avestruz e não aceitam qualquer tipo de argumentação. Alguns são pretensamente mais esclarecidos, mas nem por isso deixam de ser igualmente idiotas. São geralmente fanáticos arraigados a conceitos religiosos distorcidos ou meramente pessoas de má-fé, que produzem elucubrações mirabolantes e desenvolvem teorias pretensamente eruditas, que uma mente sugestionável acaba acreditando tratar-se de verdades absolutas. 

Muitas dessas idéias aberrantes, de certa forma, são alimentadas inconscientemente pelos próprios Maçons, com conceitos errôneos sobre quais são verdadeiramente os segredos maçônicos e achando que tudo é segredo na Maçonaria.

Do livro Maçonaria para Maçons, Simpatizantes, Curiosos e Detratores - Interessados no livro contatar o autor, Irm.’. Almir, no WhatsApp (21) 99568-1350

O NÚMERO 3 COINCIDÊNCIAS, OU SIMBOLISMO? - Paulo Valle



O número três está presente nos paramentos, nos adornos do templo, na ritualística e por que não dizer no convívio entre os irmãos. Então gostaria de compartilhar com os Irmãos que talvez instigado pelo hábito do meu ofício quando na vida profana, percebo a incessante presença do número três nos adornos e na ritualística do meu grau de aprendiz Maçom.

Ora, são 3 os princípios (Liberdade, Igualdade e Fraternidade),3 batidas de malhete,3 é a idade do aprendiz Maçom,3 vezes pela aclamação,3 vezes pela bateria,são 3 as jóias móveis,3 também são as Luzes de Loja,3 são os degraus do Oriente,3 são os pontos na assinatura de um Maçom representando três qualidades a serem cultivadas,

3 também são os lados do Delta Sagrado,

3 são os passos da macha do aprendiz,

Naquele dia sublime de iniciação, fiz 3 viagens,

Naquele mesmo dia aconteceram 3 purificações (Ar, Água, e fogo),

Três são os deveres do aprendiz Maçom (pg. 118 do ritual de aprendiz),

Se dividirmos o comprimento do templo em três partes, uma delas será o Oriente e as outras duas formarão o ocidente e no centro deste, está o altar dos juramentos,

Três são os elementos presentes no altar dos juramentos (Livro da Lei, o esquadro e o compasso),

3 são os malhetes existentes em Loja,

3 são os toques na falange,

Numa Loja, 3 a governam,

3 são os graus da Loja simbólica (Aprendiz, Companheiro e Mestre),

São 3 os bastões (1º Diácono, 2º Diácono e Mestre de Cerimónias) que se unem para a abertura do Livro da Lei.

São necessários pelo menos 3 mestres maçons para a abertura dos trabalhos em Loja,

No Oriente, estão 3 símbolos (Sol, Olho e a Lua),

3 são as colunas (Jónica, Dórica e Coríntia),

Na divisória que existe entre o Oriente e Ocidente, existem 3 colunas de cada lado,

3 estrelas formam a constelação de Órion,

3 são os pontos que coloco na minha assinatura,

Reconhecemos um Irmão Maçom de três formas (Palavras, Sinais e Toques),

Por 3 vezes: Saúde, Sabedoria e Segurança na cadeia de união.

Então meu Irmão imagina que não seja coincidência a tão forte presença deste número três. Daí, buscámos investigar como este número se comporta e qual é o seu significado noutras ciências, rituais e no mundo profano.


Na Matemática

O três é o Primeiro numero ímpar e primo;

É o único numero que é igual à soma dos seus antecessores;

Do ponto de vista geométrico é o primeiro número existente, pois necessitam-se de pelo menos três pontos para formar um triângulo, que é a primeira figura geométrica;

Para Pitágoras o três era um número puro e significa liderança, força e ambição, também transmite confiança no amor e na vida, além de ser tido como a causa de toda a matéria, pois toda ela possui três dimensões.

Para os Povos

No Egipto, na Índia e em Israel este número foi considerado como um número sagrado. Para os religiosos hindus, o número três representa a trindade de Brahma, Vishnu e Shiva.

Já Para os hebreus o número três era chamado Ghimel, que é aproximadamente a nossa G e é tido como um número neutro.

Para os gregos, o três é o Gamma (Terceira letra do seu alfabeto), é também o número de sorte para os nascidos sob o signo do zodíaco de virgem e também para eles, o três, representa a origem do conhecimento.

Nos primórdios, o reino do Egipto estava dividido em três partes:


o Alto Egipto;

o Egipto Médio;

Baixo Egipto

reconheciam três corpos no Ser Humano:

Dyet, o corpo físico;

Ka, o corpo fluído ou astral;

Ba, o espírito.

Na Cabala

A Cabala consta de três variedades, nela três são os atributos da divindade, e ainda nela estão Keter (Coroa), Hockma (Sabedoria) e Binah (Inteligência).

No Budismo

Já no budismo tem-se Buda (Iluminado), Darma (Lei) e Sanga (Assembleia dos fiéis).

No Cristianismo

Três é o número da Santíssima Trindade;

Três foi os Reis Magos que foram a Belém guiados pela estrela “mágica”;

três foram os presentes levados ao menino Jesus;

Três foram os evangelistas sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas);

De acordo com as escrituras, Pedro negou três vezes a cristo antes que o galo cantasse;

Três foram os filhos de Noé que repovoaram a terra após o dilúvio;

Abraão viu três homens, que seriam três anjos;

Moisés trouxe três dias de trevas sobre o Egipto;

Daniel orava três vezes por dia;

O templo de Salomão estava dividido em três partes: átrio, lugar santo e santos dos santos;

Jesus ressuscitou no terceiro dia após a sua morte;

Na Maçonaria

Portanto meus Irmãos percebe-se nesse breve estudo, o quanto o número três esteve, está e estará sempre presente nas nossas vidas. Desta forma, em busca de maiores esclarecimentos lançámos mão da nossa literatura maçónica. Lá encontramos citações sobre um culto, um segredo, a maçonaria (3), da forma como nos reconhecemos (por S∴, T∴ e P∴) (3), diz-se também que o aprendiz foi recebido numa Loja Justa, perfeita e regular (3), afirma-se que para a Loja estar justa e perfeita, é necessário que Três a governem, cinco a componham e sete a completem.


Aprendemos que as três Pancadas dadas pelo Orad∴. Significam Batei e sereis atendido, Pedi e recebereis, Procurarei e encontrareis(3).

Que quando entre CCol∴, os aprendizes fizeram três viagens para se lembrarem das dificuldades e das atribulações da vida, bem como foram purificados pelos elementos água, ar e fogo(3).

Afirma-se que as três viagens simbolizam a conquista de novos conhecimentos. Explicita que o número Três indica os centros da Pérsia, Fenícia e Egipto, lugares onde primitivamente foram cultivadas as ciências.

A nossa literatura esclarece ainda sobre o esquadro, o nível e o prumo (3):

O esquadro suspenso no colar do V∴ M∴ significa que o chefe deve ter unicamente um sentimento – o dos estatutos da ordem – e que deve agir de forma única, com rectidão;

O nível que decora o 1º Vig∴ Simboliza a igualdade social que é a base do direito natural;

Já o prumo trazido pelo 2º Vig∴ Significa que o Maçom deve ser recto no julgamento sem se deixar dominar pelo interesse nem pela afeição.

A nossa literatura diz que a idade do aprendiz é de três anos porque, na antiguidade, este era o tempo necessário para o seu preparo.

Garante que a diferença, o desequilíbrio e o antagonismo (3) existem no número dois, mas que cessam rapidamente, quando se lhe junta uma terceira unidade.

Assegura que o número três é a unidade da vida, que existe por si próprio, do que é perfeito.

Explica que o triângulo, entre as superfícies, é a forma que corresponde ao número três, e tem a mesma significação deste.

Que o triângulo é o símbolo da existência da divindade, bem como da sua “potência produtiva” ou da evolução e que o três é o número da Luz (Fogo, Chama e Calor).

Três são os pontos que o neófito se deve orgulhar de apor ao seu nome, lembrando na verdade, que estes três pontos como o delta sagrado, são um dos nossos emblemas mais respeitáveis, pois eles representam todos os ternários conhecidos e especialmente as três qualidades indispensáveis ao Maçom:

Vontade

Amor ou Sabedoria

Inteligência

Afirma-se que estas qualidades são absolutamente inseparáveis uma das outras e que devem existir em equilíbrio perfeito no candidato à iniciação para que a sua iniciação seja de facto real vivida e não emblemática.


Lembra ainda que estes três pontos que se apõem ao nome de um Maçon são quais as três estrelas que brilham ao Oriente da Loja.


Esclarece que em toda parte existe o número três, pois o ternário, do qual o Delta Sagrado é o mais luminoso e, talvez o mais puro emblema e, nas Lojas Maçónicas, ainda é simbolizado pelos três grandes pilares:


Sabedoria

Força

Beleza

Que representam as Três Grandes Luzes colocadas sobre o Painel da Loja, a primeira no Oriente, a segunda no Ocidente e a terceira no Sul de acordo com a orientação das “Três Portas” do Templo de Salomão.


Assim meus Irmãos, percebemos a importância e parte do significado desse número no grau de aprendiz Maçon. Certamente que com o nosso amadurecimento perceberemos em luz o seu valoroso sentido na sua totalidade. Imagino que nos graus que almejamos alcançar também teremos a oportunidade de estudar este símbolo.


“A unidade é a lei de Deus (Ou seja, do Primeiro, o principio, A causa Imanente), A dualidade é o número da lei do universo, já a Evolução, a Lei da Natureza é o Ternário”.

outubro 24, 2024

2) O PÃO DA VERGONHA - Leonardo Redaelli


      O verdadeiro prazer sempre envolve um pouco de dor. Pode ser a dor de expor um pouco do seu eu interior com outra pessoa para desenvolver um relacionamento. Pode ser a dor física de subir uma longa colina de bicicleta. Pode ser a dor emocional de abandonar um hábito ou de uma criança que precisa abrir suas asas. Pode ser a dor espiritual de trabalhar em um desafio difícil, mesmo que o fim não esteja à vista. Essas experiências de dor são todas fontes de verdadeiro prazer. Elas são os caminhos pelos quais Deus nos permite experimentar Deus. Não há vergonha em ter que lutar. Há vergonha em obter algo sem lutar. Quando lutamos, quando escolhemos receber o que Deus tem a oferecer, experimentamos a liberdade de Deus.

Prático

     Há um aspecto da Cabala prática que está vivo e bem. Isso envolve fazer uso prático de conceitos cabalísticos profundos para enriquecer a vida espiritual. A ideia do "pão da vergonha" é um exemplo perfeito. Essa ideia faz uso do instinto humano natural da vergonha. Em vez de encarar a vergonha como uma viagem de culpa desinfladora, ela vê a vergonha como uma oportunidade de se tornar uma pessoa totalmente diferente.

     O "você" que não pensaria duas vezes antes de tirar vantagem de outra pessoa e, consequentemente, tem dificuldade em se olhar no espelho, pode assumir uma face completamente diferente com esta ferramenta simples. Permita-se apenas as coisas que você realmente conquistou. Você descobrirá que a pessoa que você vê no espelho é muito mais admirável. Isso porque você se sentirá bem com suas próprias realizações. Você sentirá que elas realmente pertencem a você. Você deu algo por elas e agora elas são suas.

     Tente dar um passo adiante e dê um grande presente para outra pessoa. Não dê a elas um presente de aniversário ou alguma outra esmola. Dê a elas um presente de verdade. Dê a elas a capacidade de realmente realizar algo que elas não seriam capazes de outra forma. Ajude-as a ganhar alguma força de vontade, mostrando a elas que elas sempre tiveram isso, mas deixaram adormecida. Isso não é fácil de fazer. Você tem que ser inteligente. Você tem que pensar em alguma maneira de ganhar força de vontade se for encorajado um pouco na direção certa e então aplicar a mesma ideia ao seu destinatário. Isso, a propósito, é um presente de verdade. Não é um presente único que é jogado no armário ou distribuído para algum outro destinatário não necessitado. Se feito corretamente, será algo que eles podem usar por toda a vida. Talvez eles possam até chegar ao ponto em que dão o mesmo presente para outra pessoa. Você estará dando o presente de Deus.

Alimento para o pensamento

     A ideia do Pão da Vergonha é notavelmente simples – não podemos apreciar completamente o que não ganhamos. A vida moderna parece estar correndo em um curso precipitado para tornar as coisas mais fáceis e menos difíceis. Como alguém pode se esforçar ou lutar em um mundo que anseia por conforto?

1) CABALA LURIÂNICA - Leonardo Redaelli


Uma das muitas perguntas que são feitas quando as pessoas ouvem falar pela primeira vez sobre a Cabala Luriânica é se ela realmente faz parte do judaísmo. Existem dez emanações, a face longa, a face pequena, pai, mãe, a coroa, constrição, o Infinito, o espaço desocupado, a quebra dos vasos e inúmeros outros termos que parecem vir de alguns ritos de iniciação maçônicos.

De onde tudo isso veio? O que aconteceu com o bom e velho Moisés e o Mar Vermelho, ou Adão e Eva e a maçã? A Cabala Luriânica parece ter se esgueirado pela porta lateral — através de círculos místicos na Espanha do século XIII, e permanecido até o momento certo, e então se lançou sobre os judeus vulneráveis ​​após as convulsões da Expulsão Espanhola. Antes que soubéssemos o que aconteceu, o movimento messiânico de maior sucesso desde o cristianismo (Shabbtai Zvi do século XVII) estava desenfreado.

Como tudo isso aconteceu? Bem, provavelmente se desenvolveu na Espanha e no sul da França no século XIII, mas provavelmente teve suas raízes muito mais antigas na história judaica. Gestou-se nas mentes de algumas dezenas de cabalistas até emergir em plena floração em Tzefat, no século XVI. Primeiro sob o Rav Moshe Cordovero e depois sob o breve, mas altamente influente ensinamento do Rav Yitzchak Luria, ( imagem) seus fundamentos teóricos e práticos se tornaram firmemente estabelecidos. Após a morte prematura do Rav Luria (conhecido como Ari – uma sigla que significa "o rabino piedoso Isaac") em 1572, apenas um ano e meio depois que ele começou a ensinar, foi deixado nas mãos de seus numerosos alunos em Tzefat. As opiniões variam sobre qual de seus alunos herdou os verdadeiros ensinamentos de seu mestre, mas um conseguiu escrever tudo de uma maneira que desde então se tornou a bíblia da Cabala Luriânica.


Este aluno foi Rav Chaim Vital, que ensinou e escreveu os ensinamentos dentro de um pequeno e restrito círculo em Tzefat. De alguma forma, esses escritos chegaram à Itália, onde foram publicados como uma obra de vários volumes conhecida como Etz Chaim, a Árvore da Vida. Para o bem ou para o mal, esta é a fonte primária para as teorias arcanas do Ari.


O que Luria/Vital realmente fez foi sintetizar os ensinamentos do Zohar, conforme sistematizados por Cordovero, em uma teoria da realidade de longo alcance e bastante completa. Ela explica como a criação fluiu do Infinito Uno incognoscível (o En Sof) para uma dimensão que foi "desocupada" pelo infinito. Uma luz divina ligeiramente "não infinita" entrou neste "espaço" em uma forma ligeiramente defeituosa (os vasos quebrados), que passou por um filtro semelhante a um prisma e emergiu como as dez emanações. O objetivo da criação é restaurar essa luz ao seu estado original completo. A fonte do mal é esse pequeno defeito na luz. A criação é explicada; o mal é explicado; o objetivo messiânico final é explicado.


Esta explicação simplista é enganosa. Isto é realmente apenas uma gota no oceano do que é uma visão altamente complexa e incrivelmente profunda da realidade. Até mesmo passar pelos passos mais básicos é assustador. Foram necessários cabalistas posteriores, como Rav Moshe Chaim Luzzato (Ramchal) e outros, para diluir tudo em termos e analogias que fossem compreensíveis por aqueles fora dos círculos cabalísticos. O livro de Ramchal 'The Way of God' é um exemplo perfeito de Cabala em termos diretos, que, embora bastante profundo, é bastante legível. Ele aborda as principais questões sem se atolar na terminologia. Na verdade, alguém poderia ler este livro e nem perceber que é uma obra de Cabala.


As linhas de abertura do primeiro capítulo do Etz Chaim estabelecem o propósito da criação: 'Quando Deus desejou criar o mundo, a fim de conceder bondade às criações e (para que) elas reconhecessem Sua grandeza, e (para que) elas se tornassem uma carruagem ascendente para se apegar a Ele...' Esta frase incompleta leva a uma longa descrição da versão cabalística da criação. Quanto ao propósito da criação, lá está em toda a sua glória. O que tudo isso significa?


Análise


Vamos nos concentrar no início e no fim desta passagem. Deus desejou criar o mundo a fim de conceder bondade às Suas criações. O fim de tudo isso era que elas se apegassem a Ele. Conceder o bem, apegar-se a Deus - não parece tão misterioso ou cabalístico. Uma coisa que isso nos diz é que, no nível mais fundamental, o misticismo e a Cabala são realmente apenas judaísmo básico. Mas mesmo as coisas mais básicas precisam ser examinadas. Então, aqui vamos nós.


No segundo capítulo de The Way of God, Ramchal explica o objetivo de Deus de conceder o bem. Não surpreendentemente, ele também chama isso de propósito da criação. Ele escreve que Deus, que é a verdadeira perfeição, teria que conceder o bem supremo, que é Deus. Em outras palavras, Deus teria que dar Deus a outro. Parece uma coisa bem difícil de fazer. A solução era permitir que outros se ligassem a Deus para que eles também experimentassem, em qualquer grau possível, o divino. Essa experiência é se apegar a Deus.


Mas havia uma pegadinha nesse grande plano. Se Deus simplesmente entregasse toda essa bondade em uma bandeja de prata ao sortudo destinatário, esse destinatário realmente não estaria experimentando Deus. Afinal, Deus concede bondade enquanto esse destinatário apenas a pega. É um relacionamento desigual. Essa falha fatal arruinaria todo o plano. A solução cabalística era resolver as coisas de forma que os destinatários tivessem que ganhar sua piedade e não simplesmente recebê-la. Dessa forma, eles também estariam "dando" - dando de si mesmos para receber.


É aqui que o livre-arbítrio e a possibilidade do mal entram em cena. Os destinatários teriam que passar pela dor e pela luta para ganhar sua perfeição divina batalhando contra as escolhas espirituais da vida por meio do uso de seu livre-arbítrio. Está tudo em suas mãos. Deus só pode oferecer as escolhas e esperar o melhor, o resto depende de quem escolhe. Se eles escolherem o bem e passarem pela luta para atingir esse bem, eles terão conquistado sua perfeição em qualquer grau em que tenham lutado. Sua piedade não será um presente gratuito, mas uma recompensa merecida. Eles terão experimentado o presente divino de dar. Nesse aspecto, eles serão como Deus. Se escolherem o caminho errado, eles terão rejeitado o bem que Deus lhes oferece em favor de um caminho mais fácil de gratificação instantânea e realização de desejos egoístas. A piedade nesse caminho é altamente obscurecida e quase indetectável. Esta é a escolha - lutar para ser como Deus ou relaxar e ser um tomador.

Essa é a Cabala Luriânica em poucas palavras. É um caminho que pode parecer servidão, pois requer uma vida inteira de luta. Mas, no final, é um caminho de alegria e libertação. Ele abre um mundo totalmente novo de escolhas. Ele dá uma razão por trás da própria necessidade de fazer escolhas. Não somos apenas animais lutando para sobreviver, ou máquinas programadas para comer, beber e morrer. Nem estamos acorrentados a bloqueios emocionais ou presos por neurotransmissores químicos. Somos os destinatários pretendidos de toda essa bondade. Temos a escolha de experimentar Deus. Com cada escolha que fazemos, com cada vez que escolhemos subir ou descer a escada espiritual, estamos desempenhando nosso papel crucial no grande plano de Deus.

Essa escolha de comer ou não comer, tagarelar ou não tagarelar, invejar ou apreciar, soltar a raiva ou aceitar com humildade - essas são as escolhas do destino. O que fazemos com essas escolhas não determina apenas nosso próprio futuro espiritual, embora isso por si só seja extremamente significativo. Elas também determinam o curso espiritual para o mundo. Cada um de nós altera um pouco o curso da humanidade quando tomamos essas decisões. Vistas por essa perspectiva, nossas escolhas não são palpites sem sentido, mas oportunidades para a divindade.

A ideia de que Deus não poderia simplesmente nos dar bondade e prazer sem que os tivéssemos merecido está no cerne da visão cabalística da vida. Eles usam o termo "pão da vergonha" para expressar essa ideia profunda. Ele explica, em uma frase simples, um aspecto fundamental da natureza humana. Temos que dar para nos sentirmos bem. Todos os prazeres momentâneos de gratificação instantânea, todos os brindes, os confortos rápidos e fáceis aos quais somos tão viciados - eles não são a verdadeira bondade. No final, eles saem pela culatra. Os psicólogos podem chamar isso de culpa reprimida ou algum outro termo chique. Os cabalistas chamam isso de pão da vergonha.



outubro 23, 2024

A CARPINTARIA GERMINAL - Ivan Froldi Marzollo


Os historiadores não concordam na classificação das sociedades secretas como a Carbonária, que nós abrigamos, por a simbólica se religar ao reino vegetal, sob a designação de Maçonaria Florestal ou Maçonaria da Madeira, de acordo com Jacques Brengues. Uns não levam em conta o seu passado lenhador e jardineiro, outros negam-lhe a estrutura maçônica, e há ainda quem as considere para-maçônicas, a exemplo de Oliveira Marques. Este autor transcreve um manuscrito existente na Biblioteca Nacional com os estatutos de uma sociedade secreta, a Sociedade Keporática (Sociedade dos Jardineiros), fundada em Coimbra nos primeiros anos do século XIX, nos quais aparecem símbolos vegetais, em primeiro lugar o jardim, homólogo da loja na Maçonaria da Pedra e da venda na Maçonaria Florestal.

Sendo a Carbonária um instrumento de revolução (armado, noutros tempos), não poderia ser legitimado por nenhuma sociedade-mãe, por isso ela é irregular por natureza, e não apenas por admitir mulheres. Porém, mais do que uma sociedade secreta, a Carbonária é uma sociedade iniciática: ela pratica um rito e transmite um mito fundador (na essência, um mito solar). A admissão de novos elementos faz-se por iniciação, segundo o Rito Florestal. As assembleias, nas quais os Bons Primos se iniciam (ao grau de Aprendiz), elevam (ao grau de Companheiro Fendedor) e exaltam (ao grau de Mestre) decorrem em ambiente sacerdotal, no Templo. Conhecendo os instrumentos ou elementos simbólicos de discurso, transmitidos pelo rito, os carbonários ficam na posse de um código e de referências próprias, que lhes permitem reconhecerem-se e comunicarem fora do templo, sem se denunciarem aos estranhos (pagãos). Na sequência, vem outro aspecto relevante do carbonarismo, a hospitalidade iniciática: nunca deverá faltar a água, o lençol, o sal, o espelho e o fogo para oferecer aos Viajantes.

A carbonária é conhecida também pelo apelido de "a maçonaria cristã". Apesar disso é notadamente em sua história, anti-clerical. Além disto, segue tendo um braço armado que segue o mandamento de "separar o trigo do joio".

A partir da iniciação de Anita Garibaldi, a carbonária desde então é mista. Isto é um ponto importante, pois coloca a Carbonária muito mais próxima da maçonaria francesa do que da maçonaria inglesa.

A carbonária chegou ao Brasil com José Bonifácio. Apesar de ter participado em loja da alvenaria, Bonifácio havia sido iniciado muito antes na alta venda.

De 1926 até o ano de 1983, a carbonária ficou em completo silenciamento. Sua atuação tanto em Portugal quando no Brasil eram inexistentes. Mas em 1983 a Carbonária ressurge no Brasil descendendo diretamente da carbonária portuguesa. Seus restauradores foram os Ir.´. e BPr.´. Wilson Emílio de Abreu, seu primeiro GM.´. e depois primeiro Hierofante. Em seguida e em ordem. Segundo GM, BPr.´. Gilberto Pereira da Silva ,Terceiro GM Wilson Seabra ,Quarto GM e Sob Gr Comendador da Ordem, Venâncio Josiel dos Santos,Quinto GM, novamente Gilberto Pereira dos Santos,Sexto Grão Mestre, Walmir Battu33,Sétimo GM Gilberto Pereira da Silva (três vezes), 0itavo GM, Angela Maria Antunes Maciel Battu33, Nono GM, Walmir Battu33, Décimo GM Walmir Battu33, Décimo Primeiro GM Rui Barbosa33. Décimo Segundo e Actual GM, Angela Maria Antunes Maciel Battu33 Actual Hierofante: GMG Walmir Battu33 (até viajar ao O.´.Et.´.). é preciso salientar que a Alta Venda carbonária do Brasil, situa-se na floresta de Curitiba. Sendo que ela é a única real descendente do rito carbonário.

Atualmente a carbonária conta com Altas Vendas na Itália, Portugal, França, Brasil, Paraguay.

A Carbonária foi uma sociedade secreta e revolucionária que atuou na Itália, França, Portugal, Espanha, Brasil e Uruguai nos séculos XIX e XX. Fundada na Itália por volta de 1810, a sua ideologia assentava-se em valores patrióticos e liberais, além de se distinguir por um marcado anticlericalismo. Participou nas revoluções de 1820, 1830-1831 e 1848. Embora não tendo unidade política, já que reunia monarquistas e republicanos, nem linha de ação definida,os carbonários (do italiano carbonaro, "carvoeiro") atuavam em toda a Itália, tendo importante ação durante a Unificação Italiana e nas revoluções que a precederam. Reuniam-se secretamente nas cabanas dos carvoeiros, derivando daí seu nome. No Norte da Itália, outras organizações eram associadas a Carbonária como a Adelfia e Filadelfia.

Durante o domínio napoleónico, formou-se em Itália combatendo a intolerância religiosa, o absolutismo, defendendo os ideais liberais e esteve aliada em certos momentos, havendo mesmo elementos que pertenciam às duas organizações. Surgiu no Reino de Nápoles, inicialmente como forma de oposição à política pró-napoleônica o general francês Joaquim Murat, cunhado de Napoleão Bonaparte. Lutava contra os franceses, porque as tropas de Napoleão haviam iniciado uma espoliação da Itália, embora defendessem os mesmos princípios de Bonaparte.

Com a expulsão dos franceses, a Carbonária queria unificar a Itália através de uma revolução espontânea da classe trabalhadora, comandada por universitários e intelectuais, e implantar os ideais liberais.

Os membros da Carbonária, principalmente da pequena e média burguesia, tratavam-se por "primos". As associações da Carbonária tinham uma relação hierárquica. Chamavam-se choças (de menor importância), barracas e vendas, sendo estas as mais importantes. As vendas, cada uma contendo vinte membros, desconheciam os grandes chefes. Todas as orientações eram transmitidas por elas. Havia uma venda central, composta por sete membros, que chefiava o trabalho das demais. A Carbonária não tinha nenhuma ligação popular, pois, como sociedade secreta, não anunciava suas atividades. Além disso, a Itália era uma região agrícola e extremamente católica, com camponeses analfabetos e religiosos, que tradicionalmente se identificavam com ideias e chefes conservadores.

Silvio Pellico (1788–1854), Piero Maroncelli (1795–1846) foram membros proeminentes da Carbonária. Ambos foram presos pelos austríacos por anos, muitos dos quais na fortaleza Spielberg, em Brno, no sul da Morávia. Depois de solto, Pellico escreveu o livro Le mie prigioni, descrevendo seus dez anos na prisão. Maroncelli perdeu uma perna na prisão e ajudou na tradução e edição do livro de Pellico em Paris (1833). Outros proeminentes membros da sociedade foram Napoleão Bonaparte, José Bonifácio, Conde Camilo Benso de Cavour, Giuseppe Garibaldi e Giuseppe Mazzini, que posteriormente saiu da sociedade e passou a criticá-la. Outro exemplo de carbonário foi LaFayette, que foi um carbonário, que lutou na independencia dos Eua, e na revolução francesa, onde cometeu o erro terrível de não respeitar as designações de um verdadeiro carbonário, se colocando próximo aos girondinos, e o pior, ao invés de assassinar o rei na possibilidade que teve, decidiu na verdade,escoltá-lo até o momento que a escolta foi rendida. Isso levou as acusações contra ele por parte de Danton, e do grande irmão Robespierre. Participou ainda de outras batalhas, foi preso perto da Polônia onde começou sua relação de fato com os polacos, que levaria à sua ajuda aos sobreviventes da revolta polaca de 1831. Foi libertado pelo grande irmão Napoleão ( do rito memphis-misaim) e lutou ao seu lado. Estaria presente como deputado no governo dos 100 dias de Napoleão. Retomando as rédeas de sua vida, foi um dos conspiradores contra o rei Luis XVIII em uma emboscada carbonária, que acabou com a morte de vários heróis desconhecidos para o público, cujos nomes até hoje estão no hall da carbonária. Era a favor de uma Polonia livre, travando intensos debates com seu adversário politico e de vida, Horace François Bastien Sébastiani de La Porta . Recebeu os polacos sobreviventes do levante de 1831. Foi para o oriente eterno em 1834. Cometeu erro ao não eliminar um rei. Mas seus feitos heroicos nos Estados Unidos e França, e seu Respeito aos polacos foram grandes feitos em sua caminhada.

As revoluções foram sufocadas pelos austríacos, que procuravam manter seu significante poder na Itália (Veneza e Milão eram parte do Reino Lombardo-Vêneto, governado pelo Império Austríaco, e o Reino das Duas Sicílias era governado pelos Bourbon da Espanha, muito influenciado pelo governo francês). O fracasso das revoluções mostrou que a unificação não seria alcançada por idealismo. A unificação italiana foi realizada posteriormente entre 1860-1870 pela diplomacia e guerra sob a égide do Reino da Sardenha.

Neste histórico podemos perceber muitos elementos que nos distanciam por formação de origem e por base principiologica. Quando se vislumbra um ideário maniqueista sob a égide de córneas débeis imaginando a politização da Arte Real e acreditando que há uma Maçonaria Conservadora e uma Maçonaria Progressista , por mero desconhecimento da base principiologica e não ideológica da maçonaria cuja não se insere nesta cruzada do bem contra o mal e por isso é Maçonaria Progressita que em nada tem haver com o conceito acima, porém  a base da Carbonaria trás os elementos da crença em uma Maçonaria Conservadora.

Porém o conceito cosmopolita da Arte Real pode trazer luzes à aqueles que desconhecem o que é a Maçonaria Regular ...

A Maçonaria é uma entidade _Sui Generis_ - é uma Ordem conservadora com valores Monárquicos; uma contextualização Progressista com pensamentos Liberais em uma Estrutura conservadora hierárquica divinal - pois sua trajetória é chegar a um lugar Sacerdotal. Trabalha com o Conceito de Castas – no sentido de buscar o suprassumo do ser humano.

 Como filósofos a busca pelo conhecimento é necessidade diária,  e como vaticina o Ir.'. Nicola Aslan " só conheceremos a verdade através do trabalho ".

Referências Bibliográficas: 

Birmingham, David (2003), A Concise History of Portugal, Cambridge: Cambridge University Press

Duggan, Christopher (2008), The Force of Destiny

Frost, Thomas (2003), Secret Societies of the European Revolution, ISBN 978-0-7661-5390-5, Kessinger Publishing

Galt, Anthony (Dezembro de 1994), «The Good Cousins' Domain of Belonging: Tropes in Southern Italian Secret Society Symbol and Ritual, 1810-1821», Man, New Series, Vol. 29 (No. 4), pp. 785–807, JSTOR 3033969, doi:10.2307/3033969

McCullagh, Francis (1910), «Some Causes of the Portuguese Revolution», The Nineteenth Century and After, LXVIII (405)

Rath, John (Janeiro de 1964), «The Carbonari: Their Origins, Initiation Rites, and Aims», The American Historical Review, Vol. 69 (No. 2): 353–70, JSTOR 1844987, doi:10.2307/1844987

«The Life of a Conspirator», The Rambler, New Series, I, Maio de 1854

Reinerman, Alan. "Metternich and the Papal Condemnation of the" Carbonari", 1821." Catholic Historical Review 54#1 (1968): 55-69. in JSTOR

Shiver, Cornelia. "The Carbonari." Social Science (1964): 234-241. in JSTOR

Smith, Denis Mack (1988) [1958], The Making of Italy

Spitzer, Alan Barrie. Old hatreds and young hopes: the French Carbonari against the Bourbon Restoration (Harvard University Press, 1971).

A ARTE DA MEMÓRIA E SUA RELAÇÃO COM A MAÇONARIA - Cloves Gregorio

William Schaw (1549 1602) foi mestre de obras da coroa Escocesa e Supervisor Geral dos Maçons naquele país a partir de 1583 até a data da sua MORTE. 

Foi o responsável pelas construções e reparações de castelos no reinado do Rei James Stuart VI, sendo assim elaborou os estatutos para regular a prática da cantaria. 

O primeiro estatuto em Dezembro de 1598 e o segundo, do qual trataremos parte aqui datado de 28 de Dezembro de 1599. 

A “cláusula” importante para o estudo a ser desenvolvido hoje é a 13ª, que será reproduzida agora com tradução livre do Irmão Luciano Rodrigues e Rodrigues (2016), disponível no seu blog “O Prumo de Hiram”.

... “É estabelecido pelo vigilante geral, que o vigilante da loja de Kilwinning, sendo a segunda loja na Escócia, irá testar todos os companheiros do ofício e cada aprendiz, sobre a arte da memória e ciência, de acordo com as suas vocações, e no caso de terem perdido qualquer ponto exigido deles, eles devem pagar a penalidade da seguinte maneira pela sua preguiça, isto é, cada companheiro do ofício, vinte xelins, cada aprendiz, dez xelins, a ser pago ao caixa para o bem comum, anualmente, e em conformidade com o uso comum e prática das lojas neste reino.”... 

Vimos aqui que os exercícios de memorização de fórmulas já eram cobrados desde que o ofício era operativo. 

Importante salientar que essa memorização poderia ser tanto de fórmulas para o exercício da construção quanto ensinamentos morais praticados nas corporações de ofício.

Carlos Alberto Mourão Júnior e Nicole costa Faria (2014) sobre Memória, definem nas suas palavras “a grosso modo” no artigo PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS Memória “

_(…) chamamos de memória a capacidade que os seres vivos têm de adquirir, armazenar e evocar informações.”.

Ainda no mesmo artigo:

_“(…) O que se sabe, actualmente, é que as informações que chegam ao nosso cérebro formam um circuito neural, ou seja, a informação recebida activa uma rede de neurónios, que, caso seja reforçada, resultará na retenção dessa informação (por informação, entendemos qualquer evento passível de ser processado pelo sistema nervoso: um facto, um objeto, uma experiência pessoal, um sentimento ou uma emoção). 

Por isso considera-se que a repetição seja uma estratégia necessária para a memória. 

Não nos esquecemos, por exemplo, o número do telefone da nossa casa porque, ao longo da nossa vida, repetimos essa informação inúmeras vezes. 

Esse processo interfere na memorização do número exactamente porque toda vez que repetimos os estímulos, ativamos o mesmo circuito neural. 

A ativação contínua reforça esse circuito e torna mais fácil a posterior evocação da informação armazenada.

Na Maçonaria, em todos os sistemas, existem catecismos, ou seja, perguntas e respostas, e uma vez iniciado, devido as constantes repetições, o Maçom acaba memorizando uma grande gama de informações, como por exemplo o telhamento (trolhamento) no Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA).

_(…)O armazenamento é possível graças à neuroplasticidade, que pode ser definida como a capacidade que o cérebro tem de se transformar diante de pressões (estímulos) do ambiente.(…)

Ainda utilizando o REAA como exemplo, em inúmeras vezes vemos a loja fechada e os irmãos por pressão do ambiente circulando de forma ritualística.

Um fenómeno muito interessante relacionado às memórias e que merece ser mencionado é o priming (também conhecido como pré-ativação). 

O priming é, na realidade, um tipo de memória induzido por pistas ou dicas. 

Às vezes estamos tentando lembrar de uma música ou de um poema, e não conseguimos. 

Porém, se alguém cantarolar para nós as primeiras oitavas da música ou recitar para nós o início dos primeiros versos do poema, quase instantaneamente nos lembramos de todo o restante, como se fora uma reação em cascata. 

De fato, parece que, muitas vezes, só nos lembramos de onde está um prédio quando dobramos a esquina anterior à sua localização. 

Da mesma maneira, um animal só consegue lembrar da saída do labirinto na medida em que vai percorrendo o mesmo cada etapa serve de pista para a etapa seguinte (Lashley, 1963).”

Conforme o exemplo dado por Júnior e Farias, muitas das vezes acontece o fatídico “branco”, mas basta qualquer irmão soprar a primeira palavra para que o agente que executa a fala, lembre de todo o restante da oração gramatical.

Os autores concluem o artigo falando da dificuldade de se estudar a arte da memória que são duas, ou seja, que as memórias estão ligadas a outros processos cognitivos (precisam de um gatilho), e segundo que o sujeito é quem decide se vai lembrar de algo ou não. (nesse texto, provavelmente você irá guardar apenas o que deseja ou lhe seja interessante).

Existem diversas técnicas para se memorizar, mas uma constante em quase toda matéria sobre memorização é atribuir algo a imagens, mesmo que de forma bizarras. 

E o que isso tem haver com a Maçonaria? 

Tudo! 

Toda memorização em Loja Maçónica é extremamente visual. 

Um grande exemplo disso é a coluna B, ao vê-la automaticamente o Maçom lê “força, moral e apoio”. 

Isso significa que muito antes dos workshops de memorização e livros volumosos de técnicas diversas, os maçons operativos já praticavam o “pulo do gato” faz tempo.

Conclusão

Um “chavão” popular diz que “Os grandes prazeres da vida, estão nas pequenas coisas”. 

Vimos que os Maçons Operativos bolaram um “esquema” incrível para memorizarmos as nossas fórmulas, mas não somos levianos de dizer que são apenas simples combinações para nos identificarmos como irmãos ou perguntas e respostas vazias como uma tabuada. 

Nos pequenos símbolos que utilizamos existem poderosos ensinamentos filosóficos que não se resumem a apenas ao significado imediato, então quando falamos, por exemplo, sobre o Maço, ele não significa simplesmente força, ele tem um significado sublime de uma força utilizada com inteligência, mesmo porque, quando o Maço se aplica apenas com violência a pedra da construção se parte e não se lapida. 

Posso citar inúmeros exemplos de grandeza filosófica para cada símbolo, mas além de Pike já ter feito isso em páginas e páginas no seu livro Moral e Dogma, apenas para explicar o conceito de duas ferramentas, a ideia aqui não é enveredar para o significado do nosso simbolismo. 

A grande e real questão é: conseguiram ensinar filosofia e moralidade a homens simples que na sua maioria eram analfabetos através das suas ferramentas e das suas actividades laborativas. 

Mas porque? 

O ofício de pedreiro era uma mão de obra qualificada e escassa, tanto é que pedreiros viajavam de uma obra para outra, e pertencer a uma guilda de construtores significava que o indivíduo carregava o nome da corporação. 

Necessitando que esse sujeito tivesse uma moral elevada de forma a ser sempre um cartão de visitas ambulante, por isso a preocupação dos dirigentes na escolha, formação e caráter do pedreiro.



 

outubro 22, 2024

LOJA DE PERFEIÇÃO


Sob a perfeita condução do TVP Mestre Silvio Cogo em sessão conjunta das Lojas de Perfeição Vale do Hermon e Constantin Vassilis, deu-se na noite de ontem, no Oriente de Itanhaém, a iniciação de seis irmãos de diversas Lojas simbólicas, no grau 4, que principiam sua caminhada nos graus filosóficos, os altos graus do REAA.


POSTURA E COMPOSTURA DENTRO DE LOJA - Enielson Pereira Lopes


Enquanto a Postura trata de aspectos corporais, tais como: maneira de andar, sentar, portar-se nas mais variadas situações, a Compostura é o conjunto de ações que denotam boa educação.

Segundo os nossos Dicionários, postura significa “disposição ou posição do corpo”. 

Dentro de nossos Templos devemos obedecer a uma sistemática ordenada pela tradição. 

A postura sempre externará nosso “respeito”, uma atitude convencional de expectativa e de participação.

Segundo nosso Ir.’. Rizzardo da Camino “as posturas são originárias  da Índia e do Egito e nestes países, sempre tiveram aspecto místico”.

A posição exata contribui para que o fluxo do sangue alimente mais, certa região necessitada; equilibra nosso sistema nervoso; provoca a secreção de sucos necessários às funções das glândulas; isso que descrevemos a “grosso modo”, apresenta no seu desenvolvimento científico, verdadeiros milagres. 

É a “magia” que atua, auxiliada pela nossa disposição em nos manter, quando em postura, da forma mais perfeita possível”.

Ao fazermos o Sinal de Ordem, bem como a Saudação Ritualística, devemos estar perfeitamente eretos, altivos formando um esquadro com os PP.’.,que por si só representa um ângulo reto. 

É o símbolo da postura que deve presidir o discurso do Maçom. Dessa forma, só são realizados quando obreiro estiver de pé e parado, ou praticando a Marcha Ritualística.

“Infelizmente, tem-se constatado em visitas a oficinas que  alguns IIr.’. não estão observando os ângulos exigidos nas posições, formando-se assim, uma postura desajeitada, como se o organismo se encontrasse exausto a ponto da mão não poder ficar na posição correta”.

A uniformidade da postura, com certeza embeleza os trabalhos da loja. 

Imaginem uma fileira de soldados praticando a “ordem unida”. 

Se não houver sincronismo, o desfile se tornará horroroso e cheio de trapalhadas. 

Assim acontece nas nossas colunas. 

Devemos manter um porte elegante, pois nada há de mais belo que ver uma Loja trabalhar corretamente, pois isso entusiasma e traz resultados surpreendentes.

Ao fazer uso da palavra, mister se faz que se cumpram algumas formalidades em que se enquadra a boa postura. 

Concedida a palavra, deve o irmão, antes de iniciar sua fala, dirigir os cumprimentos a todos os presentes, obedecendo-se a ordem hierárquica.

No nosso Ritual, o diálogo entre as Luzes e as Dignidades e Oficiais é feito usando-se o pronome da segunda pessoa do plural (vós), portando, seria interessante que todos se habituassem a seguir o exemplo.

Como a Maçonaria considera a todos os seus Iniciados como iguais, os títulos e patentes profanas como Senhor, Doutor, Professor, Coronel e etc.. devem ser ignorados em nossas falas, não como sinal de desrespeito, mas como uma afirmação a esta decantada Igualdade.

Segundo nossos ensinamentos, o Maçom não deve fazer ostentação daquilo que possui, portanto, recomenda-se que não usemos medalhas dos graus filosóficos em sessões simbólicas, por entender que um peito cheio de medalhas pode constranger um Ir.’. de grau inferior.

Sentado, o Maçom deve assumir uma postura convencional, que aparentemente pode ocasionar um cansaço, mas na realidade, se estiver de maneira correta, o obreiro poderá permanecer sentado por um longo período. 

Essa postura, representada pelos Egípcios através de estátuas e pinturas, nos leva a crer que essa posição conduzia a algum resultado esotérico.

Os pés formam com as pernas uma esquadria. 

As pernas com as coxas formam outra esquadria. 

As coxas com o tronco uma nova esquadria. 

Os braços e antebraços completam mais uma esquadria. 

As mãos abertas repousam sobre as coxas.

A posição do corpo pode curar distorções fisiológicas e nervosas, portanto, as posturas devem ser executadas com interesse, pois, já sabemos que, em Maçonaria nada existe e nada se faz sem uma razão.

Sentado, o Maçom, além de isolar completamente os membros superiores, inferiores e baixo ventre, deixando livre a parte respiratória e a mente, poderá, se sua postura estiver correta, aperceber-se com mais proveito de tudo o que vê e ouve.

Nossas palavras, gestos e atitudes, são cartões de visita do nosso comportamento. 

Temos momentos de incorreção, mas não se julga ninguém pelo tombo e sim pelo modo como ele se levanta.

Meus queridos Irmãos: digam suas palavras, pratiquem corretamente a ritualística com a postura e seriedade que requer o respeito, a ética e o comportamento dentro e fora do Templo.

Fonte de consulta: Livro Ordem na Ordem 

outubro 21, 2024

 Saudações, estimado Irmão!


HONRA OU GLORIA?


Nem todas as Instruções Maçõnicas constam nos Rituais. Na verdade, o grande e real aprendizado se consubstancia em duas frentes.


A primeira é convivermos com os Irmãos, copiando os bons costumes e não repetindo os maus hábitos. A segunda frente é assumirmos, de maneira consciente, a postura de especuladores. Em tudo, na Maçonaria, há um motivo de ser.


Especulemos, então, o porquê de São João ser o Patrono da Maçonaria. Hà vários Santos de nome João e diferentes vertentes nas quais João seria nosso Patrono. Como não há um consenso, todos eles, pelos fatos que os levaram à canonização, cumprem a alegoria daquele que luta e/ou defende causas como a Maçonaria. Acredito, pois, que as Lojas Maçõnicas são consagradas aos Princípios dos Santos de nome João.


Ademais, creio que 90% dos Maçons brasileiros compreendem que nosso João é o Batista. Talvez pela forma como foi assassinado. Contudo, a justificativa não deve ser pela maneira, mas pelo motivo.


João Batista era ousado e confiante na verdade de seus principios. Tinha firmeza para afrontar todos os perigos a que fora exposta sua coragem. Suas pregações eram um misto de chamamentos espirituais e condutas morais para a sociedade. Combatia os inimigos da humanidade com fervor e zelo.


Aos hipócritas que a enganam, alertava: "Raça de viboras! Quem lhes deu a ideia de fugir da ira que se aproxima?". Aos pérfidos, que a defraudam: "Não cobrem nada além do que lhes foi estipulado". Aos ambiciosos, que a usurpam: "Quem tem duas túnicas de uma a quem não tem nenhuma". E aos corruptos e sem princípios, que abusam da confiança de seu povo: "Não pratiquem extorsão nem acusem ninguém falsamente; contentem-se com o seu salário".


E como a esses inimigos da sociedade não se combate sem perigos, cortaram seu pescoço. No entanto, permita-me uma elucubração pessoal. Nestas décadas de estudos iniciáticos, em contato com vários personagens que envolvem a Maçonaria, adquiri mais admiração por João Batista do que pelo próprio Salomão.


COMO MAÇOM, VOCÊ ASPIRA A HONRA OU GLÓRIA?


Nosso "sistema educacional pode levar ao retrocesso justamente em razão do propósito para o qual nos instruimos. A graduação não nos coloca acima de ninguém, até porque quanto mais longe você estiver dos Irmãos, mais solitário você será.


Titulos são grafados em papel que o tempo apaga, e o cupim corrompe a moldura. A altivez dos cargos são, na verdade, palavras em longos curriculos materiais, que a consciência nos lembra de que, às vezes, vieram sem merecimento.


Assim é a Glória. Em geral, relaciona-se a algum tipo de conquista para impressionar o outro, havendo a necessidade de ampla divulgação, a qual serà sempre transitória e insipida. "Sic transit gloria mundi.


Veja que João Batista não teve nenhuma glória, não fez milagres, não tinha poderes. Era apenas uma voz. Todavia, o próprio Cristo reconheceu-lhe o valor e submeteu-se ao batismo.


Honra é o principio da conduta pessoal baseado na ética, honestidade, coragem e dignidade e não precisa ser amplamente conhecida.


O PATRONISMO DE JOÃO BATISTA É A MENSAGEM SIMBÓLICA QUE O MAÇOM NÃO PRECISA DE GLÓRIA, MAS NÃO EXISTE SEM HONRA.


Mestre de Cerimônias PR25 2024/2026

A LOJA DOS ESPÍRITOS - Jerônimo J. F. Lucena


𝘛𝘦𝘹𝘵𝘰 𝘮𝘶𝘪𝘵𝘰 𝘪𝘯𝘵𝘦𝘳𝘦𝘴𝘴𝘢𝘯𝘵𝘦 𝘦 𝘤𝘰𝘮 𝘮𝘦𝘯𝘴𝘢𝘨𝘦𝘮 𝘴𝘶𝘣𝘭𝘪𝘮𝘪𝘯𝘢𝘳 𝘱𝘳𝘰𝘧𝘶𝘯𝘥𝘢.


O silêncio sepulcral na sala dos passos perdidos intriga o Mestre de Cerimônias:  Já é meio dia em ponto. É hora de iniciarmos nossos trabalhos. Onde estarão os irmãos? Talvez seja meia noite, vou bater maçonicamente à porta do templo...

Ao levantar a espada para dar as pancadas na porta, de súbito começam a cair os quadros da galeria de ex-veneráveis, o chão treme, os lustres balançam, as luzes piscam e a porta do templo se abre num rangido.

Assustado, o Mestre de Cerimônias olha o interior do templo e, incrédulo, vê o pavimento mosaico com uma enorme rachadura. Através dela brota um homem magro, bigode retorcido, nariz adunco, olhar brilhante, face pálida e lábios arroxeados: sintomas típicos da anóxia crônica provocada pela tísica que lhe consumia os pulmões.

O Mestre de Cerimônias reconhece o grande poeta, mas antes que pudesse pedir-lhe um autógrafo para seus filhos, é interrompido por ele. O baiano Castro Alves, poeta dos escravos, o mais entusiasta dos abolicionistas, estudante da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, amante apaixonado da atriz Eugênia Câmara, coloca-se à ordem (apesar das dificuldades pela falta de seu pé direito amputado) e brada:

- GADU! ó GADU! onde estás que não respondes? Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes? Embuçado nos céus?

Mas não consegue concluir a declamação do seu tão famoso poema "Vozes D'África" 'porque surge das entranhas do templo D. Pedro I, interrompendo o poeta aos gritos:

- Se a Maçonaria quer que eu fique, diga a todos que FICO. Fico e grito: "Independência ou morte!!". E agora que sou defensor perpétuo e Imperador do Brasil, quero ser eleito Grão Mestre da Ordem e compor o hino da Maçonaria. Onde  estão o Ledo e o Bonifácio?

- O Irmão Gonçalves Ledo está na Primeira Vigilância e o Irmão José Bonifácio, no Oriente, na cadeira do Venerável; diz o Mestre de Cerimônias.

- Chame os irmãos! Revista-os com suas insígnias, pois vou iniciar os trabalhos. E seja rápido, senão eu fecho essa bodega e a transformo num palácio para minha marquesa; ordena o Imperador, dirigindo-se ao trono de Salomão enquanto os irmãos Ledo e Bonifácio se agridem em defesa, respectivamente, da República e da Monarquia.

Já assustado, e temente que o Grão Mestre-Venerável- Imperador-Compositor cumpra a promessa, o Mestre de Cerimônias olha através da rachadura no pavimento mosaico e grita aos irmãos. Logo sobe, cambaleante, o Irmão Jânio Quadros. Cabelos em desalinho, óculos de tartaruga em assimetria, coloca-se à ordem com os pés trocados e pergunta:

- Quando começa o Copo D?água?

- Calma, Jânio... Por que você bebe tanto?

- Bebo porque é líquido. Se fosse sólido, comê-lo-ia.

- Você precisa renunciar a este vício, Irmão Jânio... E, por falar em renunciar, por que você renunciou?

- Fi-lo porque qui-lo e também por conta das forças ocultas.

!!!!!! Malheta o Imperador.

- Componha rápido esta Loja, Irmão Mestre de Cerimônias. Chame o Rui para a oratória.

- Já estou aqui, Venerável Mestre. Acabei de chegar da Holanda. O irmão Paranhos Jr., "Barão do Rio Branco", enviou-me para representar o Brasil na Conferência de Haia. Fiz sucesso. Estão até me chamando de "O Águia de Haia". Mas não é a nossa "Águia bicéfala", é "Águia macrocéfala".

- E viva a República!!

- Viva a Monarquia!!

- Cale a boca, Bonifácio, senão eu lhe deporto!; ameaça D. Pedro.

- Isto aqui está muito bagunçado. Coloquem uma música na harmonia!

- Estamos aguardando o irmão Carlos Gomes. Ele está tocando "O Guarani" no Repórter Esso, Venerável Mestre.

- Venham todos assinar o livro de presença, grita o irmão Dib, batendo com a palma da mão no trono da chancelaria. Freqüência, presença e comparecimento: -estes são os deveres do maçom. E tem mais, irmão Guatimosin, este templo tem o meu nome e não vou permitir que seja transformado num palácio para Dona Domitila. Eu e mais dezesseis irmãos (dezesseis ou dezessete, já nem tenho mais certeza porque fizeram uma confusão danada com essa história) fundamos a Loja, construímos o templo e não vamos permitir que ele seja profanado.

- Se for pra competir, eu também quero dizer que tenho um Kadosch que é só meu, diz o Irmão Ledo.

- !!!!! Silêncio!! Silêncio!! Suspendam os sinais maçônicos! Temos um goteira entre nós! Irmão Guarda Interno, quem é esse cabeludo com uma corda no pescoço?

- É o Tiradentes, o Mártir da Independência, Venerável Mestre.

- Tiradentes uma ova! Agora sou um dos 200 mil dentistas deste país, com diploma na parede e anel no dedo.

- Irmão Mestre de Cerimônias: coloque o Tiradentes, ou melhor, nosso mártir dentista, entre colunas para o telhamento.

- Sois maçon?

- Iniciei-me por correspondência, Venerável Mestre.

- Ah, eu pensei que o Irmão fosse membro da nossa primeira Loja brasileira, a "Areópago de Itambé", do Irmão Arruda Câmara. E o Irmão sabe a palavra senha?

- Sei, sim, Venerável Mestre: "Tal dia é o batizado".

- Tá bom. Então, pode assumir um lugar entre nós. Afinal, você merece pois foi o único enforcado dos 11.

- E viva a República!!

- Cale a boca, Ledo!

- Não sou o Ledo, Venerável Mestre. Sou o gaúcho Bento Gonçalves, e estou dando vivas à "República do Piratini".

- E o Ledo, por que está tão calado?

- Estou confuso, Venerável Mestre. Não sei se hoje é 20 de Agosto ou 09 de Setembro, se estamos na Era Vulgar ou no Ano da Verdadeira Luz, e preciso fazer meu discurso na loja Comércio e Artes do Rio de Janeiro.

E, novamente, outro bate boca:

- A República é o melhor para o Brasil!!

- Não é!!! É preciso fazer uma mudança gradual, mas não temos sequer um nome para assumir a presidência.

- Chame o Deodoro para assumir o governo provisório. Irmão Mestre de Cerimônias, grite pelo Deodoro!

Chega o Deodoro, doente, fragilizado, desencantado e diz:

- Tô fora. Já dei a minha contribuição: já assumi, já fechei o Congresso, já renunciei ao governo, ao Grão Mestrado. Quero que me esqueçam. Vocês se resolvam com o Floriano, o "Marechal de Ferro".

- Calma, Deodoro. Quem disse isto foi outro presidente.

Nesse ponto a confusão torna-se muito grande, já virando caso de policia, ou melhor, de exército. Chamam o Caxias.

Montado num enorme cavalo, brandindo sua espada, sai das profundezas o nosso Duque Patrono do Exército brasileiro:

- Sigam-me os que forem brasileiros!

- Para onde, Caxias?

- Para qualquer lugar, desde que estejamos "ombro a ombro" e não "peito a peito".

- Obrigado por ter vindo, mas tire esse cavalo do templo e resolva essa querela o mais diplomaticamente possível.

- Eu só sei resolver na espada. Diplomacia é la com o Barão, o do Rio Branco.

- Irmão Guarda Interno, controle a entrada dos irmãos. Quem é esse aprendiz no topo da coluna do Norte?

- É o Euclides da Cunha, Venerável Mestre.

- O jornalista do Estadão? O autor de "Os Sertões"? Aquele que disse que"o sertanejo é um forte"?

- Não, Venerável Mestre. Este não é aquele que disse. Esse é o próprio sertanejo forte do sertão baiano.

- Tá bom.. Então deixa ele aí, quietinho, na coluna do Norte. Meus irmãos: -estando a Loja dos Espíritos composta, vamos iniciar nossos trabalhos.

Irmão Guarda Interno:- verifique se estamos a coberto.

O Irmão Guarda Interno sai do templo e, após alguns minutos de longa espera, retorna e diz:

- Venerável Mestre: é com profunda tristeza que vos informo o que vi.

- E o que vistes, Irmão Guarda Interno?

- Venerável Mestre, na Sala dos Passos Perdidos amontoam-se milhares de irmãos deitados na cama da fama. Dormem um sono profundo. Alguns até roncam; outros sonham com a Maçonaria do passado. No salão de festas, outro tanto se repasta com gordurosos bolinhos, pastéis e canapés. Bebem refrigerantes, cerveja e até aguardente. Algumas conversas, felizmente a minoria, vão do mesquinho ao ridículo. Pequenos grupos fazem pequenos negócios. Alguns, mais preocupados com os grandes problemas da Ordem e da sociedade, parecem sonhar acordados quando falam de seus utópicos projetos, e outros, talvez por não entenderem a real dimensão dos problemas, tentam resolvê-los com pequenas soluções, fazendo jantares beneficentes, bazares e vendendo até rifas.

- Não é possível!!!!! Não acredito no que ouço! Abandonaram a liberdade de pensar! Não se fomentam mais as grandes idéias! Perderam os nossos ideais! Interromperam as nossas conquistas e agora interrompem o nosso merecido descanso. Por que nos incomodam??? ? !!!! De pé e à ordem. Irmão Mestre de Cerimônias: abra as portas do templo. Meus irmãos: enchamos de ar os nossos pulmões e gritemos em uníssono:

-ACORDEM, MEUS IRMÃOS!!!!