outubro 29, 2024

INTERSTÍCIO - Rui Bandeira


Interstício quer dizer solução de continuidade, o intervalo entre duas superfícies da mesma ou diferente natureza.

A Maçonaria utiliza a expressão em termos de tempo. Interstício é o intervalo de tempo que deve decorrer entre dois fatos. Designadamente, interstício é o intervalo de tempo que deve decorrer entre a Iniciação do Aprendiz e a sua Passagem a Companheiro e também o tempo que se impõe decorra entre essa Passagem e a Elevação do Companheiro a Mestre.

O interstício é uma regra que admite exceção: o Grão-Mestre pode dele dispensar um obreiro e passá-lo ou elevá-lo de grau sem o decurso do tempo regulamentar ou tradicionalmente observado. No limite, a Iniciação, Passagem e Elevação podem ocorrer no mesmo dia. Mas a dispensa de interstícios é rara – deve ser verdadeiramente excepcional – e só por razões muito fortes deve ocorrer.

Assim sucede genericamente na Maçonaria Européia. Já a Maçonaria norte-americana é muito menos exigente neste aspecto, sendo corrente a prática de conferir os três graus da Maçonaria Azul num único dia. Esta é, aliás, uma conseqüência e também uma causa das diferenças entre as práticas e as tradições maçônicas em ambas as latitudes. 

Mas impõem-se observar que algumas franjas da Maçonaria norte-americana, designadamente nas Lojas que se consideram de Observância Tradicional, se aproximam neste como noutros aspectos, da prática européia.

A razão de ser do interstício é intuitiva: a que dar tempo para o obreiro evoluir, para obter e trabalhar os ensinamentos, as noções, transmitidas no grau a que acede, antes de passar ao grau imediato. Em Maçonaria busca-se o aperfeiçoamento e este não é, nem instantâneo (instantâneo é o pudim...), nem automático. Depende de um propósito, de um esforço, de uma prática consciente e perseverante. 

É um processo. E, como processo que é, tem fases, tem uma evolução que se sucede ao longo de uma lógica e de um tempo. Por isso, em Maçonaria não se tem pressa. O tempo de maturação, o tempo de amadurecimento, a própria expectativa, são essenciais para um harmonioso desenvolvimento individual.

Os graus e qualidades maçônicos não constituem nada, apenas ilustram, representam, emulam a realidade do Ser e do Dever Ser. Não se tem mais qualidades por se ser maçom (embora se deva ter qualidades para o ser...). Há muito profano com mais valor e maior desenvolvimento espiritual e pessoal do que muitos maçons, ainda que de altos graus e qualidades. 

Para esses os maçons até criaram uma expressão: maçom sem avental. Mas procura-se ilustrar com a qualidade de maçom a tendência para a excelência, a busca do aperfeiçoamento. 

O Mestre maçom não é, por decreto ou natureza, necessariamente melhor ou mais perfeito do que o Companheiro ou o Aprendiz. Mas com os graus a maçonaria ilustra um Caminho, um Processo, para a melhoria de cada um. Há por aí muito Aprendiz que é mais Mestre de si próprio que muito Mestre de avental com borlas ou dourados. Mas o mero fato de ter de fazer a normal evolução de Aprendiz para Companheiro e de Companheiro para Mestre potencia o que já é bom, faz do bom melhor, do melhor, ótimo e do ótimo excelente.

Assim, em Maçonaria consideramos profícuo e valioso que o profano que pediu para ser maçom aguarde, espere, anseie, pela sua Iniciação. E que o Aprendiz tenha de o ser durante o tempo estipulado e tenha de demonstrar expressamente estar pronto para passar ao grau seguinte, por muito evidente que essa preparação seja aos olhos de todos; e o mesmo para o Companheiro passar a Mestre; e idem para o Mestre começar a ver serem-lhe confiados ofícios; e também para o Oficial progredir na tácita hierarquia de ofícios e um dia chegar a Venerável Mestre.

Tempo. Paciência. Evolução. De tudo isto é tributário o conceito de interstício, tal como é aplicado em Maçonaria.

O interstício pode ser diretamente fixado, regulamentar ou tradicionalmente, ou resultar indiretamente de outras estipulações. Por exemplo, na Loja Mestre Affonso Domingues consideramos que não é o mero decurso do tempo que habilita um obreiro a aceder ao grau seguinte. Mas reconhecemos que o decurso de um tempo razoável é necessário. 

Estipulamos, assim, no nosso Regulamento Interno, que o interstício para que um obreiro possa aceder ao grau seguinte seja constituído pela presença a um determinado número de sessões. 

Com isso, estipulamos que certa assiduidade é condição de acesso ao grau seguinte e, como a Loja reúne duas vezes por mês, onze meses por ano, indiretamente fixamos um período de tempo mínimo de permanência no grau. 

Os nossos Aprendizes, quando passam a Companheiros, merecem-no! E os nossos Companheiros, quando são elevados a Mestres estão em perfeitas condições de garantir a fluente persecução dos objetivos da Loja, incluindo a formação dos Aprendizes e Companheiros. 

Nós não temos pressa...



 *GUARDA DO TEMPLO*

Ir∴ Eduardo José da Fonseca Costa,  ARLS “União e Paz” no 166


As atribuições dos Guardas do Templo são melhor elucidadas quando se lhe especula as funções em um nível mais transcendental...


O R.I. institui o cargo de Guarda do Templo, conquanto delegue a determinação de suas funções aos manuais ritualísticos (art. 172). No entanto, o mesmo R.I. prescreve tratar-se de cargo oficial provido por eleição (art. 159, caput), em que são investidos, exclusivamente, pois, Mestres Maçons (ex vi do art. 117, § 3o, da CGLESP). Embora seja um cargo elegível, a CGLESP não lhe prevê os requisitos de elegibilidade, tratamento este só dispensado para os cargos de Venerável Mestre, 1º Vigilante, 2º Vigilante, Orador e Tesoureiro (art. 117, caput e §§). Trata-se de uma lacuna, porém, facilmente colmatável após uma análise histórica da tradição do Guarda do Templo.


Nos antigos rituais maçônicos, encontravam-se dois Guardas do Templo: um externo, que vigiava o adro; e um outro interno, que recebia daquele as indicações. De vez que os trabalhos de uma Loja devem realizar-se a portas fechadas, cabia-lhes zelar para que ninguém perturbasse a sessão. Não é por menos que os Guardas do Templo tem como jóia representativa 2 (duas) espadas cruzadas, símbolos de alerta e de proteção. Hoje, porém, restou somente o Guarda Interno do Templo, ou, simplesmente, “Guarda do Templo”, que guarda internamente a porta do Templo e dá a entrada aos Irmãos que chegam após a abertura dos trabalhos. Para JULES BOUCHER, trata-se de cargo a ser confiado ao Irmão mais experimentado da Loja, que seja um profundo conhecedor do ritual e dos seus procedimentos, razão pela qual muitas Lojas ainda outorgam essa responsabilidade ao Venerável Mestre que sai (p. 120).


Isso porque, no direito consuetudinário maçônico, sempre foram atribuídas ao Guarda externo do Templo as funções de “cobrir” e “telhar” (motivo pelo qual o Guarda Externo do Templo pode ser também chamado de “Cobridor Externo” ou “Telhador”). Segundo BOUCHER, “telhar um Irmão” significa interrogá-lo para constatar, pelas suas respostas, se ele é mesmo maçom e se seu grau corresponde ao grau para o qual trabalha a Loja; por extensão, “cobrir o Templo” tornou-se sinônimo de “sair”. Assim, caso profanos consigam entrar numa reunião maçônica e se um deles se aperceber disto, diz o Guarda do Templo: “Está chovendo” ou “Há goteira”, isto é, o Templo não está coberto.


Há divergência quanto à denominação que se deve dar ao procedimento formal para identificação e constatação da regularidade maçônica: “telhamento” ou “trolhamento”. Os Manuais da GLESP falam em “trolhamento”, posição de que compartilha RIZZARDO DA CAMINO. Segundo este autor gaúcho, “passar a Trolha sobre alguém” significa retirar sua asperezas para que, quando der ingresso no Templo, não seja diferente dos demais, pois se apresentará como Pedra Polida, e não como Pedra Bruta (p. 391-392). Aliás, este autor sequer mete as palavras telhar e telhamento em sua clássica obra Dicionário Maçônico. Todavia, não posso referendar tal posicionamento. Na maçonaria de língua inglesa, o Guarda do Templo é chamado de Tiler (de tile = telha); na de língua francesa, de Tuillier (de tuille = telha); na Itália, de Tegolatore (de tegola = telha), e assim por diante. Percebe-se, conseguintemente, que as traduções de Tiler, Tuillier e Tegolatore são as mesmas: TELHADOR, i.é., o que procede ao TELHAMENTO. Já o termo TROLHAMENTO deveria significar “passar a Trolha”, ou seja, aparar as arestas e as imperfeições da argamassa, fazer esquecer as injúrias e as injustiças; enfim, apaziguar maçons em eventual litígio. De qualquer forma, a par de todas dessas questiúnculas vernaculares, é ao Guarda do Templo que se confia preponderantemente a eficácia do 15º Landmark (“nenhum visitante, desconhecido aos irmãos de uma Loja, pode ser admitido a visitar, sem que antes de tudo seja examinado, conforme os antigos costumes”). A execução cabal deste preceito exige um Irmão, pois, que conheça todos os membros de sua Loja, todos os sinais, todas as palavras de passe, todas as palavras sagradas, todas as senhas e as peculiaridades de cada grau.


Justamente porque telha, não se recomenda ao Guarda externo que permaneça no Átrio, pois esse recinto faz parte, pela sua “imantação”, ao próprio Templo, onde não é permitida a presença de estranhos; o estranho e os visitantes retardatários devem permanecer na Sala dos Passos Perdidos que precede o Átrio. Quando o Venerável Mestre reúne os Irmãos para a procissão de adentramento ao Templo, determina a preparação espiritual, procedida pelo Mestre de Cerimônias, que faz uma invocação ao Grande Arquiteto do Universo; é no átrio que os Irmãos deixam todos os assuntos e vibrações profanas; o Átrio é um estágio de purificações e, por esses motivos, não pode receber quem não tiver sido antes purificado.


As atribuições dos Guardas do Templo são melhor elucidadas quando se lhe especula as funções em um nível mais transcendental. Segundo ZILMAR DE PAULA BARROS (p. 101-102), os 10 (dez) oficiais da Loja (= Venerável, 1º Vigilante, 2º Vigilante, Orador, Secretário, Experto, Mestre de Cerimônias, Tesoureiro, Hospitaleiro, Guarda do Templo) situam-se, perfeitamente, na árvore sephirótica: o Venerável corresponde a KETHER (A Coroa); o Secretário corresponde a BINAH (Inteligência); o Orador a CHOCHMAH (Sabedoria); o Tesoureiro a GEBURAH (Força, Rigor); o Mestre de Cerimônias equivale a TIPHERETH (Beleza); o Hospitaleiro a CHESED (Graça); o 1º Vigilante a HOD (Vitória, Firmeza); o 2º Vigilante a NETZAH (Glória, Esplendor); o Experto a IESOD (Base, Fundamento); o Guarda do Templo a MALKUTH (Reino ou Mundo Profano). Ora, MALKUTH é a Sefirah inferior constituinte da presença de Deus na matéria, cuja natureza quádrupla encerra os quatro níveis inerentes à árvore sephirótica como um todo (a raiz, o tronco, os ramos e os frutos, conforme cresce no interior existencial; ou a Vontade, a Mente, o Coração e o Corpo Divino) e sobre nós aparece como o CORPO FÍSICO, com seus elementos tradicionais: terra, água, ar e fogo (HALEVI, p. 7-8). Ora, se na estrutura de uma Loja maçônica o Guarda do Templo corresponde a MALKUTH, e se uma Loja nada mais é do que uma alegoria simbólica do Corpo Místico do Homem, então o Guarda do Templo é representante do único contato direto que a “Alma de uma Loja” tem com o Mundo Exterior.


Posição similar é a de CHARLES LEADBEATER. Para o autor inglês, a Loja Maçônica possui maquinismo que lhe permite invocar o auxílio de entidades espirituais em seus trabalhos altruístas de acumulação e distribuição de forças astrais em benefício do mundo. Cada oficial teria, além de seus deveres no plano físico, a missão de representar um dos cinco planos da natureza (os planos espiritual, intuicional, mental, astral e físico) e de servir de foco para as suas energias peculiares. O Venerável representaria o plano espiritual (correspondente no homem à vontade espiritual); o 2º Vigilante, o plano intuicional (correspondente no homem ao amor intuicional); o 1º Vigilante, o plano mental superior (correspondente no homem à inteligência superior); o 1º Diácono, o plano mental inferior (que no homem corresponde à mente inferior); o 2º Diácono, o plano astral (que no homem equivale às emoções inferiores); o Guarda Interno do Templo, o plano físico superior (equivalente no homem ao duplo etérico); o Guarda Externo do Templo, o plano físico inferior (correspondente no homem ao corpo físico denso). Daí o motivo de os fundadores da Maçonaria terem disposto as coisas de maneira que a enumeração dos oficiais e a declaração dos seus lugares e deveres servissem de invocação aos anjos pertencentes aos respectivos planos. Simbolicamente, para o corpo físico e o duplo etérico protegerem a “loja da alma” dos perigos do mundo exterior, das tentações e das influências malignas, ordena-se ao Guarda Externo (o plano físico inferior) e ao Guarda Interno (o plano físico superior) que impeçam a entrada dos profanos, representantes das paixões violentas (p. 117-121). Para LEADBEATER, portanto, este esquema demonstra que a obrigação da inteligência é discernir e julgar que pensamentos e emoções devem ser admitidos no templo do homem: o Venerável comunica-se com o Guarda Externo por meio do 1º Vigilante e do Guarda Interno, significando que o espírito não atua diretamente na matéria densa do corpo físico, senão que por intermédio da inteligência influi no duplo etérico, embora, uma vez realizada a investigação, a mente possa instruir o duplo etérico para que comunique o assunto diretamente ao espírito. Para simbolizar isto, há em algumas Lojas o costume de dizer o 1º Vigilante ao dar a ordem: “Irmão Guarda do Templo, vede quem solicita entrada e comunicai-o ao Venerável”.


Se há autores que estabelecem correspondência entre os cargos da Loja e os Sefiroths da Cabala, e se há autores que estabelecem homologias entre esses cargos e os planos da natureza, há aqueles irmãos que enxergam conexão entre o oficialato maçônico e o simbolismo planetário astrológico, conexão esta que nos permite alinhavar o perfil psicológico que deve portar o Irmão ocupante do cargo de Guarda do Templo.


Segundo BOUCHER, o Venerável corresponde a Júpiter; o 1º Vigilante, a Marte; o 2º Vigilante, a Vênus; o Orador, ao Sol; o Secretário, à Lua; o Guarda interno, a Saturno; e o Guarda externo, a Mercúrio (p. 123). O Guarda Externo, justamente por ser regido por Mercúrio, o mensageiro dos deuses, é quem anuncia ao Guarda Interno aqueles Irmãos que vêm se apresentar e que pedem a sua admissão. Trata-se de cargo astrologicamente talhado, portanto, para os nascidos sob o signo de Virgem, signo associado ao sistema nervoso, à percepção mental, ao cérebro e às atividades de comunicação física e mental. Não se é de estranhar, aliás, que os traços positivos dos Virginianos sejam as características mais pretendidas de um Guarda Externo: o raciocínio rápido, a percepção ágil, a inteligência, a versatilidade, a intelectualidade e o impulso para a aquisição e a transmissão do conhecimento. Em contrapartida, tem-se o Guarda Interno do Templo, regido por Saturno, o deus prudente que prefere os lugares sombrios, encarregado de anunciar a presença daqueles que julgou dignos de entrar. Trata-se agora de cargo astrologicamente cunhado para os nascidos sob o signo de Capricórnio, signo este associado às idéias de “limitação” e “contenção”. Também aqui não há de estranhar que os traços positivos dos Capricornianos sejam tão esperados do ocupante do cargo de Guarda Interno do Templo: prático; cauteloso; responsável; paciente; de confiança; resistente; disciplinado, estável.


J. BOUCHER ainda assevera que os Oficiais situam-se, perfeitamente, nos braços de uma estrela de seis pontos ou “Selo de Salomão”: o Venerável e os dois Vigilantes, que dirigem a Loja, formam um triângulo ascendente D; o Orador, o Secretário e os Guardas do Templo, que organizam a Loja, formam um triângulo descendente Ñ (p. 123-124). Aliás, tal ordem se verifica na circulação, com formalidades, tanto da Bolsa de Propostas e Informações quanto da Bolsa de Beneficência para o Tronco de Solidariedade, circulação esta que se faz na ordem hierárquica.


Por fim, vale a pena registrar as associações tecidas por W. KIRK MACNULTY (maçom inglês adepto duma corrente psicologista) entre sete cargos de oficiais e as Sete Artes Liberais: o Guarda Externo do Templo corresponderia à Gramática; o Guardo Interno do Templo corresponderia à Lógica; o 1º Diácono, à Retórica; o 2º Diácono, à Aritmética; o 1º Vigilante, à Geometria; o 2º Vigilante, à Música; e o Venerável Mestre, à Astronomia (p. 23-23). Assim, se a Gramática é a arte que estabelece as regras estritas para estruturar as idéias de modo que possam ser comunicadas e registradas no mundo físico, o Guarda Externo representa a parte da psique que está em contato estreito com o corpo físico, através do sistema nervoso central; portanto, ele é um “guardião” no sentido em que protege a psique da saturação de estímulos do mundo físico. Em contrapartida, se a Lógica é a arte que ensina as normas para a análise racional, o Guarda Interno representa o que a psicologia moderna denomina “ego”, isto é, o poder executivo partidário da atividade psicológica quotidiana que se distingue pela sua capacidade para formar imagens mentais; portanto, ele é um “guardião” no sentido de que vela pelas pessoas que permitem à sua psique relacionar-se com o mundo.


Como se pode [ver], seja qual for a associação que feita com os cargos de Guardas Interno e Externo, em qualquer uma delas as conclusões são exatamente as mesmas.


Rogo ao G∴A∴D∴ U∴ que a todos ilumine e guarde. Fraternalmente.


Bibliografia:

BARROS, Zilmar de Paula. A Maçonaria e o Livro Sagrado. Rio de Janeiro: Mandarino, s/d. BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica. São Paulo: Pensamento, s/d. CASTELLANI, José. Maçonaria e Astrologia. 2a ed. São Paulo: Landmark, 2001. COLTURATO, Adalberto et alii. Telhamento. In A Gazeta Maçônica. Ano XXXVII – no 250. mar- abr/2004. p. 5. DA CAMINO, Rizzardo. Dicionário Maçônico. São Paulo: Madras, 2001. DA CAMINO, Rizzardo. Simbolismo do Primeiro Grau: Aprendiz. 2a ed. Rio de Janeiro: Aurora, s/d. FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio. Dicionário de Maçonaria. 4a ed. São Paulo: Pensamento, s/d. HALEVI, Z’Ev Ben Shimon. A Cabala. Edições Del Prado. LEIRIÃO FILHO, Sinésio et alii. O Telhamento no Rito Adonhiramita. In A Gazeta Maçônica. Ano XXXVII – no 250. mar-abr/2004. p. 8. LEADBEATER, Charles W. A Vida Oculta na Maçonaria. São Paulo: ensamento, 1956. MACNULTY, W. KIRK. Maçonaria. Edições Del Prado. PARKER, Julia.

outubro 28, 2024

A NOVA CASA - Carlos Eduardo Novaes


Meu amigo Luiz está se mudando. Mês que vem deixa a casa dos 70 e de mala e cuia se muda para a casa dos 80. Luiz pretende viver uns bons anos na nova casa, mais próxima do fim da rua.

Ele sabe que estou morando lá há mais de dois anos e perguntou-me se gostei da mudança. Ora, não se tratou de gostar ou não. Terminou meu tempo na casa dos 70 depois de 10 anos, e saí feliz porque podia ter sido despejado antes do final do contrato.

Assim como a casa dos 20 lembra uma universidade, a casa dos 60, um posto do INSS, a casa dos 80 lembra uma clínica geriátrica. Lembrava! Quando entrei na casa a primeira surpresa foi vê-la cheia de “cabeças brancas”. Na época da minha avó alcançar a casa dos 80 era uma façanha olímpica, para poucos. A segunda e maior surpresa foi ver a “rapaziada”, pulando, malhando, correndo, namorando, como se não houvesse amanhã.

De uns anos para cá a casa dos 80 foi aumentada com vários puxadinhos, para abrigar tanta gente. E não é só! Da minha janela vejo que estão reformando a casa vizinha que estava caindo aos pedaços, a casa dos 90.

Disse ao meu amigo que a casa dos 80 tem um estilo anos 40, estilo vintage, pé direito alto, esquadrias em arco, piso de tacos de madeira, cadeiras de palha e uma imponente cristaleira. Claro que precisa de cuidados e manutenção constante, muito mais do que a casa dos 30, para evitar rachaduras e infiltrações. Em compensação, amigos, tem a mais bela vista do Passado.👏🏻👏🏻

_Excelente dia e aproveitem bem a casa que habitam...

A CADEIA DE UNIÃO (análise conceitual) - Newton Agrella


A prerrogativa da promoção da "Cadeia de União" na Maçonaria obedece a um critério particular de acordo com a Potência Maçônica, bem como do Rito de que dela se vale.

Todavia, cabe destacar que ela não possui caráter universal do ponto de vista maçônico.

Interpretada de acordo com as condições circunstantes como um procedimento ritualístico seu significado simbólico está atrelado a algumas situações e ritos.

Para o *Rito Escocês Antigo e Aceito*, que se constitui amplamente, no mais praticado aqui no Brasil, a "Cadeia de União" basicamente é evocada para a transmissão da Palavra Semestral, cuja finalidade administrativa é a de conferir o nível de regularidade do Maçom, no que tange à sua frequência em Loja, porém executada de maneira litúrgica e ritualística, como herança das corporações de ofício na Idade Média, (Cantarias) onde os Maçons Operativos davam-se as mãos formando uma corrente, e conforme o Rito, cruzando ou não os braços.

Esse costume que acabou sendo adotado pela Maçonaria Especulativa e cuja prática se materializa ao encerramento dos trabalhos de Loja - no caso da transmissão da Palavra Semestral - a mesma ocorre, a partir do Venerável Mestre e se resume apenas e tão somente aos Obreiros do Quadro.

Para o Grande Oriente de São Paulo, por exemplo, o Ritual de Aprendiz para o R.'.E.'.A.'.A.'. prevê que a Cadeia de União trata-se de um adendo à Sessão Ordinária para a transmissão da Pal.'. Sem.'. podendo ocorrer somente no Grau de Apr.'.Maç.'  , 

Excepcionalmente, conforme deliberação do Venerável Mestre a Cadeia de União pode vir a ser evocada, no caso de que se entenda conveniente,  estabelecer um clima apaziguador, ou para se restaurar um ambiente de animosidade, se porventura a Sessão tenha se revestido de tensões ou adversidades.

Cabe entretanto, deixar claro que nestes casos,  a despeito da busca de um ambiente harmônico e de energias positivas, não se procedem orações, rezas, cantos ou quaisquer manifestações de caráter religioso.

São descabidas no arcabouço cultural e acadêmico maçônicos, práticas excêntricas que possam ferir a própria essência dialética da Sublime Ordem.

É inequívoco que interpretações distintas, idéias contraditórias e entendimentos difusos fazem parte da própria heterogeneidade humana, porém o Maçom deve sempre trazer consigo a marca de um Livre Pensador, apoiado antes de tudo no bom senso e no discernimento, como legítimos instrumentos de sua caminhada.

outubro 27, 2024

IN HOC SIGNO VINCIS - Sidnei Godinho


Em 27 de outubro de 312, Constantino teve uma visão, às vésperas da Batalha sobre a Ponte Milvio, onde em uma cruz, iluminada pelo Sol, apareciam as letras XP (Cristo) com a frase: In Hoc Signo Vincis (Sob Este Signo Venceras)... e a partir de então a história da humanidade ficou marcada por este *27 de Outubro*, pois ali ele iniciara sua conversão ao Cristianismo, levando consigo todo o Império Romano. 

Pela primeira vez na história, um exército era agora composto oficialmente por cristãos que guerreavam em nome de seu Único DEUS. 

Essa visão premonitória de Constantino reescreveu a história da humanidade ao conciliar, ainda que de forma singela e inicial, pagãos e Cristãos motivados por um mesmo ideal de defender e conquistar, sob o comando de um Augusto César. 

Cerca de 20 anos após este dia, fragilizado por uma enfermidade, Constantino se define como Cristão e é Batizado antes de morrer. 

Mais tarde o Imperador Bizantino declarou o Cristianismo como religião oficial romana e baniu os cultos pagãos e desde então é a religião que mais cresce no mundo. 

A maçonaria é laica no contexto da adoração, mas adota os princípios cristãos na maior parte de seus ritos praticados, sendo Teístas ou Deístas e principalmente nos graus filosóficos do REAA. 

A civilização ocidental deve grande parte da história de sua formação social àquele sonho de Constantino e à sua interpretação. 

Não basta apenas ser um oráculo, é preciso sabedoria para interpretar, humildade para se sujeitar e coragem para realizar mudanças. 

Bom Domingo de Reflexões meus sábios irmãos. 🙏 



DETERMINANTE - Adilson Zotovici

 


Respeitável irmão sindicante

Com respeito e serventia

Trago algo preocupante

Que a Ordem vivencia


Sei que és bem vigilante

De grande sabedoria

Que estás um passo adiante

Entre os teus da confraria


Inda assim sou suplicante

Sobre a missão de valia

Que te deu o comandante

Confiante, com alegria


Labor assaz  relevante

Conjunção de astúcia e energia

“Ver  igual num semelhante”

Exigindo de ti  maestria


Com amor, austero, pujante

“Perscrutação à porfia”

Sem temor,  não obstante,

Até  alguma teimosia...


Vez que é determinante

O aspirante à  Maçonaria

Que pode ser um farsante...

Ou teu Grão Mestre algum dia !



Versos em Bom Compasso - Roberto R. Reis)

Homenagem ao Poeta Maior, Ir.'.  Adilson Zotovici.


Logo cedo, augusta inteligência,

Maquina o bem, que logo ferve;

Distinta alma, postura e verve,

Materialização da magnificência.


Singela voz, abundante paciência,

Uma caneta frenética, o bom traço;

Métrica sem igual, à luz do compasso,

Esquadrados versos de excelência.


Irmão de cultura e benemerência,

Ensina-nos a Arte Real pelo exemplo;

Cultiva o amor no imo de seu Templo,

Maçom de escol, de brilho e referência.


À unanimidade, merece a deferência,

Pela espiritualidade de seus versos;

Nesse maná divino estamos submersos,

Eles nos vivificam e nos trazem resiliência.


Tamanho o alcance de sua abrangência,

Invade o nosso âmago, o iluminando,

E os seus versos já vão desenhando

O bom caminho de nossa transcendência.


Pedimos, respeitosos, a sua anuência,

Para rogarmos vigor e saúde ao Eterno,

ELE que já escreveu seu nome no caderno

Dos maçons insignes e de quintessência...





FALAR e OUVIR - Adilson Zotovici

Creio, soneto retrata

Um ditado imorredouro

Esteio do diplomata

Aventado bom agouro


D’Arte Real que sensata

É arcano duradouro

Uma regra imediata

Ao veterano, ao calouro


É uma ação que recata

Que pode evitar desdouro

Livrar posição ingrata


Pra resumir o tesouro;

Falar, com razão, é prata...

“Ouvir, com atenção...é ouro “ !



O ATAQUE ISRAELENSE - Paulo André


São 08:15 do dia 26-10, ainda muito cedo para avaliarmos os estragos, mas dá para arriscar algum palpite, sujeito a mudanças, conforme desenrolar o dia

Primeiro ponto, em abril, O Irã disparou 313 projéteis contra Israel, em outubro mais 180, praticamente todos foram interceptados, não tivemos nenhum israelense sequer ferido

Israel deu uma resposta ontem, ao invés de misseis atacou com mais de 100 aviões, o que é muito mais arriscado, para quem ataca, uma demonstração de muita capacidade militar

Simultaneamente foram atingidos alvos na Síria ( já vinha acontecendo faz tempo, e no Iraque, mais uma novidade na batalha)

Não foram atacadas refinarias de petróleo, nem as usinas nucleares, vitória de Joe Biden, os EUA não se envolveram diretamente, mas colocaram muita ajuda a disposição de Televaviv, desde que esses alvos específicos fossem poupados, funcionou!

Mas a primeira leitura deixa algo claro, o Irã não foi capaz de causar nenhum estrago em Israel, mas Israel demonstrou capacidade de entrar dentro do território iraniano e causar muitos estragos, fica a mensagem de que se quiser, posso fazer ainda mais forte

O principal agora é o que virá a seguir, Israel pode fazer novos ataques ( a príncipio acho pouco provável), o Irã pode revidar de imediato ( havia prometido, mas acho pouco provável também)

O que farão China e Rússia, seu grande aliado foi atacado?

Na minha opinião não farão nada

Vai começar a guerra de retórica, os dois lados vão cantar vitória, mas a grande dúvida é se os iranianos vão revidar e em que escala?

Até por que os EUA  aumentaram a presença militar na região, e se descampar de vez,  acabarão intervindo

Com a palavra os Aiatolás




outubro 26, 2024

REUNIAO DA COLIGAÇÃO



Na manhã deste sábado, o VM Alexandre Lucena de minha ARLS Tríplice Aliança 341 de Mongaguá, recepcionou a reunião da Coligação das Lojas Maçônicas da Baixada Santista, que reuniu cerca de 50 mestres instalados das Lojas da região.

Sob a presidência do irmão Waldemar Cesar Rodrigues de Andrade, da Coligação, foram tratados assuntos de interesse das Oficinas como o Plano de Saúde Santa Casa, que oferece condições especiais para as Lojas associadas e em seguida, em comemoração ao Novembro Azul, o renomado urologista irmão Dr. Laércio Jeronymo Silva, atual VM da ARLS Duque de Caxias 70 apresentou notável palestra sobre as doenças da próstata, onde o tema, muito sério, foi temperado com pitadas de bom humor.

Um lauto churrasco marcou o encerramento do evento.

O ZOHAR ( LIÇÃO 1) -:Paulo André


" Era o momento do sol se por, mas o Céu estava cheio de sinais e maravilhas, o sol se tornou mais e mais brilhante, e permaneceu sem se por,a lua apareceu com toda a sua majestade, e as estrelas com seu brilho" ( Essa é a chave)

Esse é o momento em que o Mestre Shimon Ben Yochai se reune com seus discípulos, que pediram que ele enfim revelesse a todos os segredos que vinha guardando

O sábio respondeu: " Ai de mim se revelo, ai de mim se não revelo". " Quem revela seus segredos é traidor" ( Huuuummmmm.....)

O que Shimon está querendo dizer é que os segredos não devem ser dados de bandeja, é preciso ser merecido e conquistado

Mas  afinal que segredos seriam esses?

O Zohar é considerado por muitos como o mais importante livro da Cabala, e aqui vem uma grande pista

A lei, a alma da lei, e a alma da lei.

 A lei é aberta a todos, os livros sagrados estão disponíveis para quem desejar, a alma da lei é para os sacerdotes, sejam padres, pastores, rabinos etc..

Também é acessível, mas nem todos tem tempo e condições de se dedicar ao estudo

Já a alma da alma da lei, é a parte oculta, visível apenas para os realmente iniciados ( realmente iniciados é bem mais do que passar por um ritual teatral numa ordem iniciática, mas isso é outro assunto)

O Zohar tenta decifrar a alma da alma da lei da Torah, cabendo aqui uma explicação

Para as religiões, primeiro Deus, depois o messias, ( como Jesus), e tudo mais vem abaixo dele, para a cabala hebraica, primeiro Deus, depois a Torah, e tudo mais vem abaixo dela, talvez isso seja o principal motivo de divergência entre judeus e cristãos, o messias seja ele quem for, não é um Deus, e tem que se colocar abaixo da lei

Para o Ben Yochai , e creio que para a maioria dos judeus, a Torah não é apenas uma lei escrita, ela é como se fosse uma entidade viva, criada pelo próprio Deus, uma força espiritual que deve reger nosso mundo, e a grande meta é entrar em sintonia com ela, e viver sob seus auspícios

Isso seria o alvorecer de uma nova era, muito mais espiritual do que material, não subir até a Jerusalém Celestial, é sim traze-la até a Terra

E qual a chave?

Bem, no começo do texto, a metáfora de que a lua e as estrelas estão brilhando, mas o sol se recusa a ir embora, então Ben Yochai não começa seu ministério de revelações

Fica claro, a lua e as estrelas representam o novo tempo que está batendo a porta para aparecer, mas antes é preciso que o sol, vá embora, por  mais majestoso que seja, já deu seu tempo, ele tem que dar espaço

Uma era tem que dar espaço para outra, mas o sol aqui não o está fazendo, por isso não começa o tempo das revelações

Dá pra trazer isso pros dias de hoje?

Bem, é apenas a primeira lição do Zohar, e é apenas minha interpretação, temos muito mais pela frente para meditarmos


A DÉCADA PITAGÓRICA



A década pitagórica é um conceito matemático e filosófico desenvolvido pelo filósofo grego Pitágoras e seus seguidores. Ela se refere aos números de 1 a 10, que eram considerados sagrados e fundamentais para entender o universo.

Aqui está uma explicação simples sobre cada número da década pitagórica:

1. O Um (Mônada): Representa o princípio fundamental, a unidade e a origem de tudo.

2. O Dois (Díada): Simboliza a dualidade, a oposição e a relação entre dois elementos.

3. O Três (Tríada): Representa a trindade, a harmonia e a estabilidade.

4. O Quatro (Tetrada): Simboliza a estabilidade, a estrutura e a materialização.

5. O Cinco (Pentada): Representa o movimento, a mudança e a evolução.

6. O Seis (Hexada): Simboliza a harmonia, o equilíbrio e a perfeição.

7. O Sete (Heptada): Representa o mistério, a sabedoria e a espiritualidade.

8. O Oito (Ogdóada): Simboliza a abundância, a prosperidade e a renovação.

9. O Nove (Enéada): Representa a completude, a realização e a transição.

10. O Dez (Decada): Simboliza a totalidade, a perfeição e a união de todos os elementos.

Esses números eram considerados fundamentais para entender a estrutura do universo, a natureza e a vida humana. Pitágoras acreditava que a matemática era a chave para desvendar os segredos do universo.

outubro 25, 2024

ARLS ROMÃ 854 - Santos



Sob a condução do VM Airton Paulo dos Santos, participei na noite de ontem de excelente palestra ministrada pelo irmão Paulo Gercio Machado Cesar, da ARLS XI de Agosto de Itanhaém sobre as diferenças entre os ritos de Emulação e Escocês Antigo e Aceito.

A palestra mostrou a origem do Rito de Emulação na Inglaterra, as razões históricas de sua criação, as diferenças entre o Rito de Emulação e o York americano e em especial com o Rito Escocês Antigo e Aceito, os procedimentos ritualísticos, enfim uma abrangente visão sobre o Rito que é o mais praticado na pátria mãe da maçonaria, a Inglaterra.

Participaram da sessão os VV.MM. Lessandro Sant'ana da ARLS Liberdade 197 de Santos e Anderson Moreira de Mattos da ARLS XI de Agosto 656 de Itanhaém, além do irmão Francisco Navarro Rodriguez, delegado do 5o. Distrito da 8a. Região da GLESP, além de irmãos de outros orientes.