novembro 08, 2024

A SOBERANIA DE UMA LOJA MAÇÔNICA - Ivan Froldi Marzollo


A soberania de uma loja maçônica da legalidade a legitimidade.

       O estudo da Maçonologia

Segundo Norberto Bobbio, a legitimidade e a legalidade são atributos do exercício do poder'. Entre esses atributos, porém, diz o autor, pode-se estabelecer a seguinte distinção: enquanto a legitimidade é um requisito da titularidade do poder, a legalidade é um requisito do exercício do poder.Em moral, são legítimas as ações que conformam com a razão, a equidade e a justiça universal. E finalmente, em jurisprudência são legítimas todas as ações ou omissões que as leis ordenam.

Correntemente se diz legítimo aquilo que se faz de acordo com as regras da sociedade, civilmente uma loja maçônica é uma sociedade civil, o que transportando para o Direito, temos que é legítimo tudo que está na conformidade da lei, o arcabouço legal utilizado em Maçonaria são as Luzes da Constituição  com observância estrita ao Estatuto, leis, regulamento ,  atos e decretos da potência  cuja a loja se encontra inserida. Por este viés seria legal aquilo que é feito por determinação da lei, o que em Direito se conhece por vinculação à lei. Neste sentido uma loja maçônica constrói seu estatuto e regimento interno onde se contempla os anseios, deveres e obrigações dos obreiros da Loja,  está competência cuja a loja possui chamasse Competência Residual , uma vez que ela é limitada apenas ao que não está contemplado e em conformidade com a Constituição, regulamento geral, estatuto, atos e decretos da Potência. 

Como bem pontua o legado histórico de um povo , em âmbito maçônico o estudo e compreensão maçônica através de estudo empírico eleva o status de uma loja e permite a todos os obreiros alcançar de forma empírica o que é a Maçonaria através da Maçonologia , definida como o estudo da Maçonaria, uma organização fraternal e filosófica que remonta ao século XVIII. A Maçonaria tem raízes na tradição operativa dos pedreiros medievais, mas evoluiu para uma organização especulativa, focada no desenvolvimento pessoal, na fraternidade e na filantropia.

 Neste sentido se constrói a soberania de uma loja maçônica sob os limites da legalidade constituída pela potência com observância ao ordenamento jurídico brasileiro e intra muros com observância estrita ao estatuto e regimento interno da loja, neste sentido também se faz necessário esclarecer que um estatuto e regimento de loja só tem validade após ter sido apresentado a potência e aprovado pelo Grande Conselho Maçonico da potência. 

O diferencial de uma loja que busca desenvolver seus estudos com o supedanio da Maçonologia agrega : 

1. História da Maçonaria: Origens, evolução e desenvolvimento ao longo dos séculos.

2. Filosofia sob a lupa maçônica:

 Princípios, símbolos e ensinamentos que guiam a organização.

3. Ritualismo: Estudo dos rituais e cerimônias maçônicas.

4. Simbologia: Análise dos símbolos e significados utilizados na Maçonaria.

5. Organização e estrutura: Estrutura hierárquica, lojas, capítulos e outras entidades maçônicas.

6. Personalidades e influências: Estudo de maçons ilustres e sua contribuição para a história.

7. Relações com outras organizações: Conexões com outras sociedades secretas, ordens e instituições. 


Uma outra relação que é comumente feita é a da legitimidade com o poder. Legitimidade é uma qualidade do poder, enquanto legalidade se refere ao exercício do mesmo. É legítimo um ato aprovado em uma Loja Maçônica apenas se este ato for de acordo com a legalidade . Tendo como norte que a autoridade máxima de uma loja é o Trono de Salomão e este é ocupado pelo Mestre cujo foi instalado em decorrência de Sufrágio maçônico confirmado pela diplomação ocorrida em Cerimônia Pública realizada pelo Egregio Tribunal de Justiça Maçônico através de seu órgão a Câmara Eleitoral , este Mestre ocupa o Trono de Salomão e é que possui o Malhete da Loja e esotericamente é a Luz da Sabedoria , responde maçonicamente e civilmente pela loja. Este conceito as vezes é subvertido por falta de conhecimento que pode ser facilmente pacificado com a  Maçonologia e a absorção de seus objetivos que  incluem:

- Compreender os princípios e valores maçônicos

- Analisar a influência da Maçonaria na história e na sociedade

- Estudar a diversidade de tradições e rituais maçônicos

- Promover a compreensão e o diálogo entre maçons e não-maçons

"Na linguagem política, entende-se por legalidade um atributo e um requisito do poder, daí dizer-se que um poder é legal ou age legalmente ou tem o timbre da legalidade quando é exercido no âmbito ou de conformidade com leis estabelecidas ou pelo menos aceitas. Toda decisão de uma loja depende da aprovação de seus obreiros, está aprovação se dá por meio prescrito em seus regimento e estatuto que vai desde um ato convocatório composto por um edital de convocação até uma assembleia com data determinada com antecedência mínima  prescrita.  Após cumprida estas exigências podem ser efetivadas para deliberação  as pautas daquele edital de convocação, respeitando os requisitos de corum e legitimidade da composição dos membros necessários.  

Embora nem sempre se faça distinção, no uso comum e muitas vezes até no uso técnico, entre legalidade e legitimidade, costuma-se falar em legalidade quando se trata do exercício do poder e em legitimidade quando se trata de sua qualidade legal: o poder legítimo é um poder cuja titulação se encontra alicerçada juridicamente, uma diretoria de loja tem o poder legítimo de conduzir a loja como determinarem e suas decisões aprovadas em loja são soberanas e inquestionáveis ; o poder legal é um poder que está sendo exercido de conformidade com as leis, neste sentido a soberania e autonomia de uma loja maçônica é limitada às leis tanto civis quanto maçônicas,  e a inobservância a estas leis inválida todo ato aprovado no âmbito interno de uma loja mesmo que tenha sido aprovado. Esta forma de explicar legalidade e legitimidade é em prol de promover segurança jurídica dos atos emanados por uma loja maçônica, pois a todo obreiro é garantido previamente saber a pauta que a loja irá apresentar e ter o direito de participar e ter fala e expressar sua opiniões, anseios convergentes ou divergentes aos assuntos tratados. O contrário de um poder legítimo é um poder de fato; o contrário de um poder legal é um poder arbitrário"

Muito embora não se confunda com a legalidade, não há como se negar que tudo que é legal é presumivelmente legítimo, pelo menos na democracia. Na Administração Pública uma e outra se identificam, dado que a lei é, para o administrador, o veículo que transporta a legitimidade à sua função e aos seus atos. Isto eqüivale a dizer que na administração só é legítimo o que é legal, mas nem tudo que é legal é legítimo. A questão é o alcance dessa legitimidade decorrente de lei. Certamente não há  absoluta, como pretendem os defensores da idéia de que o Estado é o produtor único, racional e isento do Direito, uma posição carregada de ideologia.

"Cumpre ressaltar que a legalidade reflete fundamentalmente o acatamento a uma estrutura normativa posta, vigente e positiva. Compreende a existência de leis, formal e tecnicamente impostas, que serão obedecidas por condutas sociais presentes em determinada situação institucional. Como afirma Angel S. de la Torre, a legalidade projeta-se concretamente ‘como a esfera normativa contida em expressões ou signos expressivos dos deveres e direitos dos sujeitos de atividade social, subjetivamente como fidelidade dos sujeitos sociais ao cumprimento de suas atividades dentro da ordem estabelecida necessariamente no grupo humano a que pertencem"

Lembre-se de que a Maçonologia é um campo complexo e multifacetado, requerendo uma abordagem crítica e respeitosa.

Assim como o Grande Mestre Jesus nos ensinou humildade é a maior arma que o homem possui, e ter humildade não é submissão. Admitir um erro não é fraqueza é nobreza.

Que o Grande Arquiteto do Universo nos permuta sempre lembrarmos nosso juramento e o alcance de cavar masmorras e submeter nossas vontades .




 

PAMONHA, PAMONHA, PAMONHA* *PALESTRA, PALESTRA, PALESTRA - Newton Agrella



Tal qual o enfadonho alto-falante do veículo que transita lentamente pelas cidades, repetindo sua ladainha a ouvidos que não querem mais ouvir, analogamente pode-se fazer um exercício comparativo sobre tipos que promovem palestras mundo afora.

Não há como deixar de destacar as figuras dos inúmeros Palestrantes que frequentemente transformam a apresentação num verdadeiro martírio.

Palestrantes vaidosos que fazem de tudo para tornarem-se o centro de atenção ao invés de fazer do "tema", o verdadeiro protagonista do evento.

Palestrantes que por vezes, valem-se quase que exclusivamente de cansativos power points, lendo para a platéia, tudo o que vai pelas telas, num insuportável ritmo oral monocórdico que faz com que um enorme contingente de pessoas comece a bocejar, cochilar e em muitos casos até dormir...

A sensação que dá é a de que a platéia não sabe ler e precisa de alguém para fazê-lo por ela...

Outros Palestrantes, preferem o uso de uma linguagem empolada, densa de adjetivos e raquítica de substantivos.

Há os que esgotam o tema em alguns minutos e preferem abrir a palavra à platéia, que na grande maioria das vezes acaba desvirtuando o assunto divagando por temas completamente fora do que se esperava.

Outra figurinha muito frequente é a do Palestrante super humorado, que pensa que está num "stand up show" e imagina que fazendo piadinhas e gracejos repetidamente, estará cativando a platéia...

E assim vai, diante de tantos outros "tipos" que se exibem, seja presencialmente ou virtualmente.

O que se espera de fato, é o bom senso e o comedimento, e sobretudo um consistente conteúdo a ser oferecido ao público.

Cabe registrar que entre  platéia e palestrante há um elemento substancial chamado "bom senso" - que é o território que abriga a capacidade e a percepção de avaliar e compreender situações.



novembro 07, 2024

A MARCHA MISTERIOSA DO MAÇOM - Alberto Feliciano


Um dos pontos de maior curiosidade dos maçons modernos é quanto ao  fato de terem que realizar passos e posturas estranhas para entrar na  Loja Maçónica. De onde vem essa tradição e costume?

Para começarmos a explorar este tema intrigante, passamos a palavra para Albert. G. Mackey, o mesmo autor dos Landmarks,  que na sua Enciclopédia de Maçonaria nos brinda assim: “A Marcha  dificilmente pode ser considerada um modo de reconhecimento, embora  Apuleo nos informe que havia uma marcha peculiar na iniciação dos  mistérios Osíricos que foram considerados como um sinal. Na Maçonaria  tornou-se de uso esotérico no ritual. Os passos podem ser rastreados até  pelo menos nos meados do século XVIII, em cujos rituais são totalmente  descritos. O costume de avançar de maneira e forma peculiar em direção a  algum lugar sagrado ou mesmo a um personagem superior foi preservado  nos costumes de todos os povos e países, especialmente entre os  orientais, que recorrem até mesmo às prostrações do corpo ao se  aproximar do trono de um soberano ou a uma parte sagrada de um local  religioso.

Os passos na Maçonaria simbolizam o respeito e a veneração pelo  Altar, de onde emana a Luz Maçónica. Em tempos antigos, e nos altos  graus, um esquife ou caixão era colocado na frente do Altar, como um  símbolo bem conhecido, e para passar por ele e alcançar o Altar,  diversas posições do pés eram necessárias serem feitas e que  constituíram o modo de avançar. Era uma forma de RESPEITO prestado à  memória daquele ali representado, assim como ao Altar. Lenning fala-nos  dos passos, que os maçons alemães chamam de die Schritte der Aufzunehmen-alden, os passos dos dignatários , e os Franceses, les pas Mysterieux (os  passos Misteriosos) – e que cada grau tem um número de passos  diferente, e são realizados de maneira diferente, e possuem um  significado alegórico. Gadicke diz: “os três grandes passos conduzem  simbolicamente deste vida à fonte de todo o conhecimento”.

Deve ser evidente para todo Mestre Maçom, sem maiores explicações,  que os três passos misteriosos são dados do lugar da escuridão para o  lugar da Luz, seja figurativamente ou realmente por sobre o esquife, o  símbolo da morte, para ensinar simbolicamente que a passagem da  escuridão e da ignorância desta vida é através da morte para a Luz e  conhecimento da vida eterna. E este, deste os primeiros tempos, foi o  verdadeiro simbolismo dos passos. “

Vemos que se formos percorrer tradições e costumes de diversos povos e  os seus costumes sejam religiosos ou mesmo sociais, encontraremos  posturas e passos de avanço que estão diretamente relacionados a algum  tipo de REVERÊNCIA e RESPEITO ao objetivo ou local que se está  adentrando por exemplo. Temos registro disso nas posturas respeitosas à  frente de autoridades diversas, como reis e rainhas, juízes, religiosas,  imagens de santos e assim por diante.

Daí já podemos deduzir que as marchas dos graus, se constituem num  processo de avanço ou aproximação de um indivíduo a um local considerado  sagrado e que requer respeito. E Mackey indica-nos como sendo este  local de respeito no caso da Loja Maçónica,  um Altar, e sabemos que tal  Altar existe em todas as Lojas Maçónicas como sendo o lugar sagrado  onde são colocadas os símbolos da Três Grandes Luzes, o Livro da Lei, o  Esquadro e o Compasso, o Altar dos Juramentos ou dos Compromissos,  e  onde todo aquele que é recebido Maçom se ajoelha para realizar os seus  juramentos. Este sem dúvida se constitui o local mais sagrado da Loja, e  é em direção a ele que são realizados os passos ou as marchas dos  graus.

Tal procedimento contêm o seu significado esotérico e simbólico  devido ao facto de se iniciar o caminhar desde a região do Ocidente, a  região da escuridão, da ignorância, em direção ao Oriente, ao Altar das  Luzes da Maçonaria, em direção ao conhecimento e à esperança de uma  vida eterna, como nos aludem as escrituras do Livro da Lei.

Frau Abrines no seu Diccionario Enciclopedico de la Masoneria,  reporta-nos que a marcha ou os passos misteriosos são considerados como  SINAIS PEDESTRES da Maçonaria. Conhecemos diversos outros tipos de  sinais citados na literatura maçónica como guturais, peitoral, penais,  de ordem, de aprovação, de abstenção, de agradecimento, de socorro entre  outros.

É muito curioso notarmos que no Ritual do Simbolismo do Aprendiz  Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito da GLESP (Grande Loja Maçónica do  Estado de São Paulo) encontramos um verbete sobre a Marcha do Aprendiz  que é iniciada a partir da porta do templo pelo eixo central imaginário  da loja com passos completos e sucessivos.

A interpretação simbólica ai apresentada faz referência aos Signos do  Zodíaco, em especial aos três primeiros signos a saber: Áries, Touro e  Gémeos. Interessante notar que tal verbete nos induz a considerar que a  caminhada do Maçom pelos graus possa estar relacionada aos Signos  Zodiacais e suas influências astrológicas, pois ainda cita que tais  signos sofrem a influência de três planetas do mundo sideral a saber:  Marte, Vénus e Mercúrio, o que denota uma interpretação eminentemente  astrológica.

Nessa linha de interpretação o Primeiro Passo da marcha está relacionado aos princípios astrológicos de Marte ou seja da LUTA,  do ARDOR e da CORAGEM, como planeta regente do signo de Áries. Marte  como sendo um deus mitológico da guerra como nos diz o ritual.

Já o Segundo Passo da marcha está relacionado ao signo de Touro e seu regente Vénus, símbolo da FORÇA, do TRABALHO, e da PERSEVERANÇA, uma vez que Vénus é uma deusa mitológica do amor e da fertilidade.

O Terceiro Passo da marcha já tem a influência zodiacal de Mercúrio, regente de Gémeos, símbolo da UNIÃO, da FRATERNIDADE.

Assim chega o Aprendiz vitorioso pois com esses passos ficou mais  distante das regiões das trevas, da ignorância e das iniquidades da  sociedade profana. Interessante ainda notar que antes de se colocar à  porta do Templo, passou por uma Sala que também faz referência a Passos:  a SALA DOS PASSOS PERDIDOS. Sim nesse local que antecede à porta do  Templo, onde o Maçom deverá entrar com os seus passos misteriosos e como  se conhece À ORDEM, esteve numa sala onde os passos estão perdidos, são  passos no caos do mundo profano, sem um ordenamento ou harmonia e  direcionamento racional e moral. A Sala dos Passos Perdidos portanto  representa o mundo profano com as suas iniquidades e desarmonias que  tanto conhecemos.

A entrada no recinto do Templo Maçónico feito com os passos  misteriosos ou a marcha maçónica demonstra não somente o respeito ao  local, mas também que se está adentrando a um local sagrado e que possui  uma ordem de harmonia, como nos dizia Pitágoras, contém a Harmonia das  Esferas, sim, pois como notamos o templo maçónico representa um micro  universo.

Entendendo que assim como a sequência dos graus simbólicos se  processam geram as analogias simbólico-numéricas que os acompanham, e  portanto a marcha do Maçom segue adiante a partir da marcha do Aprendiz  para Companheiro e posteriormente para Mestre.

A chave para tal processo simbólico-numérico é-nos apresentada na  Escada em Caracol onde vemos a representação de três etapas de degraus, a  primeira com três degraus, a segunda com cinco degraus e a terceira com  sete degraus. E assim de forma análoga a marcha do aprendiz possui três  passos, enquanto do companheiro cinco passos e do mestre sete passos  finalizando com o oitavo final diante do Altar, respeitando-se a  sequência simbólico-numérica dos graus representada magistralmente por  essa escada.

Se existem nomes ou atributos relacionados a cada um dos passos do  aprendiz, será que não podemos arriscar atribuir atributos simbólicos  aos demais passos que completam a Marcha Misteriosa dos Maçons?

Finalizando este artigo damos uma interpretação particular e baseada  em narrativas de Mestres Maçons eruditos como o nosso Irmão Feitosa,  para todos os passos da marcha, como uma oração ou invocação interior no  momento da realização da marcha a saber:

“Estando à Ordem na direção do Altar do Altíssimo,  início a minha caminhada com Coragem, Perseverança e Afinco, para que as  minhas palavras tenham sabedoria, força e beleza. Em seguida desvio o  meu caminho na Busca do Conhecimento Superior, e retorno ao caminho  agora mais iluminado e com a minha alma elevada e esclarecida, pois Vi a  Estrela Flamejante, e assim preparado, sigo assim exaltado pois “Passei  pela Vida”, em seguida “Venci a Morte”, e finalmente “Cheguei aos Céus”  diante do Altar “Oh, Senhor meu Deus”.

Pesquisa por Alberto Feliciano

 https://www.freemason.pt/a-marcha-misteriosa-do-macom-e-seus-misterios/

OS PIRAHÃ - Heitor Rodrigues Freire


À medida em que vamos pesquisando informações sobre povos que viveram em diversas épocas e lugares, nos deparamos com situações surpreendentes.

Nesse afã, tomei conhecimento de um povo indígena que vive num trecho das terras cortadas pelo Rio Marmelos e quase toda a extensão do Rio Maici, no município de Humaitá, no Amazonas, cujas características e modo de vida têm uma singularidade interessante, desconcertando linguistas, antropólogos e cientistas: os pirahã, que desafiam tudo o que se sabe sobre linguagem e cultura.

Isolados do resto do mundo, por gerações conseguiram manter uma cultura e um idioma que contrariam algumas tradições da humanidade. Esse modo de vida obedece a uma filosofia simples: vivem intensamente o presente, sem necessidade de se preocupar com o futuro ou refletir sobre o passado. Na sua linguagem não existem tempos verbais que marquem o passado ou o futuro. Para eles a vida é o que acontece agora, o que se pode ver e experimentar no momento.

Outro aspecto intrigante é que em seu idioma não existem números. Eles usam termos imprecisos como pouco ou muito, o que levou alguns pesquisadores a repensar a importância da linguagem numérica na vida cotidiana – mas cá entre nós, o que seria da arquitetura, engenharia, ciência e tecnologia sem a matemática? Além disso, eles têm outra característica marcante: não cultuam nenhuma forma de religião, nem mitos que passem de geração em geração. Eles falam apenas sobre o que enxergam diretamente, o que impede qualquer narrativa baseada em experiências alheias ou eventos de um passado distante.

Seu estilo de vida também é notavelmente distinto, vivem da caça, da pesca e da coleta. Não acumulam alimento nem possuem bens materiais além do necessário para seu dia a dia. Essa conexão direta com a natureza reforça o enfoque no presente e na auto suficiência.

Os pirahã têm resistido à influência externa durante séculos. Alguns missionários tentaram convertê-los ao cristianismo mas não conseguiram. Eles rechaçam qualquer tipo de religião. Também resistem ao aprendizado do português ou de qualquer outro idioma, mantendo com firmeza sua própria língua e cultura. Apesar de tentativas diversas de colonizá-los, continuam vivendo como sempre fizeram, em estado de harmonia com seu entorno e com uma visão de mundo muito peculiar.

Um episódio marcante foi protagonizado por Daniel Everett, um missionário cristão do Instituto de Linguística Summer (SIL), que nos anos 70 tentou evangelizá-los. Ele pretendia decifrar a língua dos pirahã para convertê-los ao cristianismo. A convivência com esse grupo indígena levou Everett a questionar sua própria fé, abandonar o trabalho de missionário e virar ateu. Ou seja, é quase como se o catequizador é que fosse o catequizado.

Os resultados da pesquisa de Everett, hoje reitor do Centro de Artes e Ciências da Universidade de Bentley, em Massachusetts (EUA), ganharam o mundo há cerca de dez anos, quando ele usou a língua pirahã para questionar os preceitos da gramática universal, que dizem que as estruturas básicas da linguagem já nascem com o ser humano sem ser aprendidas. Numa entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, ele declarou que no lugar do conceito da gramática universal, podemos dizer que a linguagem é o resultado de “uma interação complexa de fatores na qual a cultura exerce um papel preponderante na estruturação do modo como falamos e das coisas sobre as quais falamos.” Assim, ele completa, “a linguagem é possível graças a uma série de características cognitivas e físicas que são singulares dos humanos, mas nenhuma das quais pertence exclusivamente à linguagem. Quando elas se juntam, possibilitam a linguagem. Mas o elemento fundamental a partir do qual a linguagem é construída é a comunidade”.

Além disso, ele conta que os indígenas perderam o interesse em Jesus Cristo quando descobriram que Everett nunca o viu de fato. Seu contato intenso com esse tipo de pensamento acabou transformando Everett em ateu. Sem sucesso na evangelização, o ex-missionário escreveu um livro em que descreve sua experiência com a cultura pirahã.

Os pirahãs concebem o tempo como uma alternância entre duas estações bem marcadas, definidas pela quantidade de água que cada uma apresenta: piaiisi (época da seca) e piaisai (época da chuva). Segundo o Instituto Socio Ambiental, ONG que reúne dados sobre os indígenas brasileiros, em 2014 a população pirahã era de aproximadamente 600 pessoas.

Apaitsiiso ("aquilo que sai da cabeça") é como os pirahãs se referem à sua língua, o pirarrã, classificada como pertencente à família linguística Mura.

Pelo fato de não acreditarem em nada que eles não possam ver, sentir ou que não possa ser provado ou presenciado, os pirahã não creem em espírito supremo ou divindade criadora, mas reconhecem espíritos menores que às vezes podem surgir e tomar a forma de coisas no ambiente (de acordo com alguma experiência pessoal concreta), e que a terra e o céu sempre existiram, ninguém os criou.

Enfim, cada povo com seu uso, cada roca com seu fuso.

novembro 06, 2024

ARLS NOVA ESPERANÇA 132


 

    Em uma sessão publica de palestra comandada pelo Venerável Mestre Celes Urias Ribeiro da ARLS Nova Esperança 132, no Palácio Maçônico da GLESP, nem o clima chuvoso afastou o numeroso publico que assistiu a excelente exposição sobre "Alzheimer - do diagnóstico ao tratamento".

    O palestrante, irmão Dr. Fábio Henrique Porto, neurologista e presidente da Regional São Paulo da Associação Brasileira de Alzheimer, com doutorado na matéria e com especialização na Universidade de Harvard, apresentou uma palestra bastante interessante e até certo ponto preocupante a respeito de uma moléstia que está crescendo de maneira expressiva no mundo todo e em especial no Brasil, mostrando que em nosso país existem dois milhões e cem mil pessoas com demência, 70% delas com Alzheimer, e que isso representa apenas 20% dos casos reais, porque 80% ainda não estão diagnosticadas. A cada 3 segundos existe um novo caso da moléstia.

    Procurou desmistificar a expressão "demência", carregada de preconceitos, dizendo que uma definição melhor é "comportamento cognitivo maior", e que cerca de 40% das pessoas com mais de 80 anos poderão ser vitimas do mal.

    Explicou que embora existam inúmeros fatores que aumentam o risco, sendo um dos principais a genética, a doença atinge principalmente os idosos, sendo que dos 17 fatores de risco listados pela medicina, os principais são o isolamento social, a poluição do ar e a perda visual, que provocam o isolamento social, uma das causas principais da evolução da doença.

    Destacou que ainda não existe cura para a doença mas que existem tratamentos que podem trazer conforto e sobrevida aos atingidos pelo Alzheimer e destacou a importância dos cuidadores profissionais que podem amenizar o desconforto causado pelas emoções reacionais dos pacientes.

    A participação dos presentes foi intensa, com muitos questionamentos que o palestrante respondeu com paciência e detalhamento. Estiveram prestigiando a sessão o Delegado Roberto Lora, do 12o Distrito da 1o Região, que também é médico e o irmão Célio Egidio da Silva, Juiz Presidente do Tribunal de Justiça Maçônico do Grande Oriente do Brasil - SP.


DUQUE DE CAXIAS



LUÍS ALVES DE LIMA E SILVA, Duque de Caxias (Porto de Estrela, RJ, 1803 – Valença, RJ, 1880). conhecido como "O Pacificador" e "O Marechal de Ferro", foi um importante militar e político brasileiro. 

Participou da luta pela Independência do Brasil contra Portugal, foi fiel ao imperador Pedro I e instruiu o jovem Pedro II na esgrima e no hipismo.

 Liderou tropas em conflitos como a Balaiada, Revoltas Liberais, Revolução Farroupilha e Guerra do Prata. Na Guerra do Paraguai, obteve uma vitória decisiva, o que lhe rendeu o título de Duque.

Foi senador e presidente do Conselho de Ministros, contribuindo para o Partido Conservador. Em 1962, foi declarado Patrono do Exército Brasileiro. É considerado o maior oficial militar da história do Brasil.

Chegou ao Grau de Companheiro em 11 de novembro de 1845 e ao Grau de Mestre em 1846. Atingiu o Grau 33º.

CURIOSIDADES DA MAÇONARIA

https://famososmacons.blogspot.com/

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UMA VIAGEM CABALISTA - Roberto Ribeiro Reis


A alma profana,

Vulgar e barata,

A calúnia emana

A palavra ingrata;


A efêmera vida

Permeia a matéria,

Qual o ser de partida

Para espiritual miséria.


As masmorras do inferno

Aprisionam as vis mentes;

Um sofrimento eterno

Que viceja, entrementes;


O Pedreiro resolve o conflito,

Atravessa oculto portal;

Ele exclama um Huzzé bendito,

É jorrada Luz de seu avental!


Seu pensamento é sadio,

Inspirado no Delta Sagrado;

Protege o antigo erradio,

Mas que agora já é Iniciado.


Através do necessário V.I.T.R.I.O.L.,

Sob este brilho que a tudo ofusca,

Exsurge a Sabedoria do Sol,

Conhecimento de Si que o Ir busca.


Uma aliança de conquista

Rumo à Luz do Inefável;

Uma viagem cabalista

De sensação inexplicável!


novembro 05, 2024

ARLS ÓRION 465 - São Paulo


O tempo chuvoso e o transito complicado não ajudavam a presença, mas mesmo assim um expressivo número de irmãos, de diversas Lojas, compareceu à ARLS Órion 465 da GLESP, onde sob a direção do Venerável Mestre Rogério Camellini de Castro realizou-se a sessão de palestra onde o irmão Paulo André brindou os presentes com uma notável apresentação em que falou sobre as origens da Ordem Rosa Cruz e as diferenças e pontos em comum desta Ordem e da Maçonaria, começando o passeio no Antigo Egito, passando pelos hebreus, pela Idade Média, pela fundação da primeira potência maçônica na Inglaterra, até os dias de hoje.

O palestrante Paulo André, que também colabora neste blog, demonstrou notável erudição e grande didática e apresentou um tema complexo de forma leve e com pitadas de bom humor de modo que ninguém se cansou mesmo com cerca de hora e meia de palestra. A participação dos assistentes através de comentários e questionamentos durou também aproximadamente uma hora, muito bem aproveitada.

O palestrante foi brindado com um dos meus livros, O caminho da Felicidade, que foi assinado como dedicatória por todos os irmãos presentes e o encerramento se deu com um festivo encontro no Restaurante Pedra Bruta da Grande Loja.

O MITRAÍSMO - Lucas do Couto Santana

 




Em tempos ancestrais, repleto de mistério e os símbolos governavam a mente humana, surge a figura de Mitra, um herói divino venerado tanto na antiga Pérsia quanto em culturas como a Índia, no bramanismo. Mitra é muito mais que um deus comum. Ele é o "Sol Invicto", aquele que ilumina onde as sombras prevalecem. Sua jornada, marcada por coragem e sacrifícios, simboliza a eterna batalha entre o instinto primordial e a consciência humana.

Na antiga Pérsia, sua origem, é associada a Ahura Mazda, a divindade suprema do Zoroastrismo, e eventualmente se transforma em um deus soberano em várias culturas, culminando no Mitraísmo. Este culto, uma escola iniciática, formada guerreiros devotos de Mitra, reverenciavam-no como símbolo de força e luz.

Mitra e Jesus: Simbolismo e Sacrifício

Um dos aspectos mais fascinantes do Mitraísmo é a semelhança simbólica com o cristianismo. Mitra nasce de uma rocha à beira de um rio sagrado, sob a sombra de uma árvore sagrada, e é testemunhada por dois pastores, o que evoca uma narrativa cristã. Armado com uma faca e uma tocha ao nascer, Mitra já está simbolicamente associada à luta e à luz. Como Jesus, ele é visto como um salvador, alguém destinado a livrar o mundo do mal. Seu nascimento cercado de símbolos solares reflete sua condição de "Sol Invicto", o herói solar que ilumina o mundo.

Os pastores que testemunharam o nascimento de Mitra oferecem os frutos de suas colheitas, registrando-o como o salvador. Mitra, ainda nu, veste-se com folhas de figueira, uma ação que remete à narrativa do Éden, mas sem o conceito de pecado. Ao contrário, o ato de comer o fruto sagrado confere a ele forças para enfrentar as potências do mal.

É possível dizer ainda que após se alimentar e comer o fruto da árvore sagrada, Mitra absorve a luz do Sol e fica investido dos seus poderes. Isso simboliza a ação do elemento fogo sobre a alma humana.

A Luta de Mitra e o Touro Primordial

O elemento mais marcante no culto a Mitra é o sacrifício do touro primordial. Mitra, conhecido como o "Deus touróctone", aquele que enfrenta e sacrifica o touro selvagem. Esta alegoria representa a luta do homem contra a natureza, o domínio sobre as forças primordiais, e, ao mesmo tempo, a batalha interna contra os próprios instintos.

Após subjugar o touro, Mitra o carrega nas costas até uma caverna, onde o sacrifício deve ser consumado. Alguns estudiosos associaram essa cena à imagem de Jesus carregando a cruz, pois ambos representam o sacrifício redentor.

Na caverna, um corvo, mensageiro do Sol, traz o aviso de que chegou a hora de sacrifício. Em outra versão do mito, o touro escapa. Mitra, auxiliado por um cão, o persegue e faz o sacrifico.

Certo é que, com um golpe preciso no pescoço, Mitra derrama o sangue da fera, do qual emergem todas as plantas e ervas úteis à humanidade.

O sacrifício do touro tem um significado profundo: do seu sangue, nascem todas as plantas e ervas que cobrem a terra. Da espinha dorsal do touro brota o trigo, enquanto da uva, originada de seu sangue, vem o vinho. Ambos são elementos centrais nos rituais mitraicos, simbolizando a renovação e a fertilidade da terra. Do sêmen do touro, purificado pela Lua, surgem todos os animais que servem à humanidade.

Mitra, ao vencer essa batalha, torna-se o criador de todas as bênçãos da terra. Embora os espíritos malignos tentem corromper as dádivas produzidas pelo corpo do touro, Mitra prevalece, mantendo uma terra fértil e protegida contra o mal.

A Luta Contra o Mal e a Fertilidade da Terra

Apesar do sacrifício do touro gerar vida e abundância, forças malignas tentam envenenar as primícias que o corpo do touro se prodigalizar. Animais como serpentes, escorpiões e sapos simbolizam essas forças do mal. No entanto, Mitra, como criador e protetor, impede que o mal prevaleça, garantindo que a terra continue fértil e produtiva.

Dois outros personagens, Cautes e Cautópates, acompanham Mitra em seu mito. Eles seguram tochas acesas: Cautes aponta sua tocha para cima, simbolizando o sol nascente, enquanto Cautópates a segura para baixo, representando o sol poente. Juntos, eles expressam o ciclo solar e as estações do ano, uma metáfora para os ciclos da vida e da natureza.

O Significado Espiritual do Sacrifício

O sacrifício do touro simboliza a transformação da matéria primordial em algo útil e produtivo, uma metáfora para a jornada espiritual e emocional do ser humano. A luta de Mitra contra o touro é uma luta da humanidade para superar seus impulsos primitivos e alcançar um propósito superior. Essa batalha representa a transição do instinto bruto para a humanização, um passo crucial na evolução da consciência.

A tradição indiana cita a existência das Gunas, formas de movimento na manifestação. São elas: Tamas, a inércia; Rajas, o impulso; e Satwa, o equilíbrio, elevado a um ponto superior como um triângulo. Isto é, a busca pelo equilíbrio. A dualidade só pode ser superada com terceiro elemento.

Vale aqui lembrar o simbolismo do presépio que se monta no Natal. De um lado, o burrinho, que representa a inércia; do outro, o boi ou o touro, que representa o impulso descontrolado; e, lá em cima, na manjedoura (ponta do triângulo), o Cristo, que representa o equilíbrio, a serenidade. Paralelamente, seria a luta contra o touro é a busca por esse equilíbrio.

Elementos Culturais e Símbolos Universais

A figura do touro primordial não se limita ao Mitraísmo. Ela aparece em várias culturas antigas: na mitologia egípcia, o touro branco, representava o deus Ápis, que simboliza a fertilidade; na mitologia nórdica, a vaca primordial Audhumbla alimenta o primeiro ser divino; e, na mitologia hindu, a vaca sagrada representa a vida e o sustento.

A associação entre Mitra e elementos como pão e vinho remete a tradições que influenciaram a espiritualidade cristã. Essas conexões mostram similaridades entre diferentes sistemas de crenças.

A Relevância do Sol e a Superação Humana

Na mitologia mitraica, o Sol desempenha um papel central. Não é apenas uma fonte de luz e vida, mas também o símbolo máximo da energia suprema. Os antigos deuses solares, como Hórus, Apolo e Merodac, também lutaram contra monstros e estabeleceram civilizações, tal como Mitra. Hoje, os Cavaleiros do Sol (REAA) são chamados a enfrentar novos desafios, preservando e expandindo nossa civilização.

Para fazer comunhão com o todo poderoso Sol, Mitra se banqueteia da carne do touro, por meio de ajudantes que usam máscaras. E, por fim, Mitra realiza uma última ceia com os iniciados e depois embarca em sua carruagem e desaparece nos céus, de onde continuará a proteger a criação humana dos seus ferozes e terríveis adversários, os demônios “devas”.

A Caverna e a Jornada Interior

A caverna, onde a Mitra sacrifica o touro, simboliza o útero sagrado, o espaço de introspecção e renascimento, associado à mulher e ao espaço sagrado. Na caverna, o homem se reconecta com sua essência mais profunda, enfrentando seus medos e superando suas limitações. O sacrifício do touro é uma metáfora para a transformação necessária que permite a fertilidade e o sustento da humanidade, uma metáfora para a jornada de autodescobrimento e transcendência espiritual.

É dentro da caverna dela que Mitra transforma o touro em fonte de vida para toda a humanidade, refletindo o ciclo contínuo de morte e renascimento.

Mitra: Um Símbolo de Superação

A história de Mitra nos ensina que a batalha mais importante que enfrentamos é contra nossos próprios instintos e limitações. É uma luta para superarmos as sombras interiores e alcançarmos a luz da consciência. Mitra exorta seus iniciados que defendam a luz contra as trevas. Que pratiquem o bem − pois que o bem é a luz − e lutem conta o mal, que está nas trevas. A vida é uma eterna luta entre esses princípios

O Touro representa a matéria primordial, fecundada pelos raios do Sol, uma característica que se repete diariamente diante de nós. O Sol, além de dissipar as trevas da ignorância, é fonte de toda atividade na Terra. Embora não o adoramos, o reverenciamos como o símbolo mais elevado da Energia Suprema. As mitologias antigas apresentavam deuses solares como Hórus, Merodac, Indra, Apolo e Mitras, retratados como heróis que venciam monstros e fundavam civilizações. Hoje, os Cavaleiros do Sol têm o dever de combater novos monstros e preservar e desenvolver nossa civilização.

Portanto, Mitra nos ensina que a batalha mais importante que travamos é contra nossos próprios instintos e limitações. É uma jornada do ser humano para superar suas próprias sombras e alcançar a luz. Como disse o filósofo Carl Jung, “Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta”. E assim, seguimos a lição de Mitra, buscando despertar a consciência plena através da superação dos obstáculos internos e externos.


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ENCONTRAR A SUA MISSÃO NA MAÇONARIA -Todd E. Creason


Eu recebo muitos e-mails. Demasiados para poder responder. Há um tipo  de email em particular que me faz quase morder a minha língua; então  pensei em aproveitar esta oportunidade para dizer o que realmente penso.  Eu recebo um fluxo aparentemente interminável de reclamações dos maçons  sobre as suas Lojas – todo tipo de queixa que se possa imaginar que eu  tenha lido nos últimos doze anos. E quando eu pergunto a um Maçom o que é  que está a fazer para resolver a situação, sabem qual é a resposta mais  frequente? Não estão a fazer nada sobre isso… para além de escrever  para o Midnight Freemason como se fosse a “Dear Abby” ou algo assim.

Deixem-me colocar alguma perspectiva sobre isto. Quando entrei na  minha Loja, passei por três graus maravilhosos (há poucas Lojas neste  país que fazem um trabalho melhor com o ritual do que as Lojas aqui  mesmo na minha área). Eu esperava que esta experiência continuasse  depois de passar a Mestre, mas, tal como muitos maçons que me escrevem,  não foi isso que eu encontrei. Eu vi-me em chatas reuniões de negócios e  panquecas no café da manhã, e nós tínhamos sessões onde éramos  instruídos no ritual – e deixem-me dizer, os instrutores nessas sessões  não eram educados, não eram pacientes, e eu escolhido de uma forma que  às vezes me lembrava a minha experiência no treino básico do Exército.

Eu sabia que havia uma intenção de que a Maçonaria fosse mais para os  Homens do que eu encontrei quando entrei. Eu assumi a responsabilidade  de trazer “algo mais” para a Maçonaria eu próprio. Eu fui subindo.  Comecei uma newsletter na minha Loja. Li livros e pesquisei muito sobre  Maçonaria e partilhei o que eu estava a aprender com a minha Loja (em  peças muito curtas e muito interessantes); pesquisei e escrevi livros,  comecei um blog e no inicio escrevi e publiquei três pequenas peças de  educação por semana – é o blog Midnight Freemasons que se  tornou um dos maiores e mais lidos blogs maçónicos que existem hoje. Ao  longo de anos e anos, conheci outros maçons da minha área interessados  ​​no mesmo tipo de experiência em Maçonaria em que eu estava  interessado. E com o tempo, nós lentamente mudámos a cultura em algumas  das Lojas na minha área. Ambas as Lojas a que eu pertenço agora focam-se  na educação dos membros – ensinando os nossos membros mais antigos e  novos sobre os princípios da Maçonaria e como os aplicar nas suas vidas  diárias. E nós estamos a chegar lá agora, depois de treze anos de duro  trabalho. É um trabalho que continuarei a fazer por muitos, muitos,  muitos anos. É um destino ao qual nunca chegarei, mas tem sido uma  viagem muito gratificante – e tenho certeza de que, quando eu finalmente  entregar as minhas ferramentas, alguém irá recebê-las e continuar o  trabalho que comecei.

Então, pode imaginar o que eu gostaria de dizer às pessoas que se  queixam sobre as suas Lojas. Ainda não ouvi uma reclamação que eu não  tivesse já vivido, de uma maneira ou de outra – de Past Masters  atrevidos a confrontos com culturas de Loja totalmente resistentes a  qualquer coisa que seja nova. A chave para tudo isto é associar-se aos  irmãos que partilham a sua visão – como pode ver nos Midnight Freemasons, presentemente, eu já não estou sozinho por aqui.

A Maçonaria é uma chamada para a ação. É uma chamada para o  trabalho. Não está aqui para o seu prazer, e se é por isso que entrou,  então está no lugar errado. Há uma expectativa na maçonaria de que você  vai trabalhar:

Você vai aprender os nossos caminhos.

Você vai aprender e aplicar os nossos valores.

Você vai trabalhar na sua Loja para se tornar um líder e um exemplo para os outros tanto na Loja quanto fora das suas paredes.

Você vai-se esforçar para se melhorar a si mesmo, para que possa tornar-se um exemplo que os outros possam seguir.

Você vai trabalhar na sua comunidade para melhorar a qualidade de vida das pessoas que lá moram.

Há uma razão pela qual muito do nosso ritual tem a ver com o trabalho  nas pedreiras e a construção de um edifício não feito com mãos humanas.  O que aprendi com os maçons sobre os quais estudei e escrevi ao longo  dos anos é que a grande maioria deles eram de homens de ação. Eles não  reclamavam… viam o que precisava ser feito e  fizeram, mesmo quando  falharam repetidamente, como aconteceu com alguns deles.

Cada uma das nossas jornadas na Maçonaria será certamente diferente, e  a sua não será  provavelmente como a minha. Mas para que, da Maçonaria  saia o que foi originalmente planeado, temos que trabalhar todos para  isso. E em algum momento, todos nós encontraremos o nosso canto… todos  nós encontraremos a nossa missão. Para mim, é sobre desenvolvimento dos  membros e educação maçónica. Para outros, é sobre instrução ritual. Para  outros ainda, eles encontram a sua missão em tudo, desde fazer  panquecas para arrecadar dinheiro para caridade, até conduzir crianças  pequenas para consultas médicas no Shriner’s Hospital.

Mas a Maçonaria não está aqui para nosso prazer – está aqui para a  nossa melhoria. E às vezes o caminho para o crescimento pessoal não é  claramente marcado. Muitos de nós tivermos de abrir o nosso próprio  caminho. Isto é o que muitos de nós aqui nos Midnight Freemasons  fizemos. A vantagem de abrir o nosso próprio caminho na Maçonaria é  quando nos voltamos, encontramos outros maçons seguindo-nos, sinal de  que estabelecemos um caminho claro para ser seguido.

É por isto que aqui estamos e é o que eu gostaria que as pessoas soubessem quando me escrevem. Nunca subestime a sua capacidade para fazer a diferença.

Tradução de António Jorge, revisado por Miguelzinho. https://www.freemason.pt/encontrar-a-sua-missao-na-maconaria/