Uma das primeiras lições que aprendemos na Maçonaria é como adentrar no Templo ritualísticamente.
Aprendemos, assim, a “Marcha do Aprendiz”. Vamos depois, aos poucos, percebendo outros pontos, como o sentido de circulação em Loja, o “caminho” da palavra (primeiro em uma coluna, depois na outra, depois no Oriente e finalmente no Altar) e mesmo o passar do tempo místico (o sol no zênite no início dos trabalhos, a meia-noite em ponto, ao final dos trabalhos). Tudo no Templo nos remete ao movimento.
Ao mesmo tempo, somos constantemente lembrados de nossa principal tarefa: lapidar a pedra bruta, procurando constantemente nosso próprio aperfeiçoamento.
Com isso a Maçonaria nos ensina e lembra constantemente que não há evolução sem movimento. Só progride aquele que tem a coragem de avançar.
Só chega a algum lugar quem se dispõe a sair de onde se estava. Figurativamente, dizemos que quem não evolui, não muda de ideia, não avança fica “na mesma”, imutáveis como pedras.
Por outro lado, somos chamados, figurativamente, de pedras brutas. Mas isso não quer dizer que sejamos imutáveis. Pelo contrário: somos pedras, sim, mas em constante evolução, sendo lapidadas e polidas dia a dia, rumo a nos tornarmos algo melhor do que éramos antes. Assim, esse chamado à evolução é também um chamado ao movimento: só deixarei de ser quem sou e me tornarei quem desejo ser se eu buscar conscientemente essa mudança. Só através de meu próprio esforço é que serei capaz de vencer a distância entre o que sou e aquilo que tenho potencial para ser.
Para isso, é imprescindível não ter medo nem vergonha de questionar-se e, se for o caso, mudar de ideia, de opinião, de atitude. Já foi dito que muito mais triste que mudar de ideia é não ter ideia alguma para mudar. Não há nada de errado em mudar de opinião ao reconhecermos que estamos errados. Isso é sinal de evolução. Errado é apegar-se a uma falsa noção de infalibilidade, à certeza de que eu estou certo o tempo todo!
Um grande sábio disse certa vez: “só sei que nada sei”. Quando temos a humildade de reconhecer o quão pouco sabemos, aumentamos a chance de aprender. Pois quem sabe que pouco sabe, está aberto a aprender com todos e com qualquer um, em qualquer oportunidade. Por outro lado, aquele que se julga “grande” ou “sábio” desprezará as lições dadas pelos “pequenos”, na falsa certeza de que estes não tem nada a lhe ensinar.
E esse é um dos aspectos mais belos da Maçonaria, onde não há cargo maior ou mais importante que “Irmão”: somos todos iguais e, como iguais podemos aprender com todos e contribuir para o crescimento de todos. Com certeza todos nós já nos admiramos (por exemplo) com lindas e profundas peças de arquitetura apresentadas por “simples” Aprendizes.
Sim somos pedras brutas sendo lapidadas. Portanto, carregamos em nós a contradição de sermos imutáveis como a rocha, ao mesmo tempo em que estamos em constante evolução. Isso quer dizer que devemos nos ater a nossos princípios (os ideais de justiça, honestidade e retidão, por exemplo) e não ao que é secundário (nossa reputação, nossas opiniões, nossas “certezas”…). Em outras palavras, devemos ser como as árvores, que mudam as folhas de acordo com a necessidade, sem jamais mudar as raízes.
Que ao final dessa semana que se inicia possamos ter a alegria de ter evoluído um pouquinho mais nessa caminhada, reforçando nossos princípios e buscando evoluir naquilo que nos falta. Que o G.’.A.’.D.’.U.’. nos ampare e fortaleça nessa jornada.