novembro 30, 2024

MACONARIA FEMININA NA INGLATERRA



Birkenhead Masonic Hall em Cheshire (centro para atividades maçônicas), celebrou um momento significativo ao receber pela primeira vez a Loja "Amity / Simplicity" da Ordem das Mulheres Maçonas para sua sala de instalação. Mulheres de todo o noroeste do Reino Unido se reuniram para celebrar a instalação de Letitia Rutter como Venerável-Mestra da Loja, em uma cerimônia que segue o mesmo rigor das tradições masculinas.

A ligação do Birkenhead Masonic Hall com a Grande Loja Unida da Inglaterra (GLUI ou UGLE) se dá pelo fato de que ele é um salão maçônico que abriga lojas que operam sob a jurisdição da GLUI.

Mike Collins, diretor do salão, comentou com orgulho sobre o evento e elogiou o espírito de acolhimento. 

Jeff Forshaw, outro diretor do salão, disse: "A Maçonaria masculina e feminina têm um excelente relacionamento de trabalho. Ambas seguem exatamente as mesmas cerimônias e usam as mesmas insígnias, e frequentemente trabalham em estreita colaboração com projetos comunitários e de caridade. Em um movimento histórico, ambas as organizações anunciaram a criação do Conselho para a Maçonaria, abrangendo membros femininos e masculinos na Inglaterra e no País de Gales, o que aumentará ainda mais a colaboração existente e de longa data e promoverá os princípios fundamentais da Maçonaria.

Fonte: Site oficial da Grande Loja Unida da Inglaterra (ugle.org.uk), em 31 de outubro de 2024.*



TEMPO E MAÇONARIA - Newton Agrella

 


Ainda que sob o ponto de vista filosófico, o Tempo encerre em sí um caráter subjetivo, sua complexidade de significados passa por uma extensa gama de teorias, o que torna sua definição padronizada, algo sujeito às nossas diferentes percepções.

Essa percepção é produto da maneira como cada um avalia a relevância da medida do tempo diante das situações e experiências vividas.

Há correntes filosóficas que defendem a ideia de que o curso do tempo consiste numa mera ilusão; e aquilo que se convenciona como passado, presente e futuro têm a mesma realidade. 

Em outras palavras, para este segmento filosófico o tempo é simplesmente  infinito e que a transformação temporal não se constitui numa característica objetiva da realidade.

Outrossim, no que diz respeito particularmente à Maçonaria, o conceito filosófico sobre o tempo está longe de se restringir ou de se pautar pelo critério dos interstícios entre os graus. Este processo é na verdade, uma convenção protocolar e didática que serve como parâmetro para se conferir gradativamente a porção de instruções que se revelam através de seus rituais.

A rigor o conceito de Tempo na Maçonaria está associado ao acúmulo de experiência, de leitura, de compartilhamento de conhecimentos e à própria percepção intelectual e espiritual que o maçom consegue absorver e aquilatar durante toda sua jornada.


O tempo maçônico é aquele em que o maçom ocupa-se de investir em sí mesmo, explorando todo seu potencial especulativo, buscando o entendimento de sua existência e seus propósitos na vida.

O tempo para a Maçonaria não se explica ou se define pela faixa etária do Obreiro, mas sim, pelo conjunto da obra social que ele consegue edificar para sí mesmo e em favor de seus semelhantes.

O Tempo Maçônico está relacionado a uma cronologia hominal e ontológica, ou seja; na investigação teórica do ser.

O Tempo talvez seja a propriedade mais intrínseca que há no Universo, pois ele repousa e se move ao mesmo tempo, parece lento e lépido conforme a circunstância e se manifesta favorável ou contrário conforme a subjetividade de nossas vontades.



novembro 29, 2024

ARLS AMANDARA GUARDIÕES DA AMIZADE 3737 - GOB SP


    O nome estranho: Amandara - é uma palavra no idioma lituano que significa "Casa dos espíritos de luz", e foi assim batizada pelo seu primeiro Venerável Mestre, que tinha aquela nacionalidade. Está no Complexo Oliva, na Rua Barbara Heliodora, local onde funcionam 15 Lojas do Grande Oriente do Brasil.

    Depois de descer uma longa escadaria sou recebido de maneira entusiástica pelo Venerável Mestre Luís Gustavo Domingues Pereira, que declara ser seguidor de minhas palestras e publicações e leitor de meus livros desde que era aprendiz. O abraço é um momento emocionante de reconhecimento e gratidão. Fui honrado ao ser convidado para me sentar ao seu lado, no trono,

    É uma sessão de iniciação, a Loja com 22 irmãos tem 5 aprendizes e 2 companheiros, além de muitos mestres jovens como o próprio Venerável. O bom humor, alegria e expectativa tornam a longa sessão leve e agradável.

    A delicadeza da Loja se estende ao fato de que ao final, o novo aprendiz recebe como lembrança do ato um toalha bordada com o seu nome e a taça que faz parte do ritual. Por volta da meia noite as cunhadas invadem a Loja, felizes, e assistem a um vídeo do novo aprendiz e de sua família como forma de introdução desta nova família, na família maçônica universal. Muito lindo.

    Entrando na madrugada um delicioso ágape. Era tarde, mas ninguém reclamou de cansaço. Um evento para ficar registrado nas mais agradáveis memórias.

    Agradeço especialmente ao irmão Vitor Assunção, que fez o convite.

O ESTANDARTE ASSOMBRADO - E. Figueiredo


Há coisas inexplicáveis na Maçonaria !

Nos anais, da antiga Maçonaria brasileira, há o seguinte registro de algo sobrenatural acontecido: 

Era o ano de mil oitocentos e tantos, num lugarejo denominado Campos de Avanhandava (posteriormente Santa Cruz do Avanhandava), no baixo Rio Tietê, que com o desbravamento viria a ser a cidade de Penápolis, na Noroeste Paulista, nas proximidades do córrego hoje chamado de Maria Chica.  Uma época que ainda viviam índios Coroados na região.  Nesse pedaço de chão havia, numa construção modesta, a Loja Maçônica com a  denominação Loja Remo e Rômulo.  

A Maçonaria, naquele tempo, era uma coisa muito escondida e quem era Maçom não dizia para ninguém, nem para a própria esposa.  Para tudo considerava-se sigilo total e segredo. Os membros dessa Loja eram quase todos oriundi ou imigrantes da Itália.  E os hábitos ainda tinham muita influência da camorra, vendetta, omertá e da cosa nostra, trazidos da “Bota” (Itália).  

Todos os Obreiros se sentiam orgulhosos por terem sangue italiano.  O Irmão Primeiro Vigilante, Gaetano Genovese, se gabava de ser sobrinho do chefão de um dos segmentos da Máfia Siciliana, Giuseppe Bonnano, mais conhecido como Joe Banana, que morava na região de Mezzogiorno, Sicília, dizendo que ele era capo di tutti capi (chefão de todos chefões).  

Os Irmãos da Loja Remo e Rômulo, pouco mais de 20, residiam na própria vila e alguns em aldeias vizinhas, pois era a única Loja Maçônica que existia naquelas paragens.

Salvatore Meneghetti, Irmão Porta-Estandarte e o decano da Loja, o mais idoso do grupo, mas não menos ferrenho Maçom, nunca deixava de dar sua mensagem na Palavra do Bem da Ordem em Geral e do Quadro em Particular.  Suas alocuções eram verdadeiras aulas de Maçonaria. Salvatore Meneghetti faleceu durante uma Sessão, justamente quando explanava sobre a criação do Estandarte da Loja, de quem tinha sido o idealizador.  

Em virtude dos Maçons se reunirem escondidos e secretamente, não sabiam como informar a policia da morte do Obreiro.  Para resolver o problema, por ordem do Venerável Mestre, Enzo Regatoni, enterraram o Irmão no próprio chão do Templo, precedido de Pompas Fúnebres, conduzido pelo Mestre de Cerimônia, Luigi Provenzano.  O Irmão Secretário, Vito Andreazza, foi incumbido de providenciar uma cruz que foi colocada dentro do caixão, enquanto o Mestre de Harmonia, Matteo Zanetti, cantava o hino Maçônico e o Primeiro Diácono, Paolo Andreoli, acenava o incenso aceso sobre o corpo do falecido.  Um dos Obreiros lembrou que ele dizia que, quando morresse, gostaria de ser enterrado com seu avental.  E isso foi feito.  Foi comovente. Muito comovente.

Como homenagem ao Irmão, que fora para o Oriente Eterno, ficou decidido que não se permitiria que nenhum outro Irmão mais empunhasse o estandarte da Loja, durante as sessões, que passaria a ficar, permanentemente, ao lado do Venerável Mestre, durante os trabalhos.  Assim foi dito, assim ficou decidido !  Assim seja !

Na primeira sessão, após o falecimento, no momento que seria a fala do Irmão Salvatore Meneghetti, os Irmãos ficaram olhando entre si e, por alguns instantes, pairou um silêncio sepulcral.  De repente o estandarte se desprendeu do mastro, sobrevoou o templo e caiu na cadeira do Porta Estandarte.  Foi um GADU nos acuda !  O Orador, Benito Ianelli, se assustou, deu um grito e correu para a saída do Templo, tropeçando sobre o Guarda do Templo, Giovanni Riello.  Os demais Obreiros da Loja saíram atrás, correndo pela noite a dentro cada um para caminhos diferentes, sem olhar para trás.  O Irmão Hospitaleiro, Vito Denaro, corria fazendo o sinal da cruz com a mão esquerda.  Soube-se mais tarde que um Aprendiz, Luciano Franchetti, se suicidou.  Nunca mais se soube da Loja Remo e Rômulo.

Dizem que em noite de Lua cheia, os moradores da localidade costumam ver um tipo de pano esvoaçando pelo céu sem ter uma explicação para tal fato. Outros afirmam ver um cadáver se removendo na terra da cova onde o Irmão Meneghetti está sepultado.

Um acontecimento que requer uma pesquisa e estudo profundo.....

Vero o invenzione ? Che ci crediate !

Se non è vero, è bene trovato.....

{Arquivos Implacáveis} Acredite se quiser ! "Ripley's"



A ARVORE DA VIDA E A ORIGEM SIMBÓLICA DOS CSRGOS EM LOJA - Fernando Cezar Careta


Os 10 cargos originais e fundamentais das Lojas maçônicas são idênticos e homólogos às “Sephiroth” da Árvore da Vida, que são formas elementares da emanação divina, visado através de seus ocupantes quando atuarem em Loja, bem como para todos os demais presentes aos trabalhos, tomar mais perceptíveis as verdades que estão encobertas atrás dos véus da iluminação divina (Ain-Ain soph - Ain Soph Aur), e serem abençoados pelas forças astrais invocadas.

Uma perfeita compreensão pelo ocupante destes diversos cargos em Loja, com suas correspondentes “Sephiroth”, ajudará muito a seus titulares no desempenho perfeito de suas funções individuais e coletivas, contribuindo para o sucesso de uma Sessão Maçônica, com a obtenção das influências benéficas das forças astrais que invocamos em nossas reuniões, durante o desenrolar de nossa ritualística nas suas diversas etapas.

Iniciemos no Oriente da Loja que corresponde ao Triângulo Supremo, ocupados pelo Venerável, pelo Secretário e pelo Orador, além dos antigos Mestres Instalados, que conhecem a palavra sagrada do simbolismo:

1. O Venerável corresponde à Sephirah Kether ou à Coroa, numerada com o algarismo "um" equivalendo a origem primordial, procurando simbolicamente a proximidade do som cósmico, ou seja, a do nome de Deus Eheieh - Eu sou o que sou, o Incognoscível, sendo sempre acompanhado do Arcanjo Metatron, o Anjo da Presença, buscando liderar a experiência espiritual da união com Deus, objetivando a realização de sua grande obra, que é, na Maçonaria, a construção do Edifício Social dentro e fora do Templo. Ao Venerável cabe dirigir com prudência e sabedoria as atividades da Loja dentro e fora do Templo.

2. O Secretário corresponde à Sephirah Chokmah, ou à Sabedoria, numerada com o algarismo "dois”, equivalendo à inteligência inspiradora ou ao Segundo Esplendor, simbolizando seu número o início da gênese universal, ou seja, um dos nomes de Deus, Jehovah, o Senhor, sendo sempre acompanhado pelo Arcanjo Taziel, o Arauto da Divindade, além do inicio do Tetragrama Sagrado com a sua letra “Yod”, buscando concentrar toda a sabedoria emanada de Deus. Sua pena deve buscar a inspiração para a máxima fidelidade e sacralidade dos registros, das atividades desenvolvidas em Loja, bem como para as outras comunicações que fizer. De sua função, derivou mais o cargo do Primeiro Diácono, que leva a Palavra Sagrada do Venerável para o Primeiro Vigilante, ao qual corresponde a Sephirah Hot, a Glória. 

3. O Orador corresponde à Sephirah Bínah, ou à Compreensão, ou O Entendimento, numerada com o algarismo “três”, equivalendo à Justiça e ao Ensino da Verdade, simbolizando o seu número a vida formada e criada, ou seja, um dos nomes de Deus, Jehovah Elohin, o Deus dos Deuses, sendo sempre acompanhado do Arcanjo Aralim, o Observador de Deus, além da segunda letra do Tetragrama Sagrado com sua letra “Heh”, a janela da visão aberta à vida. Sua atuação visa as instruções e a aplicação da justiça mais perfeita dentro da Loja, pois é o Guarda da Lei e de sua pureza.

Têm assento também no Oriente os outros Mestres Instalados, que já sentaram no Trono de Salomão, e sua proximidade visa reforçar, com sua energia pessoal, a atuação do Venerável, Secretário e Orador, secundados de seus respectivos anjos. Os cargos de Porta-Espada e Porta-Bandeira são funções honoríficas, porém simbolicamente meramente decorativas, enquanto o Primeiro Diácono é derivado do Secretário, o qual, antigamente, tinha também a função de mensageiro. Deste conjunto emana a Luz da Loja, que inspira e orienta suas atividades. Em Lojas novas, muitas vezes Aprendizes e Companheiros desempenham funções no Oriente, porém isso sempre deve ser a título precário, pois a rigor, no Oriente. devem ter apenas assento os Mestres Maçons.

Continuando-se na fronteira do Oriente com o Ocidente, existe a região denominada Daath, ou o Conhecimento, um abismo na qual ocorre uma mudança da expressão da força para a forma, não sendo este abismo uma percepção objetiva. Nesta região, na realidade, encontra-se o segredo não revelado da Arvore da Vida, e muitas vezes, ao transitarmos por ela, não temos uma percepção de seu verdadeiro significado. Temos três posições ou cargos que fazem a perfeita transição para as Colunas do Norte e Sul, que são o Hospitaleiro, o Tesoureiro e o Mestre de Cerimônias.

4. O Hospitaleiro corresponde à Sephirah Chesed, ou à Misericórdia, numerada com o algarismo “quatro”, equivalendo à Bondade, ao Amor aos semelhantes, simbolizando o seu número a Inteligência Coesiva ou Receptiva advinda dos Poderes Sagrados emanados das virtudes espirituais, ou seja a um dos nomes de Deus, EI, o Deus Todo-Poderoso, sendo sempre seguido do Arcanjo Tzadkkiel, o Anjo do Deus Justo. Sua atuação visa o amparo e assistência aos Irmãos da Loja, lembrar sempre que o amor é uma das forças cósmicas fundamentais e que, necessariamente, este sentimento está associado à misericórdia, a qual sempre tem que estar presente aos trabalhos em Loja.

5. O Tesoureiro corresponde à Sephirah Geburah, ou à Força, numerada com o algarismo “cinco”, equivalendo à Vassoura Cósmica que extingue a desigualdade e elimina o supérfluo, simbolizando seu número a Severidade que emana de Chokmah, a Sabedoria, ou seja, um dos nomes de Deus, Elohin Gebor, o Deus da Severidade, sendo sempre seguido do Arcanjo Khamael, o Anjo da Severidade Divina. O simbolismo do cargo visa a seriedade que tem de haver com o trato dos valores da Loja, tanto na arrecadação como nos dispêndios dos metais, os quais devem servir essencial-mente à Misericórdia com os Irmãos e os Profanos, bem como a manutenção do Templo e nada mais, evitando-se os luxos e as dissipações advindas da vaidade e de outros defeitos da alma humana.

6. O Mestre de Cerimônias corresponde à Sephirah Tipharej, ou à Beleza, numerada com o algarismo “seis”, equivalendo à Luz que se transforma no Amor Radiante, simbolizando o número o equilíbrio que a Beleza confere à Sabedoria e à Força, as quais, isoladas, se antagonizam, mas juntas se completam, ou seja, um dos nomes de Deus, Aloah Va Daath, o Deus Forte do Entendimento, sendo sempre seguido do Arcanjo Rafael, o Anjo do Espírito que está no Sol, localizado na Coluna do Equilíbrio, situada sobre o Altar da Loja. Sua atuação visa essencialmente a perfeição e a beleza dos movimentos em Loja, pois ele é o elo de ligação entre o Ocidente e o Oriente, sendo que sua atuação é vital para a perfeição que deve haver nos trabalhos, resultando na beleza equilibradora.

Os seis cargos iniciais formam geometricamente o Selo de Salomão da Loja, pois são o resultado da intersecção do Triângulo Supremo, formado pelas Sephiroth Kether-Chokmah-Binah, com o Triângulo Ético formado pelas Sephiroth Chesed-Geburah-Tiphareth, o elo entre o Ocidente e o Oriente.

O Ocidente da Loja forma com os dois Vigilantes e o Experto o Triângulo Astral, formado pelas Sephirot Netzachj-Hod-Yesod, formando a ligação de seu vértice inferior com a posição correspondente à Sephirath Yesod, a porta para o Mundo Profano, guardada pelo Cobridor, simbolicamente o Guardião do Tesouro da Ciência Oculta ou dos Segredos da Maçonaria. Os Triângulos Supremo e Ético formam a parte espiritual e latente da Loja, enquanto o Triângulo Astral forma a parte potente e terrena da Loja.

A região compreendida entre o Triângulo Astral e o Mestre de Cerimônias, corresponde simbolicamente à Terra e aos seus correspondentes elementos primordiais, ou seja, o Ar, a Terra, a Água e o Fogo.

7. O Segundo Vigilante corresponde à Sephírah Netzach, ou à Vitória, numerada com o algarismo “sete”. equivalente à Inteligência Oculta, simbolizando o Esplendor refulgente percebido pelos Olhos do Intelecto e pela. Contemplação da Fé, ou seja, um dos nomes de Deus, Jehovah Tzaboath, o Deus dos Exércitos, sendo seguido pelo Arcanjo Uriel, o Anjo Mensageiro da Graça de Deus. Sua atuação em Loja visa preparar os companheiros para a vitória advinda da elevação ao Mestrado, recebendo através do Mestre de Cerimônias as orientações gerais; do Segundo Diácono a Palavra Sagrada advinda do Venerável Mestre, por intermédio do Primeiro Vigilante até sua Coluna.

8. O Primeiro Vigilante corresponde à Sephirah Hod, ou à glória em Esplendor, numerada com o algarismo “oito”, equivalendo à Inteligência Absoluta ou Perfeita, simbolizando a Formação das Hierarquias Celestes, ou seja, no caso o mesmo nome de Deus em Netzach, o Jehovah Tzaboath, o Deus dos Exércitos, secundado, todavia, pelo Arcanjo Rafael, o Anjo Médico Celestial. Sua atuação em Loja consiste em receber os neófitos e assisti-los nas curas de suas enfermidades e defeitos espirituais, preparando-os para a Elevação a Companheiro, recebendo, através do Mestre de Cerimônias, as orientações gerais, do Primeiro Diácono a Palavra Sagrada advinda do Venerável Mestre até sua Coluna, bem como transmiti-la através do Segundo Diácono para sua Coluna.

9. O Experto corresponde à Sephirah Yesod, ou o Fundamento. numerada com o algarismo “nove”, equivalendo à Inteligência Purificada estabelecedora da Unidade, simbolizando o Tabernáculo Sagrado, ou seja, um dos nomes sagrados de Deus, Shadai El Chai, o Deus Vivo Todo-Poderoso, secundado pelo Arcanjo Gabriel, o Chefe das Hostes Celestes. Sua atuação consiste em conduzir as Iniciações no Ocidente, visando com seu trabalho gerar o equilíbrio perfeito com .o Venerável Mestre, que fica no Oriente, devendo sempre este cargo ser ocupado por um Mestre Instalado.

10. O Cobridor Externo corresponde à Sephírah Malkuth, ou o Reino, numerada com o algarismo “dez. equivalendo à Alma da Terra. através de suas múltiplas portas como a da Morte, a das Trevas da Morte. das Lágrimas, da Justiça, da Oração, da Filha dos Poderosos e a do Jardim do Éden, ou seja, um dos nomes sagrados de Deus, Adonai Malekh. ou Adonai Ha Aretz, o Senhor e Rei. secundado pelo Arcanjo Sandalphon, o Anjo Salvador (Messias). Sua atuação consiste em filtrar e impedir as influências do Mundo Profano sobre a Loja. verificar e admitir profanos às Iniciações, bem como manter a ordem interna quando necessário, devendo o cargo, ao contrário do que muitos pensam, ser ocupado por mestres muito experientes e com alto tirocínio político.

Os Vigilantes também têm como função manter os Obreiros em ordem nas suas respectivas Colunas, além de trabalhar para o aperfeiçoamento dos seus correspondentes Aprendizes e Companheiros.

Como Malkut não forma parte do Triângulo Astral, alguns acham erroneamente que o Cobridor não tem função definida, esquecendo-se que o Cobridor sempre tem que opinar em Loja quando houver envolvimentos com o mundo externo, pois sua função simbólica está na base da ÁRVORE DA VIDA, no meio das raízes da terra, dando sustento a toda árvore. Hoje, como nossos Templos estão a salvo de indiscrições profanas, normalmente esta função é desenvolvida pelo Guarda do Templo.

O cargo de Segundo Diácono é um desdobramento do cargo de Primeiro Diácono no Ocidente, pois uma de suas principais funções é levar a Palavra Sagrada do Primeiro Vigilante, que a recebeu do Primeiro Diácono, para o Segundo Vigilante, sendo também o cargo de Chanceler, igualmente, um desdobramento do cargo de Secretário.

As outras funções muito honoríficas como o Arquiteto, que têm que manter o Templo em condições de culto e o Mestre de Banquetes relacionam com aspectos exteriores da Loja e derivaram do Cobridor. O cargo de Mestre de Harmonia é uma função que desdobrou-se do Mestre de Cerimônias, pois tem relação intrínseca com a beleza dos trabalhos, devendo o ocupante deste cargo ter grande sensibilidade musical e mística, para com a execução de músicas adequadas durante os trabalhos, propiciar a harmonia necessária para o desenvolvimento da Egrégora e boa Harmonia da Loja.

Embora hoje em dia não haja muita conscientização do simbolismo dos cargos em Loja, acreditamos que seja necessário um despertar para as realidades primordiais que originaram a razão de ser das Lojas Simbólicas e de seus verdadeiros objetivos, que são através de um trabalho coletivo chegar-se à Verdadeira Luz e cumprir na terra a grande obra do Grande Arquiteto do Universo, que é a construção do Edifício Social, quando atuarmos no mundo profano.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BALLOW, Robert. The Nature of Religion. Basic Book Publisher, New York, 1968.

HOME, Alexander. King’s Salomon

Temple in the Masonic Tradition.

The Aquarian Press. Welligborough a England, 1983.

FOME, Dion. A Cabala Mística. Ed. Pensamento, São Paulo, 1993.

WILLJAMS-HELLER, Ann. Cabala. Ed. Pensamento, São Paulo, 1990.

BONDER, Nilton. A Cabala da Inveja. Ed. Imago, Rio de Janeiro, 1992.

A BÍBLIA SAGRADA. Tradução de João Ricardo de Almeida.

ALCORÃO SAGRADO. Tradução de Mansur El-Hayek. Ed. Tangará, São Paulo, 1979.

BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica. Ed. Pensamento, São Paulo, 1979.

FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio. Dicionário de Maçonaria. Ed. Pensamento, São Paulo, 1990.

DA CAMINO, Rizzardo. Simbolismo do Primeiro Grau.

RITUAIS DE APRENDIZ E MESTRE

MAÇOM. GLSC, Ed. IOESC, Florianópolis.


novembro 28, 2024

ARLS IMPERATRIZ n. 77 - Palestra de Amilcar Alabarce Mathias



    De quando em quando a maçonaria nos proporciona encontrar preciosos tesouros ocultos em seus ensinamentos. Foi o caso de minha visita ontem à ARLS Imperatriz 77, onde estive pela segunda vez conhecendo seu novo endereço, no 10o andar do edifício anexo ao Hotel Leques, bem próximo da GLESP.

    Sob a direção do VM João Francisco Figueiredo fomos brindados com uma extraordinária palestra do intelectual e escritor maçônico Amilcar Alabarce Mathias um dos fundadores da Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras, e autor de livros que são referência no estudo da Ordem.

    A palestra, intitulado "Um resumo dos graus de Mestre Maçom", durou duas horas, fruto de minuciosas e demoradas pesquisas, e abordou com detalhamento o simbolismo e esoterismo do grau de plenitude maçônica, buscando fontes desde as Escolas de Mistério do Antigo Egito, até a construção da maçonaria especulativa com a filosofia iluminista do século 18.

    Também esteve presente o poeta e cantador Aldy Carvalho, um dos mais talentosos artistas  da rica tradição cultural do Nordeste brasileiro, que já teve suas obras  publicadas neste blog.

    Foi enfim uma noite incomum de aprendizado e confraternização, para ser lembrada perenemente.

   

DEGRAUS DE ACESSO AO ORIENTE - Pedro Juk


De pronto é preciso lembrar que o REAA originalmente no seu primeiro ritual (1804) não trazia Oriente elevado e nem balaustrada separando parte do recinto para o Oriente.

Essa separação e a elevação só viria surgir pelo aparecimento das chamadas Lojas Capitulares, sistema esse criado em 1816 pelo Grande Oriente da França, cuja característica principal seria a administração pelo Grande Oriente a partir do grau de Aprendiz até o 18º Grau conhecido por Príncipe Rosa Cruz. Isso então significava que essa Obediência francesa passava a ter sob a sua tutela os graus 1º até o 18º, ficando os demais, do 19º (Kadosh) até o 33º (Consistório) sob a autoridade do Supremo Conselho da França.

Nesse sistema misto de simbolismo e altos graus, a Loja Capitular era dirigida por um Príncipe Rosa Cruz – em linhas gerais o Athersata era também o Venerável Mestre dos três primeiros graus.

Sobre o primeiro ritual do simbolismo do REAA ainda cabem mais alguns comentários.

Em outubro de 1804, era criado em Paris o Segundo Supremo Conselho do REAA, com a finalidade de difundir o Rito na Europa. É bom que se diga que o REAA fora em princípio concebido originalmente apenas com Altos Graus, isto é, do 4º ao 33º, já que nos EUA, onde se deu o seu nascimento em 1801 (baseado no Rito de Perfeição, ou Heredom), a prática dos três primeiros graus era suprida pelo empréstimo de rituais pertinentes às Lojas Azuis norte-americanas, que correspondem aos graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre praticados na Maçonaria dos EUA.

Com isso, quando o REAA chegou na Europa em 1804, o mesmo não possuía os três primeiros graus.

Cabe destacar que o termo “simbolismo” ainda não era conhecido na França.

Assim, para suprir essa lacuna, o Segundo Supremo Conselho então fundou em Paris, em outubro de 1804, uma Loja Geral Escocesa para organizar e gerir um ritual na França para o simbolismo do REAA – até então inexistente.

Esse ritual, ainda com resquícios de costumes das Lojas Azuis norte-americanas, trazidos por maçons franceses que retornavam dos EUA para a França, acabou temperado pela prática dos autoproclamados “Antigos” da Grande Loja surgida em 1751 na Inglaterra para fazer oposição aos “Modernos” da Primeira Grande Loja londrina que fora fundada em 1717 (vide essa história).

Boa parte desse primeiro ritual do REAA então seria influenciado pela exposure atribuída aos Antigos e conhecida pelo título de The Three Distinct Knocks (As Três Pancadas Distintas). Esse acontecimento mais tarde acabou dando um viés anglo-saxônico para o REAA, que é reconhecidamente um rito filho espiritual da França, portanto, latino.

Devido a essa influência é que o ritual de 1804 do REAA mencionava que o seu espaço de trabalho era tal qual a sala da Loja do Craft, isto é, na totalidade da sua extensão tudo ficava no mesmo nível. Não existia separação por balaustrada do Oriente para o Ocidente.

Nesse mesmo ritual, o que hoje conhecemos como Colunas do Norte e Sul, ambas se estendiam do Oriente até o Ocidente. O Oriente, em linhas gerais, era onde ficavam o Venerável Mestre e as autoridades. Detalhe é que a parede oriental era edificada em semicírculo.

No que concerne ao Oriente elevado em relação ao Ocidente do Templo, este costume somente surgiu pelo advento das Lojas Capitulares, época em que foi, em 1820, construído um outro ritual que se adequasse às então normas capitulares. É dessa época que a terça parte da área de trabalho da Loja foi elevada e separada por uma balaustrada com uma passagem central. Foi desse modo que o Oriente, à moda do Capítulo, acabou separado e elevado do Ocidente nos Templos do REAA.

Com isso, nas Lojas Capitulares, o acesso para o Oriente era feito por quatro degraus. Na verdade, o Oriente elevado fora na época concebido para representar o Santuário do Grau Roza Cruz. Esse espaço, durante os trabalhos da Loja, era ocupado apenas por aqueles colados no Grau 18 ou acima dele.

Mais tarde, com o desaparecimento das Lojas Capitulares, já que o Supremo Conselho do REAA havia reivindicado justamente para si os graus a partir do 4º até o 18º, as modificações produzidas no ritual das Lojas Capitulares pelo Grande Oriente da França em 1820, modificações essas concernentes à divisão e elevação do Oriente, ao invés de serem extirpadas, ao contrário, ficaram incorporadas definitivamente no simbolismo do REAA. Isto é, extinguem-se as Lojas Capitulares, mas o Oriente das Lojas Simbólicas continua dividido e elevado.

A bem da verdade, não é de hoje que o REAA vem sofrendo com enxertos e adaptações com práticas que não lhe dizem respeito.

Com a evolução e o aprimoramento dos rituais do escocesismo a partir do século XIX na França, a performance topográfica do Oriente concernente aos quatro degraus de acesso acabaria se dividindo em um degrau de acesso para o Oriente e três para o sólio.

Contudo, sob o aspecto doutrinário, o simbolismo do REAA requeria a presença de sete degraus no seu Templo, o que seria então somado aos quatro primeiros de acesso ao Oriente e ao sólio, mais dois degraus para a cátedra do 1º Vigilante e um degrau para a do 2º Vigilante.

Ao final, a soma desses desníveis totaliza o número de 7 degraus, cujo valor simbólico é incontestável no arcabouço doutrinário do REAA (o setenário do Mestre).

Quanto aos principais simbolismos desses degraus, esotericamente o número 7 alude ao shabat, ou o dia da criação (influência hebraica). De modo especulativo é a arte de criar um elemento humano que seja capaz de produzir templos à virtude universal (aprimoramento humano). Ainda, por influência anglo-saxônica, o número 7 também simboliza a presença na Loja das Sete Artes e Ciências Liberais estudadas desde a Idade Média. Divididas por Boécio em trivium e quadrivium, a primeira divisão ternária se relaciona com a Gramática, a Retórica e a Lógica (a arte de bem falar), enquanto a segunda divisão quaternária se pauta com a Aritmética, a Geometria, a Música e a Astronomia (a arte de conhecer os arcanos do Universo).

Entretanto, no que diz respeito à disposição correta dos degraus nos templos, sem dúvida ainda existem muitos deles que seguem rituais equivocados, ou seja, permanecem com o Oriente elevado, porém acessado por quatro degraus em vez de um apenas como descrito anteriormente.

Infelizmente essa contradição, dos quatro degraus de acesso, acabou se generalizando porque ao longo dos tempos muitos Templos do escocesismo acabariam sendo construídos com número de degraus à moda capitular ou mesmo copiando outros Ritos. O problema é que corrigir essa disposição equivocada acaba sendo dispendiosa, resultando muitas vezes em reformas caras e economicamente inviáveis para as Lojas. Dado a isso é que muitos, mesmo errados, preferem permanecer como estão.

Ao concluir, reitero que a maneira mais apropriada para a distribuição dos sete degraus consagrados no simbolismo do REAA, desde a extinção das Lojas Capitulares (ainda no século XIX), é a de um degrau para o Oriente, três para o sólio, dois para o 1º Vigilante e um para o 2º Vigilante – total igual a sete.

DESPOJANDO-SE DOS METAIS - Newton Agrella


O ato do despojamento dos metais, empreendido logo no começo da Cerimônia de Iniciação na Maçonaria - e particularmente no Rito Escocês Antigo e Aceito - que é o mais amplamente  praticado no Brasil, encerra em sí, não apenas e tão somente a ideia do desvencilhamento dos bens materiais, dos sinais aparentes de riqueza e opulência, mas sobretudo o simbolismo do desapego às ideias preconcebidas, ou seja; dos preconceitos que trazemos conosco e encontram-se muitas vezes recônditos e arraigados dentro de nós.

A Maçonaria, no seu âmbito acadêmico e filosófico pugna por incitar ao profano que espera tornar-se um Iniciado a elaborar, por si só, a Arte do Pensamento e do exercício Especulativo.

E no seu âmbito dialético, a estimular ao Iniciado que o mesmo, gradativamente, vá se desvinculando de conceitos dogmáticos doutrinários que até então eram os instrumentos mais palatáveis e mais simples de serem digeridos ao longo de sua existência.

Cabe lembrar que a Iniciação Maçônica, simbolicamente, tem o significado de um "nascimento".

Como tal, o simbolismo contido nesta experiência, enseja a ideia de que o Iniciando venha destituído da vaidade, do orgulho, dos dispositivos que concorrem para prejudicar os preparativos de um trabalho longo e exaustivo, cujo propósito final é o de se alcançar os melhores resultados pelo aprimoramento da consciência humana.

Trata-se pois, de uma lavra de cunho antropocêntrico, hominal e intectual, revestido de uma ritualística esotérica e inspirada em valores metafísicos como um modo de reconhecimento da existência de um Princípio Criador e Incriado do Universo, que se constitui num referencial de origem que explica a nossa própria existência.

Simbólicamente, ao despojar-se dos metais, nossa mente se liberta das amarras dos dogmas que inibem o exercício livre de nosso raciocínio.

Indispensável registrar que a Maçonaria tem como propriedade incomparável e estimulante facultar a seus membros o direito pleno de crer e seguir qualquer Credo ou Denominação Religiosa, sem qualquer tipo de censura. O que evidencia seu caráter adogmático.

Contudo, sua mais relevante missão é a de estimular e encorajar que seus membros articulem todos os meios para que se tornem legítimos "Livres Pensadores", desatrelados a proselitismos de qualquer natureza e provendo a inesgotável busca pela *Liberdade* responsável no convívio social, pela *Igualdade* de direitos, obrigações e oportunidades entre as pessoas e especialmente pela *Fraternidade* como a forma mais sadia, densa e consistente no relacionamento de amor, dignidade e respeito entre as pessoas.

Despojar-se dos Metais é somente tudo isto.



novembro 27, 2024

O SEGREDO DA MAÇONARIA - Almir Sant'Anna Cruz


Invariavelmente as antigas instituições filosóficas e religiosas dividiam seus ensinamentos em públicos ou exotéricos (de caráter geral e ético, ministrados sob a forma de contos, alegorias e parábolas) e secretos ou esotéricos (de caráter individual e místico, reservados aos iniciados).

Jesus também assim procedeu. Na Bíblia podemos confirmar que se para o público em geral seus ensinamentos eram limitados e por parábolas, para seus discípulos tudo lhes era revelado:

*Marcos 4:11: E ele disse-lhes: A vós é dado saber os mistérios do reino de Deus, mas aos que estão de fora, todas estas coisas se ensinam por parábolas*

*Marcos 4:34: E sem parábolas nunca lhes falava; porém tudo declarava em particular aos seus discípulos*

No período operativo da Maçonaria, os segredos do ofício e das técnicas de construção utilizadas pelos Maçons era de fundamental importância, pois lhes assegurava a sobrevivência através de uma reserva de mercado. Também os sinais, toques e palavras garantiam trabalho e proteção para aqueles que viajavam de um lugar para outro. 

Em capítulo precedente já vimos a importância que se dava aos segredos dos Maçons operativos no Poema Regius.

Também vimos em outro capítulo, na Lenda Hirâmica, a importância das palavras e sinais secretos:

Alec Mellor in Dicionário da Franco-Maçonaria e dos Franco-Maçons afirma que nunca faltarão concepções fantasiosas e até aberrantes do Segredo maçônico, alimentando tanto os detratores da Maçonaria quanto a credulidade humana.

A essa afirmativa, podemos acrescentar que os próprios Maçons são os responsáveis pelas ideias erroneas sobre o Segredo maçônico. Para muitos Maçons, tudo é segredo e quando são perguntados a respeito de um assunto trivial, respondem com ar professoral com um enigmático “isso é segredo”, seja por uma convicção erronea do que efetivamente é segredo, seja para encobrir seu desconhecimento sobre o assunto que lhe foi perguntado.

Segundo Mellor, o Segredo da Maçonaria corresponde a duas distintas noções:

*- Os Segredos (no plural), que dizem respeito aos sinais, palavras e toques pelos quais os Maçons se reconhecem e se “distinguem dos outros homens* 

*- O Segredo (no singular), que é um conceito totalmente filosófico e de conteúdo variável*

*Para alguns, concebido como o estado de iluminação interior atingido na Iniciação e que a linguagem humana não saberia traduzir e, portanto, trair, visto que as palavras correspondem a conceitos ao passo que o pensamento iniciático eleva-se acima do pensamento conceitual* 

*Para outros, o Segredo não conduz a um conteúdo de ideias, mas é de ordem moral e não passa da ascese simbolizada pelo ritual e destinada a realizar o homem ideal. A concepção cristianizada dessa ascese torna-a um meio privilegiado de salvação*


Jesus Hortal, reitor da PUC-RJ in Maçonaria e Igreja, afirma:

*O segredo maçônico é uma espécie de viagem espiritual que o iniciado faz e que dificilmente poderia exprimir-se com palavras. É algo que o maçom guarda para si. Quanto mais velho, mais volumoso é o seu segredo, composto dos resquícios de suas experiências de vida*

Jean-Jacques Casanova de Seingalt (1725-1798), o célebre aventureiro veneziano do século XVIII, conhecido em nossos dias como o libertino Casanova, teve o seu texto História da Minha Vida deturpado quando de sua publicação no século XIX. Mas em 1960 o texto original foi publicado na França, surgindo então seu verdadeiro pensamento, pleno de psicologia e perspicácia. Conquanto não se possa citá-lo como modelo de virtude nem como exemplo de Maçom, reproduzimos a seguir suas interessantes observações sobre o Segredo da Maçonaria:

*Os homens que se fazem receber Maçons apenas com a intenção de conseguir o conhecimento do segredo da Ordem, correm grande risco de envelhecer sob a colher de pedreiro sem jamais atingir a meta que se propõem*

*Há no entanto um segredo, mas que é tão inviolável por sua própria natureza que nunca foi confiado a ninguém*

*Aqueles que param na superfície das coisas pensam que o segredo consiste em palavras, sinais e toques, ou que finalmente a grande palavra está no último grau*

*Erro. Aquele que adivinha o segredo da Maçonaria, visto que só será conhecido se for adivinhado, só chega a este conhecimento por muito freqüentar as Lojas, por muito refletir, raciocinar, comparar e deduzir*

*Quando chega a ele, evita participar a sua descoberta a quem quer que seja, mesmo a seu melhor amigo Maçom, pois, se o último não teve o talento de penetrá-lo, tampouco terá o de aproveitá-lo depois de conhecê-lo oralmente. Esse segredo será, portanto, sempre um segredo*

*Tudo o que se faz na Loja deve ser secreto, mas aqueles que, por uma indiscrição desonesta, não tiverem escrúpulos de revelar o que nela foi feito, não revelaram o essencial. Como eles poderiam revelar, se nada sabem? Se soubessem, não fala-riam das cerimônias*

Há também os céticos, que afirmam que o grande segredo guardado pelos maçons é que não existe segredo algum. Entre eles encontra-se o filósofo John Locke, que afirma:

*Mesmo que a inexistência de algum segredo seja o grande segredo maçônico, não é uma pequena proeza manter isso em segredo*

Finalmente, destacamos um trecho de nosso livro Simbologia Maçônica dos Painéis: Lojas de Aprendiz, Companheiro e Mestre:

*Quando um Maçom se torna verdadeiramente um Maçom, sua busca terminou* 

*Ele encontrou o Segredo*. 

*Como revelá-lo a quem não se iniciou nos Mistérios da Maçonaria?* 

*Como transmiti-lo a quem entrou para a Maçonaria, mas não conseguiu ainda ser Maçom?* 

*Quem descobre o Segredo não o revela a ninguém. A ninguém em nenhuma circunstância!* 

*O Segredo é intransmissível!*

Do livro "Maçonaria para Maçons, Simpatizantes, Curiosos e Detratores" - Interessados no livro contatar o autor, Irm.’. Almir, no WhatsApp (21) 99568-1350

DA EVOLUÇÃO - Heitor Rodrigues Freire


A  tendência natural do ser humano é a evolução, e ela se manifesta pelo uso do conhecimento, da inteligência e da vontade de realizar.

Assim, ao longo dos milênios, o homem foi descobrindo, criando e aperfeiçoando suas descobertas e invenções. Esses grandes avanços vão desde a descoberta do fogo, passando pela criação da roda e a invenção da escrita, até a decodificação do DNA e a criação da internet.

A lista é muito extensa, afinal o *homo sapiens* já habita a terra há aproximadamente 200 mil anos, segundo os estudos mais recentes. E seria impossível listar todas as descobertas de cada área num só artigo.

O domínio do fogo pelos primeiros hominídeos foi de fundamental importância para a sobrevivência da nossa espécie. Em milhares de anos utilizando o fogo, o homem conseguiu produzir diversos materiais (metálicos, cerâmicos) que impulsionaram o desenvolvimento civilizatório.

Relaciono, a seguir, algumas das invenções e descobertas que mudaram a história da humanidade:

A lei 

A vida em comunidade exigiu um ordenamento que permitisse o relacionamento entre as pessoas e os países. Ur-Nammu, imperador da Suméria no século XXII antes de Cristo, criou o primeiro código que funcionava em termos condicionais, no estilo “Se X acontecer, Y deverá ser aplicado”. Logo depois, na Babilônia, Hamurabi criou o Código de Hamurabi, baseado na lei do Talião, conhecido como “olho por olho, dente por dente”, famoso até hoje.

A roda

Antes da invenção da roda em 3.500 a.C., os trabalhadores não tinham nenhuma ferramenta para o transporte de sua produção, e por isso sua capacidade ficava limitada ao que cada pessoa (ou grupo) podia produzir e carregar. A roda, para sua funcionalidade, precisava de um eixo, que foi criado logo a seguir e foi sendo aperfeiçoado cada vez mais.

O prego

O prego foi inventado cerca de 2.500 anos antes do nascimento de Cristo, conforme a humanidade aprendeu a manipular o metal e mudar a sua forma. O prego foi aperfeiçoado pelo grego Arquimedes no século III a. C, que criou uma variação dessa ferramenta, transformando-a em parafuso.

A bússola

A invenção da bússola pelos chineses ajudou a resolver o problema de orientação para os navegantes, viajantes e desbravadores em geral, tomando como referência o campo magnético do planeta, que sempre aponta para o Norte. Uma invenção simples e revolucionária, que passou por diversos aprimoramentos, como o GPS que usamos hoje o tempo todo. 

A prensa móvel

Ela foi inventada em 1440 por Gutenberg e logo se tornou uma das inovações mais sensacionais da história. Permitiu que livros e textos fossem impressos em larga escala (e deve ter deixado muito monge copista sem emprego) pela primeira vez na história.

O motor

A revolução industrial não teria existido se não tivessem inventado o motor. 

Os algarismos arábicos 

O matemático italiano Leonardo Fibonacci (1170-1240) trocou os complexos algarismos romanos pelos arábicos, bem mais simples e práticos. A facilidade que isso trouxe para os cálculos resultaria no avanço da álgebra e, por consequência, de toda a tecnologia. 

Os óculos

O inglês Roger Bacon (1220-1292) construiu as primeiras lentes de cristal para corrigir distorções da visão. A invenção de Bacon demoraria mais de 100 anos para se tornar prática. Em 1784, o americano Benjamin Franklin inventaria os óculos bifocais.

A caravela

A exploração do mundo deve muito a essa invenção portuguesa. Comparadas com as demais embarcações da época, as caravelas eram rápidas, seguras e resistentes. Elas abriram os caminhos do Velho Mundo em direção ao Novo Mundo.

A pólvora

Inventada por alquimistas chineses, a pólvora é uma das criações mais letais já criadas pelo homem. Inicialmente usada com um atirador de lança voltado a atacar um inimigo distante, durante a Idade Média a pólvora passou a ser usada de modo mais refinado, resultando nas atuais armas de fogo. O homem demonstrou ser especialista em artefatos de destruição da sua própria espécie.

A eletricidade

É graças ao manejo da eletricidade que nós conseguimos acender uma lâmpada, ligar a TV ou colocar o celular para carregar. Como sabemos, eletricidade é um termo geral que se encontra nos fenômenos da natureza.  Porém, nem sempre a eletricidade esteve dominada pelo homem. Tudo mudou depois que um físico inglês chamado Willian Gilbert passou a estudar a eletricidade, ainda no século XVII. A partir dele, outros estudos surgiram e levaram os cientistas a descobrir como reproduzir e controlar o uso da eletricidade.

As descobertas científicas

A ciência tem sido um dos pilares fundamentais do progresso humano, impulsionando inovações, descobertas e avanços tecnológicos que transformaram nossa sociedade. Entre inúmeras, destacam-se:

A Teoria da Relatividade, de Albert Einstein; a descoberta da penicilina, que derivou no uso de antibióticos para o combate de bactérias; a descoberta da estrutura do DNA, que levou ao conhecimento das funcionalidades do corpo dos seres vivos; a criação das vacinas; a descoberta das técnicas de transplante de órgãos humanos; a Missão Apollo 11 e a chegada do homem à Lua; a descoberta dos buracos negros; o sequenciamento do genoma humano; a descoberta das ondas gravitacionais; as fotografias de galáxias distantes, etc. etc.

O que se constata é que o homem sempre foi muito criativo e inteligente com o que observa fora de si, inventando meios e condições que transformaram e melhoraram muito a sua própria vida.

Mas a transformação mais importante decorre de um acontecimento que mudou a história da humanidade: o nascimento de Jesus, que nos ensinou de forma didática e simples – por isso de certa forma desconsiderada – a fórmula para a maior e mais importante transformação que cada um pode fazer, a mudança interior, que se dá por meio do amor a Deus e principalmente ao próximo. Assim como acredito que a humanidade realmente tem jeito, creio também que no decorrer do tempo e do espaço há de haver a grande transformação. E ela já começou.


novembro 26, 2024

CARTA AOS IRMÃOS - Roberto Ribeiro Reis


Amados Irmãos! Se eu pudesse descrever a alegria que sinto em estar entre colunas, vivenciando convosco os sublimes caminhos da Arte Real, não o faria em um simples texto, pois este não seria capaz de contemplar o sentimento de euforia e gratidão por vossa companhia nas batalhas da vida.

Seria necessário um livro, pois nele estariam contidas todas as passagens, as reuniões ritualísticas, os relatos dos que se foram para a Morada Eterna, além de muitos, mas muitos casos pitorescos, que só nossa Honrosa Instituição nos é capaz de proporcionar.

Quanta sabedoria, cultura e conhecimento foram espargidos por todos vós, em forma da mais resplandecente luz; essa luz que traz calmaria e paz ao espírito de todo Obreiro. Quantos tríplices e fraternais abraços troquei convosco, e quantos deles eu recebi nos momentos em que meu coração mais precisava.

Quantas visitas foram realizadas em vossa companhia aos Orientes vizinhos, nos quais fomos recebidos calorosamente, com inigualável afeto; lá, estreitamos laços do mais sincero amor, o amor fraternal que rompe quaisquer barreiras geográficas, solapando todas as diferenças em razão de raça, crença religiosa ou ideologia político-partidária.

Afinal, convosco aprendi que a tolerância e a indulgência são as vigas-mestras que devem ser o sustentáculo de nossa Excelsa Agremiação. Na Maçonaria que vivenciamos, cotidianamente, não há espaço para os retrocessos medievais ou rupturas em razão da desmesurada vaidade profana.

Seja no templo/loja, ou fora dele, o que viceja e se sobressai é um respeito incondicional ao pensamento alheio, de todo Irmão; e convosco também aprendi que jamais poderia impor minhas convicções, vontades ou desejos, pois em nossos trabalhos o que prepondera é o espírito de liberdade, igualdade e fraternidade.

Por vós fui retirado dos abismos inexoráveis da ignorância e do obscurantismo; por vós obtive a inefável e indelével sensação de receber a Luz. Essa Luz que me libertou dos grilhões do egoísmo, do personalismo excessivo e da cegueira espiritual quase irreversível, na qual me encontrava.

Por tudo isso, o que me resta é vos agradecer, penhoradamente, enquanto juntos caminharmos nesse mundo das ilusões materiais. Espero, do fundo de minh’alma, que eu seja merecedor de convosco encontrar no Oriente Eterno, para que continuemos nossa marcha de aprendizado e evolução.

Convosco aprendi que serei um Eterno Aprendiz, a despeito de todas as comendas, graus ou honrarias que me forem concedidas; convosco aprendi que ainda teremos de galgar inúmeros outros graus –verdadeiramente inefáveis- a fim de que possamos receber as instruções do Único e Verdadeiro Grão-Mestre existente: o Soberano Arquiteto Universal!

UMA PONTE NO ORIENTE DE NOSSAS PERCEPÇÕES - Newton Agrella


(R.'.E.'.A.'.A.'.)

Haverá um tempo em que; cada um de nós, simbolicamente vai passar (alguns já passaram) por uma belíssima ponte  localizada na cidade de Gabara (próxima de Damasco na Síria)  no Oriente Médio, cuja importância merece uma detida reflexão no repertório lendário e filosófico maçônico.

Essa travessia envolve inúmeros aspectos associados a alguns graus da Maçonaria.

Tanto no Simbolismo quanto nos chamados graus superiores.

Seja no âmbito da reconstrução moral e social  quanto na transição para o Conhecimento e a Liberdade de Pensar.

Essa travessia inclusive pode ser interpretada  como a simples ideia de "Liberdade de Passar". isto é, a faculdade que é conferida ao maçom de passar por estágios e provas cada vez mais complexos e dotados de significados cada vez mais densos e profundos que possam conduzí-lo a um aprimoramento gradativo da própria consciência.

A ponte é física e mental.  

É esotérica e intelectual.

Uma ponte que incita-nos a revisitar  nossos valores mais íntimos, a reavaliar  nossas tendências de conduzirmos ou de< sermos conduzidos e finalmente de provocar em nossa mente, quão preparados estamos para erigir com solidez, beleza e firmeza o grande Edifício Social.


Lembrando que esta nossa jornada está conectada com o processo de reconstrução do pensamento, atividade básica que o construtor social se esmera em produzir através das ferramentas que a Sublime Ordem coloca à nossa disposição.

O grande desafio nessa escalada é saber onde, quando e como utilizá-las.

Há uma conjunção de elementos históricos, lendários, sociais e antropológicos a serem considerados para que a travessia seja concluída com êxito e segurança.

Posto isso, temos adiante um caminho ainda muito longo a ser percorrido.

Vamos deixar a poeira baixar e prosseguir no nosso inesgotável exercício especulativo.



OS ATUAIS INIMIGOS DA MAÇONARIA - Armando Righetto

 Por Armando Righetto*

Antes, há muito tempo, todos os Maçons se precaviam e se protegiam contra inimigos externos.

O Clero, governos extremistas e outras forças ameaçavam, constantemente, a sobrevivência da Instituição,

perseguindo, prendendo e julgando os maçons como criminosos.

Estes tempos já passaram, o que não quer dizer que não poderão voltar.

A inquisição dorme apenas, daí a necessidade de permanente vigilância.

Se analisarmos, com isenção, o quadro atual, aceitaremos sem reservas que os maiores inimigos da Maçonaria,

hoje, são os próprios Maçons.

Mal selecionados, não convictos e invigilantes, legam perigo constante à nossa Ordem.

A falta de instrução e de estudos maçônicos, portanto, o desconhecimento de nossa Filosofia, dificultam ou até

mesmo impedem, a reforma íntima de cada um, prevalecendo "vícios" como vaidade, orgulho, arrogância e tantos

outros.

A indisciplina tem causado sérios problemas em Loja.

Alguns Irmãos se dão ao luxo de ignorar Leis e Regimentos Internos.

A omissão, a conivência e a tolerância excessiva têm feito da Moral um código adaptável ao momento, às

circunstâncias e às conveniências de cada um.

Há a necessidade de uma conscientização intensa e geral.

Entramos para a Ordem por vontade própria.

Não fomos obrigados a nenhum juramento.

Quando o fizemos não foi sem antes nos oferecerem inúmeras oportunidade de recuo.

Ainda há tempo para uma atitude menos indigna: se nos sentirmos decepcionados, desiludidos ou desapontados

afastemo-nos da Maçonaria com a mesma espontaneidade com que entramos.

Se, decididos a continuar, lembremo-nos de todas as nossas obrigações, especialmente a de cumprir e fazer cumprir

a obrigação jurada.

Convençamo-nos, somos os atuais inimigos da Maçonaria.

Reformemo-nos, eliminando em nós próprios muitos dos inimigos internos da nossa Instituição e, assim,

estaremos combatendo, natural e intensamente, os inimigos externos.

Lembremos e pratiquemos todos os nossos deveres maçônicos.

Afastem-se os derrotistas, os omissos e os acomodados.

“LUTEMOS, TODOS, POR UMA MAÇONARIA DE MAÇONS!”

*Armando Righetto é Maçom e Escritor. Extraído de seu livro "Maçonaria, uma Esperança"