dezembro 04, 2024

O QUE É A VERDADEIRA PAZ NA MAÇONARIA - Dario Angelo Baggieri



Amados irmãos, presenciamos aos final dos trabalhos a singela e  profunda frase: QUE A PAZ, A HARMONIA E A CONCÓRDIA, SEJAM A TRÍPLICE  ARGAMASSA COM QUE SE LIGUEM AS NOSSAS OBRAS. Vemos isto repetidamente  inúmeras vezes, e a grande maioria dos irmãos, não fazem a devida  introspecção, sobre a profundidade simbólica, Filosófica e Esotérica  contidas neste aforisma enigmático.

O vocábulo PAZ exprime a tranquilidade, o sossego, a concórdia, o  entendimento e a harmonia que reina no seio da humanidade, seja nos  governos ou na sociedade particulares. Ela é garantidora da boa  convivência entre as pessoas e ausência de conflitos entre tendências.  Daí poder dizer que a paz interior é a tranquilidade da consciência,  assim como a beatitude é a paz do espírito tão indispensável à vida  humana, permitindo assim que o homem se realize como ser criado à imagem  e semelhança do Grande Arquiteto do Universo.

É importante definir a paz no sentido bíblico: um estado de espírito motivado pelo facto de estar tudo bem. É o “shalom”  dos israelitas, que por sua vez é traduzida como felicidade material,  prosperidade, segurança, saúde e, também, a felicidade espiritual. Esta  última só existe se a pessoa estiver bem como o GADU, que nos disse:  “Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de  Deus”. E Ele quer que os homens vivam em concórdia uns com os outros,  quando através do apóstolo Paulo, afirmou: “Seja vossa preocupação fazer  o que é bom para todos os homens, procurando, se possível, viver em paz  com todos, por quanto de vós depende”.

Aí surge uma pergunta: porque esta sequencia:

PAZ => HARMONIA => CONCÓRDIA e não Harmonia, Paz e Concórdia ou  Concórdia, paz e Harmonia ou outras possíveis combinações? Qual o  Sentido deste sequencial? Aí começa o entendimento do Simbolismo, que  aflora no filosófico e se completa no Esotérico.

Como irmãos maçons devemos conscientizar-nos de que temos que buscar  não só a paz pessoal, mas também a paz da coletividade Maçónica e da  comunidade em que vivemos. Mahatma Gandhi, com muita convicção afirmou: “Não existe caminho para a Paz; a Paz é o caminho”.

Como caminho, o primeiro deles encontra-se na família, esta que tem  na Maçonaria uma enorme defensora, pois reconhece ser ela a base de  tudo. E neste “tudo” está a fonte dos valores que uma pessoa carrega por  toda a vida: respeito, tolerância, fidelidade, solidariedade,  companheirismo e demais virtudes próprias as criaturas do bem. Diante,  pois, de um horrível quadro da violência, nota-se que falta a paz na  maioria dos lares do Universo de uma maneira geral e também nos lares  brasileiros. Dai concluir o seguinte: a paz começa em casa.

Parafraseando Carmelino Souza Vieira, fazendo uma transferência,  podemos concluir que a Paz é a base de tudo. Não existe Harmonia sem  Paz… Não existe Concórdia sem Harmonia. Mas a Paz, subsiste por si só.  Ela CONTÉM os outros dois, mas NÃO ESTÁ CONTIDA NECESSARIAMENTE,  naqueles.

Vejamos ipsis literis o que está contido no Ritual:  “Conceda-nos o auxílio de Tuas Luzes e dirige os nossos trabalhos a  perfeição. Concede que a Paz, a Harmonia e a Concórdia sejam a tríplice  argamassa com que se ligam as nossas obras.”

Para que os trabalhos ocorram de forma “Justa e Perfeita” é  necessário que os Irmãos estejam entrelaçados, unidos por meio da  “tríplice argamassa”, pois sem ela não há Loja, se não houver a comunhão  em Loja, por meio da União, não há “egrégora”, e não fluindo a  energia não passamos de simples batedores de malhetes e te produtores  de um ritual como tantos presentes na vida profana. Sem esta União e a  mistura não há a troca de energias e por conta disso não ocorre o  aprimoramento individual, não ocorre o “desbastar a pedra bruta”  inclusive.

Vivemos um tempo de preocupação, um tempo de discórdia e de  (des)harmonia, um tempo de desencontros e de individualismo intenso.  Estamos na era do consumismo, ou seja, da valorização das pessoas pelo o  que elas tem sempre vinculado a um património ou até mesmo a estética  de um poder aquisitivo, isto sempre em detrimento ao que a pessoa é como  ser-humano, como ser no mundo.

No contexto social atual por conta da sensação de insegurança, por  conta da globalização das informações por meio da tecnologia, vivemos  uma relativização do tempo estático e com isso surge também a sensação  de que tudo está perdido e que estamos em desordem total.

É evidente que falta na sociedade “paz”, bem como também falta a  “harmonia”, sem contar a falta de “concórdia”, pois aparentemente tenho a  sensação de que estamos na era da discórdia, ou seja, é moda discordar  mesmo que não se tenha fundamentos plausíveis e razoáveis para  fundamentar tal discordância. Quando não vemos pessoas discordar uma das  outras e chegar no calor da problematização partirem para a violência  física e verbal.

Fraternos Irmãos é necessário e importante para a evolução da nossa  sociedade que passemos exemplos de “paz”, de “harmonia” e de  “concórdia”, buscando o consenso e o auxílio do nosso próximo profano. É  necessário que venhamos a importar-nos com o que acontece em sociedade  sob pena de sucumbirmos os mesmos males que vem sofrendo a nossa  sociedade, sucumbirmos por valores perdidos.

Sejamos realmente IRMÃOS na verdadeira PAZ, pois somente assim  teremos no bojo da nossa Sublime Ordem, a Harmonia e a Concórdia com que  se liguem, se argamassem e se completem, as nossas obras.

https://www.freemason.pt/o-que-e-a-verdadeira-paz-na-maconaria-uma-visao-holistica/

O PROFANO E O MAÇOM - Carlos Faria


Exerce a Maçonaria influência sobre os seus Membros, melhorando a sua atuação na Sociedade ?

São os Maçons elementos moralmente capazes de, pelo exemplo, influírem beneficamente sobre os profanos no meio em que vivem ?

Estas são as questões que pretendemos responder hoje, dentro dos limites intelectuais que nos proíbem remígios mais altos na seara ampla e fértil da filosofia maçônica.

Achamos que a nenhum homem, normalmente dotado de sensibilidade, pode ser estranha a influência da Maçonaria, quando tendo transposto os degraus iniciais, e admitido nesta Câmara, porque não é possível deixar-se ficar indiferente, depois de vislumbrar os três aspectos – simbólico, filosófico e moral – com que a nossa Sublime Instituição avulta através dos séculos para vencer as trevas em que jaz o espírito humano.

Nenhum homem, dentro da precária perfectibilidade da espécie, pode jactar-se de ter ingressado na Maçonaria e permanecido tal qual havia sido até aquele evento.

Se existe esse homem, se existe quem dentro da Maçonaria, não encontrou meios de aperfeiçoar-se moral, mental e espiritualmente, certamente deve tratar-se de uma aberração incorrigível, incapaz de captar as irradiações da Sabedoria, de sentir o magnetismo da força e de compreender os benefícios da serena contemplação da Beleza.

O mundo está todo inteiro na Maçonaria, configurado nos símbolos imortais e o homem, quando se torna Maçom, adquire o roteiro certo por onde dirigir os passos a fim de atingir o domínio de si mesmo e integrar-se conscientemente no Universo. Por isso compreende que, no ciclo evolutivo em que se encontra não é senão pedra: Pedra Bruta que o Tempo, o Sofrimento e o Trabalho tornam Polida e Cúbica, através do refinamento espiritual da Civilização e da Ciência.

O Maçom sabe que deve corrigir-se, pois o anseio do Espírito é alcançar a perfeição.

- “Sêde perfeitos como meu Pai é perfeito”, não é mera advertência, mas, como tudo que nos vem do Cristo Deus, uma diretriz que bem representa o objetivo da passagem do Homem pela Terra.

Contrariamente ao que parece aos moralistas e céticos, o Homem não caminha do nascimento para a morte, mas da ignorância para o conhecimento, sabido é que o Grande Arquiteto do Universo não cria apenas para destruir.

O Maçom não é subserviente; não é hipócrita; não é dúbio; não é saliente; não é prepotente; não é usurpador.

É, isto sim, vertical nas atitudes para com o semelhante e horizontal na posição que ocupa na ganga social em que opera. É vertical como o seu esqueleto e horizontal como a superfície em que se apóia. Vertical como o Prumo e horizontal como o Nível – Homem e Terra formando o Esquadro, inflexível e correto.

O Maçom não é mesquinho nem misantropo. É generoso e magnânimo porque com o Compasso exprime a justa medida dos seus sentimentos, cujo esquema se obtém observando a abertura e fechamento das hastes.

Temos, assim, no Esquadro e no Compasso, a fórmula necessária à vitória moral no mundo profano. Fórmula de que só o Maçom é conhecedor cumpre-lhe aplicá-la em todas as circunstâncias da vida.

A estabilidade das realizações humanas no plano físico exige a aplicação dos instrumentos de correção que indicam o grau de inclinação sobre o ponto de apoio. Se a perpendicular não estiver dentro dos índices tradicionais a obra terá a sua durabilidade ameaçada.

Os princípios invioláveis que regem a técnica das construções não diferem daqueles em cuja bitola repousam as atividades do pano moral.

Assim, o Prumo e o Nível, o Esquadro e o Compasso, não são úteis apenas quando se constroem casas e pontes, mas também quando é necessário decidir e aquilatar da conduta humana. Se, pelas qualidades morais, pelo caráter imarcescível, pela prática da Fraternidade, pelo estudo honesto e investigação insuspeita, pelo desprezo ao preconceito, pelo desapego aos bens perecíveis, podemos emoldurar a personalidade de alguém com a expressão daqueles símbolos, teremos o Maçom em potencial, bastando apenas iniciá-lo nos sagrados mistérios da nossa Ordem, Se, pelo contrário, existissem iniciados que devêssemos afastar do nosso convívio em face de corrupção de caráter ou intransigência de princípio egoísticos que teimassem em impor a seus irmãos, nunca os encontraríamos iluminados por aquelas Luzes, porque por mais que se esforçassem em demonstrá-lo, não seriam reconhecidos Maçons.

O Maçom é virtuoso, e não é corruptível nem corrompe; é altivo e não é humilhante; é confiante e correspondente; é honrado e não desonra.

O Maçom é positivo pela maneira como age e os reflexos de sua ação mais insignificante atingem a periferia longínqua do seu meio ambiente.

O Maçom não se distingue pelo que tem, nem pelo que pode, nem pelo que sabe, mas pelo modo como vive entre os ditos profanos.

Diante do mosaico de raças, religiões, credos políticos e escolas filosóficas que formam a babel humana é o Maçom a personificação da compreensão universal, catalisador das divergências sociais que dividem e infelicitam os homens. Condena os abusos dos déspotas tanto como os desatinos dos que se rebelam. Anima aquele que confia e honesta e diligentemente investiga a verdade, mas desmascara o impostor, combate e persegue o charlatão como inimigos falazes da espécie. Sabe que não há neutralidade entre o Vício e a Virtude, mas não castiga aquele que erra sem antes estudar as circunstâncias que o levaram ao erro e não louva o que vive na Virtude, para não despertar a vaidade, que condena.

O Maçom abomina a falsidade porque sabe que “nada há oculte que não seja descoberto”, segundo o Livro Sagrado da Lei.

Haverá sempre um ramo de Acácia, a indicar o lugar dos despojos; sempre soprará, leve como a brisa, persistente como as ondas, eloqüente e inevitável como a eternidade, o som percuciente da voz interna que repete inconscientemente o “mea culpa”, denunciando o autor do delito.

A Palavra é a principal conquista do Espírito, que por seu intermédio, transmite às gerações nascentes o conhecimento adquirido ou conquistado; o Sentimento é a baliza que determina o aperfeiçoamento atingido e o Pensamento é a chama que resulta do choque entre a revelação da divindade e a idéia embrionária.

Sabe o Maçom que a Palavra é essencial ao progresso e nunca exercerá o seu poder para cerceá-la, se não for portadora de difamação e não atentar contra a moral: que o Sentimento deve ser desenvolvido e aprimorado, para que cesse a mútua incompreensão dos homens; que o Pensamento deve ser livremente difundido para que jorrem permanentemente sobre a humanidade as Luzes que lhe dão segurança e estabilidade. Entre os que fecham a boca do povo, matam o sentimento das massas e sufocam o pensamento que forceja por expandir-se, nunca estarão Maçons.

Os Maçons são livres e vivem na Verdade. Conheceu a Luz que, partindo do Grande Arquiteto do Universo, ilumina como Estrela Flamígera, o Espírito e a Matéria e faz projetar ao solo a sobra dos maus e dos bons, para que todos conheçam os vícios de uns e a virtude dos ouros.

Vícios e virtudes que se desprendem dos ossos e da carne do indivíduo físico, mas permanecem na composição do indivíduo moral dando-lhe o cunho que o classifica entre os congêneres.

É relevante a influência que a Maçonaria exerce sobre os seus Membros e a nenhum deles é lícito negá-la, porque a retransmitem beneficamente aos seus coevos.

Desde o início remoto das idades até o atual esplendor da Civilização, dentro dos escalões do progresso coletivo, coexistem os tarados e os santos, os estúpidos e os sábios, os gênios e os dementes, porém, desta amálgama amorfa sempre foi possível distinguir o Maçom do profano, porque o Maçom é aquele que vive em constante luta contra os seus próprios defeitos.

dezembro 03, 2024

FUNDAMENTOS JUDAICOS DA MAÇONARIA - Michael Winetzki


 

ARLS UNIÃO JUSTA E PERFEITA 533


O Rito de Emulação de foi criado por uma loja maçônica inglesa a "Emulation Lodge of Improvement for Master Masons." Tinha como propósito padronizar as cerimônias nos graus fundamentais da Maçonaria quando da unificação das Lojas dos Antigos e dos Modernos na formação da Grande Loja Unida da Inglaterra, a Loja mãe da Ordem no mundo.

Ontem visitei uma Loja deste rito, a ARLS União Justa e Fraterna 533, que funciona no prédio em frente ao Palácio da GLESP. Uma Loja eminente jovem e um rito despojado, quando comparado ao Rito Escocês Antigo e Aceito, mas cuja essência é exatamente igual mostrando que na maçonaria deve se dar mais importância ao conteúdo do que a embalagem.

Fui recebido com grande simpatia, e sob a direção do Venerável Mestre Marco Antônio Selim assisti a uma cerimônia de passagem de dois aprendizes para o grau de companheiro. Apesar de meus 43 anos na Ordem nunca tinha visto esta cerimônia, que foi muito emocionante.

Enfim, uma noite para guardar na memória.

TÁ MORRENDO LENTAMENTE - Joab Nascimento


I

Essa geração de ferro,

Tá morrendo lentamente,

Saindo, dando passagem,

Para geração presente,

A geração de cristal,

Chega dum jeito informal,

Mudando a vida da gente.

II

Tá morrendo a geração,

Que mesmo sem ter estudo,

Educava os seus filhos,

Sem saber, porém, contudo,

Mostrava o caminho certo,

O exemplo, sempre por perto,

Da vida, ensinava tudo.

III

Tá morrendo a geração,

Que quase tudo faltava,

Sem conforto e celular,

Na luta, não descansava,

Só tinha o indispensável,

O seu mundo era saudável,

Diariamente trabalhava.

IV

Só nos ensinou valores,

Como amor e respeito,

O valor de uma mulher,

Amamentação no peito,

O respeito aos mais velhos,

Que serviam de espelhos,

Nesse mundo imperfeito.

V

Tá morrendo lentamente,

Quem viveu dificuldade,

Mas com muita honradez,

Viveu na dignidade,

Sem conhecer a riqueza,

Valorizou sua pobreza,

Com respeito e verdade.

VI

Tá morrendo a geração,

Que tinha conhecimento,

Que mesmo sem saber ler,

Pra tudo tinha provimento,

Tinham sapiência no ser,

Conheciam o bem viver,

Nos passando ensinamento.

VII

Tá morrendo a geração,

Que sobrevivia da terra,

Quando chovia no sertão,

Toda tristeza se encerra,

Dando vaga, no presente,

Pra geração prepotente,

Que só sabe fazer guerra.

VIII

Geração com mãos vazias,

Mas seguia com testa erguida,

Tá morrendo a geração,

Que nos deu, a nossa vida,

Que nos ensinou bem cedo,

A viver sem sentir medo,

Nessa via desconhecida.


BOLINHAS NO AVENTAL - Pedro Juk

Em 28/06/2016 o Respeitável Irmão Antonio Carlos Cardoso, Loja Fraternidade Criciumense, 33, REAA, GLSC, Oriente de Criciúma, Estado de Santa Cataria, formula a seguinte questão: 

Li um artigo do Irmão sobre o avental do M∴I∴ e para mim não ficou claro o que simbolicamente representam as 7 bolinhas em nosso avental. O Irmão poderia me ajudar no esclarecimento?

CONSIDERAÇÕES:

Embora alguns autores tenham se esforçado para dar às ditas bolinhas um significado como as do tipo de “representam os sete planetas”, ou “lembram as Sete Artes e Ciências Liberais”, etc., entretanto, aos olhos da razão essas bolinhas não significam mesmo é nada, senão um conjunto decorativo.

São simplesmente adereços que procuram imitar costumes próprios de uns em outros ritos.

Na verdade essas bolinhas originalmente eram franjas, mas alguém, “procurando pelo em ovo”, inventou essa decoração ao ponto de dar no que deu.

Hoje as bolinhas presas às correntes são um hábito sacramentado entre nós, porém sem significado que venha contentar a realidade.

No que diz respeito às originais franjas no lugar das correntes e bolinhas como penduricalhos que enfeitam e guarnecem os segmentos de fitas presos ao avental, o conjunto nada mais é do que a representação simbólica que faz lembrar os antigos aventais operativos que iam fixados à frente do corpo amarrados à cintura, cujos cordões que os prendiam tinham as suas pontas cruzadas às costas e amarradas pela frente (sobre o avental). Esses prendedores, normalmente pelo constante uso, tinham suas extremidades desfiadas, o que lhes dava um aspecto franjado. Nesse particular é que os aventais especulativos da Moderna Maçonaria fazem alusão á essa antiga prática quando imitam com franjas os dois segmentos de fitas fixadas à direita e esquerda pela frente do avental do Mestre. Infelizmente os inventores transformaram as franjas em bolinhas presas às correntes.

Aproveito o ensejo para comentar as “rosetas” do avental do Mestre. Sua origem nada mais é do que a representação dos botões que abotoavam o avental operativo junto ao vestuário (além do mesmo estar amarrado) no intuito de fixa-lo melhor durante os rigores do trabalho, lembrando que os aventais operativos cobriam inclusive a região peitoral do operário e servia literalmente para protegem o corpo no transporte e no desbaste da pedra.

Assim, no intuito de manter essa tradição, muitos aventais especulativos trazem essa simbologia que nada mais é do que uma lembrança dos idos tempos da Maçonaria de Ofício (mas sem bolinhas).

É bem verdade que também essas rosetas já serviram de inúmeras cogitações imaginosas que mais convieram para derramar rios de tinta sobre o papel do que propriamente trazer uma mensagem coerente.

Por fim essa é a história das bolinhas e das rosetas, sendo que essas últimas são substituídas pelo conjunto nível/prumo, vulgarmente chamados de “tau invertido”, no avental do Mestre Instalado.



dezembro 02, 2024

DEZEMBRO QUE VEIO E QUE VAI - Newton Agrella



Abrem-se as cortinas para o encerramento simbólico de um período da vida convencionado pelo chamado, calendário gregoriano.

Dezembro reapresenta suas credenciais, por essas bandas do planeta.  

É o anúncio do SolstÍcio de Verão  no hemisfério sul, que ocorre entre os dias 21 ou 22 de Dezembro a cada ano.

Aquí em nosso hemisfério é o Sol, marcando presença e que simbólicamente representa o renascimento da vida e a renovação espiritual..

No Brasil, a cultura da renovação é algo que se pronuncia das mais variadas formas para o realinhamento de novos planos, especialmente na "noite da virada", sob a inspiração do divinal, do metafísico e do transcendental...

Algo como que um ritual, que ganha ares de reflexão, quando se celebra o Natal e famílias se reúnem para celebrar a vida...

Assim como ganha um certo ar de reminiscências, quando um toque de nostalgia invade a alma e cultivamos lembranças de familiares, que já não se encontram mais entre nós...  

Essa reflexão mais contida, porém, uma semana mais tarde acaba ganhando uma explosão de alegria, esperança e felicidade, quando o show está por terminar... 

As cortinas se fecham por tênues segundos, posto que o show tem que continuar...

É o Novo Ano que se apresenta...

Chega com todo requinte e exaltação de um tempo melhor.

Dezembro vai dar adeus, e sua presença ilustre, deixa como legado, o exercício da reflexão humana, da reconexão com os valores éticos e morais que buscamos como alicerces para a nossa contínua evolução.

Dezembro brasileiro é uma ferramenta para elaborar com mais afinco o aprimoramento de nossa consciência, reaprender a se enxergar no outro, e a remover cargas negativas que acumulamos durante o ano.

Dezembro é a fronteira simbólica do nosso tempo, da civilização ocidental e da cultura da renovação, mesmo diante de tantas adversidades e de tanta ignorância a que o ser humano ainda se submete.

Que  possamos viver Dezembro intensamente e  permitamos que ele se vá, deixando-nos com o nosso espírito desarmado, nosso coração mais leve e a nossa capacidade de Compreensão e Discernimento cada vez mais aguçada...



EMUNAH - Barba



Emunah (אמונה) é uma palavra hebraica que significa _"fé", "confiança" ou "lealdade"_, mas com um significado mais profundo do que apenas acreditar. No contexto judaico,Emunah representa uma confiança inabalável em Deus, baseada não apenas em evidências racionais, mas em uma conexão espiritual e prática com Ele.

Emunah não é passiva; envolve agir de acordo com essa fé, demonstrando confiança por meio de ações. É uma virtude que implica fidelidade e compromisso com os princípios espirituais, mesmo em momentos de incerteza ou dificuldade.

NINGUÉM É MAÇOM, SOMOS RECONHECIDOS COMO TAL - César Luís Bueno Gonçalves


Um dos grandes dilemas maçónicos é saber se podemos ou não intitular-nos maçons (Sou Maçom!) ou se esta afirmação não nos pertence e só pode ser feita por um outro Maçom.

De fato, temos uma visão míope de nós mesmos. 

Tendemos a uma hiper valorização do nosso eu e, não raras vezes, em detrimento do outro… 

Explico melhor: fomos educados num sistema de comparações em que um ponto geralmente é explicado ou visto em relação a outro. 

Tendemos a fazer comparações e assim sentirmos nos mais ricos quando vemos mais pobres, sentirmos nos mais bonitos quando vemos mais feios e assim por diante.

Ocorre que por vezes a nossa miopia egocêntrica é tão grande que nos assustamos com nós mesmos ao vermos a nossa imagem refletida em um espelho. 

Tendemos a não acreditar no que vemos… não é possível que seja eu…

Mas por vezes forçamos a barra e influenciamos a imagem do espelho, ou pelo menos no que ela nos está a revelar. 

O feio torna-se belo e assim por diante.

Assim, ao nos considerarmos maçons, em detrimento de sermos reconhecidos como tal, chamamos para nós um conjunto de características do “ser Maçom” que muitas vezes não apresentamos, não temos.

Claro, pode-se sempre invocar o formalismo. 

Sou Maçom porque fui iniciado. 

Sou Maçom porque pertenço à obediência tal… e etc. … 

Mas será que isso realmente nos confere a autoridade para nos denominarmos maçons?

O que é ser Maçom??? 

É somente ter sido iniciado??? 

Não implica mais nada???

Desde os meus tempos de Aprendiz que escuto um trocadilho muito usual no nosso meio, principalmente quando não gostamos de um determinado Irmão: “fulano é um profano de avental” ou então, quando encontramos qualidades num não iniciado: “é um Maçom sem avental”…

Por certo, ser Maçom implica muito mais que ter passado por uma iniciação.

Também reverbera no meu pensamento uma frase muito pronunciada em iniciações: “bem-vindo meu Irmão; esperamos que agora que entrou para a Maçonaria, que deixe que a Maçonaria entre em si, no seu coração e atitudes…”

A minha angústia, que motiva esta reflexão sobre SER MAÇOM, é a inépcia dos nossos métodos “maçónicos” em muitos de nós. 

 *Não é raro vermos Irmãos com graus de mestre, mestres instalados e, até com o grau 33º, com exposições diametralmente opostas à nossa filosofia, com atitudes antagónicas ao que está inerente às nossas alegorias e símbolos.* 

Bem sei que deveria estar preocupado acima de tudo com a minha pedra bruta, evitando reparar nas imperfeições de outras pedras, mas isto está a tornar-se impossível para mim, pelo que peço humildes desculpas aos meus Irmãos, mas não consigo “tapar o sol com a peneira” – empresto aqui voz a muitos que se têm chocado com palavras e atitudes de outros Irmãos.

Abate-me extremamente estar ao lado de Irmãos que acham que o cume dos seus progressos na Maçonaria são os graus atingidos… ser grau 33º do seu rito, ser Mestre “instalado”, estar autoridade maçónica e assim por diante e, *deixam a humildade, a fraternidade, o carinho e virtudes trancados no armário, o armário da arrogância e da empáfia.* 

Abate-me saber que Irmãos são indiciados civil ou criminalmente pelos mais variados delitos ou crimes.

Abate-me ter conhecimento de Irmãos que batem nas suas esposas, filhos e familiares.

Abatem-me as disputas para saber quem é mais Maçom, quem tem o maior grau… quem foi melhor Venerável Mestre.

Não consigo entender também como alguns insistem em trazer o pior das suas práticas profissionais para o seio das Lojas. 

Estive em Lojas onde me senti como num tribunal de justiça, *onde se fazia de tudo menos aquela egrégora gostosa de estar entre Irmãos.* 

Todas as palavras eram medidas com cuidado, os discursos eram cheios de erudição jurídica, menos maçónica. 

A sessão travava com os famigerados “pela ordem Venerável”…

E o que dizer dos Irmãos entendidos em política. 

Raro é vê-los apresentar um trabalho sobre alegoria ou simbolismo maçónico… a tónica é uma só: política.

Voltamos então ao fulcro desta reflexão: sou Maçom ou sou reconhecido como tal ? 

O que significa ser reconhecido como Maçom?

O que é ou quem é o Maçom ? 

Há algo que o diferencia de outro ente?

Se nos orientarmos pelos rituais e pela literatura maçónica teremos uma visão super idealizada do SER MAÇOM. 

Ele mais se parece com um super-homem, dotado de poderes extraordinários. 

Mas no convívio, no dia a dia, desfaz-se esta visão do super-homem. 

Eu pelo menos nunca o encontrei entre nós, pelo menos não na forma idealizada. 

Muito menos em mim mesmo…

Está mais do que na hora de nos despirmos do modus profano. 

De tirarmos as nossas máscaras e darmos um passo em direcção ao autêntico “ser Maçom”. 

Está na hora de sermos maçons.

Reconheça que você não é o centro do universo!

Reconheça que outros podem vivenciar mais a maçonaria do que você!

 *Reconheça que graus para nada servem se o seu coração e atitudes não passaram daquelas do grau de Aprendiz (pedra bruta)!* 

Reconheça que ser Mestre Instalado não lhe dá direitos acima dos seus Irmãos!

Reconheça que tem pesquisado, estudado e reflectido muito pouco sobre os nossos símbolos, alegorias e ritualística!

Reconheça que tem faltado às sessões porque se acha melhor que aqueles que lá estão sempre, gostando ou não, ajudando nos trabalhos em Loja.

Reconheça que se é verdade que Maçonaria não se faz somente em Loja, também o é verdade que sem estar em Loja não se faz Maçonaria! 

É na Loja que exercitamos o “submeter minhas vontades e fazer novos progressos na maçonaria”. 

Não se iluda.

Reconheça que a Maçonaria não é clube social, partido político, confraria da cerveja ou o quintal da sua casa, terraço do seu apartamento, a sua sala de trabalho, mas uma Ordem INICIÁTICA.

Reconheça, por fim, que você não é dono da Loja.

Deixe que as alegorias e símbolos tomem forma no seu interior e se manifestem nas suas atitudes, não em meras palavras.

 *Deixe que o movimento da egrégora maçónica lhe tome a mente, o coração.* 

Deixe que a humildade aflore nas suas palavras e acções. 

Não tema, pode baixar a guarda, você está entre Irmãos.

Por fim, receba o seu prémio, não é um avental mais bonito que o dos outros Irmãos ou um título de Mestre Instalado ou 33º mas, tão somente uma acção: você é reconhecido como tal, sem sombras de dúvidas!


 

dezembro 01, 2024

ENCONTRO DE ACADÊMICOS - Michael Winetzki -

 


Realizou-se na manhã de ontem a primeira Assembleia Anual da Academia Maçônica Brasileira de Letras, Teatro, Ciências, Artes e Musica, composta de 33 academicos titulares, escolhidos entre os mais eminentes intelectuais da maçonaria no país e um grande número de acadêmicos honorários e correspondentes em todo o país e em diversas outras nações.

Presidida pelo escritor e editor Mauro Ferreira, o evento teve lugar no Palácio Maçônico da GLESP com a presença de grande número de convidados e famílias, muitos dos quais tomaram posse como acadêmicos correspondentes.

O mestre de cerimônias foi o palestrante e show-man Paulo André, que a todos divertiu com uma apresentação de fino humor, Houve ainda uma pequena palestra minha, um soneto dedicado a Academia de Adilson Zotovici, um dos mais importantes poetas da Ordem e um repente de Aldy Carvalho O Cantador, um gênio guardião da arte e cultura nordestinas, todos acadêmicos.

Fui honrado pelo presidente Mauro Ferreira para participar da mesa diretora dos trabalhos como representante da Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras, que tenho a honra de presidir, e de estabelecer uma série de atividades de incentivo a cultura que nossas Academias realizarão em parceria.

Foi o momento de encontrar pessoalmente muitos irmãos que só conhecíamos de palestras virtuais e de abraçar outros tantos com quem raramente nos confraternizamos.

Foi um evento grandioso encerrado com um magnífico almoço no restaurante do Hotel Leques.

EQUILIBRIO PERFEITO




“Se tiver um pão e eu um euro, e eu usar o meu euro para comprar o seu pão, no final da troca terei o pão e você o euro. 

Parece um equilíbrio perfeito, não é? 

A tem um euro, B tem um pão, depois A tem o pão e B o euro. É uma transacção justa, mas meramente material.

Agora, imagine que tem um soneto de Verlaine ou conhece o teorema de Pitágoras, e eu não tenho nada. Se partilhar comigo ou até me ensinar, no final desta troca, eu terei aprendido o soneto e o teorema, mas ainda assim você os terá também. 

Neste caso, não há apenas equilíbrio, mas crescimento.

Primeiro tivemos um negócio, no segundo partilhámos conhecimento. E enquanto os bens se consomem, a cultura expande-se infinitamente. ”


Michel Serres, filósofo francês -

1/09/1930 - 1/06/2019


Adaptação - João Carlos Costa

ACADEMIA - Adilson Zotovici


 

Vejo como Academia

De Letras, que eruditos,

Servem em eventos benditos

Seus talentos dia a dia


Todas com seus próprios ritos

Quais denotam fidalguia

Dos confrades a mestria

Sem vaidades, irrestritos


Em suma, além de serventia

A sapientes restritos

Ruma cultural sedia


Das letras portos, peritos

Vivos à filosofia

Muito além de mortos, mitos !





PALESTRA DE MICHAEL WINETZKI


Palestra: As lições da Arca de Noé 
Os ensinamentos para um relacionamento feliz