janeiro 04, 2025

AS ARTES LIBERAIS - José Luiz Garcia Villar


INTRODUÇÃO

Irmãos, escrever sobre as Artes Liberais e a Maçonaria, tornou este trabalho desafiador, não pela necessidade de estudos e leituras, mas porque, como Companheiro, devo me ater aos ensinamentos do meu grau.

Sair do material, tátil e visual, para o espiritual e abstrato, sem cair na espiral das frases que não significam nada ou dizem o que significam de uma forma não clara, não é fácil, mas graças ao G∴A∴D∴U∴, me foram colocados nesta caminhada, Irmãos que me orientaram nesse desbaste.

DESENVOLVIMENTO

As sete artes liberais são um conjunto de disciplinas que, na Antiguidade e na Idade Média, eram consideradas essenciais para a formação de um indivíduo culto e preparado para a vida pública.

Temos Platão, que trabalhava as artes livres, onde o aluno tinha o direito de pensar. Aristóteles e Isócrates (Pai da Oratória), tinham como meta a gramática, a retórica, a dialética, a geometria, a aritmética, a astronomia, a música e a arquitetura.

A maçonaria, por sua vez, valoriza o conhecimento, a moralidade e a busca pela verdade e utiliza essas artes no ensino aos seus membros.

Dentro desse contexto maçônico, as sete artes liberais são frequentemente referenciadas, como um símbolo do conhecimento e da educação que os maçons buscam cultivar, promovendo a ideia de que o desenvolvimento intelectual e moral, é fundamental para a formação de um bom cidadão e para a construção de uma sociedade justa.

Assim, as sete artes liberais e a maçonaria compartilham uma conexão profunda, pois ambas enfatizam a importância do aprendizado e do aprimoramento pessoal. Somos incentivados a estudar como essas disciplinas, não apenas servem para enriquecer nosso conhecimento, mas principalmente para aplicar esses conhecimentos em nossas vidas e nas interações com outros Irmãos. Essa busca pelo saber, é vista como um caminho para a iluminação e a evolução espiritual, valores centrais na filosofia maçônica. 

As Sete Artes Liberais estão divididas em duas categorias: o Trivium e o Quadrivium.

Trivium:

Gramática: O estudo da língua e da estrutura das palavras.

Lógica: O raciocínio e a argumentação.

Retórica: A arte de falar e escrever de forma persuasiva.

Quadrivium:

Aritmética: O estudo dos números e suas propriedades.

Geometria: os limites para o conteúdo relacionado às formas e aos espaços.

Música: O estudo das proporções e harmonias sonoras.

Astronomia: O estudo dos astros e dos movimentos celestes. 

A Gramática envolve a aprendizagem de verbos, adjetivos, substantivos e as demais características ortográficas, incluindo o significado das palavras, suas nuances, e como elas podem ser usadas de maneira correta.

A Retórica, é uma tarefa cotidiana em nossa sublime ordem. Aprender a falar em público com fluência e oratória, é uma das bases da instrução desde o grau de A∴M∴. Falar em público é aterrorizante para alguns, mas para os maçons é tarefa cotidiana, pois aprendem tanto de falar como ouvir o discurso dos outros.

A Lógica é a terceira etapa do Trivium, ela consiste em uma sequência regular de argumentos, ela treina nossa mente a pensar com clareza, usando as nossas faculdades de conceber, julgar e raciocinar, evitando que tiremos ou façamos conclusões baseadas em achismos.

A Aritmética que deve lembrar-nos de agir sobre o material, porém, com a beleza da aritmética e da matemática, é que descobrimos a simetria e a proporção. Ela nos mostra que retas e curvas podem ter seus significados expandidos a níveis esotéricos superiores, nos levando à conceitos e ideias abstratas.

A Maçonaria coloca especial ênfase na geometria como sinônimo de autoconhecimento, como compreensão da substância básica do nosso ser.

A Música é parte de nós, ela faz com que nossa audição seja melhorada pela música, em seus tons e amplitudes. As vibrações dos sons de determinada frequência, nos ensina que é preciso disciplina para alcançar a harmonia e escutar os sons do universo.

A Astronomia, nos faz pequenos, contemplar as estrelas nos faz perceber a glória do G∴A∴D∴U∴, nos ensina a admirar e estudar o universo.

Os globos terrestre e celeste sobre os capitéis das colunas das Lojas nos ensinam a compreender a rotação da Terra em torno do Sol. Temos a visão interior da eterna renovação do universo, onde os recomeços, são uma jornada sem fim, como nos mostram os diversos ciclos que a astronomia nos ensina e faz com que sejamos cada vez melhores observadores.

Essas artes, são fundamentais para a formação do ser humano, promovendo o autoconhecimento e a busca pela verdade. O domínio do conhecimento e das habilidades ensinadas pelas artes liberais contribui para a construção de um caráter sólido e ético, elementos essenciais para a prática da maçonaria, além disso, muitos símbolos e rituais maçônicos fazem referência a essas artes, reforçando sua importância no caminho do aprendizado e da iluminação pessoal.

Considerações finais:

As ferramentas do Aprendiz e do Companheiro, nos remetem ao trabalho comportamental, descobre áreas não trabalhadas dentro do nosso ser, nos direcionando à retidão de caráter e veracidade com que tratamos os assuntos maçônicos.

Nos estudos do C∴, a essência das artes liberais repousa na sequência e ordenamento delas. Somos constantemente confrontados com o começo e o fim do saber conceitual e o significado simbólico, onde a presença das artes liberais, tão adaptada pela maçonaria especulativa, tem em seu cerne dois níveis, que são o material e o espiritual.

Vemos essa condição, no Livro da Lei, em Provérbios 9:1, que diz: “A sabedoria já edificou a sua casa, já lavrou as suas sete colunas”.

Considerando apenas a sua importância na maçonaria, veremos uma sequência onde os graus especulativos seguem com a sua sequência descritiva, dentro do Trivium e do Quadrivium, que nos levam a um crescimento, onde o entendimento espiritual e abstrato é a base para se tornar um M∴M∴.

Transcrevo abaixo pequeno trecho de Paulo Edgar Melo, para nossa reflexão:

“Se compreendermos melhor o uso da música e da arte nas nossas vidas, se usarmos a matemática e a geometria, se observarmos a perfeição do Universo, se expandirmos a nossa redação e vocabulário, tudo isso ao longo da nossa vida, vamos nos tornar melhores seres humanos e merecedores das graças e da bondade do Altíssimo.”

Que o G∴A∴D∴U∴ nos mantenha com o propósito de sermos uma escola de virtudes e sabedoria, onde o sistema moral baseado em alegorias e ilustrada por símbolos, seja nosso objetivo espiritual na maçonaria.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Artigo: A Origem das Artes liberais na Idade média, 2017. Revista de História Antiga e Medieval, MYTOS

Artigo: As artes liberais na Idade Média, 1975. Revista de História Ano XXVI, Editora Sociedade Filosófica.

MARTINS, Orlando, NOGUEIRA-SIMÕES, Pedro, O papel da maçonaria na contemporaneidade: Princípios e valores universais na criação de uma sociedade inclusiva, solidária e ética social, 2022. EUROPEAN Review of Artistic Studies.

CAMINO, Rizardo da. Simbolismo do segundo grau, 2021. Editora Madras.

JOSEPH, Irmã Miriam. O Trivium: As Artes Liberais da Lógica, da Gramática e da Retórica, 2002. Ed Realizações.

MARTINEAU, John, Quadrivium: As quatro artes liberais clássicas da Aritmética, da Geometria, da Música e da Cosmologia. 2010, Ed Realizações.



O SENTIDO DA VIDA - Rui Bandeira


Todo o ser humano, mais tarde ou mais cedo, mais ou menos frequentemente, se interroga sobre o sentido da vida. As religiões resultam, em última análise, dessa primordial interrogação, procurando cada uma delas dar resposta à mesma.

Confrontado com a crença religiosa que a sua cultura lhe disponibiliza, o indivíduo tem, basicamente, uma de três reações. Ou aceita essa doutrina, ou a rejeita ou aceita elementos, ainda que modificando-os, dessa tradição, mas busca ir mais além e mais fundo.

Se o indivíduo aceita a doutrina da crença religiosa que a sua cultura lhe disponibiliza, o seu problema está resolvido: o sentido da sua vida contém-se nos princípios dessa doutrina, cumpre, ou procura cumprir, os preceitos dessa religião e busca a Salvação ou a Evolução que a doutrina da sua religião preconiza. Sabe qual é o seu lugar e a sua função no mundo e na vida. Não precisa de se questionar mais.

Se o indivíduo rejeita a crença religiosa que a sua cultura lhe disponibiliza, das duas, uma: ou fá-lo porque se identifica com outra doutrina religiosa, a que se converte, ou, pura e simplesmente não crê. Na primeira hipótese, o seu problema de responder à interrogação primordial sobre o sentido da vida fica resolvido, em termos semelhantes à situação anterior.

Se a rejeição da crença religiosa ocorre porque, pura e simplesmente, não crê, o seu problema fica também resolvido, mas com outra resposta: não existe qualquer sentido na vida, a vida, como o Universo, resulta de uma combinação de fatores físicos e químicos, tudo se resume ao mundo material, onde se nasce, vive-se o melhor que se pode e um belo dia morre-se e nada de nada resta, para além do que se enterra ou é cremado, para dar lugar a outros que, sucessivamente, nascerão, viverão e morrerão, sem que deles nada reste também, para além do que se enterra ou é cremado, até que um dia uma qualquer combinação de fatores físicos e químicos a tudo ponha fim – do começo ao final nada faz sentido, tudo sucede, sucedeu e sucederá por acaso, por mecânica combinação de uma miríade de fatores físicos e químicos.

Se o indivíduo, confrontado com a crença religiosa da sua cultura, aceita, ainda que modificando-os, elementos dessa tradição, mas busca ir mais além e mais fundo, esse é o que mais longa e persistentemente se debate com a interrogação sobre o sentido da vida. A resposta institucional não o satisfaz, a opção no ateísmo materialista também não. Esse rejeita que tudo sucedeu por acaso, por mera consequência de fatores físicos e químicos e que a vida não tenha sentido. Esse considera que existe, sim, um sentido na vida, ainda que ele o desconheça, mas entende que existe um Propósito, um Objetivo, na existência do Universo e, principalmente, da Vida. O que materialmente vê e sente é apenas uma parte do quadro da Vida. Acredita que outros planos de existência ocorrem, que a passagem por este plano material tem um propósito, simplesmente não se satisfaz plenamente com as respostas dadas pela religião da sua cultura – nem com as respostas dadas pelas demais religiões.

Esse, ou se conforma com o desconhecimento e vive segundo os preceitos da sociedade em que se insere, ainda que porventura os não aceitando plenamente, ou busca, por si, com a sua Razão, resposta ou caminhos para resposta suscetível de o satisfazer. É crente, mas não se identifica com nenhuma religião em concreto. É crente porque a sua Razão o conduz a que o seja, mas, por isso mesmo, procura as respostas por si mesmo. É o que se denomina de deísta.

Há ainda os que – talvez a maioria – vão evoluindo ao longo da sua vida, em resultado do seu crescimento, das suas experiências, dos seus encontros e desencontros com pessoas, ideias e ideais. O mesmo indivíduo pode, ao longo da sua vida, passar por mais do que um – no limite, até por todos – dos estádios acima referidos.

Cada um é como cada qual. A pergunta – qual o sentido da vida? – é a mesma, impõe-se a todos, mas cada um dá-lhe a resposta que entende ou que pode dar e, se muda os termos dessa resposta, uma ou várias vezes, é porque a sua natureza o impele a assim fazer.

Muitos, a maioria, interrogam-se sobre o sentido da vida na solidão do diálogo consigo próprio ou podem apenas obter as respostas institucionalizadas da sua tradição religiosa. Outros confrontam a sua interrogação com as similares interrogações de outrem, e daí resultam apostasias, conversões, mas também lutas, por vezes ferozes, ou indiferenças perante as diferenças.

Há uns quantos, porém, que têm a possibilidade de colocar essa interrogação em conjunto com outros, sem confrontos, com aceitação das respostas de cada um, com partilha de pontos de vista e de experiências, pondo todos em comum o que cada um tem, de forma a que cada um retire do todo posto em comum o que necessite para ir mais além e mais fundo, na sua busca pessoal de resposta à interrogação primordial que o venha a satisfazer.

Esses são os maçons!



janeiro 03, 2025

EMPREITADA RUMO AO ORIENTE - Roberto Ribeiro Reis


Já chegando à sala dos perdidos passos,

Vou estreitando com os Irmãos os laços,

Deixando para fora todas agruras do dia;

O semblante já muda, sinto outro astral,

Mesmo quando o assunto inda é banal,

Sabemos que lá dentro aflora harmonia.


O Mestre de Cerimônias, com simpatia,

Distribui joias – e também sua alegria -

Assim o fazendo com vontade e ardor;

Cada Irmão sente uma grande euforia

Intraduzível o tamanho dessa energia:

Anseiam estar no Templo de Esplendor.


Tão logo ingressam rumo ao Ocidente,

Sentem a paz cada vez mais crescente,

E uma energia que desperta e revigora;

Farão nobre empreitada até o Oriente,

Que proporcionará ao Irmão presente

A Sabedoria Augusta, que se incorpora.


Então a Luz se esparge, profundamente,

Ela se nos infunde, tão especialmente,

Iluminando os Ir.’. e a Loja por completo;

Agradeço ao Eterno, o Ser Benevolente,

Que sabe o que cada um de nós sente:

Por isso é aclamado o Grande Arquiteto!












CORAGEM - André Naves


Quais suas superstições de Ano Novo?

            Todo mundo tem… Desde as mais corriqueiras, como se vestir de branco, amarelo ou outras cores, comer romãs, tâmaras e lentilhas, até algumas mais sofisticadas e charmosas…

            Esses dias, num desses programas da tarde, eu tava me divertindo com um sensitivo que dava todas as orientações para o ano que vem nascendo. Era tanta coisa que a gente precisa comer, e colocar as sementes na carteira, que a gente vai precisar usar uma pochete! E as cores, então? E vocês sabiam que dá pra “pular ondas” no chuveiro ou na bacia?

            Quem não tem praia tem bacia!

            Pelo sim, pelo não, minha casa está toda decorada com flores amarelas, e comi uvas, tâmaras, damascos e lentilhas!

            Mas eu tenho uma superstição super séria. Essa eu cumpro à risca! Todo fim de ano, entre o final de dezembro até o começo de janeiro, eu adoro tomar chuva. Não vale qualquer garoinha… Tem de ser daquelas que o céu preteja, como dizem lá em Jacareí!

            Meu pai, de memória extremamente abençoada, que me ensinou. Tenho a desconfiança de que era um jeito das crianças aprenderem brincando a ter coragem…

            O céu ia ganhando aqueles tons de chumbo e a roncar alto, e a gente, eu e meus irmãos, já se ouriçava. Minha mãe se preocupava, como sempre, mas sabia que não tinha muito jeito. No fim, ela entrava na dança.

            E a chuva caia, então! Era água, vento, refresco, bagunça! A chuva, depois ele explicava, tirava nossas impurezas, tudinho de que a gente não precisa, limpa o corpo e a alma! Quando o Altíssimo mandou Abraão ir, ele foi! Era exatamente isso…

            Buscar o melhor de si mesmo! Atravessar seus próprios desertos! Remar até a terceira margem do rio “eu”, já escrevia o Guimarães Rosa!

            Coragem para ir, para fazer, para buscar! Limpos, purificados, despidos das ruindades do ano que vai terminando…

            E Abraão ganhou Isaque, aquele riso da realização… Essa brincadeira da chuva sempre terminava em riso!

            Da Coragem nasce o Sorriso!

            Esses dias eu fui almoçar na minha sogra. Na volta, vínhamos minha esposa e eu pela rua quando desabou o mundo! Dentro do guarda-chuva molhava quase tanto quanto fora. Foi quando ouvi o voz…

            Vai, acho que o ouvi desde aquela eternidade oriental. E eu fui… Saí do abrigo e fui caminhando por aquele dilúvio. Quando cheguei no meu prédio, eu tava igual um pinto molhado, diriam. Olhei pro pessoal e falei: “É… Terra da garoa, né?”. Risada geral…

            Coragem e Riso!

            O ano tá brotando! Que nesses tempos a gente tenha coragem para fazer, para construir, para trabalhar, para desenvolver e multiplicar nossos melhores talentos!

            Acima de tudo, entretanto, vamos ter a Coragem de Sorrir!

janeiro 02, 2025

O TEMPO - Carlos Drummond de Andrade


"Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um individuo genial.

Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.

Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número

e outra vontade de acreditar que daqui para diante tudo vai ser diferente.

Para você, desejo o sonho realizado,

o amor esperado,

a esperança renovada.

Para você, desejo todas as cores desta vida,

todas as alegrias que puder sorrir, todas as músicas que puder emocionar.

Para você, neste novo ano, desejo que os amigos sejam mais cúmplices, que sua família seja mais unida,

que sua vida seja mais bem vivida.

Gostaria de lhe desejar tantas coisas...

Mas nada seria suficiente...

Então desejo apenas que você tenha muitos desejos, desejos grandes.

E que eles possam mover você a cada minuto ao rumo da sua felicidade."


Feliz 2025!

SOLTA-TE PEDREIRO - Adilson Zotovici


Crê em ti, em tua verdade 

Em teu talento alvissareiro

O intento pela humanidade

Vez que hábil livre pedreiro 


Não te acanhes na irmandade 

És consorte de grupo obreiro 

Que ganhes com tua humildade 

Mas com porte dum cavaleiro 


Aprende e ensina com vontade

No dia a dia, ano inteiro 

Da tua oficina a caridade 


Faz do  mundo o teu canteiro 

No verbo tens habilidade

Num segundo...és o primeiro !

Gratidão a esses Grupos criados e conduzidos por irmãos intelectuais, que divulgam durante o ano inteiro a Arte Real em plataformas/salas virtuais, através dos conhecimentos dos eruditos irmãos palestrantes, que tornaram a maçonaria mais unida por todos o país e fora dele.

Chico da Botica-RS 

Cavaleiros da Virtude-AL

Blog Michael Winetzki-SP=  

Jornal do Aprendiz PE

Epaminondas MG

 Acácia-SP 

 O Confrade-GO 

RL Salvador Allende Lx/PT 

O Espirro do Bode 

Salmo133 TX/EUA 

Lux In Tenebris - RO 

Luz e Conhecimento-PA

Urânia-SP 

Grupo Virtual de Estudos Maçônicos RO/PA 

Liceu-SP 

 e sempre ao eterno e inesquecível,  JB NEWS 

APEGO AO PRIMEIRO MALHETE - Newton Agrella


Não raro, em inúmeras Lojas espalhadas pelo Brasil afora deparamo-nos com a singular e indesejável figura do "venerável oculto".

Este personagem, trata-se de um ex-Venerável ou Past Master como preferirem, e que dotado de um espírito egocêntrico e absoluto, dono da verdade, acha-se no pleno direito de opinar, sugerir e interferir no andamento dos trabalhos, inclusive e mormente durante a própria sessão maçônica.

Seja por intermédio de sinais, olhares, ou quando não satisfeito, tomando a palavra e ferindo frontalmente os ditames ritualísticos, sem se importar com as consequências que tais atitudes possam acarretar.

Posta-se obrigatoriamente ao Oriente de maneira olímpica e se possível ombreando o Venerável Mestre de Ofício.

Costuma falar pelos cotovelos, muitas vezes interrompe os trabalhos para fazer alguma observação que segundo a sua perspectiva é inadiável e precisa ser feita naquele instante de qualquer maneira.

Ele ri, cochicha, aponta, corrige e quer que seus pares, próximos a ele, também compartilhem de seu comportamento.

Em suma...um verdadeiro "mala", cujas alças mal conseguem sustentar o seu peso.

Há algum tempo atrás, em visita a uma Loja no litoral paulista, pude testemunhar um desses casos.

O Venerável Mestre que tentava conduzir uma Sessão Magna de Elevação, mal conseguia disfarçar o mal-estar diante de um "venerável oculto" que a cada pouco se ocupava de dar palpites, interrompendo a cerimônia em várias oportunidades a ponto inclusive de comprometer a própria dinâmica da Sessão - fazendo correções, sobre o ritmo dos trabalhos e até mesmo reclamando da falta de uma garrafa de água mineral no Trono de Salomão - onde o mesmo dividia espaço com o 1º Malhete.

Obviamente que esse elenco de atitudes contribuiu para que os Irmãos ao término da Sessão fizessem comentários pejorativos e irônicos, inclusive culpando o Venerável Mestre de ofício pela falta de pulso para coibir esse tipo de coisa.

Cumpre destacar, que normalmente esses "veneráveis ocultos" - que se acham intocáveis donos da Loja - são pessoas que na maioria das vezes dispõem de uma boa formação cultural, estão financeiramente estabilizados contudo, julgam-se no Direito de interferir nos destinos de uma Loja, como que sem a presença destes, a mesma simplesmente não subsistiria.

O que vale dizer que a prepotência e audácia desses Irmãos prejudicam sobejamente o andamento de uma Oficina, e o que se mais lamenta, é que muitos Veneráveis ex-oficio, durante exercício de seu veneralato se omitem de chamar-lhes a atenção, ou de algum modo, tentar inibir esse tipo de comportamento que desagrada e desagrega o quadro de Obreiros.

A figura do "venerável oculto", em alguns casos chega até mesmo a provocar rupturas em Lojas, suscitando a cisma e o advento de uma nova Oficina.

Parece difícil demais conter essa vaidade que a Sublime Ordem tanto combate, mas que o ser humano tão apegado aos valores mais atávicos do Poder - seja ele qual for - mal consegue se desapegar.

Diante desse cenário obtuso e constrangedor, o convite é feito para que o "venerável oculto" - se oculte na sua presunção de onipotência e assuma uma postura mais coerente, humilde e racional diante de seus Irmãos.



janeiro 01, 2025

NOVO ANO ! - Adilson Zotovici



Bom momento pra planejar

E compor um bom futuro

No presente arquitetar

Como transpor cada muro


Antes de tê-los diante,

Sem ação e vê-los inseguro,

Preparo é regra doravante

Caro “ao mole”, que o jogo...é duro


Com empenho e perseverança

Esmera a luz se escuro

Respeito ao PAI e confiança

Com efeito  supera apuro


Leva pois, grande vantagem

O homem de fé e puro

Que se eleva na viagem

Pelas mãos de Deus, seguro


Simples...com propriedade

Regras, sem engano asseguro

Ao caminho da felicidade

Nesse novo ano venturo !


PARA ESTE ANO QUE NASCE - Gujo Teixeirs


Pra este ano que nasce, quero pouca coisa, mesmo !

Menos silêncios e dores, menos perdas e partidas.

Quero apenas, mais momentos de amigos e família

de caminhos que me apontem o rumo certo da vida... 


Que o amor seja constante, tal qual o ar que respiro

que more dentro dos ranchos, abrigado dos rancores

que habite os corações, que seja pleno na alma

que adoce a boca da gente, com o mel que vem das flores...


Que disparem potros xucros pelo campo das ideias

que soprem ventos do norte pelos foles das cordeonas

que a criação das palavras cresça e renasça sozinha

que não falte água boa, na sanga, nem nas cambonas...


Que a tolerância de impere entre as pessoas do mundo

que a paz e a esperança estejam sempre comigo

que todo aperto que venha, seja apenas de um abraço

pela razão mais sincera, de reencontrar um amigo... 


Pra este ano que chega, quero a alegria em sorrisos

e que Deus fique conosco, sem nem nos pedir “permisso”.

Desejo muita saúde, bem querenças... Coisas boas...

E um feliz ano novo, a todos que lerem isso !



SOLIDARIEDADE - José Maria Lemos


Interessante é o significado da palavra solidariedade no dicionário. Se buscarmos, encontraremos: auxílio mútuo, ligação recíproca entre pessoas ou coisas independentes. 

Então, solidariedade que é um substantivo, como palavra, é uma atitude que relaciona duas ou mais pessoas. É mútua, é recíproca. E o mais interessante, não é forçada, é natural. Não sofre dependência. 

Praticar solidariedade é fazer crescer ao irmão ao lado e a nós próprios. Os dois ou mais envolvidos são beneficiados. Na solidariedade não existe maior nem menor, ;quem dá e quem recebe. É uma relação onde o mais puro dos sentimentos existe: O AMOR. E o amor não é egoísta, ele é solidário. 

Quando se quer ser solidário, procura-se integrar, fazer parte. 

A maioria das pessoas, quando escutam ou falam em solidariedade, pensam em alguém oferecendo o "ombro", o apoio ao outro. Na verdade, solidariedade é algo muito mais forte. É a participação efetiva com o outro ou com os outros envolvidos. É envolver-se sobremaneira que, algo iniciado por um ou por outro toma-se de ambos. 

A solidariedade, quando assumida de verdade, é uma responsabilidade sadia e prova que a humanidade tem valor no seu todo e não em fatias isoladas ou egoístas. 


 

A LITERATURA DO TEMPO - Newton Agrella


As páginas do nosso livro continuam abertas.

Estamos próximos de encerrar o capítulo 2024 que se traduziu em momentos de grandes emoções.

Alguns de uma felicidade incontida, outros que talvez mereçam cair no esquecimento.

No final das contas contudo, foi mais um acúmulo de experiências que a vida nos ofereceu. 

E só nos resta agradecer.

Um novo capítulo começa ganhar seus esboços.  

Novos episódios nos aguardam no capítulo *2025*

O protagonismo humano será evidente, porém é claro, atrás da esperança de dias  cada vez melhores. 

Os votos de um tempo mais próspero, de bem estar cada vez mais consistente e de uma qualidade de vida mais sustentável são o combustível que nos impulsionam e fazem com que possamos entender a razão de viver.

Sempre bom lembrar que existir é uma circunstância que nos envolve neste Universo, porém justificar a nossa existência é um exercício de aprendizado contínuo que nos leva a aprimorar o nosso grau de Consciência.

A fronteira imaginária do tempo é um exercício cronológico que estabelece os limites de um prazo de validade, do qual não somos donos nem locatários.  

Somos simplesmente passageiros de uma nave chamada Terra.

O livro continua aberto, na expectativa de que o que venha a ser escrito possa aquecer a nossa alma sob o energizante sabor do Sol e a aquietar nossas dores sob a perene serenidade da Lua.

É um novo Tempo !

*FELIZ   ANO   NOVO !!!*




dezembro 31, 2024

DESEJO DE UM MUNDO MELHOR - Lucas Couto


A Augusta Respeitável Loja Simbólica “Lux In Tenebris”, n. 47, encerra o ano na esperança de ter feito parte de uma construção dedicada à virtude e ao saber, ao lado de vários irmãos espalhados no recanto da terra. 

Certo é que, sem a participação de cada irmão, sem a ajuda dos irmãos Izautônio Machado, Flávio Araújo, Vanderlei Coelho, Hermìnio Pascoal, Michael Winetzki, Moisés Oliveira, Raimundo Brandão, Nestor Filho, Aldino Brasil e o apoio incondicional da Sereníssimo Grão-Mestre, Paulo Benevenute Tupan, a “Luz jamais descortinaria as trevas”, os trabalhos jamais teriam em 2024 sua plena força e vigor. 

Deixo registrado, como cláusula pétrea, meus mais profundos agradecimentos aos irmãos que, com fé na sagrada chama da "Lux In Tenebris", sustentaram os empreendimentos de benemerência, como a nobre obra da Casa de Apoio Filhos de Hiram, ainda em construção sob a égide da Grande Loja do Estado de Rondônia. Em seus gestos, encontro não apenas solidariedade, mas a expressão viva de um ideal que transcende o indivíduo e abraça o coletivo.

Não menos dignos de reverência são os ilustres palestrantes, esses obreiros da palavra e do pensamento, que, com generosa dedicação, ofertaram tempo e saber. Em seus gestos de entrega, iluminaram nossos caminhos com o fulgor do conhecimento compartilhado, como faróis que, em noites escuras, indicam a rota segura aos navegantes. 

A cada um que se fez presente nesta jornada, seja pela ação concreta ou pela força do verbo, dedico minha mais profunda gratidão, como quem presta homenagem àquela força invisível que une os espíritos em torno de um propósito maior, transcendendo as barreiras do tempo e do espaço.

Neste tempo de introspecção e gratidão, vos convido a uma reflexão profunda, um reencontro com nossa essência. Que este momento de renovação inspire cada um a ajustar a direção de suas mentes e corações, descobrindo um caminho onde o mundo — e nós mesmos — sejam vistos sob uma luz mais verdadeira e transformadora.

O sol, em sua eterna dança pelo firmamento, traz-nos a promessa de mais um ano, enquanto o antigo se despede, deixando no ar o eco de um anseio universal: o desejo por um mundo que seja mais do que a projeção de nossas próprias sombras. Nos corações pulsa a urgência da esperança, a renovação e o ímpeto por mudança. É o momento em que somos chamados a reorientar nossas mentes e nossos corações, a trilhar um caminho onde possamos enxergar o mundo — e a nós mesmos — sob uma nova luz, mais clara e verdadeira. Como bem disse Gandhi, com a simplicidade dos sábios: 'Temos de nos tornar a mudança que desejamos ver no mundo.' Que estas palavras sejam não apenas inspiração, mas convocação, um lembrete de que o destino que almejamos começa no reflexo de nossas próprias ações.

Para o maçom, a construção de uma comunidade global fundamentada no respeito e na fraternidade não é apenas uma tarefa, mas um dever essencial. É no reflexo do outro — especialmente do mais distante — que encontramos a expressão mais autêntica de nossa humanidade. A compaixão, esse elo invisível entre as tradições espirituais, surge como o teste supremo de uma espiritualidade genuína e transformadora.

Em cada credo, encontra-se a expressão de uma verdade ancestral, às vezes resumida na “Regra de Ouro”: "Não trate os outros como não gostaria de ser tratado" ou, de forma ainda mais luminosa, "trate os outros como desejaria ser tratado". E todas, em uníssono, insistem que essa benevolência não pode ser confinada aos limites do familiar ou do semelhante, mas deve se estender à vastidão da humanidade, alcançando até mesmo aqueles que chamamos de inimigos. Pois é no outro, sobretudo no outro distante, que a nossa própria humanidade encontra o seu reflexo mais verdadeiro.

Há uma dança descompassada de forças e riquezas, um desequilíbrio que é como um vento seco no horizonte, prenunciando tempestades de raiva e humilhação. Este desassossego, tão humano quanto as estrelas que não alcançamos, explode em atos de terror que são, ao mesmo tempo, clamor e ameaça. Guerras se enredam em seus próprios labirintos; conflitos, que já nasceram antigos, tornaram-se símbolos divinizados, e, como tudo que se crê sagrado, resistem a mãos que tentam desfazer seus nós.

E, no entanto, um paradoxo nos abraça: nunca estivemos tão próximos, tão entrelaçados por fios invisíveis de informação e impacto. A miséria não é mais um eco distante, mas uma sombra que atravessa todas as latitudes. O desmoronamento de uma bolsa de valores em qualquer canto ressoa como o tilintar de um copo quebrado em todos os salões do mundo. O que ocorre em Gaza hoje pode ferir o coração de Nova York amanhã, e a dor do Afeganistão não termina em suas montanhas. 

Há, também, a ameaça silenciosa de uma natureza ferida. Corremos, todos, o risco de sermos engolidos por uma catástrofe nascida de nossa própria indiferença. E agora, em um tempo onde pequenos grupos brandam poderes, outrora reservados aos impérios, a lição mais antiga, inscrita no coração da humanidade torna-se o último apelo: que todos os povos, espalhados por todos os recantos da terra, sejam tratados como gostaríamos de ser tratado. 

Mas o que é essa lição, afinal? Seria ela a piedade que suaviza as arestas da dor alheia? Ou a compaixão, que nos faz enxergar no sofrimento do outro o reflexo de nossa própria vulnerabilidade? Talvez a solidariedade, que une as mãos na construção de um bem maior? Ou seria, por fim, a fraternidade, que reconhece no outro não apenas um semelhante, mas um irmão? Essas palavras, que parecem distintas, convergem numa única verdade: a de que a essência de nossa humanidade reside na capacidade de ver além de si mesmo, e de amar não apenas o que nos é familiar, mas o que nos desafia e nos torna inteiros.

O princípio da compaixão está no âmago de todas as tradições religiosas, éticas e espirituais, conclamando-nos a sempre tratar os outros como gostaríamos de ser tratados. A etimologia revela-nos um significado mais profundo: derivada do latim patiri e do grego pathein, a compaixão carrega em si a ideia de “sofrer com”, de compartilhar o fardo de outro ser, de colocar-nos no lugar dele, sentindo sua dor como se fosse nossa, e, assim, compreender generosamente sua perspectiva. Não é um ato de condescendência, mas um chamado à empatia radical. Por isso, a compaixão encontra eco na Regra de Ouro, essa máxima universal que nos desafia a sondar nosso próprio coração, identificar o que nos faz sofrer e recusar, sob quaisquer circunstâncias, a infligir esse mesmo sofrimento a outro ser. Nesse sentido, a compaixão não é apenas uma emoção, mas um compromisso ético — uma atitude de altruísmo honesto e constante, que exige de nós coragem e humildade para transcender as fronteiras do ego e alcançar o outro em sua plenitude.

É que “a compaixão nos impele a trabalhar incansavelmente para aliviar o sofrimento de nosso próximo, a descer de nosso trono, no centro de nosso mundo, e ali colocar outra pessoa, e a honrar a inviolável santidade de todo ser humano, tratando todas as pessoas, sem exceção, com absoluta justiça, equidade e respeito”, já dizia Karen Armstrong. É um paradoxo que, ao nos fazer ajoelhar diante do outro, a compaixão nos enobrece. 

A compaixão nos derruba porque exige que abandonemos as alturas do ego, as ilusões de grandeza e o conforto de nossas certezas. Ela nos força a descer, a olhar para o sofrimento do outro e a reconhecer a nossa vulnerabilidade compartilhada. Esse "derrubar" é uma quebra de barreiras internas, um desmoronamento do pedestal onde tantas vezes nos colocamos, separando-nos da humanidade comum. 

Por outro lado, ao derrubar, a compaixão também nos ergue. Quando nos inclinamos para ajudar, nos tornamos mais humanos, mais inteiros, mais próximos do que há de mais elevado em nós: a capacidade de nos conectar, de curar e de transformar. 

Do remoto horizonte da sabedoria chinesa, emerge a figura de Confúcio (551-479 a.C.), cuja voz atravessa os séculos com a serenidade de quem compreendeu a alma humana. Quando lhe perguntaram qual dos seus ensinamentos deveria ser praticado incessantemente, 'diariamente, o dia inteiro', ele respondeu com a simplicidade que é o apanágio dos grandes mestres: “Talvez o dito sobre shu — a consideração: nunca faças aos outros o que não gostarias que te fizessem.” Nesse princípio, Confúcio sintetizou o cerne de seu método espiritual, a essência de O Caminho (dao), fio condutor que unia todos os seus ensinamentos. 

Para Confúcio, a verdadeira sabedoria consistia em abandonar a pretensão de se considerar uma exceção privilegiada e, em vez disso, relacionar a própria experiência com a dos outros, num exercício contínuo de empatia. Ele chamou esse ideal de ren, termo que outrora significava 'nobre' ou 'digno', mas que, em sua época, adquirira o sentido mais simples e sublime de ser plenamente humano.

Curiosamente, o “ren”, segundo alguns estudiosos, guardava em suas origens o significado de 'brandura' ou 'maleabilidade', qualidades que Confúcio nunca definiu formalmente, pois acreditava que não cabiam em categorias pré-estabelecidas. Apenas aqueles que o viviam com autenticidade poderiam compreendê-lo; para os outros, ele permanecia uma abstração. Viver o ren, “diariamente, o dia inteiro”, era tornar-se um “junzi”, o “ser humano maduro”, aquele que, pela prática incessante da consideração e da excelência interior, encontrava a plenitude de sua natureza e transcendia os limites do ego. Nesse estado, a humanidade deixava de ser apenas uma condição biológica para tornar-se um ideal espiritual, um Caminho que cada passo reitera e redescobre.

A essência da humanidade reside na capacidade de transcender interesses próprios, enxergando no outro não apenas um semelhante, mas um reflexo que nos desafia e nos completa. A verdadeira compaixão revela-se ao romper as barreiras do ego, conectando-nos a uma experiência humana mais plena e solidária.

Os nomes de Elizabeth Fry (1780-1845), quacre que desafiou as trevas do sistema penitenciário em prol de sua reforma; de Florence Nightingale (1820-1910), cuja dedicação revolucionou os cuidados hospitalares e humanizou a medicina; e de Dorothy Day (1897-1980), fundadora do Movimento Operário Católico e incansável voz dos marginalizados, tornaram-se símbolos vivos da filantropia heroica. Cada uma delas, com gestos que transcendem seu tempo, transformou a compaixão em ação concreta, desafiando as convenções de suas eras e deixando um legado que ressoa como um chamado — não apenas para admirar, mas para seguir o exemplo de quem ousou ver no outro a extensão de sua própria humanidade. Ainda surgem como símbolos da compaixão, líderes como Mahatma Gandhi (1869-1948), Martin Luther King (1929-68), Nelson Mandela e pelo Dalai-Lama, que demonstram nossa necessidade de líderes compassivos e íntegros. 

Em um mundo moldado por uma economia competitiva e individualista, a compaixão parece alheia ao espírito do tempo. A teoria da evolução, de Darwin à Spencer, consolidou a visão de uma natureza violenta e desprovida de altruísmo genuíno, reduzindo o "amor" e a "brandura" a meras ilusões culturais. O altruísmo, dizem os positivistas, é apenas uma estratégia de sobrevivência disfarçada de virtude, um "meme" que, em sua essência, reflete o egoísmo calculista do ser humano. Até mesmo os gestos de bondade são vistos como manobras sociais, revestidas de engano e auto ilusão, onde o indivíduo serve a si mesmo sob o véu da generosidade.

É certo que no fundo, somos egoístas. Somos seres animais, ainda que racionais desejam sobreviver e ver prevalecer o seu eu. É que no âmago de nossa existência, convivem dois cérebros: o antigo, herança dos répteis, que governa nossos impulsos mais básicos — lutar, fugir, alimentar-se e perpetuar a espécie — e o neocórtex, morada da razão, da criatividade e da busca por significado. Essa coexistência, embora frágil, define a humanidade em sua dualidade. O velho cérebro nos impele ao egoísmo e à autopreservação, enquanto o neocórtex, com seu potencial de empatia e reflexão, nos chama à transcendência, à compaixão e à conexão com o outro. Ao longo da história, aprendemos a moldar a nossa natureza instintiva por meio de arte, religião e práticas culturais que exaltam o cuidado mútuo e a solidariedade como pilares de uma existência plena e cooperativa.

Porém, o caminho para a compaixão não é imediato nem fácil. Ele exige um esforço contínuo de superação dos impulsos primitivos e dos hábitos egoístas que enraizamos em nossas vidas. Assim como um atleta desenvolve graça e destreza pelo treinamento disciplinado, o cultivo da compaixão requer paciência, dedicação e prática diária. Não se trata de um salto repentino, mas de uma transformação gradual, que nos convida a ver o mundo e a nós mesmos sob uma nova luz, mais humana e generosa. 

Portanto, sejamos a mudança que desejamos ver, como ensinou Gandhi, e façamos da compaixão não apenas um ideal distante, mas uma realidade viva, capaz de transformar a sociedade e resgatar a essência mais elevada da humanidade. Que a compaixão, essa centelha divina adormecida em cada coração, seja reconduzida ao centro de nossa moralidade e de nossa espiritualidade. 

Que rejeitemos toda interpretação que, sob o pretexto de fé ou ideologia, alimente o ódio ou a exclusão ou ainda que possamos guiar nosso pensamento para nos manter unido em nosso pacto social, fundada em uma Constituição que prima pela solidariedade, fraternidade e dignidade da pessoa humana. 

Que eduquemos nossos jovens na arte de respeitar as diferenças e na ciência de reconhecer o outro como um igual e ela como lugar de desenvolvimento da humanidade. 

Em um mundo dilacerado por barreiras e preconceitos, façamos da compaixão uma força luminosa e transformadora, capaz de transcender egoísmos e unir almas. Pois é na compaixão que reside o segredo de uma humanidade plena e o alicerce indispensável para um futuro mais justo, mais pacífico e verdadeiramente iluminado.

Feliz Ano Novo! 

Feliz 2025!


* Texto inspirado especialmente em Karen Armstrong, “Doze Passos Para uma Vida de Compaixão”.

Referências

ARMSTRONG, Karen. Doze Passos para uma Vida de Compaixão. São Paulo: Cultrix, 2011.

CONFÚCIO. Os Analectos. Tradução e organização de Matheus M. C. Cardoso. São Paulo: Editora Unesp, 2016.

FISCHER, Louis. Gandhi: Sua Vida e Mensagem Para o Mundo. Rio de Janeiro: Record, 1983.

LÉVINAS, Emmanuel. Ética e Infinito. Lisboa: Edições 70, 1993.

WRIGHT, Christopher. Uma Breve História da Compaixão. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.

WIKIPEDIA. Elizabeth Fry. Disponível em

: https://pt.wikipedia.org/wiki/Elizabeth_Fry. Acesso em: 12 de novembro de 2024.



2025 UM ANO MAÇÔNICO


*Feliz 45²* 

2025 = 45² é um "ano-quadrado-perfeito."

É representado pelo quadrado da soma de todos os algarismos do sistema de numeração decimal. 

(0 + 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9)² = 2025.

Representa também a soma dos cubos de todos os algarismos do sistema de numeração decimal.

(0³ + 1³ + 2³ + 3³ + 4³ + 5³ + 6³ + 7³ + 8³ + 9³) = 2025.

O último "ano-quadrado-perfeito" ocorreu em 1936 e depois de 2025 só em 2116.

Feliz 45² para todos nós!!!

Um 2025 Abençoado para Todos!!