janeiro 16, 2025

TRIGO, VINHO, ÓLEO E SAL - D.H.C.


Trigo, Vinho, Óleo e Sal na Cerimônia de Consagração

Há vários casos na Bíblia em que todos os quatro “elementos” são mencionados juntos em uma única frase, por exemplo em Esdras, 6:9, “trigo, sal, vinho e óleo…” e novamente em Esdras, 7:22, e em I Esdras, 6:30. Nas nossas cerimônias de consagração da atualidade, esses “elementos” devem a introdução, quase que certamente, ao seu uso nos tempos bíblicos como oblações, oferendas e sacrifícios sem sangue, como no Templo. Trigo, Vinho e Óleo são mencionados em Deuteronômio, 11:14, entre as recompensas para os que seguiam os mandamentos de Deus. Eles também eram considerados as necessidades primárias da vida diária, daí o seu uso entre os hebreus como oferendas de agradecimento e sacrifícios (não animais).

O sal também é relacionado com o sacrifício, mas possui uma variedade de significados simbólicos na Bíblia. O seu uso é determinado em Levítico 2:13.

Salgarás todas as tuas oblações… Porás, pois, sal em todas as tuas ofertas.

Cruden, na sua Concordance, interpreta o Sal, nessa passagem, como um símbolo de amizade, e na Idade Média era costume na Europa e no Oriente Próximo receber visitantes distintos em uma vila ou cidade com Pão e Sal.

Como o Sal ajuda a preservar da corrupção e é imune ao apodrecimento, ele tornou-se símbolo da incorruptibilidade. Brewer, Dict. of Phrase and Fable, chama-o de símbolo da perpetuidade e essa associação do Sal com a ideia de permanência aparece frequentemente na Bíblia:

Esta é uma aliança de sal, que vale perpetuamente diante do Senhor…” (Números 18:19).

Rashi, um dos maiores comentaristas hebraicos, disse o seguinte dessa passagem:

Assim como o sal nunca apodrece, a aliança de Deus… irá perdurar”.

Em um tema mais próximo à Maçonaria,

“O Deus de Israel deu para sempre o reino… para Davi por uma aliança de sal” (2 Crônicas 13:5)

Aqui, mais uma vez, a ideia da permanência é enfatizada e esse é, sem dúvida, um dos principais motivos para o uso do Sal nas nossas cerimônias de consagração maçônica. Pelo que sei, o tema da preservação e permanência não costuma ser mencionado pelo Oficial Consagrador, mas em alguns dos numerosos memoriais de Consagração na nossa biblioteca, o verso cantado, antes que o Sal seja usado na cerimônia, é o seguinte:

Derramamos sal sobre nosso labor,

Divisa de Teu poder conservador,

Em Tua presença oramos, Senhor,

De nosso templo sede o protetor

Pode ser interessante reproduzir as explicações simbólicas dos elementos, como foram fornecidas na cerimônia de Consagração inglesa.

Trigo (Ar): símbolo da Abundância.

Vinho (Água): símbolo da Felicidade e Alegria.

Óleo (Fogo): símbolo da Paz e Unanimidade.

Sal (Terra): símbolo da Fidelidade e Amizade.

O simbolismo Maçônico para os elementos parece ter variado consideravelmente em diferentes épocas e locais. C. C. Hunt, na sua obra Masonic Symbolism (Iowa, 1939, pp. 100, 101), cita o relato de uma cerimônia de pedra fundamental na década de 1920, na qual o Grão-Mestre Provincial de Nottinghamshire oficiou, naquela ocasião, o Óleo como “emblema da caridade”, e o Sal, “emblema da hospitalidade e da amizade”. O mesmo escritor nota os poderes curativos e purificadores do Sal, citando II Reis, 2:20-21, em que Eliseu com um vaso de Sal “sanou as águas”. Outra referência similar em Êxodo, 30:35, “Farás com tudo isso um perfume… temperado com sal, puro e santo”.

O uso do Sal na Consagração de Lojas Maçônicas parece ser introdução moderna, provavelmente posterior a 1850. No fim da década de 1780, as descrições feitas por Preston das Cerimônias de Dedicação mencionam Trigo, Vinho e Óleo, mas nunca Sal. Além disso, o Irmão T. O. Haunch, Bibliotecário da Grande Loja, verificou um certo número de descrições das cerimônias Maçônicas de Consagração e Dedicação até a década de 1840. Nenhuma delas menciona o Sal, parecendo impossível dizer com certeza quando esse “elemento” foi introduzido. Incidentalmente, a cerimônia de Consagração praticada na Grande Loja da Escócia usa Trigo, Vinho e Óleo, mas não há menção ao Sal.

janeiro 15, 2025

ORDEM MAÇÔNICA -



1º - O vocábulo deriva do latim: Ordo, Ordinis, significando "disposição", "regra", "disciplina".

2º - A maçonaria recebeu o nome de "ordem dos maçons" e, mais tarde, "ordem maçônica", também denominada de arte real.

3º - A ordem maçônica significa uma maçonaria organizada, em todos os sentidos.

4º - Na maçonaria, tudo é "ordenado", ou seja, disposto e previsto, mercê de sua longa trajetória histórica.

5º - Dentro de uma ordem, portanto, o maçom deve acompanhar o que é organizado, previsto e estabelecido, submisso, tolerante e paciente.

Fonte: cavaleirosdaluz18.

A PAZ, A HARMONIA E A CONCÓRDIA - Dario Angelo Baggieri



Sempre vemos aos final de nossos trabalhos a assertiva : Que a PAZ, A HARMONIA E A CONCÓRDIA, sejam a TRÍPLICE ARGAMASSA, com que se liguem as nossas Obras. Me pus a meditar do porque do sentido filosófico e Esotérico dessa sequência. Porque não harmonia, Concórdia e Paz ou Concórdia, Paz e Harmonia? Ou outra forma de combinação?

Quais seriam os objetivos do doutrinador nessa sequência especial ?

Após um VITRIOL exegético que nos remeteu às escatológicas  análises , entendemos a profundidade tanto no campo filosófico quanto Esotérico da visão gnóstica e espiritualizada construída pelo doutrinador. 

Conforme a visão transformadora filosófica, a arte de viver em paz pode ser expressa em três planos:

1. No homem : refere-se à ecologia interior ou à arte de viver em paz consigo mesmo. Simultânea ou sucessivamente, corpo, coração e espírito encontrarão seu estado de equilíbrio.

2. Na sociedade : refere-se à ecologia social ou à arte de viver em paz com os outros. Basicamente, afeta os domínios da economia, da vida social e política e da cultura.

3. Na natureza : refere-se à ecologia planetária ou à arte de viver em paz com a natureza. Tem como objetivo a paz com o meio ambiente.

A pergunta que não pode calar é: como os irmãos podem construir uma estratégia que promova a paz não somente dentro de nossas lojas, família carnal , trabalho, na sociedade? Sim, pois a PAZ não pode ser Esotericamente fragmentada. Ela têm que ser GLOBAL. Assim , meus diletos irmãos, A Paz verdadeira passa por um entendimento dos conflitos, de sua natureza e uma análise criteriosa sobre como olhar a situação de conflito. Isto envolve a maneira como os irmãos e também as pessoas podem entender o conflito, como um processo natural que acontece entre nós maçons ou grupos de diferentes interesses ou necessidades e que pode ter consequências positivas ou negativas.

O processo de compreensão dos conflitos ajuda a construir o diálogo entre os diversos interesses que estão colocados não só, dentro da sociedade Maçônica, mas também na sociedade profana, de outros pequenos grupos e espaços de convivência social, como trabalho, família e amigos.

Entender os valores e posturas dos outros é uma das formas de se iniciar a construção da verdadeira paz. As pessoas podem a partir do diálogo, da prevenção, da criação de espaços de resolução, buscarem evitar situações de disputa mediante uma gestão e administração das situações de conflito.

A construção da paz é um processo onde os conflitos entre as pessoas podem e devem ser tratados de uma maneira construtiva e não violenta ou cerceativa dos direitos individuais e coletivos, pois irá assim promover um entendimento melhor entre os grupos e sociedades. 

Esta atitude pode ser vista como algo que cria um novo paradigma ao facilitar o diálogo para todas as partes. Isso faz repensar o quanto são necessárias mudanças em diversos campos dos relacionamentos, por exemplo, quanto a igualdade de gênero unida à atuação não violenta poderia promover a construção da paz.

Construir a paz não significa:

Acabar com os conflitos, mas compreendê-los e poder transformar a natureza deles. O conflito é um momento rico, quando bem compreendido, pois promove situações onde os amados irmãos e as pessoas , podem expressar diferentes possibilidades de pensar e viver. Isto coloca uma nova postura que envolve um exercício de resolução por meio do diálogo e da não-violência.

Unanimidade de visões, valores e opiniões: 

Os irmãos não irão ter que destruir aquilo que os torna um indivíduo único, os seus valores, visões de mundo e interesses pessoais. É preciso compreender que estes campos nem sempre são tão antagônicos, mas complementares. A diversidade enriquece.

Uma doutrina que regula os modos de ser: 

Mas uma estratégia adotada pelas pessoas em todo o mundo para que se possa exercer uma melhor qualidade de vida em todos os âmbitos da vida social, preservando sempre aquilo que é tão significativo: a dignidade humana.

Haveria Harmonia e Concórdia sem a Verdadeira PAZ entre os Irmãos?

Quando vemos o termo TRÍPLICE ARGAMASSA, a que nos remete o Pensamento ? Alguns diriam LIBERDADE , IGUALDADE E FRATERNIDADE.

Outros diriam: AMOR, RESPEITO E DISCIPLINA. E assim,  poderiam serem elencadas outras tríades explicativas. Mas não, o doutrinador RATIFICA: A PAZ, A HARMONIA E ACONCÓRDIA. 

Que profundidade nessa sequência que podemos dizer Metafísica/Quântica e que transpõe os mais elevados píncaros da transdescendência de toda composição do ser humano.

Respondendo a pergunta, NÃO , jamais poderia ter Harmonia e Concórdia sem a verdadeira Paz! Jamais poderemos ter Concórdia entre os irmãos se não tivéssemos a PAZ e a Harmonia como precursoras. E aqui vai o Contraditório, Se estivéssemos só em Harmonia e em Concórdia entre nós , reflitam bem , introspectivamente cada um de vós , meus caríssimos irmãos:

"ALCANÇARÍAMOS A VERDADEIRA PAZ? "

Aí surge campo para escrever um compêndio de conjecturas outras várias. Mas veremos ao final uma certeza não apenas relativa, mas absoluta de que NÃO NECESSARIAMENTE AVERDADEIRA PAZ  SERÁ CONTEMPLADA.

A Paz é a fonte de agregação, ela é a argamassa primaz, a que consegue dar alma e vida a todas as outras. É a Fonte que nos Brinda o Grande Arquiteto do Universo , como vemos em inúmeras passagens do Livro da Lei. 

Assim meus Irmãos, QUE A PAZ REINE SEMPRE ENTRE NÓS . Pois ela é a fonte da vida. A Energia da Harmonia, e a promotora de toda Concórdia, não apenas entre nós, mas em todo tipo de relacionamento na humanidade.


janeiro 14, 2025

CAFÉ NA PAREDE




TEXTO FOCADO NA SOLIDARIEDADE 

Sempre ouvi alguém dizer "café na parede". Tenho a sorte de homenagear este artigo hoje, mas não me atrevo a apreciá-lo sozinho.

 Café na parede

Um dia, sentado com amigos em um famoso café em Los Angeles, bebendo café.  Nesse momento, uma pessoa entrou e sentou-se à mesa ao nosso lado.

 Ele chamou o garçom e disse: “Duas xícaras de café, uma xícara está na parede.” A forma como ele pediu o café foi estranha. Notamos que apenas uma xícara de café foi servida, mas ele pagou por duas xícaras.  Assim que ele saiu, o garçom colocou um pedaço de papel na parede, onde se lia: Uma xícara de café.

Nesse momento, mais duas pessoas entraram e pediram três xícaras de café, duas xícaras foram colocadas na mesa e uma colocada na parede.  Eles beberam duas xícaras, mas pagaram por três xícaras e depois foram embora.  O garçom afixou um pedaço de papel na parede como antes, onde se lia: Uma xícara de café.

Parece que esse método é a norma aqui, mas nos faz sentir novos e confusos.  Mas porque isso não importava para nós, bebemos nosso café, pagamos por ele e saímos.

Alguns dias depois, tivemos a oportunidade de voltar a esta cafeteria.  Quando estávamos tomando café, entrou uma pessoa. A roupa dessa pessoa era incompatível com a classe e o ambiente da cafeteria. Ele parecia um pobre.  Ele se sentou, olhou para a parede e disse: “Uma xícara de café na parede.” O garçom respeitosamente serviu-lhe o café em sua postura habitual.

O homem bebeu o café e saiu sem pagar a conta, olhamos para tudo isso com espanto e vimos o garçom tirar um pedaço de papel da parede e jogá-lo na lata de lixo.  Nesse momento, a verdade veio à tona e o respeito dos moradores locais pelos pobres nos fez chorar.

O café não é uma necessidade básica da sociedade nem uma necessidade da vida, mas é preciso ressaltar que, quando gostamos de alguma coisa boa, talvez todos devêssemos pensar nos outros. Algumas pessoas também gostam dessas coisas, mas não têm dinheiro para isso.

Vamos falar do garçom, ele sempre sorria quando atendia os pobres.  E aquele coitado, ao entrar, não precisava baixar a dignidade e pedir um café de graça, bastava olhar para a parede.

A xícara de café paga em excesso é chamada de café pronto para usar. Você pagou por ela, mas não sabe quem vai gostar.  Este é o mundo do amor e da beleza.

 [Nota: as pessoas compram café com antecedência, para que quem não tem dinheiro possa desfrutar do calor.  Isso começou em Nápoles, Itália, e agora se espalhou por todo o mundo]

*Vamos começar colocar uma xícara de café ☕️ na parede, ou talvez um pão 🥖? Ou os dois? Ou um prato feito?*

*Iniciativa maravilhosa, solidária e fraterna!*🙏🏽🙌🏼

Compartilhe essa ideia 🥰💪 Corrente do Bem ❤️🌿💐

A "OFELIZAÇÃO" DO BRASIL - Marcelo Rates Quaranta

 

Vamos recordar? Ainda está na validade.

     Em 1968 o grande ator Lucio Mauro criou dois personagens para o programa "Balança Mas Não Cai" que ficaram famosos no Brasil inteiro: Fernandinho e Ofélia. Fernandinho era um homem rico e sofisticado que vivia constrangido pela extrema burrice da esposa Ofélia, que era interpretada inicialmente pela atriz Sônia Mamede. 

     Nesse quadro o "Fernandinho" sempre defendia a esposa diante dos seus visitantes cada vez que ela falava uma asneira imensurável, porém todas as vezes assumia que apesar de burra ela servia para satisfazer seus desejos sexuais, quando dizia que ela podia ser "atrapalhada" ou ter "um jeito burrinho", mas debaixo dos lençóis... Bom, de verdade ele dizia que naquele reino, fora da cama ela era uma jumenta e na cama uma rainha, daí as coisas se compensarem.

     O quadro era muito engraçado e quem era inteligente sabia que não se tratava de ofender pessoas simples ou com pouco conhecimento, e sim caricaturar as burras e fúteis. As pessoas simples guardam um tesouro muito grande que é a sabedoria. A Ofélia não caricaturava a mulher e sim as pessoas burras de uma forma geral, pois há por aí inúmeros "ofélios" também.

     Tempos depois o programa "Sai de Baixo" copiou o formato da Ofélia e criou a Magda (interpretada pela Marisa Orth), cujo jargão que a marcava era "Cala a boca Magda!". Magda era tão burra e tão fútil quanto a Ofélia e ainda só servia para os mesmos propósitos.

     Até aí tudo bem, porque era um humor focado nas tais caricaturas e não faziam alusão a nada conhecido no mundo real. O grande problema veio com a chamada "pátria educadora" e com a internet, que passou a criar Ofélias e Magdas às toneladas e a dar visibilidade a essas aberrações. 

.

     A política não passou incólume. Tivemos uma Ofélia encarnada numa presidente da república que nos fazia rir a cada declaração. Dilma era a própria Ofélia, e o brasileiro, sempre com vergonha, se limitava a rir das suas declarações que eram capazes de fazer os escritores do quadro da Ofélia uns meros estagiários de redação. Outro exemplo: Quem ouve parlamentares como a Talíria Petrone, Sâmia Bonfim, Janones ou Erika Kokay  sente um ímpeto de gritar "CALA A BOCA MAGDA!" - Mas foram eleitos e tristemente transformam o plenário num "citycom" que empalidece seus pares mais cultos.

     As redes sociais espalharam pelo Brasil as inúmeras Magdas e Magdos, dando visibilidade a Felipe Neto e outros seres ignóbeis que se projetaram falando as piores asneiras, e com declarações tão profundamente estúpidas, que são capazes de corar qualquer criança do Jardim I.

     No meio musical projetaram funkeiros analfabetos que além de não cantarem nada, cantam com um português sofrível e denotam apenas que o brasileiro medíocre - identificado com essa falta de cultura emanada pelos seres mais estúpidos da periferia - idolatra esse tipo de gente em vez de valorizar a verdadeira cultura. Cada um deita na cama em que cabe... Para muitos só o chiqueiro.

     Recentemente vi que uma "influenciadora digital", num total desconhecimento sobre genética, fez plástica para que os filhos nascessem bonitos. Não riam. Isso é muito triste, pois o fato de essa mula ter milhares de seguidores nos sinaliza o péssimo futuro que espera o Brasil. Olhem a quem nossos jovens seguem!

     Então, a burrice e a ignorância que antes não passavam de humor, passaram a ser glamourizadas como uma espécie de padrão no país dos filósofos do vazio (Karnal e cia) e da "pátria educadora freireana", aquele que foi o precursor de um método que converte potenciais mentes pensantes em Ofélias e Magdas reais, e isso ainda ajudado por professores formados pelo mesmo método e pelo bombardeio constante da cultura do ignóbil pelas redes sociais.

     Hoje o Brasil aplaude de pé a ignorância. Amanhã não precisará mais de soja, milho e etc.    

     Bastará plantar capim e as novas gerações estarão alimentadas.    

     Bom, pelo menos haverá segurança alimentar, já que cultura...

janeiro 13, 2025

BIBLIOSMIA (o valor de uma palavra) - Newton Agrella



Quando nos referimos aos neologismos ou seja, à criação de novas palavras que passam a fazer parte do vocabulário de uma língua, muitas vezes nos surpreendemos como elas se tornam ferramentas práticas e como atendem às necessidades de um contingente de falantes de um idioma.

Exemplo disso é o termo específico dedicado a algo, que por muito tempo nos é familiar, no que diz respeito aos sentidos humanos, como é o caso do olfato.

Mais especificamente no tocante ao "cheiro dos livros".

Sim, isso mesmo !

Há um termo particularmente denotativo que serve para descrever literalmente o prazer ou a afeição pelo cheiro deles.

Trata-se pois, do substantivo "bibliosmia".

Cabe registro que esse aroma específico dos livros é produto da interação entre os compostos químicos do papel e a tinta ao longo do tempo.

Trata-se de um cheiro que se encontra mais acentuado, sobretudo, nas páginas dos livros mais velhos.

Aqueles que repousam elegantemente nas belas estantes de uma biblioteca, ou nas simples prateleiras de um sebo, ou quando não, solenemente esquecidos num baú, num porão ou num armário de casa.

Igualmente vale lembrar que a "bibliosmia" - em seu universo semântico -  também é um termo aplicável no caso de pessoas que gostam de ler, segurar e abraçar um livro.

Por incrível que pareça, tal comportamento pode provocar uma sensação de segurança, companhia e até mesmo paixão. 

Estranho ou não, essa sensação faz parte dos atributos humanos, mais frequente do que se possa imaginar.

Aliás, a Ciência explica que esse cheiro para algumas pessoas pode remeter o cérebro a sensações plurais que mesclam: expectativa, reminiscência e até mesmo ansiedade sobre uma história que está por vir.

Explica ainda, que para alguns a bibliosmia estimula os sentidos de liberdade, libertação e até mesmo de fuga que os momentos de lazer são capazes de oferecer.

Quanto ao surgimento da palavra, a história recente dá conta sobre o seguinte:

O autor e palestrante  inglês Oliver Tearle criou o termo em Fevereiro de 2014 , e utililizou-a num Congresso, a partir da composição de dois vocábulos gregos:

 biblio - (“book” = livro)  osmia  ("smell" = cheiro).

Essa transliteração acabou dando vida a esta palavra que gradativamente vem sendo aceita e utilizada pela Academia Brasileira de Letras e aos poucos sendo incorporada ao glossário de dicionários, que a reconhecem como uma legítima expressão que a pessoa pode experienciar.

O tempo, é bem verdade que com muita dificuldade,  se ocupa de esculpir a natureza, de aprimorar a consciência e de fazer da palavra, um  instrumento cada vez mais consistente para se atingir o entendimento entre as pessoas.



janeiro 12, 2025

O SILÊNCIO E SUAS FACES - Adilson Zotovici


Sempre vejo grande impasse

Que cabal  à reflexão

Do silêncio cada face

Cada qual almejo razão


Dizem alguns que indica "classe"

Que tipifica educação

E caminho a que se passe

Da dúvida à meditação


De afeição, não bastasse,

Manifesto de aversão

E protesto o desenlace


Impróprio e grande frustração

Se ele próprio  notasse

O silencio “por omissão” !



FILHOS DAS ESTRELAS - Jorge Gonçalves


Uma das melhores palestras Maçônicas já realizadas no país.



 

RITOS MAÇÔNICOS PRATICADOS NO BRASIL


A maçonaria já praticou mais de 110 ritos, mas atualmente os principais no Grande Oriente do Brasil são: 

Rito Escocês Antigo e Aceito

Rito Moderno

Rito York

Rito Brasileiro

Rito Adonhiramita

Rito Schroeder

Rito Escocês Retificado

A cerimônia de iniciação na maçonaria é diferente de acordo com a Loja e o Rito, mas alguns elementos são comuns: 

Os membros da Loja votam para aceitar o candidato

O candidato é preparado em um cômodo adjacente, vendado e com o pé esquerdo descalço

O Mestre Venerável, o Primeiro e o Segundo Vigilantes encenam um diálogo

O candidato caminha ao redor da sala ou do altar, no sentido horário

O candidato se ajoelha em frente ao altar e jura não revelar os segredos da ordem

Os membros formam um círculo ao redor do candidato

O Mestre profere palavras de ordem e os membros batem palmas ou batem o pé direito no chão

A venda é retirada dos olhos do candidato

O candidato recebe ferramentas e um avental branco

Os maçons aprendem os preceitos em reuniões, que seguem liturgias herdadas dos construtores de catedrais medievais.

Rito Adonhiramita

Rito de origem francesa, foi substituído na França pelo Rito Moderno EM 1785, mas continuou sendo praticado no Brasil, onde foi o primeiro Rito a ser adotado.

O Rito Adonhiramita é considerado irregular por boa parte da comunidade maçônica internacional pelo fato de modificar a Lenda do Grau 03, o que fere um dos principais Landmarks maçônicos (3º Landmark de Mackey, por exemplo) que considera a lenda do Grau 03 imutável. Se não fosse pelo fato do Rito ter sido descontinuado na França, quando da adoção do Rito Moderno, o Adonhiramita seria o mais antigo ainda em prática no mundo. Porém, ele se viu encerrado em 1.773, e só foi reativado, já no Brasil, em 16/01/1838, sofrendo então grande influência do Rito Moderno, e trabalhando apenas nos Graus Simbólicos. Os Graus Superiores desse Rito só entraram oficialmente em atividade em 02/06/1973, quando da fundação de seu Supremo Conselho, aqui no Brasil, único no mundo. O Rito Adonhiramita somente é praticado no Brasil e, mais recentemente, por algumas poucas Lojas em Portugal.

Rito Brasileiro

Sonho antigo do Grande Oriente do Brasil, o Rito Brasileiro somente tornou-se realidade em 1914, pelas mãos do então Grão-Mestre do GOB, Lauro Sodré. Sobreviveu até meados de 1940, quando entrou em desuso. Somente em 13/03/1968, no auge da Ditadura Militar e de sua propaganda nacionalista, o Rito foi reativado e permanece ativo até hoje. Considerado uma cópia abrasileirada do Rito Escocês, ele também trabalha com sistema de 33 graus, sendo os 03 simbólicos e 30 graus superiores, além de também adotar a cor púrpura do REAA. O Rito Brasileiro só é praticado no Brasil.

Ritual de Emulação & Sistema Inglês Moderno

O Ritual de Emulação só trabalha nos 03 graus simbólicos. O Emulação é um dos vários rituais praticados por Lojas da GLUI, sendo o mais popular deles. Há outros como: Bristol, Stability, Oxford, Taylor’s, Humber, Logic, West End. Todos são similares entre si, visto que a GLUI apenas determina que se observem os antigos costumes por ela adotados. O GOB adotou o Emulação para reforçar seu tratado de amizade e mútuo reconhecimento com a GLUI. Porém, quando da tradução para o português, o Ritual ficou erroneamente conhecido como “de York”. Podemos chamar de “Sistema Inglês Moderno” os corpos ingleses de aperfeiçoamento, que possuem origens diferentes e trabalham de forma totalmente independente dos Rituais Simbólicos lá praticados. Entre eles, podemos citar: Mestre de Marca e Santo Arco Real, Nauta, Templários e Malta.

Rito Escocês Antigo e Aceito

O Rito Escocês Antigo e Aceito é o mais praticado no Brasil e na maioria dos países da América Latina nos graus simbólicos, e é o Rito mais praticado no mundo nos Graus Superiores. Apesar de muitos autores e Irmãos declararem que o Rito teve origem na França, isso é algo discutível. O Rito foi realmente consolidado na França, mas sua origem pode se dizer escocesa, visto que teve origem quando Carlos I, rei da Inglaterra e de origem escocesa, exilou-se com sua família e famílias nobres mais próximas (também de origem escocesa) na França. Desse nicho originou-se na França o Rito de Heredom, composto de 25 graus. Mas apenas nos EUA o Rito passou a ter 33 graus e a ser chamado de Rito Escocês Antigo e Aceito. Digamos então que é um rito criado nos EUA sobre uma base francesa com raízes escocesas. Os 33 graus do Rito Escocês são concedidos em Loja Simbólica, Loja de Perfeição, Capítulo Rosa Cruz, Conselho Kadosh e Consistório. A data-marca do REAA é 31/05/1801: fundação do 1º Supremo.

Rito Francês ou Moderno

Apesar de declarar ter sido criado em 09/03/1773, o que o tornaria o Rito mais antigo ainda praticado no mundo, o Rito Moderno foi totalmente reformulado e reescrito, e somente tomou a forma com que é praticado atualmente quando da chamada “Reformulação”, ocorrida em 1877, quando se suprimiu a crença em um Grande Arquiteto do Universo e na Imortalidade da Alma de toda simbologia, filosofia e frases do Rito. O nome foi mantido, mas a Reformulação praticamente criou um novo Rito, diferente do seu original. Essa atitude em relação ao GADU, ao Livro da Lei e à Imortalidade da Alma promovida na ritualística e leis do Grande Oriente de França foi interpretada pela GLUI como um desrespeito aos antigos Landmarks, ocasionando no rompimento das relações entre a GLUI e o GOdF, rompimento este que dura até os dias de hoje.

Rito Schroder

O Rito Schroder é um rito de origem alemã e surgiu no Brasil através da colonização alemã no sul do país. O Rito surgiu na Alemanha para substituir o Rito da “Estrita Observância” que possuía forte influência da cavalaria templária, distanciando-se assim do simbolismo da Maçonaria operativa, o que, com o tempo, gerou grande descontentamento dos líderes e estudiosos maçônicos. Foi então que o Irmão Schroder começou a escrever o Rito que acabou ficando conhecido pelo seu nome. O novo Rito foi aprovado por unanimidade na assembléia dos Veneráveis Mestres de Hamburgo no dia 29/06/1801, sendo, portanto, apenas poucos dias mais velho do que o REAA. O Rito trabalha apenas nos três graus simbólicos, e busca se desvencilhar de influências de outras doutrinas, filosofias, ordens e símbolos que não sejam oriundos da Maçonaria Operativa.

Rito de York

O Rito de York é algumas vezes chamado de Rito Americano, ou mesmo de Rito Inglês Antigo. Além dos 03 graus simbólicos, ele possui mais 10 Graus, divididos nos organismos: Capítulo do Real Arco (Mestre de Marca, Past Master, Mui Excelente Mestre e Maçom do Real Arco); Conselho Críptico (Mestre Real, Mestre Escolhido e Super Excelente Mestre); Comandaria Templária (Ordem da Cruz Vermelha, Ordem da Cruz de Malta, Ordem dos Cavaleiros Templários). O Rito de York é o rito mais antigo praticado no mundo, tendo como data-marca 24/10/1797.Também é o Rito com mais membros praticantes no mundo: mais de 60% dos maçons no mundo adotam o “Monitor de Webb”, como são conhecidos os graus simbólicos do Rito de York, em homenagem ao seu autor. Já suas Comandarias Templárias são tidas como os únicos Corpos Maçônicos fardados da atualidade. Alguns irmãos brasileiros confundem o Rito de York com o Sistema Inglês Moderno, o qual possui alguns graus similares. Porém, o Sistema Inglês é bastante diferente, não possuindo um formato de escada como ocorre no Rito de York, Escocês e vários outros ritos.

Fonte: Filhos De Salomão 90

janeiro 11, 2025

CRÍTICAS - Newton Agrella


É uma pena que o nosso entendimento sobre as coisas exija um processo tão longo de maturidade.

É o caso da "Aceitação de Críticas" , algo que invariavelmente machuca, incomoda, fere brios e nos deixa  muito inseguros.

Porém, o tempo é sem sombra de dúvidas, o melhor remédio, e através dele vamos percebendo que receber Críticas, sejam da natureza que forem, constitui-se num aprendizado para "amortecer os impactos da alma"  e "fortalecer nossas estruturas"

As Críticas, sem entrar no mérito de sua essência, de algum modo, contribuem para nos tirar de uma suposta "zona de conforto" , onde em tese nos encontramos quase que permanentemente, tal qual o câmbio no "ponto morto"....

Sem nos dar conta do que nos circunstancia, tendemos a imaginar que tudo o que fazemos obedece um Princípio Natural das Coisas e está  sempre certo....

Raríssimamente nos questionamos "pra valer" e abrimos um parêntesis em nossas vidas para fazermos uma espécie de "balanço" de como agimos e de como reagimos.

Seja no aspecto profissional, social, familiar, e principalmente no que se refere aos nossos valores mais íntimos, ou seja, no âmbito anímico e espiritual....

E quando recebemos uma Crítica,  nossa primeira reação normalmente é a de espanto e de confrontação.

Sentimo-nos "acuados", e sem qualquer "tomada de fôlego mais profunda" - num arroubo de indignação e de discordância - tendemos a repelí-la, tal qual o "diabo foge da cruz"...

Cabe registrar que as pessoas  mais bem sucedidas na vida são aquelas que souberam acatar as Críticas e transformá-las em aliadas para sua evolução.

Aquiescer uma crítica, inobstante parecer justa ou não, demonstra uma capacidade de equilíbrio e de resiliência, que tornam possível a nossa capacidade de estarmos atentos aos sinais que a vida nos impõe.

Só podemos trabalhar o nosso templo interior se estivermos cientes de que sempre estaremos susceptíveis a Críticas, por mais que imaginemos nos encontrar como "a última bolacha do pacote". 

Qualificar uma Crítica como construtiva  ou destrutiva é uma mera questão formal.

Adjetivá-la significa dissuadi-la de sua natureza cultista.  

Crítica é crítica e pronto.

Independente da maneira como ela é feita,  sua missão é a de mexer com o nosso íntimo. 

A questão reside em como lidar com isso, sem abalar tanto as nossas estruturas emocionais.

Talvez seja aprendendo a ouvir mais do que falar.

E a doar mais do que receber...  


O CAVALEIRO DESTEMIDO - Roberto Ribeiro Reis


A vida é repleta de desafios

E disso ninguém não duvida;

É maravilhosa, louca, sofrida,

Gera prantos, suores, arrepios.


Ó Maçom! Força! Não se furte!

Quando fores convocado à luta;

É mister ter a valentia absoluta

Do bom obreiro.Então não surte!


A fé é carência plena, unânime,

Todo pedreiro dela muito carece;

O bravo guerreiro não arrefece

E, tampouco, será pusilânime.


Armado de elevados ideários,

Um Cavaleiro de limpa espada;

Cuja história é rica e baseada

Na essência fiel aos templários.


Um lutador forte, leal, destemido,

Que só à paz tem se atrevido,

Inda que isso lhe custe sua vida;

Um Irmão sereno face à guerra,

Granjeou amigos e lavrou a terra,

Dono dum legado sem medida.


Artífice que cativou corações,

E que, a despeito das ilusões,

Jamais sucumbiu aos enganos;

Um prócer real desse Templo,

Nobre Irmão! Tu és o exemplo

A nós e, mormente, aos profanos!



janeiro 10, 2025

AS CORES DA MAÇONARIA - João Anatalino Rodrigues



Na Maçonaria há uma forte influência do simbolismo das cores. Existe uma Maçonaria azul, uma Maçonaria branca e uma Maçonaria vermelha, cada uma destas cores denotando uma fase da aprendizagem iniciática da Arte Real.

Não há uma razão histórica para a adoção deste simbolismo de cores, a não ser que se possa invocar motivos relativos à Revolução Francesa, relacionados com as cores da bandeira daquele país. Mas aí seriámos obrigados a diminuir consideravelmente o alcance da Arte Real, que na nossa opinião, foi muito mais razão que consequência daquele formidável momento histórico.

A alusão à cor azul, muito provavelmente provém da influência da tradição alquímica, pois de acordo com os adeptos da Arte de Hermes, a pedra filosofal, no decurso do seu processo de elaboração, assume, seguidamente, três cores: um negro azulado, conhecido como asa de corvo, um branco leitoso e um vermelho ígneo. O negro simboliza o reino de Saturno, a partir do qual são obtidas a pedra branca, que é o símbolo da lua, e a vermelha, símbolo do sol.

Portanto, são estas as cores da grande obra alquímica. Primeiro, um negro azulado profundo, evocando as trevas, a morte, o subterrâneo; depois o branco, que é o renascimento, a cor da regeneração; e por fim o vermelho, o fogo celeste, o raio de luz, o sol, como corolário desse processo.

Por analogia adotou-se este simbolismo às diferentes etapas do simbolismo iniciático maçônico. A chamada Maçonaria negra foi acrescentada depois, para simbolizar a posse de segredos duvidosos. Mas em princípio eram essas as cores, e na essência, repetia o caleidoscópio hermético.

Os alquimistas justificavam este simbolismo dizendo que toda semente seria inútil se permanecesse intacta na terra, sem apodrecer e ficar negra.

Era preciso primeiro a corrupção e a morte para, em seguida, ocorrer a regeneração. Era no azul-negro que se encontravam, dissimuladas, todas as demais cores, como dizia Nicolas Flamel no seu Rosário dos Filósofos.

Este negro era, na verdade, um azul profundo, perfeito, que integrava em si a “rosa branca” e a “rosa vermelha”, imagem da regeneração e da ascensão espiritual, respectivamente. Estas duas cores do azul representavam os dois graus de perfeição da pedra filosofal, “o pequeno e o grande magistério, “o emblema da sabedoria, a coroa do filósofo, o selo da ciência e da fé, unidas à dupla potência, espiritual e temporal” no dizer de Fulcanelli. Na vida do operador alquímico eram representativas das duas mudanças no seu estado da consciência (etapas lunar e solar), que se operavam pela prática do magistério hermético.

Na terminologia alquímica, “branquear latona”(deabbat ergo latonen) significava branquear o latão, isto é, liberar o metal das suas impurezas para que pudesse mudar de estado. Na mitologia grega, Latona era a mãe de Diana (a Lua), e Apollo (o Sol), deuses representativos da natureza e da luz, respectivamente.

Na prática alquímica, é quando a “pedra” assume essa cor púrpura (fogo dos fogos), assemelhando-se a uma romã madura, que ela adquire a capacidade de transformar metais ordinários em ouro. Em contato com ela, os metais impuros “morrem” e “renascem” num outro estado, da mesma forma que o iniciado Maçom ao toque da espada Flamígera.    

Na simbologia maçônica podemos encontrar um paralelo nas diversas fases graduais que o iniciado tem passar para atingir o ápice da Escada de Jacó. No Rito Escocês essas fases são representadas pela Maçonaria azul, correspondentes às Lojas Simbólicas, à Maçonaria branca, correspondente às Lojas de Perfeição e Capitulares, e à Maçonaria vermelha, que corresponde aos graus filosóficos. Este último comporta ainda uma divisão em Maçonaria negra, que integra os três últimos graus da escalada de trinta e três graus previstos.

“A cor negra”, escreve Fulcanelli, “foi atribuída a Saturno, que se tornou em Espagiria, o hieróglifo do chumbo; em Astrologia, um planeta maléfico, em Hermetismo o dragão negro ou chumbo dos filósofos; em Magia, a galinha negra etc. Nos templos do Egito, quando o recipiendário estava pronto para as provas iniciáticas, um sacerdote aproximava-se dele e segredava-lhe no ouvido esta frase misteriosa: “Lembra-te que Osíris é um deus negro!”

Osíris, como se sabe, era o deus da ressurreição, aquele que guiava a alma do defunto pelas trevas da Tuat até o seu encontro com a luz. “Tal como o dia, no Gênesis, sucede, à noite,” continua Fulcanelli,” a luz sucede à escuridão. Tem por símbolo a cor branca.

Atingindo este grau, os sábios asseguram que a sua matéria está livre de toda impureza, perfeitamente lavada e purificada. (….) A cor branca é a dos Iniciados porque o homem que abandona as trevas para seguir a luz passa do estado profano ao de Iniciado, de puro. É espiritualmente renovado.”

Não se pode deixar de comparar a simbologia do magistério alquímico com as diferentes fases da iniciação maçônica. O que busca o irmão quando se inicia na Maçonaria, senão uma mágica transformação no seu ser? A passagem do estado de profano para o de iniciado equivale, na iniciação maçónica, a essa renovação espiritual, essa transformação de substância, que no magistério alquímico é obtida pela manipulação da matéria.

Só que, diferentemente da Arte de Hermes, a matéria prima do Maçom é o seu próprio psiquismo. Sobre ele o iniciado trabalha, utilizando-se dos influxos da Loja e dos ensinamentos que recebe, para transformá-lo, de metal impuro em ouro. Troca o vício pela virtude, a preguiça pelo trabalho, a indiferença pela participação, o desconsolo pela esperança. Dessa transmutação emerge como espírito renovado, purificado, pronto para exercer um novo papel na sociedade.

Este é o significado do simbolismo contido na iniciação maçônica, na qual o recipiendário passa sucessivamente, pelas três fases da transmutação alquímica: a negra, simbolizada pela sua descida às sombras da morte, o branco da regeneração, simbolizado pela sua iniciação e o vermelho da exaltação, que simboliza o predomínio do espírito sobre a matéria, condição que ele, como iniciado, finalmente adquiriu.

Evidentemente, na Maçonaria moderna todo este simbolismo, que resume uma verdade iniciática, assumiu contornos de filosofia moral. O Maçom é um homem do mundo e para ele vive. As verdades do espírito devem ser transformadas em atitudes práticas para a melhoria da sociedade na qual ele atua.

A luta do Maçom é contra ele mesmo, para submeter as suas paixões e aprimorar o seu espírito contra os males que infelicitam a espécie humana. Afinal, como diz o ritual, o mal é o oposto da virtude. O Maçom deve trabalhar para eliminar este mal, aperfeiçoando as suas qualidades morais, e em consequência, as da humanidade como um todo. Por outras palavras, o que ele busca é a realização de um estado de perfeito equilíbrio dentro de si mesmo primeiro para, em seguida, transmiti-lo à comunidade na qual vive, pois ninguém pode dar senão o que tem.

Esta é a ciência maçônica, a verdadeira ciência da vida. Através do trabalho prático, (do Maçom operativo) e teórico, (especulativo, que é busca do conhecimento, da Gnose), o Obreiro da Arte Real pode realizar a Alquimia maçônica., unindo-se, afinal, pelo trabalho de construção do universo moral que deve existir em todo irmão, com o Sublime Arquiteto do Universo, fonte fecunda de luz da qual todos saímos no início como matéria cósmica e à qual um dia voltaremos como espíritos radiantes de energia luminosa.

Por isso é que aqueles temerários que batem profanamente à porta do templo, a fim de se iniciarem nos Augustos Mistérios dos Obreiros da Arte Real, ali estão em busca de luz. É que na desordem que reina no mundo dos homens, esses corações sensíveis sentem a necessidade de buscar o exato equilíbrio entre as suas necessidades no mundo profano e as exigências do mundo sagrado, que são de cunho espiritual.

Sem ordem e harmonia nas suas próprias vidas, não as pode transmitir à comunidade em que vive, pois ele mesmo não as possui. Então precisa ser devidamente iniciado, para que possa adquirir tais qualidades. Mas para isso precisa ser puro e de bons costumes.

Ontem como hoje, as esperanças da humanidade são as mesmas: ela quer viver num estado de harmonia, equilíbrio social e ordem. Se as formas de se buscar esse estado ideal mudam, se as visões assumem diferentes configurações, o conteúdo significante dessas visões, no entanto, são os mesmos.

Em todos os tempos os homens repetem as mesmas fórmulas e sentem os mesmos anseios. Assim, o neófito que busca a realização maçônica carrega na sua alma o mesmo anseio do adepto que se iniciava na Arte de Hermes. E tanto nos laboratórios dos artistas, como nos templos maçónicos de hoje, quando um irmão é iniciado ouve-se dizer que

A luz foi feita,

A luz seja dada ao neófito.

Por fim, é relevante lembrar que na referida prancha do Mutus Líber, um homem e uma mulher, representando os dois princípios, feminino e masculino, que se unem para a criação, torcem um pano branco para fins de extrair dele o chamado “orvalho dos filósofos”. Este “orvalho” é exatamente a energia proveniente da natureza, a “flos coeli” capaz de animar a matéria inerte e provocar nela a transmutação. No templo maçônico, essa função é representada pelo equilíbrio de forças entre as duas colunas, sobre as quais Aprendizes e Companheiros realizam as suas fases de aprendizagem, recebendo cada um, conforme o ritual, o seu salário.

É desta maneira que os Obreiros da Arte Real, congregados no templo, formam uma Egrégora que capta, a exemplo da ação energética da síntese química, a “energia dos princípios”, que para o alquimista é o mercúrio filosófico, e para o Maçom é a tríplice argamassa com que se ligam as obras maçônicas.

Do livro “Conhecendo a Arte Real” – Ed. Madras, 2007

A LUZ MAÇÔNICA - Almir Sant'Anna Cruz


Após o juramento o recipiendário será retirado do templo para que seu traje seja recomposto, retornando ainda vendado.

E será pedido a seu favor que se lhe dê a Luz. 

E lhe será retirada a venda que cobre os seus olhos. 

E a Luz lhe será dada. 

E verá a Luz.

Readquirida a plenitude da visão, o agora neófito receberá o choque iniciático e verá a verdadeira Luz, símbolo da verdadeira iluminação interior que é a própria iniciação, se tornando um iluminado, um iniciado, aclarado por uma luz espiritual.

Em diversas religiões a Luz é considerada uma manifestação da divindade e, como tal, objeto de adoração como fonte primordial do conhecimento, em contraposição à escuridão, que representa o mal e a ignorância.

Em Gênesis (1:3-4) consta: E disse Deus: Haja luz. E houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas.

Simbolicamente, a Luz tem o significado de santidade e de conhecimento da Verdade. Consta no Evangelho de João (1:4-9): Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens; E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João. Este veio para testemunho para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele. Não era ele a luz; mas para que testificasse da luz. Ali estava a luz verdadeira, que alumia a todo o homem que vem ao mundo. 

No mazdeismo, no judaísmo, no cristianismo e também na Maçonaria, jamais se deve assoprar uma vela, que representa a luz, o bem, o conhecimento, para que o hálito não a contamine. 

A visão da verdadeira Luz está acima da capacidade da inteligência humana e quando o iniciando recebe a Luz recebe a visão intuitiva da Verdade e torna-se um Maçom, um filho da Luz, um livre-pensador para quem a verdade só é Verdade quando se coaduna com a Razão.

Do livro - O que um Aprendiz Maçom deve saber - interessados contatar o Irm.’. Almir no whatsApp (21) 99568-1350