abril 13, 2025

ESPERANÇA e PROPRIEDADE - Adilson Zotovici



Assim caminha a humanidade

No incabível modernismo

O irredutível egocentrismo 

O niilismo em verdade 


É reinante o incivismo 

A vida é banalidade 

E fluída obscuridade

É flagrante o ostracismo 


Mas há esperança e propriedade

Na Arte Real sem sofismo

Basta olhar com acuidade 


Vê-se o pulcro racionalismo

Na Sublime fraternidade 

Qual o fulcro do Iluminismo !



VAIDADE DESMEDIDA CORRÓI O HOMEM - Aldy Carvalho


                                   

“Vaidade, vaidade, tudo sob o céu é vaidade.”

“... 2 Vaidade de vaidades! — diz o pregador, vaidade de vaidades! É tudo vaidade. 3 Que vantagem tem o homem de todo o seu trabalho, que ele faz debaixo do sol?.” (Eclesiastes1: 2,3)

     O filósofo Mathias Aires, na sua obra "Reflexões Sobre a Vaidade dos Homens", diz: “Se a vaidade fosse uma virtude, só nos havia de inspirar meios virtuosos" e, "o homem nasce e morre vaidoso, a vaidade lhe segue e ele a ela, em todos os momentos de sua vida, do nascimento à morte". Contudo, saber pontua-la, toureá-la, é uma virtude a ser cultivada.

     A Vaidade, quando equilibrada, pode ser um estímulo ao aprimoramento pessoal, à busca pelo conhecimento e ao zelo pela própria imagem. No entanto, quando se torna desmedida, transforma-se em um mal corrosivo, que afasta o homem da humildade e do verdadeiro propósito da existência.

     E nós, os Maçons? Estamos imunes a essa praga? Infelizmente, não.

     Em nossas Lojas, vemos Irmãos que se julgam superiores, ostentando títulos, medalhas e aventais como se fossem sinais de grandeza, esquecendo-se de que a verdadeira distinção de um Maçom não se encontra no brilho de suas insígnias, mas na retidão de seu caráter e na sinceridade de seus atos. A prepotência se disfarça de sabedoria e aqueles que deveriam ser exemplos de fraternidade e humildade tornam-se meros aduladores de si mesmos.

     Quantos não buscam a Maçonaria não para se tornarem homens melhores, mas para alimentar seus egos, acumulando graus e distinções sem jamais compreender a essência dos ensinamentos simbólicos? Criam um pedestal imaginário, de onde olham os demais com desprezo, julgando-se mais esclarecidos, mais dignos, mais importantes.

     No mundo profano, maçons que deveriam ser luz no mundo tornam-se soberbos, esquecem a humildade que deveriam cultivar. Em suas profissões, em seus círculos sociais, "arrotam" grandeza, dão-se importância exagerada como se isso os fizesse superiores, ignorando que a verdadeira superioridade está na capacidade de servir e de se colocar ao lado do outro como um igual.

     A Maçonaria nos ensina que a maior glória não está em ostentar títulos, mas em agir com justiça, humildade e amor fraterno. Não é o avental mais ornamentado que faz um verdadeiro Maçom, mas a sinceridade do seu compromisso com a Ordem e com a sociedade.

     Que cada um de nós reflita sobre isso e busque combater diariamente a vaidade e a prepotência em nossos corações. Sejamos, de fato, construtores do nosso próprio templo interior, onde a humildade seja a pedra fundamental e a fraternidade, o alicerce inabalável de nossas ações. 

Que O G.: A.: D.: U.:, a todos nós ilumine por igual.


                                                   

abril 12, 2025

PASSAGEM e TRAVESSIA - Newton Agrella


No universo semântico das palavras, determinados termos que expressam um significado singular como PESSACH e PÁSCOA que querem dizer "PASSAGEM", na sua essência  "alegórica", isto é, como figuras de linguagem, denotam relações distintas.

O termo hebraico *PESSACH* - que se comemora de Hoje para Amanhã -  na cultura  judaica diz respeito  à saída do Egito, liderada por Moisés, após cerca de 400 anos de escravidão, representado pela travessia do Mar Vermelho rumo à Terra Prometida, bem como uma referência a uma das pragas do Egito, quando o anjo da morte passou pela Terra levando os primogênitos egípcios e poupando os judeus, que marcaram as portas de suas casas com sangue de um cordeiro macho e sem defeito.

Por outro lado, a  *"PÁSCOA"* na cultura cristã é marcada pela figura exponencial de Jesus Cristo, reconhecido pelos cristãos como o Cordeiro de Deus, que foi morto para salvar e libertar a humanidade do pecado. 

O significado alegórico é o da  passagem da morte para a vida quando ressuscitou ao terceiro dia, durante o Pessach.

A História explica e revela o surgimento do Cristianismo a partir do Judaísmo.

Os conceitos e idéias que revelam suas identidades se manifestam sob uma gama de diferentes proposituras dialéticas.  Porém inúmeros e inquestionáveis traços comuns se exteriorizam após detidas análises e estudos na sua coexistência.

PESSACH e PÁSCOA são águas da mesma nascente, mas que se tornaram rios que percorrem trajetos com suas próprias características. Cada um deles segue seu percurso geográfico, mas são cultuados em momentos muito próximos um do outro.

Jamais porém, deixarão de se identificarem como passagens ou travessias a que o ser humano se submete no curso da vida.

Sempre oportuno registrar que a MAÇONARIA carrega no seu arcabouço uma vasta quantidade de exemplos e referências históricas, místicas, lendárias e religiosas que dão sustentação à SIMBOLOGIA como a ciência base da Sublime Ordem, sejam nos graus simbólicos ou nos seus graus superiores ou filosóficos.

No final das contas o que importa é que a Passagem seja límpida, fluida e plena de significado no interior de cada um de nós, livre de dogmas ou proselitismos, posto que somos  resultado de nossa consciência.



ARLS COLUNAS DE AKHENATON 603 - São Paulo



 

        A Augusta e Respeitável Loja Simbólica Colunas de Akhenaton n. 603 fica muito longe do local onde estou hospedado em São Paulo. Tive de embarcar no metro desde S. Cecília até o ponto final no Jabaquara, e de lá o irmão Mauro Ferreira, meu confrade de duas Academias e editor de alguns de meus livros, me apanhou e ainda levou algum tempo rodando para chegar.
        O prédio é antigo, porem nele reúnem-se Lojas todos os dias da semana. A escadinha que leva ao Templo é íngreme para quem já não é jovem como eu, mas a vista da espetacular abóbada compensa tudo, é a mais bela que já vi em centenas de visitas a Lojas.
    Outra novidade da Loja é o ultra moderno altar dos juramentos, transparente e resplandecente, como dá para ver na foto acima.
     Devido as dificuldades de transito alguns irmãos não puderem comparecer, mas os que vieram participaram de uma bela sessão de aprendiz com dois excelentes trabalhos apresentados, conduzida pelo Venerável Mestre Ademar Mori, que me concedeu a honra de ocupar a oratória. 
    Também fiz um mini palestra sobre o tema de um de meus livros "O Caminho da Felicidade".
    Ao final da sessão a alegre confraternização foi em torno de um rodízio de pizzas e vinho. Noite memorável.

A CONFLITANTE ARTE DA LEITURA - Newton Agrella



Sabe por que muitas pessoas têm preguiça de ler ?

Uma das respostas mais verdadeiras se deve ao fato de que quando se está lendo, a pessoa precisa criar imagens em sua mente, elaborar ideias sobre os sons dos diálogos, os ruídos dos cenários em que se ambienta o texto, dentre tantos outros aspectos sensoriais que a leitura obriga o leitor a experienciar.

Vez por outra, ter que buscar no dicionário o significado de alguma palavra ou expressão.

E talvez por isso,  mais desalentador e cansativo seja o fato do leitor se ver obrigado a "interpretar"  o texto conforme seu conteúdo ou narrativa.

Tudo isso, concorre para que a leitura em muitos casos, se torne um verdadeiro fardo para muita gente.

Afora isso, há um outro aspecto crucial que contribui largamente para que a pessoa não se entusiasme pela leitura. 

Trata-se da "concorrência".

Ou seja, outros veículos de comunicação como a televisão, os computadores e smartphones que já trazem tudo mastigado, sem que se precise ler para se inteirar sobre as coisas.

Ler impõe um mínimo de foco e atenção, exige um raciocínio mais detido e depurado .

Enquanto os outros meios permitem um relaxamento; uma forma mais descontraída de atenção, a leitura por sua vez, requer um vínculo mais intenso entre o livro e o leitor. 

Ao manuseá-lo, sentir a textura de suas folhas e o próprio cheiro que ele exala, o leitor meio que se torna um cúmplice do livro.

Há uma interação muito mais profunda entre o Leitor e o Livro do que entre a Pessoa e um Instrumento de Mídia.

E para dar números finais a esta tênue crônica, desnecessário registrar que a falta de incentivo na própria formação escolar - e neste caso referimo-nos particularmente ao nosso país - é algo que não pode e nem deve passar inc

De modo geral, a Educação no Brasil, que deveria se ocupar de estimular o estudante ao hábito da leitura desde a mais tenra idade, simplesmente ignora esta condição.

Ler faz com que a capacidade crítica de uma pessoa se desenvolva quase que imperceptivelmente.

A leitura produz um terreno mais fértil para a argumentação e contra-argumentação no campo das ideias.

Além disso, proporciona um alastramento do território vocabular, tornando a pessoa cada vez mais fluida e versátil no exercício do raciocínio.

Apenas a título de observação, lembre-se que fontes de referência não são "googlegráficas". 

Elas são legitimamente "bibliográficas".



O VENERÁVEL MESTRE MAÇOM NÃO PODE SER UM FROUXO - Rudy Rafael


Mestre Maçom


Uma pessoa jamais deve falar sobre aquilo que ignora e em relação às instituições terrenas ligadas à espiritualidade a maçonaria é a instituição onde isto é mais gritante. A ciência sobre uma instituição terrena ligada à espiritualidade que tornaria alguém apto a discorrer sobre ela não é necessariamente decorrente da participação efetiva na mesma – não é necessário ser ou ter sido de uma religião para falar sobre ela -, mas em relação à maçonaria sim. Quem não é um maçom de uma loja reconhecida pela Grande Loja Unida da Inglaterra (GLUI) não tem condição alguma de falar sobre a maçonaria, pois não fazendo parte da egrégora espiritual maçônica que age no plano terreno não faz parte da egrégora espiritual maçônica e assim não sabe o que é maçonaria pois não recebe o influxo espiritual necessário para tirar o véu. Os conspiracionistas que propagam pelo mundo uma pretensa trama de dominação global pela maçonaria não são maçons de uma loja reconhecida pela GLUI e consequentemente não sabem o que é a maçonaria para poder falar sobre o que ela é, fez, faz e pretende. Toda a ideia que os conspiracionistas têm sobre a maçonaria é apenas produto de repetição cega e vazio e raso por sua falta de essência.


Basta que uma pessoa tenha uma simples faísca da centelha divina vibrando em seu coração para que, com tal consciência, não se deixe levar pelas besteiras que dizem sobre a maçonaria, principalmente sobre as pretensas tramas de dominação global. Enquanto os conspiracionistas acreditam que os maçons passam o tempo tramando sobre a dominação do mundo os maçons estão debatendo sobre comer peixe assado na brasa ou churrasco de frango em um evento social. Os conspiracionistas e todos aqueles que veem na maçonaria uma instituição com força e intenção voltada ao domínio do mundo apenas superestimam a maçonaria vendo nela forças que ela não tem. Tais pessoas, por não serem maçons de uma loja reconhecida pela GLUI e não saberem o que é a maçonaria, imaginam que a maçonaria tem planos para o mundo inteiro inclusive para as próximas décadas, enquanto que lojas maçônicas penam para aprovar o calendário das sessões do ano e imaginam que a maçonaria se infiltra na política para aumentar a sua teia de poder, enquanto que a discussão política é de fato proibida e a consciência política dos maçons não é melhor do que a dos não maçons, pois impera o “todo partido político é igual”.


Todo este superestimar que os não maçons têm em relação à maçonaria não é aproveitado de forma instigativa pelos maçons. Se os conspiracionistas e outras pessoas acreditam que a maçonaria tem poder para controlar o mundo é isto que a maçonaria deve fazer, pois, considerando o que é necessário que um homem seja para ser maçom, não há pessoas melhores para controlar o mundo do que os maçons. O mundo atual, no atual estado de consciência da humanidade, necessariamente é controlado por alguém e o mundo deve escolher quem quer que o controle. Não adianta as pessoas de bem se omitirem do controle do mundo, pois se elas não tomarem as rédeas outras pessoas tomarão. Desconsiderando a choradeira de que todo controle é “opressão”, que “as coisas devem ser feitas por amor” e “por consciência”, que “controle é coisa de gente do mal” e toda uma infinidade de chororôs, o fato é que o mundo atual no atual estado de evolução da humanidade terá controle por alguém e se não for por uns será por outros. Há pessoas que simplesmente não pretendem ver o mundo sendo controlado por pessoas que são completamente opostas aos ideais maçônicos, principalmente no que tange à sua falta de moral e à sua falta de ética.


Há pessoas que preferem ver o mundo sendo controlado por homens que não traiam suas esposas a homens que tenham amantes e sejam sustentados por uma propaganda de que o que importa são suas decisões políticas. Há pessoas que preferem ver o mundo sendo controlado por pessoas inteligentes, cultas e sábias a analfabetos funcionais que louvem a própria ignorância e transformem sua ignorância em virtude sendo sustentados por uma propaganda de que pessoas ignorantes têm um coração mais puro. Há pessoas que preferem ver o mundo sendo controlado por pessoas que acreditam em Deus e o reconhecem como todo poderoso submetendo-se a ele e às suas leis a pessoas que não acreditam em Deus e por isto ignoram e rejeitam suas leis, mas que são sustentadas pela propaganda de que uma pessoa não é melhor que outra por não acreditar em Deus. Há pessoas que preferem ver o mundo sendo controlado por pessoas plenamente conscientes o tempo todo a pessoas viciadas em maconha, cocaína, crack e outros entorpecentes, mas que são sustentadas por propagandas insanas em defesa do uso das drogas. O mundo atual em seu atual estado de evolução coloca tais escolhas a todos.


O maçom não é perfeito, mas busca ser e este é o seu trabalho. É através desta boa vontade, de reconhecer-se como ser imperfeito e que necessita ser alguém melhor, que as portas dos céus são abertas ao maçom. O maçom olha para cima e vê Deus como um ser perfeito, por isto se reconhece imperfeito. O exemplo do maçom é Deus e é nele que o maçom se espelha. Toda a consciência sobre Deus que a maçonaria entrega aos maçons não adiantará se os maçons aceitarem ser controlados por pessoas que não acreditam em Deus. A geometria na vida do maçom deve ser aplicada em seu pensamento e consequentemente em suas ações. Se o maçom sabe o que está de um lado na busca por Deus deve também saber o que está do outro lado onde há a negação e a rejeição a Deus. Se o maçom sabe o que pode esperar de um homem que maçom busca a perfeição do Supremo Arquiteto do Universo deve também saber o que esperar de alguém que nega e rejeita a Deus. O maçom não pode ser egoísta e se ele quer Deus para si e sua família deve querer também para os outros de forma a não aceitar que os outros sejam controlados por quem nega e rejeita a Deus. O maçom não pode aceitar que o mundo seja controlado pelo oposto do que ele busca.


É incoerente que o maçom, que busca a igualdade, a liberdade e a fraternidade entre os povos, que vive pela fé, a esperança e a caridade, que sabe o que é ser maçom e sabe o que é a maçonaria e o que a maçonaria quer para o mundo, aceite que o mundo seja controlado por pessoas que são o oposto da maçonaria e do ser maçom. Se os conspiracionistas e outros acreditam que a maçonaria tem poder para controlar o mundo é exatamente isto que a maçonaria deve fazer; ou, quem os maçons querem ver controlando o mundo? Os que negam e rejeitam a Deus? Os usuários de drogas? Os que traem suas esposas? Os analfabetos funcionais? Os que no futuro vão querer casar com um pepino porque sentem atração física por pepinos? Os que clamam pela morte de fetos humanos? Se a maçonaria não se importa que tais pessoas controlem o mundo também não deve se preocupar em protestar contra os resultados das ações de tais pessoas. Uma pessoa que vive por e para Deus agirá neste sentido, enquanto que a que vive contra Deus agirá contrariamente a Deus. Um maçom verdadeiro sabe o que é a maçonaria e sabe quem são seus irmãos e não precisa pensar muito para constatar o que é melhor para o mundo.


Controle é poder, o poder é para ser usado e para ser usado é preciso ter coragem. Muitas pessoas ambicionam o poder mas não têm força interior e poder de espírito para mandar o cachorro fazer cocô fora de casa. O cargo de venerável mestre maçom de uma loja é ambicionado por muitos maçons, mas a maioria não têm pulso para ser um venerável mestre maçom de uma loja. O ser que existe foi criado para existir assim como o poder que foi institucionalizado foi criado para ser usado. Não adianta desejar ser venerável de uma loja e não ter coragem de usar os poderes inerentes ao cargo de venerável. Se alguém não tem coragem para exercer as atribuições inerentes ao cargo que exerce deve deixar que outro o faça. A sustentação espiritual de uma loja é o seu venerável e a maçonaria a nível global se faz com a conduta – de ação ou omissão – do venerável de sua loja. O venerável faz a sua loja e a prepara para aquilo que ela fará para o mundo maçônico e para o mundo profano. Não se trata de “ego”, “escravidão” ou “opressão”, mas de cumprir a função que se exerce. O venerável deve ter coragem de ser venerável; não pode ter medo de fazer o seu dever por medo de ferir os sentimentos de um irmão ao contrariá-lo em sua opinião.


A maçonaria, à luz da Grande Obra de Deus, é piramidal e consequentemente hierárquica. Quem não tem condições de compreender e aceitar um sistema hierárquico e obedecer regras não pode ser maçom. Uma pessoa que leva para o lado negativo – principalmente o da ofensa pessoal – uma decisão hierárquica tomada por seu superior na mais completa e absoluta imparcialidade e com lealdade e boa-fé não pode ser maçom. O venerável de uma loja deve confiar em seus irmãos a ponto de ter a confiança de que suas decisões, tomadas quando necessárias e para o bem da loja, não serão levadas para o lado negativo, o lado do vitimismo. O maçom, além de não poder ser vitimista, deve tanto ser maduro para não levar a decisão do venerável como uma afronta pessoal quanto deve confiar em seu irmão exercendo o cargo de venerável. A vida é feita de fases e para alcançar uma nova é preciso transcender a fase em que se encontra e se uma loja não consegue aprovar o cardápio de um evento social quanto mais conseguirá construir o seu próprio templo. Quando as questões ordinárias e pequenas de uma loja começam a procrastinar indefinidamente cabe ao venerável usar o malhete para que a loja possa evoluir.


Fora da maçonaria existe um mundo que não para e enquanto maçons perdem tempo discutindo se vão comer peixe ou frango em um evento social existem pessoas moral e eticamente abomináveis que trabalham constantemente para controlar o mundo para fins abomináveis. A maçonaria deve otimizar o seu tempo para que os maçons possam trabalhar aquilo que realmente precisa ser feito no mundo e que diz respeito não só à loja ou aos maçons, mas a todos. As questões ordinárias e pequenas de uma loja devem ser resolvidas, mas não se deve perder tempo com isto e cabe ao venerável da loja fazer com que a loja resolva logo tais questões sem deixar que coisas assim procrastinem-se eternamente a ponto de comprometer o tempo dos maçons dentro da maçonaria. A maçonaria não está no mundo para perder tempo discutindo cardápios, locais de festa, se a festa vai ter banda ou DJ e coisas que não têm importância alguma à humanidade. Para que a maçonaria cumpra o seu dever no mundo ela terá que ir ao mundo e para isto ela terá que ter feito o seu dever de casa, terá que ter resolvido as questões ordinárias e pequenas da loja. É dever do venerável ser venerável ao ver que a loja insiste em não seguir em frente.


Entre a maçonaria que controla o mundo e a maçonaria que não consegue decidir se vai comer peixe ou frango certamente o mundo precisa mais da maçonaria que controla o mundo, mas para que a maçonaria controle o mundo é necessário que já tenha decidido se vai comer peixe ou frango e quando os maçons demoram mais que o necessário para decidir se vão comer peixe ou frango cabe ao venerável mestre maçom da loja agir como venerável mestre maçom da loja. Para alcançar as grandes coisas é necessário transcender as pequenas. Uma loja que não consegue resolver suas questões ordinárias e pequenas não está pronta para sair ao mundo e agir como maçonaria. O venerável mestre maçom não pode ser um frouxo, não pode ter medo de usar o poder que lhe foi investido, pois se não houvesse necessidade de ter tal poder tal poder não ser-lhe-ia dado. O venerável de uma loja é responsável pela loja e é seu dever levá-la ao mundo, pois o mundo precisa disto. Atualmente a maçonaria é superestimada e muitos pensam que a maçonaria é muito mais do que é, mas poderá chegar o tempo em que ao invés de os não maçons acreditarem que a maçonaria pode tudo acreditarão que ela não pode coisa alguma.

abril 11, 2025

ARLS LEONARDO DA VINCI 538 - São Paulo


    
Atendendo ao convite do VM Ronald Todorovic visitei na noite de ontem a ARLS Leonardo da Vinci n. 538 da GLESP em uma sessão de aprendiz maçom.
Estive várias vezes nesta querida  Loja, ontem também já palestrei, e a razão de meu retorno é o espírito de união e fraternidade que sempre pude observar, além da dedicação aos estudos.
Ontem, por exemplo, o jovem Venerável Mestre estava com forte dor de cabeça que atrapalhava a sua concentração, mas não faltou a sessão e nem desistiu da responsabilidade. Distribuiu tarefas, inclusive para mim,  e os trabalhos prosseguiram com perfeição com a primeira instrução de aprendiz e a apresentação de um ótimo trabalho.
É sempre um grato prazer estar com os irmãos desta Loja e quando houver oportunidade lá estarei.



FERRAMENTAS DO APRENDIZ - Pedro Juk


Em 22.09.2014 o Irmão Fábio Silva Pedroso, Aprendiz da Loja Acácia do Sudoeste, REAA, 2.278, GOB-PR, Oriente de Pato Branco, Estado do Paraná, solicita o que segue: 

_*Estive no ERAC de Cândido Rondon ontem apresentando o trabalho sobre Abóboda Celeste. Tenho que apresentar em minha Loja um trabalho sobre "Ferramentas do Aprendiz", e gostaria que se possível me balizasse sobre referências bibliográficas sobre o tema.


Considerações:


Primeiro vale a pena mencionar que existem diferenças entre os sistemas doutrinários maçônicos nas suas duas vertentes principais – a inglesa e a francesa.

Embora o objetivo da Moderna Maçonaria seja um só (aprimoramento do Homem), existem os Ritos que seguem modelos de concepção doutrinária oriunda da França (deísta) e aquela de concepção nativa da Inglaterra (teísta).

Por exemplo: o Trabalho de Emulação (conhecido por aqui como York) se coaduna com a raiz inglesa, enquanto que o Rito Escocês Antigo e Aceito se coaduna com a genealogia francesa.

Embora de objetivo único, os costumes, cultura, condições políticas e sociais da época acabariam por influenciar o moderno especulativo maçônico entre os Séculos XVIII e XIX.

Sob essa óptica, em se tratando das ferramentas simbólicas do Aprendiz na Moderna Maçonaria, devido às duas principais vertentes citadas, estas não são em número completamente iguais conforme o sistema. Geralmente o sistema inglês adota três instrumentos para o Aprendiz: o Maço, o Cinzel e a Régua de 24 Polegadas, enquanto que no sistema francês, do qual faz parte o Rito Escocês Antigo e Aceito, adota-se apenas dois, o Maço e o Cinzel.

Observe que na alegoria do Aprendiz, comumente inserida nos rituais usados na França, por extensão no Brasil, o Aprendiz aparece classicamente ajoelhado fazendo uso do Maço e do Cinzel. Do mesmo modo podemos observar que no Painel do Primeiro Grau do Rito Escocês aparecem também apenas esses dois instrumentos.

Como o mote dessa questão se refere ao REAA, filho espiritual da França, embora este até possua raízes anglo-saxônicas, o caso aqui é apenas do Maço e do Cinzel como instrumentos de ofício para o Aprendiz.

Chamo atenção porque alguns rituais equivocados, além de certas bibliografias temerárias misturam os sistemas apregoando com isso o uso na Régua para o Aprendiz no Rito Escocês, o que é um lamentável engano. A Régua no escocesismo simbólico é um dos objetos de trabalho do Companheiro.

Transcrevo aqui um pequeno trecho inerente ao livro “Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom – Tomo I” de minha autoria: 

O MAÇO E O CINZEL – Como instrumentos imprescindíveis para o desbaste da Pedra Bruta, eles se apresentam no Painel da Loja do primeiro Grau unidos, assumindo valor destacado para o trabalho dos Aprendizes.

O MAÇO – Também conhecido com Malho, é um utensílio de madeira resistente, idêntico a um martelo, embora maior, mais pesado e desprovido de unhas, sua utilização é feita por escultores, entalhadores e esquartejadores da pedra.


Operando de forma impactante sobre o Cinzel na tarefa de desbastar a pedra, simboliza a energia do caráter a serviço da razão e da inteligência (Cinzel). Resume a vontade como fator existencial nos homens que precisa ser concentrada com eficiência para que não resulte no esforço inútil. O seu uso de forma desordenada, certamente fragmentará a pedra deixando-a em desacordo com a forma desejada tornando-se, sob esse aspecto, uma ferramenta posta a serviço da destruição. O Maço, se usado de acordo com as exigências da Arte, é um instrumento imprescindível para o desenvolvimento do trabalho que disciplina a vontade.

Sob o ponto de vista esotérico, ele representa a ação do espírito sobre o campo da materialidade.

O CINZEL – É um instrumento de aço, incisivo em uma das suas extremidades, enquanto a outra está preparada para receber o impacto de uma ferramenta contundente sendo utilizado normalmente pelos escultores e gravadores em trabalhos que necessitem perfeição. Simbolicamente ele é uma das ferramentas do Aprendiz necessária ao desbaste da Pedra Bruta, no que representa a razão e a inteligência no direcionamento da vontade do Maço – o discernimento e a inteligência (Cinzel), dirigem a força da vontade (Maço). À vontade por si só não garante a eficácia do trabalho.

O Maço e o Cinzel, tal como apresentados no Painel da Loja de Aprendiz, estão unidos para indicar que de forma independente podem não produzir um trabalho satisfatório. A alegoria ensina o iniciado que a vontade, se aplicada com harmonia e de forma inteligente, alcançará os objetivos procurados, entretanto, é necessário observar uma associação equilibrada da força física com a força intelectual permitindo que a Pedra Bruta seja verdadeiramente transformada na Pedra Cúbica. 

Finalizando, indico para começar como fonte de pesquisa, além do livro de minha autoria aqui já mencionado, também o intitulado “Símbolos Maçônicos e suas Origens” de autoria do Irmão Xico Trolha, bem como a “Cartilha do Aprendiz” de autoria do Irmão José Castellani. Todos os títulos serão encontrados na Editora Maçônica A Trolha – www.atrolha.com.br – ver nestes uma extensa bibliografia para pesquisa.


P.S. – É primordial que o estudante de Maçonaria compreenda que existem duas vertentes principais na Moderna Maçonaria. Nesse particular a Maçonaria é composta por ritos e trabalhos do Craft, pelo que em não raras vezes encontrar-se-ão diferenças que servirão para explicar muitos procedimentos distintos em Loja.



abril 10, 2025

GLOMARON - 40 ANOS






À GLOMARON – Grande Loja Maçônica de Rondônia 

Ao Sereníssimo Grão Mestre Paulo Benevenute Tupan 


                                                          Michael Winetzki, Eminente Presidente da AMVBL- Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras, em nome de todos os eminentes Confrades, tenho a honra de parabenizar em seu nome Eminente Confrade Paulo Benevenute Tupan

Fundador e Presidente de Honra desta Douta Academia e Sereníssimo Grão Mestre, da GLOMARON - Grande Loja Maçônica de Rondônia, pela passagem do 40º aniversário de sua Fundação, a todos irmãos e Lojas jurisdicionadas à essa laboriosa, respeitada e evolucionista Potência Maçônica, reconhecida aos quatro cantos do Orbe, por seus valorosos trabalhos em prol de tornar mais feliz a humanidade. 

Que o GADU continue sempre, a iluminar esse esteio cultural maçônico. 

             Atenciosa e fraternalmente,

Michael Winetzki

Presidente


GLOMARON 1985 - 2025


40 anos - Jubileu de Rubi / Esmeralda


Resistência e raridade

Como tal a sua beleza

Com excelência a unidade

Por Arte Real a nobreza


Surgida em bela cidade

Com Luz de intensa clareza

Para brilhar à sociedade

Assim se conduz com firmeza


Justa e perfeita irmandade

De livres pedreiros...coesa

Robusta, com a Divindade


GLOMARON em sua proeza

De Rondônia à humanidade

Qual ESMERALDA a grandeza


Adilson Zotovici

AMVBL

O MAÇOM E A FORMAÇÃO: A VIA DO ESTUDO - Paulo Pinto


Em muitos movimentos e correntes espirituais, uma das tensões mais frequentes é a que ocorre entre aqueles que definem o saber positivo como fundamental, cultivando-o, fundamentalmente no campo da História e da História do Pensamento;

E aqueles que definem uma pertença e uma prática como um caminho que apenas no interior pode ter lugar, sem que o conhecimento livresco e acadêmico tenha algum lugar significativo no processo de crescimento e aperfeiçoamento.

Hoje, tal como em muitos outros momentos, tem lugar essa tensão, afirmando-se recorrentemente uma conceção de Maçonaria como quase exclusivamente prática. 

A frase “fez-se maçonaria”, demonstração de satisfação e regozijo, dita tantas vezes no final de uma sessão, leva ao limite o campo semântico da ideia de oficina, do labor oficinal. 

Isto é, faz-se Maçonaria no trabalho em Loja, e só isso realiza o maçom.

E este ponto, a centralidade do trabalho em sessões ritualísticas, mais que central, é o centro do que é a Maçonaria. 

A dimensão iniciática, renovada em cada abertura de trabalhos através do reconhecimento entre Irmãos e da delimitação de um espaço e um tempo fora dos espaços e tempos comuns, é a essência da alquimia interior que é transformadora e que atualiza, ritual após ritual, o trabalhar a pedra que cada maçom procura realizar em si mesmo.

Contudo, entendemos a semântica que a tradição cimentou e que se expressa nos Ritos? 

Isto é, temos as capacidades que nos permitam fruir plenamente de um momento ritualístico, tendo as ferramentas para especular com base no que se passa à nossa volta e onde participamos?

Num mundo profano imensamente afastado das ritualidades e ainda mais do vivenciado símbolo, o trabalho em Loja é empobrecido pela iliteracia que pode grassar entre aqueles que, vivendo o ritual, dele não podem retirar verdadeiro proveito porque não possuem o léxico, a cultura e o domínio da tradição que os habilitaria a uma plena vivência ritual.

Viver o ritual é fundamental numa dimensão antropológica, mas isso não basta se o sujeito não estiver equipado com os apetrechos que lhe permitam abrir as portas que o símbolo franqueia.

A Maçonaria precisa do conhecimento como ferramenta para dotar os seus membros das capacidades que lhes permitam gozar da plena liberdade hermenêutica no rito. 

Sem essa liberdade, que funciona em cima da cultura maçônica, não se cumpre nenhum Rito. 

Vivem-se gestos e repetem-se palavras, mas nada de alquímico e verdadeiramente transformador pode ter lugar.

A especulação maçônica é inevitavelmente do campo filosófico, com o que isso implica de genealogia de ideias. 

A sensibilidade, por si só, não conduz a um aperfeiçoamento total. 

O ato de trabalhar a pedra necessita de um escopro e um martelo que, na dimensão especulativa, são a bibliografia, as leituras, o debate.

Urge, num momento em que tantas equações se colocam em relação ao futuro da Maçonaria, apostar na formação dos novos membros, na “reciclagem” constante, na “formação ao longo da vida” daqueles que teimaram em continuar a vir às sessões.

A resposta a algumas das questões que mais preementemente se colocam hoje, seja em torno da redução de membros nas Obediências em alguns países, seja na elevada taxa de abandono entre nós, encontra-se numa fraca formação que conduz a que, nem os de fora, nem os de dentro, saibam o que é Maçonaria, o que fazem em Loja, para além de repetir frases bonitas e ouvir discursos interessantes, esvaziando de sentido a frase que repetem: “fez-se Maçonaria”.

PORTANTO IRMÃOS, VAMOS AOS ESTUDOS URGENTEMENTE!


Paulo Pinto M.'.M.'.

abril 09, 2025

ENSINAR e DOUTRINAR - Newton Agrella


A linha nem é tão tênue.

A questão é bem mais profunda.

Ensinar tem regência múltipla.

Doutrinar é transitivo direto.

Ensinar requer respeito.

Doutrinar impõe persuasão.

Ensinar faculta modos para transmitir conhecimento.

Doutrinar é um caminho impositivo de via única.

Ensinar possibilita ao aprendiz construir juízo de valores, discernir e a pensar por conta própria.

Doutrinar impinge idéias que mal permitem a contra-argumentação.

Ensinar, na sua essência, sugere o compartilhamento de informações de maneira equilibrada, que permite a quem aprende, viver a experiência de aquiescer, até discutir e avaliar aquilo que lhe é transmitido.

Doutrinar, em contrapartida, tem por princípio, induzir a conceitos sectários, unilaterais, e incutir a quem aprende, uma crença ou atitude particular de maneira a que não se aceite qualquer outra.

Ensinar amplia.

Doutrinar reduz.

Cabe a cada um decidir se prefere caminhar por pernas próprias e seguir seu caminho soberanamente, ou se subjugar à escuridão da ignorância e marchar ao som do gado que não tem escolha.



abril 08, 2025

A MAÇONARIA É UMA RELIGIÃO? - Almir Sant'Anna Cruz


Devem-se destacar alguns pontos coincidentes entre Maçonaria e Religião:

1 - O local onde os Maçons se reúnem chama-se templo; 

2 - A mesa onde são depositadas as Luzes da Maçonaria – o Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso – e onde são tomados os principais compromissos dos Maçons chama-se Altar (dos Juramentos); 

3 - A mesa onde é queimado incenso chama-se Altar (dos Perfumes);  

4 - Ninguém ingressa na Maçonaria sem crer num princípio criador;  

5 - A Maçonaria cultua a Deus que, em respeito às crenças individuais, é denominado Grande Arquiteto do Universo; 

6 - As Lojas Maçônicas cumprem uma liturgia, fazendo uso de Rituais padronizados que não podem ser alterados ou suprimidos; 

7 - Dentre os Rituais adotados, existem os de Consagração (de Templo, de Estandarte, etc.);

8  - Para distinguir as formas com que se praticam os Rituais, a Maçonaria utiliza-se de diferentes Ritos; 

9 - A Maçonaria adota uma moral que “levanta templos às virtudes e cava masmorras aos vícios”;

10 - A instalação de um Venerável Mestre, tornando-o um Mestre Instalado, faz dele, em última análise, um sacerdote, com prerrogativas de iniciar novos Maçons, elevar ao grau de Companheiro, exaltar ao grau de Mestre e criar novos Mestres Instalados.

Assim, a priori, se poderia dizer que a Maçonaria é uma religião, não só pelos aspectos que relacionamos, mas, também, por se enquadrar perfeitamente nas definições que citamos.

Portanto, a Maçonaria seria uma religião com características diferentes das religiões “ismo” (budismo, cristianismo, hinduísmo, islamismo, judaísmo, etc.). Seria uma religião que não se limita a reconhecer um poder sobrenatural sobre o homem. Seria uma religião que não se atém unicamente em crer em Deus. Seria uma religião que não está confinada a ser simplesmente um sistema de fé e de culto. Seria uma religião que não só respeita, mas também aceita todas as “ismo” como válidas, conquanto as entenda como tentativas, entre si competitivas, de enunciar a verdade divina, que é relativa. 

Por tudo isso, por suas características singulares, estudiosos e respeitados Maçons não conseguiram enxergá-la como religião. 

E a Maçonaria é uma religião?

Considerando-se que as definições sobre o que é religião, via de regra, são circunlóquios, são rodeios de palavras tão preconceituosos ou tão genéricos quanto inúteis, não podemos nos limitar às definições clássicas. Se assim o fizéssemos a resposta poderia ser afirmativa: a Maçonaria é uma religião.

Contudo, a nosso ver, a Maçonaria não é uma religião. 

A Maçonaria é, isto sim, uma “Alternativa Laica da Religião”, isto é, conquanto não seja uma religião, possui o suficiente em comum com elas a ponto de poder se apresentar como uma opção que permite, inclusive, excluir a adesão a qualquer uma delas. Em outras palavras, como “Alternativa Laica da Religião”, o Maçom pode crer numa determinada religião, em todas ou em nenhuma. Para o Maçom, basta acreditar num princípio criador, no Grande Arquiteto do Universo, significando dizer que embora haja um ponto de vista laico, existe um comprometimento que exerce a mesma função da adesão a uma religião.

O ceticismo, com sua crença em negar a existência de fundamentos racionais nas religiões; o empirismo, com seu credo segundo o qual não há conhecimento do mundo senão o derivado da experiência dos sentidos; o freudismo, com sua fé na psicanálise; o marxismo, com seu credo no comunismo e sua fé na revolução; o positivismo, com sua fé na ciência; o racionalismo, com sua fé na razão; o humanismo, com seu conjunto de crenças e valores inteiramente não religiosos, o que não o impede de possuir instituições semelhantes a igrejas, como a Sociedade Ética de South Place, em Londres, são “Alternativas Laicas da Religião”.

A Maçonaria, com seus templos, com seus altares, com seus Ritos, com seus Rituais, com sua liturgia e com seu “sistema de moral velado por alegorias e ilustrado por símbolos”, é, igualmente, uma “Alternativa Laica da Religião”. 

Sumariando, a Maçonaria é uma “Alternativa Laica da Religião”, adotada, consciente ou inconscientemente, pelos Maçons!

Excerto do livro *Maçonaria para Maçons Simpatizantes Curiosos e Detratores do Irm.'. Almir Sant'Anna Cruz 

abril 07, 2025

USO DO CHAPÉU NA MAÇONARIA - SIGNIFICADO - Pedro Juk





Em 14/12/2019 o Respeitável Irmão Jaime Pedrassani, Loja Sophia, nº 60, REAA, GLMERS (CSMB), Oriente de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul, apresenta a seguinte questão:

Caro Irmão Pedro. Uma vez mais, recorro à vossa sábia orientação: em que momento do ritual de instalação do novo Venerável Mestre ele passa a usar o chapéu? Seria no momento em que lhe é transferida a joia, malhete, avental e punhos? 

CONSIDERAÇÕES:

Como resposta objetiva, deve receber o chapéu assim que ele for instalado no trono. 

A rigor, no REAA, sob o ponto de vista da originalidade, qualquer Mestre Maçom deveria usar chapéu negro e desabado quando trabalhando nas Lojas abertas em Câmara do Meio. Como Venerável Mestre ele deveria se apresentar aos trabalhos sempre usando cobertura, não importando o grau simbólico.

Reitero, essas colocações se prendem principalmente à tradição no REAA, o que infelizmente nem sempre é atendida nos rituais vigentes. 

De qualquer modo, aproveito para deixar um pequeno arrazoado pertinente ao uso da cobertura da cabeça pelos Mestres Maçons, principalmente para que essa tradição não caia no esquecimento e também como repúdio a certas "chacotas" proferidas por alguns maçons que, por não conhecer a Maçonaria a contento, às vezes nos brindam com comentários desairosos, inconvenientes e de refinado mau gosto.

Segue um breve relato sobre o porquê dos fatos.

Por conta da influência hebraica na Maçonaria, segue o seguinte resumo sobre a cobertura da cabeça utilizada no judaísmo: Na tradição judaica, para os que atendem aos seus mais rígidos princípios, o homem deve sempre trazer a sua cabeça coberta, o que ocorre desde o brit-milá (circuncisão no oitavo dia de vida) por simbolizar a aliança abraâmica - a aliança que Abrão fez com Deus. Na prática, entretanto, de modo geral a cobertura da cabeça - que no judaísmo utiliza-se o kipá - é obrigatória somente durante as cerimônias litúrgicas.

Em Maçonaria, a cobertura da cabeça, que é feita com um chapéu negro e desabado, é imprescindível (ou pelo menos deveria ser) para todos os Mestres Maçons em trabalho no 3º Grau, muito embora existam ritos que também utilizem cobertura para Aprendizes e Companheiros.

Além da herança hebraica, em Maçonaria boa parte desse costume advém das cortes europeias, quando o rei, na presença dos seus inferiores hierárquicos, cobria a cabeça como sinal de superioridade – é como deve fazer o Venerável em sessão no Grau de Aprendiz e Companheiro.

Já no tocante à herança hebraica, sob o ponto de vista místico é nítida a sua influência, pois em Maçonaria, sobretudo considerando aspectos teístas, assim como no judaísmo, trazer a cabeça coberta, além do significado de que acima da cabeça do homem existe algo transcendental, onisciente, onividente e onipresente, que é Deus, o "Grande Arquiteto do Universo", também demonstra a pequenez humana e a prostração do homem perante Deus, o que, em linhas gerais, procura demonstrar que por ser a cabeça a sede da mente e do conhecimento, estando ela coberta, evidencia a incapacidade humana de entender o Criador. Em última análise é uma demonstração de submissão do homem a Deus.

Ainda sobre a cobertura da cabeça na Maçonaria, a título de esclarecimento cabe comentar o porquê de o chapéu negro ser "desabado", isto é, com abas caídas. Segundo alguns historiadores, tal como o saudoso Irmão Francisco de Assis Carvalho, o Xico Trolha, a característica desabada servia para esconder o rosto, dificultando a identificação facial do usuário do chapéu, sobretudo quando a discrição e o anonimato eram elementos muito importantes nas ações de combate que a Maçonaria travava contra o despotismo e a crueldade dos regimes totalitários.

Por fim, me cabe dizer que infelizmente na atualidade o uso do chapéu na Maçonaria não tem tido a importância merecida, possivelmente porque muitos "entendidos" simplesmente não sabem da sua história na Ordem e muito menos o que essa parte da indumentária maçônica significa para o iniciado.