“Só o impossível é digno de ser sonhado” – Abgar Renault
Muito antes da sua materialização, Brasília foi um sonho de um santo,
que, a semelhança de Abraão, havia
vislumbrado um grande lago, aonde uma cidade maravilhosa viria a ser o berço de
uma nova civilização, “..quando vierem escavar as minas ocultas no meio
destas montanhas, surgirá aqui a terra prometida, vertendo leite e mel. Será
uma riqueza inconcebível”...
JK, transportou ao sonho fé e esperança, e as eternizou nas palavras
com que saudava o início da empreitada : “Deste Planalto Central, desta
solidão que em breve se tornará o cérebro das decisões nacionais, lanço os
olhos mais uma vez sobre o amanhã de meu país e antevejo esta alvorada com
uma fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu
grande destino”.
Mais ainda, Juscelino, o sonhador do impossível, cercou-se de um
séqüito de artistas-sonhadores que não temiam o absurdo desafio de transformar
uma utopia em cidade: Oscar Niemeyer que materializou flores do cerrado em
concreto armado, criando formas inéditas na arquitetura; Lúcio Costa, o
brasileiro cidadão do mundo que deu asas ao sonho; o calculista poeta, Joaquim
Cardozo, que planejou os moldes de ferro, areia e cimento com a mesma
delicadeza que esculpia os seus versos, fazendo brotar poesia em forma de
edifícios; Athos Bulcão que bordou renda em pedras, e outros tantos que
perpetuaram aqui a sua glória em forma de obras
Muitos outros aderiram ao sonho, e sonhando, com a agudeza de sua
inteligência, com força de vontade, com o poder de seus músculos, com trabalho
duríssimo, fizeram nascer o grande lago e dele brotar a mais espetacular
capital do mundo, cujo símbolo mais marcante, a Catedral, oferenda ao Criador,
lembra ou a forma das mãos justapostas em oração, abençoando o espírito
visionário de D. Bosco, ou a coroa de espinhos, em memória a miraculosa
epopéia, regada de suor e eivada de dor e sacrifícios, que foi a construção de
Brasília.
No dia da inauguração, o cruzeiro
da primeira missa do Brasil, rezada por Frei Henrique de Coimbra, trazido de
Ouro Preto, é solenemente instalado na empoeirada e gigantesca esplanada, para
testemunhar a primeira missa de Brasília, e é saudada com os versos do artista
poeta Guilherme de Almeida: Agora, aqui é a encruzilhada tempo-espaço.
Caminho que vem do passado e vai ao futuro. Caminho do Norte, do Sul, do Leste
e do Oeste. Caminho ao longo dos séculos, caminho ao longo do mundo: aqui e
agora todos se cruzam pelo sinal da Santa Cruz”
O sonho, a fé e a esperança de JK, simbolizados nesta cidade, berço de
uma nova civilização, sonhada por um santo e materializada por anjos
disfarçados de homens, estão se perdendo porque ela foi tomada de assalto pela
pior espécie de ladrões, mentirosos, vigaristas, corruptos e corruptores,
vagabundos, preguiçosos, desavergonhados, abusados, imorais e todo tipo de
malandros, que zombam do povo brasileiro, enlameiam seu presente, desperdiçam
seu futuro e traem os sonhos daqueles que sonharam esta Capital.
Que o espírito de JK se faça presente
em cada brasileiro honrado e decente, e que os votos desses milhões de
brasileiros devolvam Brasília a representantes do povo que, a semelhança de
Juscelino e seu séqüito de sonhadores, possam materializar os sonhos do nosso
povo, construindo uma grande nação e devolvendo-lhe a fé e a esperança em seu
grande, e merecido, destino.
Cabe a cada brasileiro sonhar o sonho de JK, e construir o país que
todos desejamos.