setembro 22, 2021

A MAÇONARIA INCORPÓREA - Paulo M. (do Blog “A partir pedra”)



“Ministro da Saúde acusa Medicina de incoerência”. “Engenharia desacredita cursos do ensino privado”. “Dança moderna na bancarrota”. “Atletismo acusado de burla”. “Geografia convoca eleições”. “Química sobe os preços dos combustíveis”. Imaginem qualquer destas frases na primeira página de um jornal. Nenhuma delas faz sentido, pois não? Agora imaginem-nas alteradas desta forma: “Ministro da Saúde acusa Ordem dos Médicos de incoerência”. “Associação dos Engenheiros Civis desacredita cursos do ensino privado”. “Escola Nacional de Dança Moderna na bancarrota”. “Tesoureiro do Conselho Superior de Atletismo acusado de burla”. “Sociedade Lisbonense de Geografia convoca eleições”. “GALP sobe o preço dos combustíveis”. Já se percebe melhor, não acham?

        A Medicina, a Engenharia, a Dança, o Atletismo, a Geografia, a Química, não são entidades; são, quando muito, nomes de áreas do saber, de técnicas, de atividades. Dizer-se que “a Medicina” fez isto ou aquilo é desprovido de sentido, assim como o é acusar-se “a Política” de má fé. Já dizer-se que “o quadro médico do Hospital X ganhou prémio de excelência” é um discurso pelo menos coerente, como o será acusar-se “o Secretário de Estado de Z” de má fé. Por outro lado, não parece correto dizer-se que “a ponte foi construída com recurso aos mais modernos conhecimentos da Ordem dos Engenheiros”, mas se dissermos “aos mais modernos conhecimentos da Engenharia” tudo muda de figura.

        Entaladas entre dois conceitos ficam frases como “Igreja Católica condena o uso do preservativo”, ou “O Futebol está de luto”. O que não é claro, nestes casos, é a identidade do sujeito. “Igreja Católica” refere-se a quê, precisamente? Ao conjunto dos fiéis, significando que estes, na sua maioria, condenam o uso do preservativo; ou, por outro lado, ao Papa, enquanto representante da Igreja Católica, sendo este quem condena independentemente da posição da massa de fiéis? Quanto ao futebol, pode a notícia significar que, por exemplo, a Federação Portuguesa de Futebol decretou luto oficial por uma qualquer razão; ou pode, por outro lado, querer dizer que milhões de adeptos da modalidade sofrem com a perda de uma figura de referência. Qualquer das interpretações faz sentido; traduz é realidades distintas.

        Precisamente o mesmo fenómeno ocorre de cada vez que se ouve ou lê: “A Maçonaria fez…”, “Maçonaria implicada em…” ou “Ligações à Maçonaria no caso…”, como se a Maçonaria, à semelhança de uma Igreja, de uma Colmeia ou um Clube Desportivo, fosse uma entidade, uma soma das partes, um substantivo coletivo. E aqui, uma vez mais, há quem tenha um entendimento, e quem tenha outro, quem concorde com esta posição e quem a repudie.

        Para a Maçonaria Regular – de origem Britânica, recorde-se – “a Maçonaria” não é o conjunto dos Maçons, mas o nome daquilo que eles fazem, do mesmo modo que “a Medicina” é o nome daquilo que os médicos fazem, e não o nome que se dá ao conjunto dos médicos. Da esfera da Maçonaria Regular faz parte o princípio de que a Maçonaria não deve intervir na sociedade enquanto tal, mas apenas através de cada maçon. Cada um destes pode – deve! – promover a melhoria da sociedade através do seu próprio exemplo, da sua atuação e da sua influência, seja isoladamente seja em ações conjuntas dos elementos da mesma Loja ou, mesmo, da mesma Obediência (ou seja: da mesma Grande Loja ou Grande Oriente). Assim, não se pode dizer que a Maçonaria Regular tenha um “corpo” atuante, pois cada mão, cada dedo, cada cabelo, age por si mesmo, sem que haja concertação daquilo que se faz.

        Entendimento diverso tem, normalmente, quem pratica a Maçonaria Liberal – de origem Francesa – por entender ser a Maçonaria o conjunto dos Maçons, ativamente empenhados, enquanto parceiro social, na promoção dos ideais maçónicos de uma sociedade mais livre, mais igualitária e mais fraterna. A Maçonaria é, aos seus olhos, o conjunto daqueles que defendem uma mesma visão do mundo, e que se congregam enquanto grupo organizado no sentido de a tornar realidade. Deste modo, atua de forma mais ou menos concertada, mas sempre com a consciência de que fazem parte de um todo, de um corpo, com um propósito comum para o qual cada um contribui na medida da sua possibilidade.

        Em Portugal, a obediência internacionalmente reconhecida no seio da Maçonaria Regular é a Grande Loja Legal de Portugal/GLRP, de que a Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues faz parte. A maior das obediências portuguesas internacionalmente reconhecidas no seio da Maçonaria Liberal é o Grande Oriente Lusitano (GOL). Uma e outra praticam Maçonaria – mas fazem-no de forma substancialmente diferente, decorrendo esta diferença, nomeadamente, do distinto entendimento que têm da ação da Maçonaria na sociedade. Não será alheia a esta diferença de postura perante a sociedade a profusão de referências nos media ao GOL, enquanto que a GLLP/GLRP tem uma exposição mediática muito mais reduzida. A avaliação do quanto de benéfico ou de nefasto para cada uma das Obediências e para a Maçonaria advém destas distintas posturas é algo que vos deixo como exercício de especulação individual.

        E a partir de agora, quando ouvirem dizer ou lerem que “a Maçonaria” fez isto ou aquilo, averiguem a quem se refere a notícia: a que maçons, a que loja, a que obediência – isto, se não for “boato”. Vão ver que, se o fizerem, muitas das perguntas que aqui têm surgido ficarão rapidamente respondidas – ou saberão, pelo menos, a quem dirigi-las.

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O CARÁTER DO HOMEM MAÇOM - UMA ANÁLISE À LUZ DA PRÁXIS MAÇÔNICA. - Dario Baggieri




Muitas vezes vemos irmãos se manifestarem intra e extra-templo sobre que o irmão “X “ não tem um bom caráter, o Irmão “Y” é mau caráter e o irmão “Z” é de caráter duvidoso, dúbio.

Tais ponderações me levaram a estudar esse assunto,  dentro de nossas Oficinas dentro de uma visão Médica, Psicológica, Sociológica e de relações humanas, à luz da Doutrina Maçônica.

Muito difícil formar opinião a uma simples visão.

O Universo do relacionamento humano é vastíssimo, complicado, com Nuances diversificadas dentro das normas sociológicas da boa ou má “ vizinhança”.

Assim, definiríamos genericamente o Caráter como:” Conjunto de traços morais, psicológicos etc., que distinguem um indivíduo, grupo ou povo; índole; temperamento; qualidade; firmeza de atitudes.

Mau caráter: quem demonstra maldade ou qualidades negativas de caráter; pessoa sem escrúpulo; que engana as pessoas sem o menor constrangimento; desvio de caráter (para o mal); diz-se daquele ou daquela que age sem decência, sem pudor, sem sensibilidade humana.”

Nesse sentido podemos compreender o caráter como algo que se forma para manter uma estrutura necessária ao desenvolvimento do indivíduo. 

Porém, quanto mais rígida e inflexível for a estrutura do caráter, mais esse caráter se transformará em uma resistência que tenta manter o material inconsciente fora de alcance, fazendo com que o indivíduo passe a reagir de modo automático como um mecanismo de defesa. 

Ou seja, o caráter não é uma escolha deliberada, ele se forma devido a necessidade do indivíduo se proteger do meio externo. 

O caráter é uma reação àquilo que foi experimentado na infância. 

Cada caráter é único porque cada experiência é única.

Caráter é a maneira a qual a pessoa se apresenta e se comporta em suas relações. 

É a atitude psíquica particular em direção ao mundo externo, específica a um dado indivíduo. 

É determinado pela disposição e pela experiência de vida, assim, podemos considerar tipos de caráteres onde se apresentam comportamentos mais ou menos ajustados à realidade e ao contexto social.

Na Maçonaria , deveríamos ser todos , pessoas de BOM CARÁTER. 

Mas, infelizmente , temos muitos membros , que não poderiam ser definidos dentro dessa premissa.

Cada dia que passa fica mais escasso encontrarmos alguém de caráter totalmente ilibado, mesmo na Seara Maçônica. 

As virtudes, que são evidências do caráter, hoje, ao invés de serem regras, têm sido raríssimas exceções! 

Parece que é mais fácil nivelar todos por baixo, pelo o que se deixa de ser ou fazer, e abandonar de vez qualquer sentimento de “excelência”, “hombridade” e “obrigação”. 

Estamos sendo varridos violentamente por uma ideia de niilismo moral, onde tudo se reduz a um nada comportamental! 

A sensação que se tem é que não tem valido mais a pena prezar pelo nobre e pelo ético. 

Este contexto de relativização e banalização de valores tem contribuído para uma fragmentação conceitual e, consequentemente, prática do que significa caráter.

Assim, meus amados irmãos, temos que ter em

mente , que a formação do caráter leva em consideração não apenas o meio em que o ser humano vive, mas também a sua história. 

Falar de caráter é lidar com a historia do indivíduo: o que ele foi no passado, o que ele é no presente e o que ele será no futuro. 

Certamente, o seu caráter no presente-agora é determinado pelas experiências acumuladas no passado-anterior e por suas expectativas projetadas para o futuro-posterior. 

É simplesmente impossível dissociar nossa história de nossa estrutura; divorciar nossa identidade de nossos sonhos! 

Dentro de nossa vida privativa, coletiva, familiar e também dentro de nossa Sublime Instituição. 

Noutras palavras, tudo o que priorizamos como essencial, ou não damos tanta importância; as escolhas que fazemos, as decisões que tomamos e os rumos que seguimos estão intimamente ligados e giram em torno do caráter que temos e construímos. 

Acredito que devemos nos preocupar mais com o que somos de verdade e não vivermos tanto em função do que aparentamos ser. 

Devemos retomar o caminho do caráter. 

O caminho do coração. 

Vai parecer meio retrógrado e anacrônico ser honesto, onde se cultua a hipocrisia; ser diligente, onde se louva a indolência; ser humilde, onde se prega a arrogância. 

CONCLUINDO:

“Precisamos voltar ao tempo em que nossas palavras eram a assinatura de nosso coração e as marcas de nossas mãos calejadas eram a prova de um “caráter aprovado".

Quando semeamos um pensamento, colhemos um ato; 

Quando semeamos um ato, colhemos um hábito; 

Quando semeamos um hábito, colhemos caráter; 

Quando semeamos caráter, colhemos um destino. 

Que o GADU, nos ilumine e guarde hoje e sempre e nos molde na fornalha onde o Caráter seja elemento da argamassa que  nos une juntamente com a Paz, a Harmonia e a Concórdia, que são Basilares na Essência doutrinária de nossa Sublime Ordem.


setembro 21, 2021

ENTROPIA MAÇÔNICA - Sérgio Quirino

 

Sérgio Quirino  é um notável intelectual maçônico e atual Grão-Mestre da GLMMG 2021/2024

Saudações, estimado Irmão!

Segundo Albert Einstein, Entropia é a primeira lei de todas as ciências.

Qual é a essência desta lei? A irreversibilidade!

“Irreversibilidade é a propriedade de um sistema de sofrer alterações que o leve de um estado inicial A para um estado final B, contudo, de forma que se torne impossível o regresso ao estado inicial.”​ Ou seja, não tem volta.

O conceito e as propriedades de entropia e de irreversibilidade não se resumem a isso. São, na verdade, mais profundos e diversos. Há também uma ligação simbólica com “Ordo ab Chao” estudado em graus posteriores.

Entre as diversas áreas do conhecimento humano é na Física, especificamente no estudo das Leis da Termodinâmica que, de forma simbólica, traçamos paralelos com a Entropia Maçônica.

Esclarecemos que a termodinâmica é o estudo de transferência de energia buscando compreender as relações entre calor, energia e trabalho. Analogamente, sob a perspectiva maçônica figuramos o calor como instruções, a energia como o processo de reflexão e o trabalho, a mudança ou incorporação das instruções.

A Primeira Lei da Termodinâmica nos ensina que a energia de um sistema não pode ser destruída nem criada; somente transformada.

Sendo o foco principal da Maçonaria tornar feliz a humanidade, naturalmente compreendemos que ela nunca será destruída ou criada. Ela já existe e cabe a nós transformá-la através do aperfeiçoamento dos costumes, pela compreensão e aplicação da tolerância, pela ação da equidade, até alcançarmos a igualdade, o respeito não serviçal à autoridade e o estímulo às diversas modalidades de enlevo espiritual.

A Segunda Lei da Termodinâmica prescreve que a transferência de calor ocorre invariavelmente do corpo mais quente para o corpo mais frio. Isso acontece de forma espontânea, mas, não ocorre o contrário. (Do frio para o quente)

Trazendo esta lei para o nosso ambiente: Quem tem mais calor/instruções a oferecer é o M.’.M.’. O mais “frio” é o A.’.M.’. As leis existem para serem cumpridas, ou seja, o Mestre que, realmente, alcançou a temperatura máxima, a que chamamos de “plenitude maçônica”, deve aquecer aquele que está em aprendizado.

Este, por sua vez, pelas inquietudes geradas e pelos Sãos Princípios forjados pela energia da reflexão, se coloca em constante movimento de transformação interna, que sintetiza uma vida maçônica plena.

Se o processo for inverso, deve-se reavaliar os “graus de temperatura”. Evidentemente, não sabemos de tudo. Mas, quem é “1” deve saber sobre o 1, quem é “2” deve saber sobre o 2 e o 1, quem é realmente “3” não pode desconhecer a certeza material do 1 e a dubiedade espiritual do 2, exatamente por ele ser a resultante da interação deles.​

O NOSSO PROCESSO DE ENTROPIA TRANSFORMA O PROFANO EM INICIADO.

UMA VEZ INICIADO, ELE ESTÁ IMPOSSIBILITADO DE VOLTAR A CONDIÇÃO DE PROFANO.

Começamos com Albert Einstein e encerramos com a sua conhecida sentença:

“A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”.

Atingimos quinze anos de compartilhamento de instruções maçônicas. Nosso propósito fundamental é incentivar os Irmãos ao estudo, à reflexão e tornar-se um elemento de atuação, um legítimo Construtor Social.

Sinto muito, me perdoe, sou grato, te amo. Vamos em Frente!


Sérgio Quirino

Grão-Mestre - GLMMG 2021/2024

O HOMEM VITRUVIANO - Reinaldo de Freitas Lopes




O Homem Vitruviano de Leonardo Da Vinci é  um estudo das proporções do corpo humano .

Uma das medidas mais importantes do Homem vitruviano é a “Razão Áurea” ou “Divina Proporção”.

Razão Áurea  (1:1.618 ) é um padrão que demonstra simetria perfeita .

O padrão se repete em toda a natureza incluindo o corpo humano.

O Umbigo exibe a razão áurea , a razão áurea está presente na face e também pode ser encontrada na mão .

Entretanto , a várias outras ideias em funcionamento no desenho de Leonardo .

Na história clássica o Círculo representa o mundo espiritual .

O Homem Vitruviano de Leonardo , o circulo também mostra  Movimento.

As pernas formam um triângulo equilátero .

Nesta posição o centro exato do corpo é o umbigo.

Os dedos juntam-se a intersecção entre o círculo e o quadrado .

Isto de acordo com Vitrúvio e Leonardo , nos demonstra a relação entre o mundo físico e espiritual.

Na História Clássica do quadrado representa o mundo físico .

O quadrado também representa as 4 direções do vento , pois o quadrado também representa os 4 elementos :

Terra 

Fogo 

Água 

Ar

Nesta posição o centro exato do corpo são os órgãos genitais .

O Comprimento formado pelos braços estendidos é igual a altura do homem .

A Régua abaixo do desenho , mostra as proporções do corpo humano.

4 dedos é igual a 1 Palmo 

6 Palmos é igual a um Cúbito ( Cúbito é a distância entre o cotovelo e o dedo médio ).

Em suas anotações Leonardo afirma que 4 cúbitos é a altura de um Homem.

A distância entre a sola do pé e o joelho , é de 1 Cúbito .

Do Joelho aos órgãos genitais , a distância também é de 1 cúbito.

Dos órgãos genitais aos mamilos , a distância é de 1 cúbito .

Dos mamilos ao topo da cabeça , a distância é de 1 cúbito.

A distância entre os ombros , também é de 1 cúbito.

O comprimento da passada de um homem também é igual a sua altura ou seja , 4 cúbitos .

O pé sozinho corresponde a 1/7 da  altura do Homem . 

A parte superior do braço corresponde a 1/8 da altura de um homem ou metade de 1 cúbito .

O tamanho da cabeça de um homem é de 1/8 de sua altura .

A Face é dividida em 3 partes , a testa corresponde a 1/3 .

Novamente ele afirma que a face é dividida em 3 partes , o nariz corresponde a 1/3 

Mais uma vez ele afirma que , a face é dividida em 3 partes , sendo que a distância do queixo ao nariz corresponde a 1/3 .

O tamanho da orelha também é igual a 1/3 da Face .

O Comprimento da Face é de 1/10 da altura do Homem , que também é ....O tamanho da mão .

Estas teorias e medidas foram Originalmente descobertas por um Arquiteto Chamado Vitrúvius .

Leonardo as estudou e encontrou uma maneira de expô-las em uma obra de Arte .

Você consegue encontrar estas medidas em teu próprio corpo .

Nota : Como foi registrado por Vitrúvius :

“Um palmo é o comprimento de quatro dedos

Um pé é o comprimento de quatro palmos

Um côvado é o comprimento de seis palmos

Um passo são quatro côvados

A altura de um homem é quatro côvados

O comprimento dos braços abertos de um homem (envergadura dos braços) é igual à sua altura

A distância entre a linha de cabelo na testa e o fundo do queixo é um décimo da altura de um homem

A distância entre o topo da cabeça e o fundo do queixo é um oitavo da altura de um homem

A distância entre o fundo do pescoço e a linha de cabelo na testa é um sexto da altura de um homem

O comprimento máximo nos ombros é um quarto da altura de um homem

A distância entre a o meio do peito e o topo da cabeça é um quarto da altura de um homem

A distância entre o cotovelo e a ponta da mão é um quarto da altura de um homem

A distância entre o cotovelo e a axila é um oitavo da altura de um homem

O comprimento da mão é um décimo da altura de um homem

A distância entre o fundo do queixo e o nariz é um terço do comprimento do rosto

A distância entre a linha de cabelo na testa e as sobrancelhas é um terço do comprimento do rosto

O comprimento da orelha é um terço do da face

O comprimento do pé é um sexto da altura”

Quem aprende convosco é......


REINALDO DE FREITAS LOPES - M.M 

M.M 

Obreiro da maçonaria universal e especulativa , zelador de meus direitos e senhor de minhas idéias e se reconhecido ou não por algum irmão , ainda assim não sou ele , sou eu e a ele estou sempre :

Em Pé e a Ordem 


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setembro 20, 2021

O VERDADEIRO PATRONO DA MAÇÔNARIA – SÃO JOÃO DE JERUSALÉM


Meus irmãos,

Nos últimos dias, aproveitando o mote do Solstício, estivemos esclarecendo cientificamente do que se trata e depois fizemos a devida alusão às festas pagãs e aos respectivos São João(s).

Procuramos relacioná-los com a maçonaria e tentar esclarecer seus prováveis vínculos histórico, filosóficos e esotéricos.

Hoje vamos findar este assunto introduzindo o último São João que não tem vínculo com os solstícios, mas que também se enquadra nas especulações como sendo o provável patrono da Maçonaria e a quem o REAA se refere na abertura de seus trabalhos: *SÃO JOÃO ESMOLER* também chamado de *SÃO JOÃO DE JERUSALÉM*.

Ao iniciarmos os trabalhos em loja o V.’.M.’. Invoca a proteção do G.’.A.’.D.’.U.’.e abre-se a loja, dizendo  -“em homenagem a São João, nosso patrono, declaro aberta esta loja de A.’.M.’. sobre o Titulo distintivo (e diz o nome da loja)” .(REAA) 

Os trabalhos estão abertos, mas nos resta a pergunta: Quem é este São João, e porque titulo distintivo?

Para responder a esta pergunta nós precisamos ainda mais nos aprofundar um pouco em textos, lendas e histórias, para descobrirmos quem foi São João de Jerusalém e porque nossas lojas são dedicadas a ele.

Comecemos por fazer algumas distinções.

O primeiro São João de que ouvimos falar e o qual é sem duvida um dos mais famosos personagens da bíblia é sem dúvida, São João Batista, que batizou Jesus e teve sua cabeça decepada por ser fiel aos seus princípios.

Este Santo tem seu dia de comemoração também associado aos mistérios celestes, pois se comemora exatamente no dia do equinócio de inverno, ou seja, o dia mais curto do ano.

A maçonaria, por sua vez, associou este dia como contemplação a esta transição do sol, e a reverencia em suas lojas com associações a sua doutrina.

Erroneamente alguns historiadores associaram este São João como patrono da maçonaria, talvez por ser o mais famoso e conhecido, mas isso é um erro comum entre os que apenas estudam a maçonaria por obrigação.

O outro São João de que se tem noticia, e também associado à maçonaria, é o São João Evangelista.

Sua data de comemoração é associada ao solstício de verão, que ocorre em dezembro.

Nesta data eram eleitas as gestões das lojas, e neste solstício a maçonaria também realizava comemorações pela passagem do sol. (hemisfério Norte) 

Porém, também erroneamente, este São João foi associado como patrono da maçonaria; principalmente por aqueles que não se dão ao trabalho de ler, e gostam muito de citar grandes nomes do passado, não testando e investigando sua veracidade; meramente copiando e transcrevendo seus dizeres e se esquecendo que a verdade é a mola que nos impulsiona.

Então, surgem as perguntas: Se nenhum deles é o patrono da maçonaria, quem o é?

Se não são estes dois importantes santos, a quem abrimos nossas lojas e trabalhamos sobre sua proteção?

No ano de  550 da era cristã, após a vinda de Jesus, nasceu um menino na ilha de Chipre ao sul da Itália. 

Motivado por sua formação cristã e caridosa, o mesmo se encaminha a Jerusalém, com a intenção de montar um hospital que atendesse aos peregrinos que viajavam à Terra Santa, visitar o Santo Sepulcro.

O garoto faleceu no ano de 619, na cidade de Amatonto, na ilha de Chipre.

Após a sua morte, o Papa  em reconhecimento ao seu desprendimento e amor incondicional, o canonizou com o nome, São João Esmoleiro, que ficou mais conhecido como São João de Jerusalém.

A História certamente terminaria aqui mas, se fossemos meros profanos.

Mas para nós, maçons iniciados na Arte Real, livres pensadores e perseguidores da verdade, não!

Ainda nos restam as pergunta: Porque dedicar as lojas à ele?

O que ele fez em Jerusalém?

Porque voltou a sua pátria?

Ao sair de sua terra natal, o garoto levou o quinhão da fortuna de seu pai, que lhe era de direito.

Ao invés de viver uma vida sossegada, ele deslocou-se para Jerusalém, onde construiu com enorme dificuldade, um hospital para socorrer os enfermos.

Baseado nos princípios da Cavalaria, ele fundou a Ordem dos Cavaleiros Hospitalares, que tinha por principal função, defender os hospitais e prestar socorro à quem se achava enfermo.

Ele mesmo foi amigo, irmão e confidente de muitos enfermos, e deu a eles mais do que os seus recursos financeiros.

Doou a cada um deles, sua saúde e atenção.

Nunca fez distinções entre feridos de guerra e leprosos; todos que buscavam ajuda neste período de caos encontravam, sem dúvida, uma mão estendida nos Cavaleiros Hospitalares e em São João.

A Ordem dos Cavaleiros Hospitalares logo foi transformada na Ordem dos Cavaleiros de Jerusalém, que agora não só tomavam conta dos hospitais, mas corriam em socorro dos doentes e dos necessitados, onde quer que se encontrassem.

Esta Ordem sobreviveu durante anos, e ganhou mais tarde enorme respeito dos Templários. 

O seu fundador foi eleito e sagrado Grão-Mestre dos Cavaleiros de Jerusalém. 

São João retornaria a sua pátria, na Ilha de Chipre, por saber que a mesma estava à mercê de invasão dos Turcos e o seu povo necessitava de ajuda.

Para isso, ele contou com sua experiência em Jerusalém, e fundou a Ordem dos Cavaleiros de Malta, que tinha a dupla função: Proteger os hospitais, ajudar os enfermos e feridos, e lutar pela manutenção da paz e preservação da independência de sua pátria.

A Ordem prosperou na parte da Hospitalaria, mas a sua força armada não foi suficiente para deter a invasão Turca, que dominou e destruiu grande parte da Ilha.

Gostaríamos de dizer que tudo foi fácil e belo, mas esta não é a verdade.

Muito sangue foi derramado para que os Cavaleiros pudessem prosseguir em sua jornada, e mantivessem a chama acesa, no intuito de ajudar os feridos e vitimas de doenças.

Os Cavaleiros de Malta foram conhecidos por seus atos como, grandes defensores dos oprimidos e daqueles que precisavam de ajuda, assim como já eram os Cavaleiros de Jerusalém.

São João de Jerusalém foi escolhido Padroeiro da Maçonaria porque seus ideais eram idênticos aos ideais Maçônicos como a fraternidade, a liberdade e a igualdade.

“São João foi escolhido como patrono da Maçonaria exatamente porque  seus ideais combinavam com a doutrina maçônica.

É por essa razão que todas as Lojas são abertas e dedicadas em sua homenagem. 

Logo, posiciono-me no sentido de concordar com os Irmãos que se vinculam a teoria de que São João o Esmoler é o padroeiro da Maçonaria.

A partir deste momento, em que a maçonaria se colocava a campo para lutar pela liberdade da humanidade, clamava a esta grande figura, que a partir deste momento, seria conhecido por todos os maçons como: São João nosso Patrono.

Por isso todas as lojas são abertas e dedicadas a sua homenagem, e até hoje nós somos lojas de São João.

O amor dele nos contagia, e em sua homenagem é que trabalhamos para socorrer os necessitados, como ele o fez, e levar a luz do conhecimento e da verdade a toda a Humanidade.

Comemora-se no dia 23 de janeiro o dia de São João Esmoler, para nós, São João de Jerusalém, Patrono da Maçonaria


DA PACIÊNCIA - Heitor Rodrigues Freire

Heitor Rodrigues Freire,  é corretor de imóveis e advogado, Past GM da GLEMS e atual presidente da Santa Casa de Campo Grande. Notável intelectual contribui frequentemente com este blog.

Penso que a saúde mental, principalmente nestes momentos de estresse extremo, é um fator que deve merecer atenção especial de cada um, pois dela decorre o nosso bem estar, nossa integridade emocional e satisfação com a vida, influenciando o modo como pensamos, sentimos e agimos.

A saúde mental nos proporciona equilíbrio espiritual e contribui para o nosso desenvolvimento pessoal, além de despertar a consciência.

Dentro desse contexto, para atingirmos esse estado ideal aprendi que a paciência exerce um papel preponderante. É uma das virtudes capitais. As outras são: humildade, generosidade, castidade, temperança, caridade e diligência.

A paciência é uma virtude que consiste em suportar males, dissabores e incômodos sem revolta ou queixa, com tolerância e perseverança em realizar ou continuar um trabalho, apesar das dificuldades.

Das sete virtudes, a paciência tem um destaque especial.

Paciência é a característica de manter o controle emocional equilibrado, sem perder a calma, ao longo do tempo. Consiste basicamente na tolerância a erros ou fatos indesejados. É a capacidade de suportar incômodos e dificuldades de toda a ordem, de qualquer hora ou em qualquer lugar.

A paciência, é o “como”. Como agir, como ser. Buscar o equilíbrio.

O significado de paciência na Bíblia envolve os conceitos de resistência, perseverança, bondade e condescendência. 

Paciência e perseverança têm o efeito mágico de fazer as dificuldades desaparecerem e os obstáculos sumirem. A paciência é a melhor arma para suportar tudo aquilo que não depende de você. Não há lugar para a sabedoria onde não há paciência. Com esperança e paciência, qualquer caminho fica mais fácil de percorrer. A paciência é a arte de saber esperar.

Paciência decorre, em sua essência, de duas palavras: paz e ciência. 

Para que se possa exercê-la, é indispensável a paz. Sem paz, não há equilíbrio, que permite o discernimento para que se possa agir, com ciência = conhecimento, sabedoria.

Não dá para falar de paciência, sem citar Jó, personagem bíblico cujo comportamento retrata com muita fidelidade a consciência de que os infortúnios são passageiros e que, na realidade, nada possuímos, tudo recebemos de Deus e tudo volta para Ele.

A Bíblia, assim identifica Jó, 1:1: “Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó. Era homem íntegro e reto, que temia a Deus e se desviava do mal”. Era um homem muito rico, com saúde, família e grandes posses. E o seu livro ilustra como ele soube encarar a riqueza e a desgraça que aconteceu a seguir em sua vida, e como, por seu merecimento, conseguiu reaver tudo e permanecer fiel: “O Senhor me deu, o Senhor me tirou”.

Jó, ao tomar conhecimento de todas as desgraças, levantou-se, rasgou seu manto, raspou a cabeça, lançou-se por terra e adorou a Deus, dizendo: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu retornarei para lá. O Senhor deu, o Senhor tirou, bendito seja o nome do Senhor.”

O livro de Jó contém o relato de um homem íntegro que permaneceu fiel mesmo em meio a duras provações. A experiência de Jó nos convida a refletir sobre perguntas difíceis a respeito das causas do sofrimento, a fragilidade da existência humana e os motivos para crer em Deus mesmo quando a vida parece injusta.

Assim, fica registrado o exemplo dele para nos orientarmos nos momentos difíceis que muitos estão vivendo.


setembro 19, 2021

ÁGAPE - Sérgio Quirino


Sérgio Quirino é notável intelectual maçônico e atual Grão Mestre da GLMMG 2021/2024


O primeiro ponto que devemos compreender é que os trabalhos maçônicos devem sempre ser coroados com a satisfação manifesta em ambas as Colunas.

Além do conteúdo didático, da objetividade e do foco das reuniões ritualísticas, há a real necessidade de se criar oportunidades de sociabilização entre os Irmãos.

O Maçom como ser social deve ter em mente que ele é frágil para viver sozinho. 

Por mais que tenha acesso às instruções, ele somente será inteiro vivenciando sua aplicação junto aos Irmãos e comprovando a transformação da teoria em prática.

O ambiente desprovido das formalidades e a possibilidade da circulação e do contato igualitário nos liberam para o compartilhamento de experiências. 

No Ágape , assumimos o mais belo dos graus da Maçonaria.

Justamente nos ágapes Maçônicos é que nos aproximamos mais, simplesmente porque há oportunidades para TOLERAR, para SERVIR, para ESCUTAR duas vezes mais do que FALAR e principalmente para COMPARTILHAR.

Se ocorre excesso da comida e da bebida, é a natureza bruta do homem, mas também é uma oportunidade de aprendizado para os que não perderam a consciência e, assim, aprendem com o “mau exemplo”.

Desses processos advém a integração do individuo com o grupo, o que chamamos de “estreitar os laços”, despertando também o espírito de fraternidade, que em nosso meio é a cooperação desprovida de interesses.

Portanto, sendo a vida um grande PRESENTE, o que foi feito é PASSADO.

Sendo o FUTURO uma consequência, nos resta então celebrar.

Não permitam que este ano termine sem se sentar ombreados aos Irmãos, sem servir, que seja um pedaço de pão, sem compartilhar um bom canhão de boa pólvora vermelha.

COMIDAS E BEBIDAS ALIMENTAM O CORPO,

ABRAÇOS E SORRISOS A ALMA.

JAMAIS DEVEMOS CONFUNDIR SERIEDADE COM SEVERIDADE.

TODOS OS LABORES MAÇÔNICOS SÃO SÉRIOS, NUNCA CARRANCUDOS.

“Pitágoras concebia a vida iniciatória como atividade social dinâmica e desprendida. 

Os discípulos dispunham de todos os seus bens em comum, buscando a formação de uma sociedade fraternal e voltada predominantemente para o bem de todos”. 

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ENTENDA: VOCÊ É O ÚNICO RESPONSÁVEL PELOS SEUS RESULTADOS - Clemilda Thomé.


Acredito que auto responsabilidade é a aptidão racional e emotiva para trazer para si toda responsabilidade pelos resultados em todas as áreas da sua vida. 

Por mais que você enxergue que está tudo fora de controle, é importante ter a consciência de que você é o único responsável pela vida que tem levado e o que tem conquistado ao longo dos anos.

É necessário fazer uma autorreflexão de qual é a postura que você tem tido com os problemas que surgem. Isso significa que a forma como tem levado a sua vida é um mérito seu, seja pelas suas ações conscientes ou inconscientes, por seu comportamento e por suas palavras. 

Isso pode parecer até um pouco duro e difícil de entender, mas tenha certeza de que quando você tomar consciência e colocar em prática, será libertador. 

Preste atenção em suas crenças, que são as principais condutoras da sua vida. Se você não estiver satisfeito com seus resultados, basta reconhecer que suas escolhas e seus caminhos não têm sido satisfatórios e então redirecioná-los de forma auto responsável, objetiva e consciente para um caminho de vitórias.

A auto responsabilidade transforma você em protagonista da sua vida, pois o empodera e capacita a mudar o que precisa para avançar na direção de ter uma vida próspera e equilibrada. 

Pensar que somos vítimas ou prisioneiros de nossos destinos e que vamos apenas reagir ao mundo e aos acontecimentos é uma escolha equivocada.

*Como se auto responsabilizar:* 

- Observe, analise e reflita antes de ficar apenas criticando; 

- Procure dar sugestões ao invés de ficar somente reclamando; 

- Busque por soluções sem procurar culpados; 

- Não ignore seus erros, aprenda com eles; 

- Julgue suas atitudes e comportamentos, mas não os dos outros. Isso não te ajuda a focar em si e muito menos correr atrás de seus sonhos.

Nossas experiências, palavras, comportamentos, pensamentos e  tudo o que comunicamos geram resultados palpáveis, sejam bons ou ruins. 

Pessoas de sucesso simplesmente assumem que estão onde deveriam estar e, com humildade e sabedoria, buscam aprender com seus erros para que da próxima vez, possam obter resultados melhores.

Não fique parado, estagnado, se movimente para buscar continuamente sua prosperidade e felicidade. 

Atualize-se sempre em relação aos estudos, ao mercado, busque ter qualidade de vida, seja com exercícios ou se alimentando de forma saudável. Esteja equilibrado, física e mentalmente. 

E lembre-se: não busque culpados pelo que ocorre em sua vida, seja cada vez mais responsável pelos seus resultados e procure sempre entregar o melhor de si para cada propósito de sua vida.

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setembro 18, 2021

A TOLERÂNCIA MAÇÔNICA - Mauro Marques da Silva



Um dos primeiros exercícios a que deve empenhar-se o Aprendiz-Maçom, para que possa integrar-se realmente no Espírito Maçônico, é a prática da mais ampla Tolerância, o que significa dispensar a mais generosa benevolência relativamente às faltas e aos defeitos de seus irmãos, os quais deve procurar dissimular para que se propaguem os mais puros sentimentos de afeto e bondade que unem a todos os membros da família maçônica em uma sólida Fraternidade. 

Como símbolo da Tolerância, a Maçonaria adotou a Trolha, utensílio dos pedreiros que dela se utilizam para estender a primeira camada de argamassa, ou o próprio reboco na parede e cobrir assim as irregularidades, fazendo parecer o edifício como formado por um único bloco. 

Desta forma, a Trolha tornou-se um emblema de benevolência para com todos, de conciliação e de silêncio. 

A Trolha é o símbolo do amor fraternal que deve unir a todos os Maçons, único cimento que os obreiros podem empregar para a edificação do Templo. 

Passar a trolha tem o significado também de esquecer as injúrias ou as injustiças, perdoar um agravo, dissimular um ressentimento, desculpar uma falta. 

A loja é um lugar onde se devem reunir homens tolerantes, de boa vontade, que amem a justiça e a nobreza, homens possuidores de corações puros e sem manchas, desejosos de serem úteis aos outros e que tenham uma verdadeira compreensão dessa maravilhosa palavra que se chama Fraternidade.

Existirá então, nesta Loja, a Amizade, o Amor e a Tolerância, que fazem com que se passe a TroIha niveladora sobre os defeitos dos companheiros.

O SECRETÁRIO DA LOJA DE UM PONTO DE VISTA INICIÁTICO - Jorge Norberto Cornejo



“Pegue na caneta para escrever como se fosse a lança de um guerreiro” (Abraham Abulafia)

Numerosos trabalhos foram escritos, alguns de alta qualidade, enumerando os deveres e funções que correspondem ao Secretário de uma Loja. Foi analisada a relação que mantém a sua posição na mesma do ponto de vista da Cabala, das associações planetárias, etc. Aqui, no entanto, abordarei o assunto de um ponto de vista diferente.

Por outro lado, assim como foram escritas inumeráveis pranchas sobre o papel do Secretário da Loja, o mesmo pode ser dito, e ainda mais certamente, sobre o significado da palavra “Loja”. No presente trabalho estou interessado no relacionamento, base óbvia, de Loja com “Logos”. Tal relação não é necessariamente etimologicamente correta, mas é do ponto de vista do significado que Loja e Logos têm construído ao longo do tempo.

É difícil definir precisamente o que entendemos por “Logos”. O Logos, no contexto deste trabalho, é o Verbo, mas então nos deparamos com a dificuldade de dar uma definição precisa do Verbo, da Palavra, considerada esotericamente.

O Verbo, o Logos, é algo que é procurado numa Loja. É algo que, se Plenamente conhecido, daria sentido a todos os atos rituais que são praticados em Loja e, ao mesmo tempo, daria sentido completo à vida humana, e faria com que todos os atos que realizamos quotidianamente, fossem movimentos de uma dança ritual ritmicamente harmoniosa. Se o Verbo fosse plenamente conhecido e compreendido, os atos rituais praticados na Loja seriam os arquétipos dos atos rituais praticados constantemente na própria vida.

De um modo equivalente, quando o Verbo, quando a Palavra é perdida ou esquecida, os atos, sejam de um indivíduo, de uma Loja ou de qualquer instituição, perdem o sentido. A “perda da Palavra”, portanto, é algo que acontece quase que diariamente, é a morte repetida de Hiram Abiff, morto por esquecimento, ignorância ou desinteresse.

Mesmo quando não podemos definir com absoluta precisão sobre o que é o Logos, o Verbo (pois se pudéssemos fazer tal definição estaríamos na posse do Verbo, teríamos atingido completamente o conhecimento da Palavra Perdida, e ninguém pode humanamente arrogar-se a tal). A verdade é que o Verbo, o Logos, tem pelo menos uma relação com dois fatores: com a palavra (Verbo) e com o conhecimento (Logos). Ambos os fatores estão intimamente relacionados, já que a palavra é um veículo de conhecimento.

A palavra, a linguagem, pode ser oral ou escrita. Ambas as formas da palavra são desenvolvidas numa Loja. Na Loja fala-se (e o modo de tomar a palavra é ritualmente estabelecido) e também se escreve, e é aí que o Secretário entra em cena. Se vamos tratar o papel do Secretário da Loja de um ponto de vista iniciático, devemos então considerar o Secretário como aquele cujo dever é fixar a Palavra por escrito, de modo que o Secretário é o escriba da Loja.

*O Secretário*

A localização dos Oficiais dentro do Templo Maçônico varia de acordo com os diferentes Rituais e Rituais, mas é frequente que o Secretário se sente exatamente (ou quase) em frente ao Orador. Isto é, a palavra escrita (o Secretário) é mostrada como o oposto complementar da palavra falada (o Orador). Podemos pensar que o Venerável Mestre representa um estágio mais elevado tanto para a palavra escrita como para a palavra falada, um estágio que poderia ser o símbolo em si. Mestre, Secretário e Orador, deste ponto de vista, expressam o ternário, triplo carácter da Palavra, em toda a sua plenitude.

Mas aqui o que nos interessa é o Secretário. E para encontrar a sua dimensão iniciática, temos que recorrer à mitologia e, especificamente, aos mitos sobre a invenção da escrita.

Por exemplo, nos mitos sumérios, a deusa Nisaba [1] recebe do deus soberano Enki o poder sobre a escrita e a função do escriba: “A Santa Nisaba recebeu a régua de medir e manter a vara de lápis-lazúli; é ela quem proclama as grandes regras, a que estabelece os limites, a que marca os limites. É a escriba do país“.

Em relação a isto, lembre-se que em numerosos rituais o Secretário é responsável por manter a régua de 24 polegadas. O Secretário, o escriba da Loja, portanto, cumpre uma importante função para marcar os limites, os Landmarks.

Num dos mitos babilônicos, fala-se de Nabu, o filho do deus Marduk. Nabu era o deus dos escribas, sendo o seu nome o Senhor do Calamus. Uma inscrição numa estátua de Nabu diz: “Nabu, o muito alto, o sábio, o poderoso, o herói … cuja palavra é primordial, o mestre das ciências, que observa a totalidade do céu e da terra, aquele que sabe tudo, que entende tudo, que possui a pena do escriba … o Senhor dos senhores, cujo poder é sem igual, o compassivo, o misericordioso“.

Se todos os detalhes ritualísticos fossem cumpridos, o secretário sempre teria na sua escrivaninha uma pena de escrita, ou possivelmente uma caneta antiga para escrever. Com elas, simbolicamente, ele escreve na tábua (a prancha de traçar) na qual ele desenha as atas de cada reunião da Loja. Se relacionarmos isso com o relato mitológico precedente, vemos que o simples ato de escrever a Ata de uma reunião da Loja é, na verdade, um símbolo cosmológico, no qual a inscrição da Palavra Primordial é reproduzida, microcosmicamente, na prancha de traçar do Universo, isto é, o ato macrocósmico da emanação.

Na mitologia egípcia, era Thot, o escriba dos deuses, quem criava o Cosmos através do seu Verbo. Em Thot, portanto, fundiam-se os atributos tanto do Secretário quanto do Orador, a palavra escrita e a palavra falada [2].

Como Thoth é o deus do conhecimento, ele cria a escrita, com o propósito de espalhar tal conhecimento. A função do escriba, do Secretário, é então sagrada, é um “nó” na circulação universal do conhecimento, da sabedoria.

*Reflexões finais*

Há, portanto, um conjunto de símbolos que o secretário poderia ter na sua mesa e que expressam o simbolismo iniciático do seu ofício: a pena, a régua, a prancha de traçar. Um Ofício que não é totalmente “administrativo”, mas um Ofício que é, em si mesmo, um símbolo.

E, dentro do Rito Escocês, o grau de Secretário Íntimo poderia servir para destacar o simbolismo esotérico do Secretário da Loja. Este grau, sexto do referido Rito, é pouco praticado, mas na realidade apresenta um simbolismo muito interessante, especialmente no nível psicológico.

De acordo com a Lenda que é o núcleo deste grau, Johaben torna-se o Secretário Íntimo de uma nova aliança estabelecida entre os dois reis: Salomão, rei de Israel e Hiram II, rei de Tiro. A aliança original entre os dois tinha sido quebrada porque Salomão não cumprira a sua palavra, que consistia em entregar a Hiram de Tiro vinte cidades em troca dos materiais e trabalhadores que este lhe dera.

Quando a palavra não é cumprida, a aliança deixa de representar a Verdade, e então a Palavra Verdadeira é perdida. Johaben, o Secretário Íntimo, recompõe a Aliança pelo ato de ser testemunha da mesma, e supõe-se que agora a palavra prometida será cumprida. No grau, então, uma recuperação (parcial) da Palavra Perdida é alcançada.

O Secretário de uma Loja, portanto, e em analogia com o Secretário Íntimo, é a testemunha das palavras ditas em Loja, palavras que podem ser verdadeiras ou falsas, e que podem estabelecer alianças ou quebrá-las. No primeiro caso, que é obviamente o desejado e esperado, o Verbo, as palavras pronunciadas em Loja, estabelecem sobre o plano real e concreto, a fraternidade.

Em síntese, quando a Palavra pronunciada em Loja expressa a Verdade, o Secretário torna-se a testemunha da fraternidade.

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Notas:

[1] Originalmente uma deusa de grãos e juncos que servem para fazer o cálamo.

[2] Li uma vez que o Ofício de Orador foi criado pelos maçons franceses para compensar a dificuldade que os Mestres das Lojas tinham em formular discursos oralmente. Lamentavelmente, comentários como este mostram apenas como os costumes e práticas maçônicos são superficialmente analisados. O Ofício de Orador, assim como o do Secretário, é a expressão de uma necessidade arquetípica, da dialética própria do Verbo, como este se manifesta numa Loja.

setembro 17, 2021

O AREÓPAGO DE ITAMBÉ E SUA INFLUÊNCIA NAS REVOLUÇÕES BRASILEIRAS - Hercule Spoladore


Ir.’. Hercule Spoladore (Loja de Pesquisas Maçônicas “BRASIL”. Londrina- PR, 29.03.96)

O Iluminismo ou Ilustração caracterizou-se no século XVIII, também chamado ”século da luzes” pelas suas influências culturais em todos os segmentos da sociedade humana da época, ensinando o Homem a liberar-se dos excessos das autoridades, dos preconceitos das tradições das convenções e retirando-lhe a viseira intelectual que lhe embaçava a mente, fazendo com que ele enxergasse o mundo de forma real, pelo menos mais real do que vislumbrava naquela época tão sufocada pela ignorância quando os homens do poder espiritual e temporal faziam questão de submeter a humanidade incauta a toda sorte de escravidão, talvez até como autodefesa de seus interesses. Sabiam que se o Homem se instruísse por pouco que fosse ele acabaria por modificar o mundo e esse mesmo poder ruiria por terra.

Este movimento caracterizou-se por apresentar várias tendências, tornando a Filosofia mais divulgada, fazendo com que o povo tivesse mais conhecimento da razão, vulgarizou a ciência empírica, divulgou conceitos sociais e políticos adequados e entre eles o respeito ao ser humano e a liberdade dos povos. 

As ideias liberais e a propagação do conceito de democracias livres, alguns dos frutos imediatos e diretos da cultura iluminista, que pautou pelo domínio da razão, revisou todos os valores que até então norteavam o pensamento humano. Esta transformação social tomou conta de toda a Europa além de, como consequência se propagar por todas as colônias que a maioria dos países daquele continente possuíam em outras partes do mundo aonde exploravam seus míseros habitantes, exaurindo lhes todas as riquezas naturais e a maioria das vezes, escravizando-os física ou culturalmente. 

Entre os continentes explorados contavam-se as Américas do Norte e do Sul. 

Estas ideias também chegaram ao Brasil para se implantar aqui definitivamente com muito suor e sangue, através dos estudantes, filhos de brasileiros e de portugueses, um pouco mais abastados que podiam mandar seus filhos estudarem na Europa especialmente nas faculdades de Coimbra em Portugal, Montpellier na França, e de Londres na Inglaterra além de outras universidades. 

Estes jovens ao voltar ao Brasil, não trouxeram apenas seus diplomas de um curso superior, mas trouxeram também um pensamento novo, totalmente liberal, humano, racional, de valorização do ser humano em si e essencialmente libertário com relação a sua condição de colônia de Portugal. Instigados por estas idéias e ainda pelos sucessos da Independência dos Estados Unidos em 1776 e pela Revolução Francesa em 1789, nasceu no coração e na mente daqueles jovens um desejo ainda maior de liberdade deste país. 

O mesmo fenômeno ocorreu mais ou menos na mesma época em toda a América Latina. 

A grande maioria destes moços foram iniciados em lojas maçônicas na Europa. Ao regressarem à Pátria iniciaram uma doutrinação lenta e constante que foi aumentando aos poucos culminando com a Independência do Brasil talvez não da maneira em que eles tanto sonharam, ou seja na forma republicana, mas de qualquer forma, em fim, livres. 

A maneira de propagar estes novos conceitos foi a de se reunirem secretamente, já que eram inimigos da Coroa em potencial e também para se precaver contra a repressão das autoridades portuguesas. As organizações libertárias eram formadas por maçons e não maçons. Havia inicialmente clubes secretos, academias e pseudo lojas maçônicas e outras entidades afins. Ressalte-se que as lojas maçônicas fundadas no final de “século das luzes" especialmente no seu último quarto não eram lojas como as conhecemos hoje, pois atualmente funcionamos com uma ritualística bem definida, em templos ornamentados e bem decorados, com todos os símbolos presentes e em tempo de paz. As lojas daquela época eram eminentemente políticas revolucionárias, e eram tempos de revoluções que poderiam acontecer a qualquer momento. 

Acreditamos mesmo que as iniciações não obedeciam ao rigor que seguimos nos tempos atuais. 

Como estes agrupamentos se confundiam especialmente quanto as suas denominações, sabemos que os maçons pertenceram a todos eles alem das lojas maçônicas, as quais eram filiados. Faremos uma listagem cronológica destes movimentos, com alguma dificuldade as vezes, quanto às datas de suas fundações, já que existem discrepâncias entre os autores, justamente por falta de maiores informações da época, pois tudo era secreto. 

Inicialmente apenas para registrar, mencionaremos uma provável loja maçônica ou organização paramaçônica que existiu, chamada Academia Brasílica dos Esquecidos, fundada em 07.03.1724 e que teria sido a primeira loja maçônica do Brasil segundo alguns autores. É muito pouco provável porque não se tem respaldo histórico e documental. O primeiro iniciado teria sido o Padre Gonçalo Soares de França e os outros membros da Loja foram o Coronel Sebastião da Rocha Pitta e o Desembargador Caetano de Brito alem de outros filiados. Como esta Loja não teve muita atividade ela adormeceu em 04.02.1725, data esta em que suas atas foram queimadas. 

As Lojas ou academias, ou outras organizações que citaremos a seguir, tiveram desde o seu inicio, atividades francamente político conspirativas. 

a) Academia dos Renascidos. Fundada em 17.01.1759 em Salvador Bahia. A sua divisa era “Multiplicabo Dies”, o seu selo uma Phenix com a inscrição “Ut vivam”. Nesta academia reuniam-se intelectuais que falavam de coisas estranhas e se comportavam de maneira diferente. Possivelmente, já estariam usando algum tipo de ritual, sem dúvida. 

b) Sociedade Literária do Rio de Janeiro, fundada em 1786 por Inácio da Silva Alvarenga e Basílio da Gama, que segundo os autores era uma loja maçônica disfarçada. Era protegida pelo vice-rei de Portugal Dom Luiz de Vasconcelos, membro da Academia de Letras de Lisboa e grande iluminista. Foi substituído pelo Conde de Resende, este por sinal inimigo dos iluministas, dissolveu a dita sociedade em 1794. Domingos Vidal Barboza, um dos inconfidentes teria pertencido a este grupo. 

c) Inconfidência Mineira (1792), talvez o maior movimento pró independência considerado pela História. Dela fizeram parte, dois maçons comprovadamente filiados: José Alvares Maciel e Domingos Vidal Barboza. Muito embora na realidade este levante tenha sido mais uma conspiração de inconfidentes endividados perante a Corte, a chama da liberdade foi apregoada em todo o seu transcorrer e Tiradentes sem ter sido Maçom é o nosso mito da Independência.

d) Fundação do Areópago de Itambé pelo Dr. Manuel de Arruda Câmara em 1796. Desta instituição nasceu o germe revolucionário de 1817 e também da Confederação do Equador de 1824, sendo que, este último movimento revolucionário ocorreu numa fase em que o Brasil já estava politicamente livre de Portugal Muitos destes movimentos estão citados porque existiu alguma coisa, existem registros, houve alguma movimentação, os patriotas tentaram fazer uma revolução, mas em realidade por algum problema não foi levada à ação, sendo que as vezes o movimento morreu no próprio nascedouro. Mas com relação ao Areópago, este foi comprovadamente o berço de verdadeiros patriotas e idealistas dispostos a darem a sua própria vida em favor da causa que abraçaram com tanto ardor e que tiveram sucesso, pois suas ideias prevaleceram finalmente. 

O Areópago de Itambé, sociedade secreta criada propositalmente entre a divisa de Pernambuco com a Paraíba, longe dos maiores centros foi a primeira e verdadeira escola de revolucionários do Brasil, onde os ensinamentos foram teóricos, profundos e duradouros. Pregavam uma revolução doutrinada que no seu devido tempo iria inflamar a colônia trazendo sua liberdade em forma de república. O Areópago foi dissolvido em 1801, mas deixou a sua marca indelével. Era uma entidade paramaçônica. 

Em 14.07.1797 teria sido fundada uma loja maçônica a bordo da fragata francesa “La Preneuse” na Bahia, pelo comandante Larcher denominada “Cavaleiros da Luz” Seus fundadores teriam sido: José da Silva Lisboa, Padre Agostinho Gomes, Cypriano Barata, Ignácio Bulcão, Francisco Muniz Barreto, Domingos da Silva Lisboa, José Borges Barros e o tenente Hermógenes de Aguiar Pantoja. Hoje, modernamente se rejeita esta possibilidade, pois foi comprovado que tal fragata francesa apenas aproximou-se das nossas costas, mas não foi fundada qualquer Loja a bordo como querem alguns historiadores. Não há registro deste provável evento. 

e) Em 1800 o Bispo Dom José da Cunha Azeredo Coutinho funda o Seminário de Olinda que também foi um núcleo importante de doutrinação, pois no corpo docente se destacaram os Padres João Ribeiro o Padre Miguel Joaquim de Almeida Castro o “Padre Miguelinho” e Frei José Laboreiro já conhecidos como padres revolucionários e, como tais, puderam influenciar a juventude que estudava no Seminário. Mas não era uma loja maçônica. Era uma organização para maçônica. 

f) Loja “Reunião” ou União” fundada possivelmente em 29.07.1800, em Niterói. Esta seria a primeira Loja regular fundada no Brasil, ocasião em que o comandante Landolphe, representante do Círculo do Oriente da Ilha de França esteve presente e deu o reconhecimento necessário, através de uma Carta Constitutiva. 

g) em 1802 funda-se em Pernambuco a Academia Suassuna que veio substituir o Areópago e que passou para a história como a “Conspiração dos Suassunas”. Pretendiam chamar sobre si a proteção de Napoleão Bonaparte. Esta conspiração não passou para a diante pois houve delação sendo os principais lideres do movimento, os quais foram presos. Já estava ali, entretanto, a semente do Areópago germinando. Foram seus fundadores, os Padres Francisco de Paula Cavalcanti Frei Caneca e Padre Miguelinho. 

Em 05.07.1802 funda-se a Loja “Virtude e Razão, na Bahia que seria segundo alguns autores, a sucessora da Loja “Cavaleiros da Luz”. 

Em 1804 são fundadas no Rio de Janeiro as Lojas “Consciência “e “Filantropia”. 

Em 1809 funda-se em Olinda a Loja “Regeneração”, sendo considerada como a primeira loja regular de Pernambuco. Ela foi fundada pelo Padre João Ribeiro, Padre Luiz José Cavalcanti, Padre Miguel Joaquim de Almeida Castro. 

Em 1812 funda-se na Praia Grande na freguesia de São Gonçalo a Loja “Distinctiva”. 

Em 1812 funda-se em Recife a Loja “Restauração”. 

Em 1813 funda-se na Bahia o Grande Oriente Brasileiro formado pelas Lojas “Humanidade” “Virtude e Razão” e “União”, lojas estas, todas de Salvador, sendo proclamado seu Grão-Mestre Antônio Carlos Ribeiro de Andrada. Este Grande Oriente teve vida efêmera. 

Cita-se em vários livros uma Grande Loja Provincial de Pernambuco formada pelas Lojas “Restauração”, ”Patriotismo” e “Guatimozim”, mas não são claras as datas de fundação. Estas Lojas teriam sido fundadas a partir de 1812. Juntamente com estas Lojas foram criadas mais duas “Pernambuco do Oriente” e “Pernambuco do Ocidente”. 

Os negociantes Antônio Gonçalves da Cruz (Cabugá) e Domingos José Martins teriam fundado as Lojas “Pernambuco do Oriente” e “Pernambuco do Ocidente depois de 1814.” 

Em 1815 funda-se no Rio de Janeiro a Loja “Comercio e Artes”. 

Em 1816 é instituída em Olinda a Academia Paraíso, continuadora dos ideais do Areópago de Itambé e da Academia dos Suassunas, fundada pelo padre Miguelinho e o Dr. José Luiz de Mendonça. A ela é atraído o espirito liberal do Padre João Ribeiro e ainda vem se ajuntar ao grupo Domingos Martins. Trabalharam no Hospital de Paraíso que Paes Barreto administrava e lá surgiu a Academia do Paraíso. Todos os participantes desta Academia, foram figuras importantes na Revolução de 1817. 

Nesta mesma época fundam-se outras academias a saber: Academia de Igarassu, na residência do capitão-mor Francisco de Moraes Cavalcanti e a Academia Universidade Democrática na residência do Dr. Antônio Carlos Ribeiro de Andrade. Ele foi associado à Academia de Paraíso. Na casa do negociante Antônio Gonçalves da Cruz (Cabugá) foi fundada mais uma academia. Algumas destas academias depois se transformaram em lojas. 

Em 1819 funda-se o Rio de Janeiro o “Clube Recreativo e Literário da Velha Guarda”, por Gonçalves Ledo, que durou até 1821. 

Em 17 de junho de 1822 funda-se no Rio de Janeiro, a partir do desmembramento da Loja “Comercio de Artes”, mais duas Lojas: “Esperança de Nicteroy” e “União e Tranqüilidade”, o Grande Oriente Brasiliano, cujos membros iriam influir decisivamente na Independência do Brasil. 

Todas estas entidades nominadas quer seja em Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro ou em outros locais haviam algo em comum: Maçons e Independência do Brasil de preferência na forma republicana. E esta liberdade não foi fácil de se consegui-la. A luta pela sua concretização durou várias décadas, muito sangue se derramou. Mas ela foi envolvente e aumentou qual uma bola de neve. Entretanto, não fosse a obstinação de nossos heróis ela não teria sido conquistada. 

Hoje pouco se conhece sobre este período de ouro da história deste país. A maioria destes abnegados que deram a sua vida pela Pátria são pouco conhecidos. Só se menciona para uso didático a Inconfidência Mineira e o famoso Grito do Ipiranga. Os heróis pernambucanos estão mal lembrados. 

Entre tantos heróis e mitos que desfilam perante nossos olhos, aquela máxima histórica que enfatiza que os precursores são quase sempre sacrificados, também aconteceu em Pernambuco. 

Dentro do tema proposto escolhemos o nome de um grande brasileiro que nem sempre esteve citado como o principal nos relatos históricos, mas foi sem sombra de dúvida o MENTOR da Revolução Pernambucana de 1817, o PADRE JOÃO RIBEIRO (Pessoa de Mello Montenegro).

Este ilustre brasileiro nasceu em Tracunhaém em 1766. Foi um menino pobre, de origem bastante humilde, porém, de uma inteligência rara e, além disso, dotado por Deus de um dom fora do comum para o desenho. Graças a este talento, foi descoberto e apadrinhado nada menos por um dos mais importantes pernambucanos “de coração” da época, ou seja pelo botânico, mineralogista, médico e Frade Carmelita Calçado, sócio da Academia Real de das Ciências de Lisboa, maçom Dr. Manuel de Arruda Câmara (Frei Manuel do Coração de Jesus) nascido em Pombal na Paraíba em 1752 e falecido em 1810, fundador do Areópago de Itambé, em 1796 considerado como o principal PRECURSOR da Revolução de 1817. 


Evidentemente João Ribeiro não teria as mínimas chances de progredir em sua vida, caso não fosse pinçado do meio em que vivia pelo Dr. Arruda Câmara. João Ribeiro mostrou-se um verdadeiro artista desenhando as plantas e minérios para seu Mestre. 

Acompanhou o seu mecenas por todas as partes do país em suas pesquisas científicas, auxiliando-o com seus desenhos fiéis e perfeitos. Dada a sua dedicação, o Dr. Arruda Câmara deu o nome da arvore da mangabeira de Riberia Sorbilis. Tornou-se o seu amado discípulo e seu sucessor com relação as ideias de liberdade, além de seu confidente. 

Graças a sua inteligência, o acervo que conhecimentos que foi adquirindo foi muito grande. Participou da criação do Areópago de Itambé, sendo um dos seus fundadores, mas, nesta época ainda não havia sido iniciado na Maçonaria. Somente chegou a ver a luz em 1807 em Lisboa, juntamente com os Padres Miguel Joaquim de Almeida Castro (Padre Miguelinho) e o Padre José Luiz Cavalcanti, aliás este último, sugeriu-lhe posteriormente a fundar uma loja no Engenho Paulista nas imediações de Olinda, a qual levou o nome de “Regeneração” a qual teria sido a primeira loja regular de Pernambuco. 

O Padre João Ribeiro quis ser ordenado sacerdote. Para tanto matriculou-se no Seminário de Olinda, onde lecionou por certo tempo, para posteriormente matricular-se no Colégio dos Nobres em Lisboa. 

Para conseguir transferir-se para Lisboa, valeu-se da amizade que o Dr. Arruda Câmara tinha com o Bispo José Joaquim da Cunha de, Azeredo Coutinho, que era Bispo de Olinda, nascido em Campos, maçom grau 33, fundador do Colégio de Olinda que o encaminhou com muitas recomendações para Portugal onde acabou por se ordenar sacerdote e também conhecer os mistérios da Sublime Ordem. 

João Ribeiro era uma pessoa afável, bastante erudito, conhecia as ciências físicas e filosofia. Era cortês e bondoso, amigo dos pobres e desvalidos. O povo o idolatrava, queria-o tão bem como se fora um iluminado. Ele era um admirador da filosofia do maçom francês Condorcet pertencente à Loja “Nove Irmãs” mas mesmo assim era um religioso assumido. O seu prestígio social e político que ele foi um dos componentes do Governo Provisório quando eclodiu a Revolução. Ele não tinha ambições, era antes de mais nada um revolucionário puro e que queria ver os direitos humanos respeitados. 

Arruda Câmara faleceu em 02.10.1810 e deixou uma carta para João Ribeiro onde ele menciona uma obra secreta que deveria ser enviada para a América Inglesa por ela conter coisas importantes que não convém o feroz despotismo ter dela o meu conhecimento” e ainda refere na mesma carta “remete logo a minha circular aos Amigos da América Inglesa e Espanhola, sejam sempre unidos com esses nossos irmãos americanos porque tempo virá de sermos todos um, e enquanto não for assim, sustentem uns aos outros”. 

Em 1811 João Ribeiro teria ficado sob a proteção do Governador de Pernambuco Caetano Pinto, quando se fundou em Olinda o Horto destinado ao cultivo de plantas indígenas e plantas exóticas vindas da Ásia e Oceania, tais como fruta-pão, pimenta do Malabar, muscadeiras, girofeiros lilases, caneleiros, corais da Índia, cacaueiro e a cana caiana. O Governador escolheu João Ribeiro, mas a Corte não lhe deu razão, nomeando um outro padre de origem francesa. 

A Revolução de 1817 foi totalmente de caráter liberal e republicana. É necessário frisar que Pernambuco vinha mostrando características regionais especiais próprias dentro da nossa História, pois pelo fato de ter expulsado os holandeses e mesmo a  “Guerra dos Mascates” de 1710, fez com que os pernambucanos se contaminassem mais cedo que as demais partes da colônia com os desejos de autonomia e nacionalismo. A Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa vieram ainda mais atiçar os sentimentos libertários. 

O Areópago de Itambé foi o reinicio dos sentimentos de liberdade. Em 1816 a situação econômica na região não era nada boa. A vinda da Família Real trouxe problemas, com um aumento abusado de impostos. O algodão e o açúcar estavam com sua produção abaixo que nos últimos dez anos. Esta crise fez com que as idéias revolucionárias aumentassem ainda mais e fossem bem aceitas. 

O planejamento do levante, também chamado por alguns como a Revolução dos Padres, já que haviam cerca de setenta padres envolvidos foi feito através de sucessivas reuniões na residência do patriota maçom Domingos José Martins, nascido no Espírito Santo e radicado em Pernambuco desde 1814. As sociedades secretas incendiando as opiniões. Revolução marcada para o dia 05.04.1817. Governador Caetano Pinto informado, não tomou providências imediatas. Porém vendo o movimento crescer, manda prender várias pessoas citadas como conspiradores: Domingos José Martins, Antônio Gonçalves da Cruz, Padre João Ribeiro, o cirurgião Guimarães Peixoto, os militares Domingos Teotonio José de Barros Lima (Leão Coroado), Pedro da Silva Pedroso, José Mariano de Albuquerque Cavalcanti, Antônio Henriques Rabelo e Manuel de Souza Teixeira. 

Era o dia 06 de Março de 1817. No quartel houve um incidente que precipitou o início da Revolução. Quando foi dada a voz de prisão pelo comandante o brigadeiro Joaquim Barbosa de Castro ao capitão José de Barros Lima, este reagiu transfixando seu superior com um florete matando-o. Estava deflagrada a Revolução de 1817. 

A seguir os revoltosos soltam da cadeia os presos civis. O Governador capitula e refugia-se na Fortaleza do Brum, mas tem permissão para partir para o Rio de Janeiro. 

É organizada uma Junta Governativa Provisória. Fazem parte dela os seguintes cidadãos: Domingos José Martins, José Luiz de Mendonça, Domingos Teotonio Jorge e o Padre João Ribeiro. Adotaram o sistema republicano de governo, adotaram uma bandeira e elaboraram uma lei orgânica, considerada como a primeira constituição no Brasil redigida por brasileiros. Segundo alguns autores, o autor desta lei orgânica teria sido o Frei Caneca. 

O movimento se alastra para as capitanias vizinhas. Mas as dificuldades começam. Os emissários enviados aos Estados Unidos, Inglaterra e Rio da Prata não foram bem sucedidos. Foram-lhe negadas armas. O Padre Roma tentando entrar na Bahia para aliciar os baianos, é preso por ordem do Conde de Arcos e sumariamente fuzilado. A repressão começa para valer. Os revoltosos vão sendo derrotados e executados Padre Miguelinho, Domingos José Martins e tantos outros. O Governo imperial torna-se senhor da situação. 

Conseguem, apesar de presos, se safar com vida, o Frei Caneca, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e Silva, irmão carnal de José Bonifácio, Francisco Muniz Tavares alem de outros. Mas, a grande maioria dos revoltosos foram passados pelas armas, após terem sido torturados. O Bispo Azeredo Coutinho não sofreu punições de qualquer espécie. 

O Padre João Ribeiro, talvez o mais inflamado dos revoltosos, vê com pesar e sofrimento ruir por terra todo o seu sonho, de um Brasil livre. Ainda não era chegado o momento. Na noite de 19 para 20 de maio os revoltosos abandonam Recife. dirigindo-se para o norte. João Ribeiro determina acabar com sua própria vida. Dirigiu-se para o Engenho Paulista, próximo a Olinda e ingere uma porção de veneno, que trazia consigo, mas este não teve o efeito desejado. Então com auxilio de uma corda enforcou-se na própria capela do engenho. 

O proprietário do engenho mandou enterrar o corpo do padre no chão da própria capela. O general português Cogominho de Lacerda, mandou desenterrar o cadáver do suicida, e decepou lhe as mãos. A cabeça foi enviada ao Governador Rodrigo Lobo que determinou que ela fosse exposta no Pelourinho 

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BIBLIOGRAFIA: 

- AARÃO, Manoel. “História da Maçonaria no Brasil”.

- CASTELLANI, José. “Os Maçons que fizeram a História do Brasil”. Editora “A Gazeta Maçônica”. São Paulo.

- DICIONÁRIO DE HISTÓRIA DO BRASIL. Editora Melhoramentos, São Paulo,SP. 1976,4ª ed.

- ENCICLOPÉDIA HISTÓRICA DO BRASIL - vol III. Block Editores. Rio de Janeiro – RJ.

- GRANDE ENCICLOPEDIA DELTA-LAROUSSE. Editora Delta, S.A . Rio de Janeiro - l973.

- FAGUNDES, Morivalde C. “A Maçonaria e as forças secretas da Revolução”. Editora Aurora - Rio de Janeiro.

- MARTINS, Joaquim Dias. “Os Mártires Pernambucanos”.

- TAVARES, Francisco Muniz. “História da Revolução Pernambucana de 1817”. Editora Governo do Estado de Pernambuco. Recife. 1969. 

- PROBER, Kurt. “Cadastro Geral das Lojas Maçonicas do Brasil”. Editora IBM do Brasil- Rio de Janeiro, 1975.

PERSEVERAR - José Viorino Vieira

José Vitorino Vieira, Loja Maçônica Luz no Horizonte, 2038 - Vale de Goiânia, 22 de abril de 1998.

Etimologicamente, PERSEVERAR é continuar firme e constante no propósito sem, contudo, atentar para as consequências e riscos advindos de tal atitude.

Na filosofia maçônica, perseverar é continuar no propósito firme da consecução dos objetivos, observando, porém, os que nos ladeiam para evitar ultrapassar os limites da ética e do bom senso.

O progresso humano não existiria sem a PERSEVERANÇA. Sem ela não haveria a pesquisa dos cientistas e tecnólogos.

As obras mais importantes da humanidade só se efetivaram graças à tenacidade e perseverança de seus autores e, a título de ilustração, podemos citar alguns dignificantes exemplos:

- Simon Bolívar, o libertador da América, várias vezes perdeu batalhas e esteve preso, mas não desistiu e, perseverando, triunfou;

- Franklin Delano Roosevelt, mesmo paralítico, numa cadeira de rodas, teve relevante participação como primeiro mandatário dos Estados Unidos e, como aliado, teve papel fundamental junto a Winston Churchill na vitória durante a Segunda guerra mundial;

- Thomas Alva Edison experimentou quase 10.000 testes para lograr o êxito da lâmpada;

- Miguel de Cervantes sofreu incompreensões e experimentou a miséria, teve seus escritos desconsiderados, viveu na miséria, viveu em regime de mendicância para não morrer de fome e, mesmo assim, perseverando, legou-nos o “Dom Quixote de La Mancha”, obra de valor literário e filosófico inegável;

- Camões, mesmo sem uma das vistas, deixou-nos “Os Lusíadas”;

- Confúcio, aos 55 anos, foi abandonado pelo seu mestre. Mesmo assim, perseverou, oferecendo extraordinária contribuição filosófica para a humanidade;

- Buda, procurando a iluminação, provou solidão e abandono, não desistiu e teve a luz, legando à humanidade eternas mensagens de paz.

A galeria daqueles que não desistiram e confiaram na vitória é imensa, impossível enumerá-los todos, possível, porém, seguirmos seus exemplos, não nos abatendo diante de obstáculos.

Se queremos vencer, superando quaisquer problemas, prossigamos em paz, perseverando na ação operosa e confiante, assim conseguindo alcançar as metas essenciais de nossas vidas.