Há uma extensa literatura dando conta sobre os Vigilantes em uma Loja Maçônica.
Encontramos diversas referências históricas, porém ninguém pode se arvorar ao direito de ser o intérprete único e exclusivo do cabedal histórico que dá origem a essas funções dentro da Ordem.
A ampla simbologia maçônica, que evoluiu para interpretações morais e místicas no seu avanço especulativo nasceu na sua maioria dos costumes e da organização das Corporações de Ofício, de Corporações de Construtores, basicamente fundamentada em suas funções e trabalho.
Nos rituais, podemos entender muito destas razões.
Corporações de Ofício da Idade Média, englobadas, sob o rótulo de Maçonaria de Ofício ou Operativa, destacavam-se a dos "Canteiros", ou esquadrejadores de pedras, ou seja, os obreiros que tornavam cúbica a pedra bruta, dando-lhe cantos e formas para que ela pudesse se encaixar nas construções.
Canteiro é portanto o operário que trabalha em Cantaria, palavra derivada de canto, uma vez que a função é fazer os cantos, ou ângulos retos na pedra.
Os canteiros costumavam delimitar os seus locais de trabalho (que, por extensão, acabaram sendo chamados de canteiros de obras, denominação encontrada até hoje), cercando-os com estacas fincadas no chão e nas quais eram introduzidos aros de ferro, que se ligavam a outros elos, formando uma corrente.
A abertura dessa cerca estava na parte ocidental do recinto de obras.
Transpondo-se essa cerca, encontrava-se, bem na entrada, na parte frontal, ou lateral, um barracão, que funcionava como uma espécie de almoxarifado, onde eram guardados os planos da obra, o material de trabalho e os instrumentos e ferramentas necessários.
Como responsável por todo esse material, havia um operário graduado, que era o Warden (em Inglês) ou seja, Zelador, ou Vigilante.
Este obreiro, além de tomar conta de todo o material, pagava o salário aos operários, despedindo-os então, no fim da jornada diária de trabalho.
Posteriormente, para maior agilização dos trabalhos foi criado o encargo de mais um zelador, isto é; o de um segundo vigilante, postado geralmente ao sul, ou ao meio-dia.
Aliás o hábito de chamar o sul de meio-dia é originário da França, onde o sul é chamado de midi.
Assim, esse hábito dos trabalhadores medievais, principalmente dos canteiros, além de ser a origem da Cadeia de União e até da Corda de Oitenta e um Nós, deu, também, origem aos cargos de Vigilantes de uma Oficina Maçônica, os quais, dentre outras funções, devem, simbolicamente, ao fim do dia de trabalho, pagar aos obreiros o salário da jornada diária, despedindo-os, então, contentes e satisfeitos, por terem recebido sua paga ou salário, conforme expresso nos Rituais.
Cumpre destacar que os Vigilantes de uma Loja são os eventuais, legais e legítimos substitutos do Venerável Mestre, inobstante serem Mestres Instalados ou não, no caso de Sessões Econômicas.
Aliás esse tem sido objeto de algumas controvérsias de interpretações distintas dentro da doutrina maçônica.
Porém que fique claro que no caso de um impedimento definitivo por parte do Venerável Mestre o 1o. Vigilante convocará a Loja para nova eleição.
No caso de Sessões envolvendo Colações de Graus, Iniciações, Elevações e Exaltações, pelo fato de não ter sido eleito Venerável Mestre e não por não ter sido instalado – a condução da Sessão ficará a cargo do Venerável Mestre mais recente.
Como Vigilantes são os colaboradores diretos do Venerável Mestre cabe-lhes ministrar instruções aos Aprendizes e Companheiros.
Sendo pela ordem hierárquica, o segundo Oficial da Loja, cabe ao 1º Vigilante ministrar instrução aos Companheiros e o 2º Vigilante, terceiro da hierarquia, instruir os Aprendizes.
Saliente-se ainda que os Vigilantes respondam diretamente ao Venerável Mestre. O que vale dizer que nenhum outro Oficial de Loja poderá dar-lhes qualquer ordem.
É mister mencionar que os Vigilantes são a autoridade máxima em suas respectivas Colunas tendo inclusive a prerrogativa da prioridade do uso da palavra ao solicitá-la, utilizarem-se dos Malhetes que envergam e também de poderem falar sentados.
Do ponto de vista, simbólico, iniciático e esotérico ao fazer-se uma comparação da Maçonaria com a Astronomia cumpre lembrar que o Sol surge do Oriente, onde tem assento o Venerável Mestre, passando em seguida ao Meio-dia (SUL) , onde se encontra o 2º Vigilante, para finalmente se pôr no Ocidente, onde se situa o Primeiro Vigilante.
Portanto, as três Luzes de uma Loja Maçônica originam-se de uma única fonte, o que substancia constituírem, Venerável Mestre e Vigilantes, um único foco.
Sem adentrarmos em detalhes ritualísticos, mas é indispensável dizer que uma das mais importantes tarefas do 1o. Vigilante é a de por determinação do Venerável Mestre, solicitar ao Ir.´. Guarda do Templo que verifique se a porta está fechada, posto que a partir de então, passa-se à chamada Cobertura Espiritual do Templo onde a harmonia, a paz e a corrente fraterna sob a proteção do Grande Arquiteto do Universo devem estar estabelecidas.
Feito isto, o 1o. Vigilante verifica se todos os presentes em Loja são Maçons.
Ao 1o. Vigilante cabe-lhe o Nível como joia do cargo e o símbolo da Igualdade e a noção de medida, imparcialidade e equilíbrio.
Ao 2o. Vigilante cabe-lhe o Prumo, posto que este é o símbolo do estudo e da investigação da Verdade. Aliado ao Esquadro, ele permite a correta e perfeita construção do Templo.
Para encerramento desta breve abordagem sobre o tema, deve-se mencionar que os Vigilantes ocupam lugares diferentes (embora sempre no Ocidente) conforme os Ritos, sejam por razões históricas sejam por razões interpretativas ou circunstâncias conceptistas.
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