fevereiro 27, 2025

HIRAM ABIFF E O CULTO SOLAR - João Anatalino Rodrigues



Os cultos solares


Como todos os maçons sabem, a sua Arte, embora encontre os seus fundamentos organizacionais entre os pedreiros medievais, mais propriamente na estrutura das corporações dos chamados pedreiros livres (chamados masons pelos ingleses e maçons pelos franceses), têm, na sua filosofia e princípios fundamentais, um pé firmemente fincado na estrutura do antigo reino de Israel. Tanto isso é verdade que encontraremos no catecismo dos graus superiores da Maçonaria uma verdadeira profusão de temas e ensinamentos inspirados no Velho Testamento. Isto é interessante, porquanto, sendo a Maçonaria ocidental uma instituição tipicamente cristã, é bastante estranho que sejam, primordialmente, os temas da Bíblia hebraica a inspirar a liturgia desenvolvida nos graus superiores da Maçonaria e não a teologia dos Evangelhos cristãos. Esta é, sem dúvida, uma das razões que fazem católicos e evangélicos, especialmente aqueles menos informados, desconfiarem da Maçonaria e levantarem contra os maçons as mais estúpidas e ridículas acusações.

A verdade é a que a doutrina maçónica – se assim podemos chamar os preceitos cultuados pelos maçons estão muito mais fundamentados em fontes hebraicas do que cristãs. E no que toca à influência cristã que aparece em alguns dos graus (especialmente o 18- O Cavaleiro da Rosa-Cruz), ela tem um parentesco mais próximo com o gnosticismo do que com o cristianismo ortodoxo, propriamente dito.

Como sabemos, o cristianismo ortodoxo, seguido tanto pelos católicos quanto pelos evangélicos, é uma criação do apóstolo Paulo de Tarso. Não fosse ele a doutrina pregada por Jesus jamais teria saído dos estreitos limites do território de Israel e não se teria tornado uma crença mundial. E foi o apóstolo Paulo que transformou Jesus, o Messias cristão, (um herói tipicamente da cultura israelita) no Cristo grego, um arquétipo de caráter universal, cultuado por praticamente todos os povos antigos.

A tradição de um herói sacrificado, no entanto, que dá a sua vida pela salvação do povo, não é específica da cultura de Israel, mas sim um tema existente em praticamente todas as culturas antigas. É, na verdade, uma inspiração derivada das antigas religiões solares, na qual o sol, sendo aquele que permite a existência da vida, por efeito da energia que ele prodigaliza, é o “herói que morre todas as noites”, e ressuscita pela manhã, energizando a terra para que ela produza os seus frutos.


Daí os povos antigos desenvolverem o culto ao sol, fazendo desta crença uma verdadeira religião, criando ritos de fertilização como os praticados no Egipto, com os Mistérios de Ísis e os praticados pelos gregos, com os Mistérios de Elêusis, o persas com os Mistérios de Mitra, os hindus com os Mistérios de Indra, etc.


O mito do herói sacrificado


Todo Maçom que tenha sido elevado ao mestrado na Arte Real já fez a sua marcha ritual em volta do esquife do Mestre Hiram Abiff. A alegoria da morte de Hiram é uma clara alusão ao mito do sacrificado. Ele está conectado, de um lado ao simbolismo da ressurreição e de outro lado ao mito solar. Pois nas antigas religiões solares, como vimos, o sol, princípio da vida, morria todos os dias para ressuscitar no dia seguinte, após passar uma noite no meio das trevas.


Assim como toda a teatralização dos Antigos Mistérios, fosse na Grécia ou no Egipto, ou em qualquer outra civilização que praticasse esses festivais, mais do que uma simples homenagem aos protectores da natureza, esses rituais simbolizavam a jornada do espírito humano em busca da Luz que lhe daria a ressurreição. É neste sentido que a marcha dos Irmãos em volta do esquife de Hiram, sempre no sentido do Ocidente para o Oriente, nada mais é que uma imitação desse antigo ritual, que espelha a ansiedade do nosso inconsciente em encontrar o seu “herói” sacrificado (ou seja, o sol), para nele realizar a sua ressurreição. Pois o sol, em todas essas religiões, era o doador da vida. Ele fertilizava a terra e fazia renascer a semente morta. Destarte, toda a mística desses antigos rituais tinha essa finalidade: o encontro com a luz que lhe proporcionaria a capacidade de ressurreição.


Esta é a razão da estranha marcha praticada pelos maçons em volta do corpo assassinado do arquitecto Hiram Abiff, sempre no sentido do ocidente para o oriente, pois o que ali se simboliza é a marcha do espírito humano em busca da luz (a luz solar) que nasce no oriente e caminha para o ocidente. Desta forma, o espírito humano, fazendo o caminho inverso, há de encontrar o seu “herói sacrificado” e com ele realizar a união, obtendo a sua “iluminação.” Este é, pois, o sentido simbólico da cerimónia de elevação do Irmão ao grau de mestre.


O sacrifício da completação


Conectado com este simbolismo, os antigos povos, nas suas tradições iniciáticas relacionadas com grandes obras arquitectónicas, desenvolveram o chamado “sacrifício da completação”. Este sacrifício consistia em oferecer ao deus a quem era dedicado o edifício um sacrifício de sangue, que podia ser o holocausto dos inimigos aprisionados em guerra ou pessoas escolhidas entre próprio povo. Muitas vezes essa escolha recaia sobre mulheres virgens (as vestais) ou jovens guerreiros, realizadores de grandes feitos na guerra. Acreditava-se que assim os deuses patronos dos poderes da terra se agradariam daquele povo, prodigalizando-lhes fartura de colheitas e protecção contra os inimigos. [1]


Este tema remonta a antigas lendas, cultivadas pelos povos do Levante, segundo o qual nenhuma grande empreitada poderia obter bom resultado se não fosse abençoada pelos deuses. E esta bênção era sempre obtida através de um sacrifício de sangue. Este costume era praticado inclusive pelos israelitas, como mostra o texto bíblico ao informar que Salomão, ao terminar a construção do Templo de Jerusalém “sacrificou rebanho e gado, que de tão numeroso, nem se podia contar nem numerar.” [2]


Desta forma, na Maçonaria, o Drama de Hiram tem uma dupla finalidade iniciática: de um lado presta a sua referência ao culto solar, sendo Hiram, nessa mística, o próprio sol que é homenageado; de outro lado, cultua o herói sacrificado, pois é nele que se consuma a obra maçónica. A Maçonaria, como se sabe, é uma sociedade de “pedreiros”, que visa construir uma sociedade justa e perfeita.


Nesta mística podemos incluir o simbolismo que está no centro do próprio mistério que informa a crença cristã. Pois Jesus Cristo, o sacrificado do credo cristão, também é imolado para que a obra de redenção da humanidade seja realizada. A Maçonaria, como vimos, trabalha especificamente com esse simbolismo no grau dezoito, o chamado Cavaleiro da Rosa-Cruz.


Concluindo, podemos dizer que a Maçonaria é uma sociedade teosófica e humanista que no seu propósito místico está centrada na estrutura do antigo reino de Israel. Como se sabe, a doutrina que fundamenta a formação e a existência do povo israelense, como se comprova na sua própria saga histórica, é a de que Israel, como povo e nação, é uma espécie de “maquete da humanidade autêntica”, ou seja, o povo modelo que Deus escolheu para que a humanidade nele se espelhasse. E na sua face mística, o povo de Israel seria a estratégia pela qual Deus reuniria “os cacos do vaso sagrado (o universo)” quebrado pela acção impensada de Adão e Eva. Ou seja, Israel seria o próprio “Messias” realizando a Tikun olam. [3]


É neste sentido que a Maçonaria, adoptando a estrutura e o simbolismo do Velho Testamento, na sua ritualística procura desenvolver o mesmo sentido que Israel dá à sua doutrina. Por isso podemos dizer que a Maçonaria é a Cabala do Ocidente.


Notas


[1] Veja-se o relato bíblico em Juízes: 11;30,31, na qual o juiz Jefté sacrifica a própria filha em razão de um voto feito a Jeová.


[2] Reis I- 8:5 – Na imagem, gravura mostrando os maçons em volta do esquife do Mestre Hiram. Fonte: “Morals and Dogma”, de Albert Pike – Kessinger Publishing Co. 1992.


[3] O termo Tikun olam (תיקון עולם) significa “reparar o mundo”. É um termo cabalístico que sustenta a crença de que Deus escolheu o povo de Israel para reparar o caos causado pelo pecado de Adão. Vide neste sentido a obra de Gershon Scholen – A Cabala e Seu Simbolismo, Ed. Perspectiva, São Paulo, 2015. É neste sentido, também, que a Maçonaria adoptou o lema “Ordo ab Chao”, que significa Ordem no Caos, pois sendo a Maçonaria uma espécie de sucedâneo do reino de Israel, essa seria a sua missão no mundo: realizar a ordem no caos, construindo uma sociedade justa e perfeita.

fevereiro 26, 2025

ARBBLS CONSTELAÇÃO 141 - Goiânia


Na noite desta terça feira, depois de alguns anos, retornei a ARBLS Constelação 141, que funciona no Palácio Maçônico Mario Behring em Goiânia, para uma palestra pública, com a presença das cunhadas, familiares e convidados.

Sob a presidência do jovem e simpático Venerável Mestre Gilmar Rodrigues Romealdo, apresentei o tema "O caminho da felicidade", uma palestra que sempre motiva e emociona os participantes.

Tenho muitos irmãos que são amigos chegados nesta Loja. O irmão Edmilson, do Portal Maçonaria on Line, os irmãos Clauber e Jordão e outros com os quais convivi longamente quando participei dos quadros da GLEG 

No saguão da Loja, que é muito bonita, expus os livros dos confrades da Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras, mostra que despertou bastante interesse.

Ao final as cunhadas nos presentearam com um magnífico jantar.


O ANOITECER DA VIDA E A IMORTALIDADE - Valdemar Sansão



“Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar”. (João l4: 2)

Dê ou não, o meio, condições para que o tempo de vida se prolongue o ser humano fatalmente morrerá. Breve é a nossa passagem por esta vida terrena. Ontem chegamos hoje nos banhamos no Rio da Vida, amanhã partiremos. O Rio da Vida já corre muito antes do nosso nascimento e continuará a fluir indiferente, após a nossa partida.

A morte, ou seja, a total e permanente cessação dos processos vitais do organismo, das funções físicas e mentais, é o fecho de um ciclo que começou com a separação do indivíduo da paz intra-uterina pelo nascimento e que termina com o retorno simbólico a um estado de paz e silêncio, onde não há mais desejos nem dor.

Desde a infância o homem tem consciência da morte como o fim da sua história natural e pessoal, e o impacto deste conhecimento influencia suas atitudes diante da vida conforme as experiências sofridas nas várias fases do desenvolvimento.

Na velhice, a morte já é algo familiar ao indivíduo. Sua atitude a respeito dela pode variar de uma suave expectativa, de quem está ciente de ter realmente um saldo positivo dos investimentos vitais realizados e que se perpetuará na espécie, até a angústia e o desespero de quem viveu estéril e improdutivamente. O velho é o produto final dos valores que foi assumindo durante toda uma vida. Só se torna uma preparação para a morte, quando se renuncia a um projeto de vida, quando se mata a esperança.

A morte de um jovem me parece uma chama extinta com um dilúvio de água: enquanto a de um velho se assemelha à chama que se apaga naturalmente, ao fim da reserva de combustível” (Cícero).

Muitos consideram que o falecimento de uma pessoa amada é verdadeira desgraça, quando, na verdade, morrer não é finar-se nem consumir-se, mas libertar-se.

Devemos nos afligir? Sim, se não soubéssemos que nada morre a não ser o invólucro terrestre. Não, se como ensina nossa consoladora Ordem, somos essencialmente espíritos e, por isso, devemos aproveitar todas as oportunidades para nos aprimorarmos como pessoas, como “pedras polidas”. Diante das dificuldades, temos que nos superar. Escutemos o espírito ou a voz da Verdade em nosso coração e teremos a orientação sobre o caminho a seguir. Crescer espiritualmente, extirparmos os defeitos, as mazelas, etc.

Nada pode pretender se estabilizar no coração do maçom se não possui, em seu conjunto, como em seus menores detalhes, essa emanação pura e divina que chamamos a Verdade; um ponto fundamental da doutrina maçônica porque afirma que o Maçom deve estar constantemente em busca da verdade.

Designa a realidade, a exatidão; a qualidade pelas quais coisas e pessoas aparecem tais como são; é a única imutável como o Criador, que dela é a fonte. Isso não significa, todavia, que a verdade total, absoluta, seja atingível, pois, se isso fosse possível, essa busca constante deixaria de ser uma meta de vida e o ensinamento perderia o seu valor.

Significa, apenas, que o Homem é perfectível, mas que nunca chegará ao acme da perfeição total, que só pode ser conseguida com o conhecimento da verdade absoluta, ou seja, daquela que independe de interpretações, pois são variáveis de acordo com as tendências e as paixões.

A grande Verdade é que decidimos a pessoa que escolhemos ser. Potencialmente, somos perfeitos. Está em nós, particularmente no Maçom, caminharmos para a perfeição. Cada dia decidiu continuar do jeito que somos ou mudar.

Devemos perguntar-nos: o que estamos fazendo neste planeta?

Parece que a resposta será: evoluirmos espiritualmente e aprendermos a melhor servir e amar.

A Maçonaria aceita que o maçom, após sua morte física, adentra em um Oriente Eterno, local místico, situado em outro plano, totalmente desconhecido. No momento da “desencarnação”, havendo lucidez, o maçom deve aguardar com ansiedade essa “passagem” de um estado de consciência para outro, mais real e mais sublime.

A partida, não é mais que um avanço de alguns dias, alguns anos talvez, sobre a viagem que todos nós devemos realizar em direção ao Oriente Eterno, a nossa pátria comum, o infinito. Infinito é uma das denominações de Deus; o ser humano, na sua vida espiritual, é infinito. As Lojas maçônicas possuem a Abóboda Celeste para simbolizar o infinito.

Teoricamente, tudo tem um final, mas esse final constitui o “seio do Senhor”, ou seja, a assimilação do Criador com a criatura. O infinito é o que dá ao homem a esperança de sua eternidade.

O maçom aplica o substantivo “infinito” para expressar o seu amor ao seu irmão de fé; infinito é o amor de Deus para conosco, e em retribuição a nossa entrega a Ele deve, por sua vez, ser infinita.

O que não tem fim é a eternidade; entender isso é privilégio de poucos; porém, a perseverança abre o entendimento.

Quando um de nós deve empreender uma longa peregrinação toda a família se reúne para festejar a partida, ou se juntam amigavelmente para enumerar as qualidades, as virtudes sociais e familiares do futuro imigrante; cada um faz seus votos para uma feliz viagem e um breve regresso.

Assim, diante dos que partiram na direção da morte, assuma o compromisso de preparar-se para o reencontro com eles na vida espiritual. Prossegue em sua jornada na Terra sem adiar as realizações superiores que lhe competem. Pois elas são valiosas, quando você fizer a grande viagem, rumo à madrugada clarificadora da eternidade.

Contam que um filósofo, quando hospitalizado, um médico legista lhe disse que tinha aberto muitos corpos, mas jamais tinha encontrado um espírito. O filósofo, então, lhe explicou que não se poderia achar o pássaro, depois que a gaiola tinha sido aberta.

O genial VICTOR HUGO deixou o texto que se segue falando do homem e da imortalidade:

“A morte não é o fim de tudo. Ela não é senão o fim de uma coisa e o começo de outra. Na morte o homem acaba, e a alma começa.

Que digam esses que atravessam à hora fúnebre, a última alegria, a primeira do luto. Digam se não é verdade que ainda há ali alguém, e que não acabou tudo?

Eu sou uma alma. Bem sinto que o que darei ao túmulo não é o meu eu, mas o meu ser. “O que constitui o meu eu, irá além.”

O homem é um prisioneiro. O prisioneiro escala penosamente os muros da sua masmorra. Coloca o pé em todas as saliências e sobe até ao respiradouro. Aí, olha, distingue ao longe a campina. Aspira o ar livre, vê a luz. Assim é o homem. O prisioneiro não duvida que encontre a claridade do dia, a liberdade. Como pode o homem duvidar se vai encontrar a eternidade à sua saíd

Por que não o possuirá um corpo sutil, etéreo. De que o nosso corpo humano não pode ser senão um esboço grosseiro?

A alma tem sede do absoluto e o absoluto não é deste mundo. É por demais pesados para esta terra. O mundo luminoso é o mundo invisível. O mundo luminoso é o que vemos.

Os nossos olhos carnais só veem a noite.

A morte é uma mudança de vestimenta. A alma, que estava vestida de sombra, vai ser vestida de luz. Na morte o homem fica sendo imortal.

A vida é o poder que tem o corpo de manter a alma sobre a terra, pelo peso que faz nela. A morte é uma continuação.

Para além das sombras, estende-se o brilho da eternidade. A alma passa de uma esfera para outra, torna-se cada vez mais luz. Aproxima-se cada vez mais e mais de Deus.

O ponto de reunião é no infinito. Aquele que dorme e desperta, desperta e vê que é homem. Aquele que é vivo e morre desperta e vê que é Espírito.



fevereiro 25, 2025

CERTIFICADO DE PALESTRA

Recebido na noite de ontem da ARBLS OBREIROS DA PAZ 129 de Goiânia.





 

ARBLS OBREIROS DA PAZ 129 - Goiânia



Quando residia no Distrito Federal visitei a ARLS Obreiros da Paz 
129, de Goiânia, em diversas ocasiões e acabei fortalecendo a amizade com diversos irmãos, como Orivaldo Zamboni, Pedro Sertão Pereira e Carlos Alberto Barros de Castro. Este seria Grão Mestre Adjunto do saudoso Grão Mestre Adolfo Ribeiro Valadares por seis anos.

Em agenda organizada pelo irmão José Mariano, presidente da Academia Goiana Maçônica de Letras, retorno na noite de ontem à Loja e fui carinhosamente recebido pelos irmãos e pelo Venerável Mestre Euripedes Bastos Siqueira, que em delicada homenagem ofereceu a condução da sessão ao irmão Getúlio Marques Siqueira que havia sido Venerável Mestre há mais de 20 anos, e que depois de longo afastamento retornava a sua Loja.

Apresentei, com áudiovisual, a palestra "Maçonaria, de Isaac Newton à Internet' enquanto no amplo salão de festas estavam expostos os livros da Mostra Literária Itinerante da Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras.

Lauto banquete encerrou a agradável noite.

Na foto recebo o certificado de palestrante ladeado pelos irmãos Eurípedes, José Mariano e Barros. 

LOJA MAÇONICA PROPAGANDA DUE (P2)



Em 1877, foi fundada em Turim (Itália) A "Propaganda", uma loja maçônica secreta que funcionava irregularmente, reunindo políticos e funcionários públicos italianos que não podiam frequentar suas lojas regulares, além de membros da nobreza do Piemonte. 

Após a Segunda Guerra Mundial, o Grande Oriente da Itália reorganizou suas lojas, renomeando-a como "Propaganda Due", ou P2.

Na década de 1970, o Partido Comunista ganhou um enorme poder nas eleições parlamentares italianas e o país mergulhou numa onda de violência pelo terrorismo, uma confusão social onde os terroristas e membros da Máfia se deliciavam com isso.

Neste período, a Loja Propaganda Due começou a encher de empresários sem escrúpulos, funcionários do governo e militares (muitos ligados à Máfia), até que, em 1976, a Loja estava tão conhecida, com péssima reputação, que o Grão-Mestre do Grande Oriente da Itália ordenou o seu fechamento, retirou sua Carta Constitutiva, expulsou os membros e o seu Venerável Licio Gelli. Este último, voltou à ação com alguns membros expulsos, batizou o grupo de “P2” e continuou administrando-a como uma Loja Maçônica.

Um dos membros da P2, Roberto Calvi (banqueiro), juntamente com Michele Sindora (outro banqueiro à serviço da Máfia e que fazia a gestão dos investimentos para o Vaticano), contrabandeava dinheiro para fora do país, onde desviaram 80 bilhões de liras da Igreja.

Em 1981 os escândalos chegaram aos jornais. Havia tantos membros da P2 envolvidos no governo que a confiança do público despencou, resultando na queda do governo.

Explicações sobre a diferença entre os maçons reais e uma Loja fraudulenta de bandidos foram, em grande parte, ignorados. Os jornais viviam chamando os maçons de ladrões assassinos. Acusaram os maçons de terem assassinado o Papa João Paulo I envenenado, de terem bombardeado um trem, matando 80 pessoas e outros diversos crimes.

Por fim, culparam os maçons de matarem o banqueiro Roberto Calvi (que apareceu em Londres pendurado por uma corda sob a ponte Blackfriars, com tijolo nos bolsos). Em 2005 porém, identificaram o verdadeiro assassino: o mafioso Pippo Calo (e não os maçons), no entanto, sempre que a P2 é mencionada hoje, a palavra “maçom” quase sempre se liga a ela.

fonte: #curiosidadesdamaconaria #maconaria #p2

fevereiro 24, 2025

O QUE É VERDADE - Redaelli

Desejar a Verdade é aspirar à Divindade - Plutarco


I - INTRODUÇÃO

Antes de iniciar este trabalho é bom dizer algumas palavras daquele que   está na origem do título desta placa “Desejar a verdade é aspirar à divindade”.

Plutarco, nascido em Queronéia (Beócia) em 46, morreu em Tebas em 120, é especialmente famoso por suas Vidas Paralelas de Homens Ilustres , uma obra que o tornou o mestre indiscutível da biografia comparativa.

Sendo mais retratista do que historiador, ele traça paralelos entre uma grande figura da Grécia e sua contraparte de Roma. Foi assim que colocou César ao lado de Alexandre, Cícero ao lado de Demóstenes, etc.

Ele foi criticado por subestimar o lado histórico dos personagens, em comparação com seu   lado mais moralista. A influência que teve sobre pensadores e escritores foi considerável, de modo que ele é tão importante como historiador quanto como biógrafo.

Para um grande número de personagens e dos acontecimentos em que participaram, ele é a única fonte de referência. Se apesar do extremo rigor na relação omite alguns detalhes, é porque o seu objetivo não é escrever histórias, mas sim vidas, como ele mesmo diz. Entre suas principais obras citaria a vida de Péricles, a Vida de César, Pompeu de Bruto etc. Pessoalmente recomendo a leitura: A vida dos 12 Césares que reúne as biografias dos maiores imperadores romanos.

O trabalho que se segue será organizado em duas partes: primeiro, desejar a verdade e depois aspirar à divindade.

II – DESEJA   A   VERDADE

Desejo

Para Spinoza, a razão deveria governar a conduta dos homens, mas é o desejo que verdadeiramente os faz agir.

O desejo não deve ser interpretado aqui como uma disposição perniciosa, mas como o sintoma de uma falta original. É uma viagem necessária para redescobrir a nossa comunidade original com o divino. É neste sentido que devemos entender a frase: Deseje a verdade.

A verdade é uma ideia que conduz nossa busca. É um princípio regulador que não diz respeito a uma necessidade, mas, pelo contrário, caracteriza uma energia para pesquisas infinitas.

A necessidade e o desejo são diferentes porque a necessidade é certeza, credulidade, confusão, como se a Verdade pudesse ser dada, mas só pode ser procurada.

A necessidade de acreditar na Verdade não existe, pois pode ser confundida com a necessidade de certeza nas verdades estabelecidas.

O que existe é a vontade de acreditar em possíveis trocas no futuro. Este desejo pela Verdade é a sede do Infinito, da Perfeição. É um orgulho que a humildade sempre salva no Homem.

A verdade

Verdade para o filósofo

Verdade, do latim Véritas, conforme o que é e o que se diz, qualidade do que é verdadeiro.

A Verdade em si é impossível de encontrar porque se analisarmos um fenómeno ou uma ideia, esta verdade pode ser consistente com este fenómeno ou esta ideia tal como nos aparece de acordo com o nosso pensamento. Isto pressupõe um trabalho da mente que seja capaz de distinguir a verdade da falsidade. Temos um rigor interior que nos leva a rejeitar tudo o que não parece provável. Para afirmar, para saber a verdade, para tentar dizer que a sabemos, na verdade já devemos ter uma ideia disso. Esta pesquisa nos faz compreender que existe um mundo de ordem, e que a mente que é ordem deve encontrar essa ordem   no mundo que a rodeia. A busca da verdade consiste em renunciar à estreiteza de espírito e ao isolamento em nós mesmos.

Por outro lado, a nossa busca interior pode talvez tornar possível chegar a esta verdade, enquanto o recolhimento em si mesmo é apenas um abandono puro e simples da busca, um obstáculo à verdade que se contenta com as coisas aparentes. Quem pode afirmar conhecer a verdade nas relações humanas? Esta verdade parece diferente para cada um de nós, de acordo com a nossa percepção e quem somos nós aos olhos dos outros? O próprio espelho nos dá uma imagem distorcida da nossa própria personalidade.

Mas que verdade é esta?

A verdade não é facilmente decifrada.

Devemos afastar-nos das ideias preconcebidas, daquelas verdades que acreditamos serem irrefutáveis, e obrigar-nos a ter cuidado com as notícias falsas que são negadas no dia seguinte. Não há verdade e razão de um lado e erro do outro.

Para muitas populações, e por vezes inteiras, as pessoas que são sinceras nos seus erros dão vida verdadeira às suas convicções. Muitas coisas acontecem como se a falsidade fosse verdade.

Às vezes, essas falsas crenças lhes permitem manter força suficiente para sobreviver em um ambiente sem esperança. Não podemos desiludi-los porque todo o seu sistema que, segundo eles, lhes faz bem, poderá entrar em colapso. Freqüentemente, você precisa esperar muito tempo antes de transformá-los em designs reais.

Verdade para o Maçom.

Porque a Verdade faz parte do absoluto, provavelmente temos, graças ao nosso trabalho, à compreensão do nosso rito, do nosso simbolismo, a possibilidade de nos aproximarmos mais de perto desta noção.

Existe uma definição secular e filosófica da palavra verdade e uma definição maçônica.

Eles são diferentes e não se relacionam com a realidade.

A verdade maçônica é uma verdade pessoal que aparece durante a progressão da jornada iniciática. Cada um é criador da sua própria verdade, na sua própria consciência e gradualmente.

Não é uma verdade filosófica que surge do raciocínio sobre o homem e o mundo. A característica da verdade maçônica é ser múltipla. Isto é contrário a todo dogmatismo, seja político ou religioso. Como resultado, a sua investigação permite todas as possibilidades e como dizem a Declaração de Princípios e as Constituições da GLDF: “ Na busca constante pela verdade e pela justiça, os maçons não aceitam obstáculos e não impõem limites.

Sendo o seu domínio completamente incognoscível, abre todas as possibilidades. Não podemos nos impor limites em nossa pesquisa. Se cada verdade é diferente dependendo de cada indivíduo, isso deve ser entendido como um elogio à diferença e à tolerância, um dos seus pilares. Neste cadinho que é a loja, cada irmão encontrará a sua verdade através de diferentes ritos e diferentes obediências, diferenças de pensamento.

Desde a primeira fase a nossa atenção é atraída para a dificuldade de conceber a noção de verdade. Não basta estar na sua presença (é preciso ainda percebê-la) para que ela nos seja inteligível. A luz só ilumina o espírito humano quando nada se opõe ao seu brilho. No mundo profano o valor das coisas e das honras é relativo. No mundo espiritual, trabalhamos para alcançar a unidade e a realidade última. Portanto, é a nossa visão que muda e não o mundo. Nossa visão se ampliou, estamos em constante ascensão e a verdade está gradualmente retirando de nós o véu das ilusões. Aos poucos nos leva cada vez mais alto, como se estivéssemos em uma espiral ascendente. Ao querermos avançar no caminho do Conhecimento, nossa consciência do universo torna-se proporcional à qualidade e quantidade de energia que liberamos durante nossa busca. É ela quem nos permite combater o fanatismo, a superstição e a ambição. Ela é a luz colocada ao alcance de todo homem que deseja abrir os olhos e olhar para o caminho que leva ao Dever, como ensina o ritual. A verdade depende do conteúdo dos conselhos e do conhecimento de cada um de nós. É por isso que o iniciado não imporá a sua verdade a um indivíduo que não tenha maturidade suficiente. Conscientes destas realidades, não podemos mais profanar a palavra da verdade, concedendo-a às concepções humanas. O ensinamento iniciático não é formulado exatamente, mas sob um véu, uma aparência, portanto não compreensível às concepções humanas propriamente ditas. Para perceber esse ensinamento é preciso estar conectado ao divino, em um templo consagrado. É um trabalho longo e sério voltado para pessoas motivadas. A metodologia REAA nos auxilia nessa abordagem por meio do uso de símbolos, intuição e sacralização. Retomando o Discurso do Método Descartes, a REAA adverte-nos: Respeite todas as opiniões, mas só as aceite como corretas se assim lhe parecerem depois de as ter examinado.  





 


Diz-se que a verdade absoluta não existe, então por que procurar o inacessível? Mas se não houvesse busca pela verdade, qual seria a nossa abordagem? Se a detivessemos, não haveria nenhuma ação, portanto a verdade provavelmente não viria à tona. Acho que não existe uma verdade, mas verdades. Ou seja, aquele que permite encontrar o equilíbrio não será igual para todos. Quando buscamos, temos uma direção, um objetivo. Mas este objetivo não é o mais importante. O importante é começar. A Verdade também é a busca pela Luz e só existe uma, a Grande Luz. Acho que quando falamos de verdade pessoal, estamos falando da nossa própria construção.

Uma imagem muito conhecida é a da Verdade saindo de um poço.

Isto implica que só se pode nascer espiritualmente emergindo do caos interior, para alcançar a recomposição pessoal.

Esta será apenas a nossa própria verdade que, se não for universal, merecerá, no entanto, ser escrita com V maiúsculo.


III – ASPIRANDO   À   DIVINDADE 


É através do silêncio interior que o Homem despertará a sua consciência, o que resultará numa aspiração de ascensão ao Espiritual.


Noto aqui a palavra “aspiração”, que é um dos dois movimentos da vida, vindo ela própria da Respiração do Logos. (Aspiração, expiração)

O termo exato a ser usado seria “inspiração”: ação pela qual o ar entra nos pulmões.

Existe outra definição desta palavra que significa: Estado onde a alma se encontra quando está diretamente sob a pressão de um poder sobrenatural.

Da inspiração passamos para a Aspiração que é: Movimento da Alma em direção a Deus.

Encontrei essas definições numa edição muito antiga, datada de 1904, do Petit Larousse Illustré.

Qualquer Homem que sinta esta aspiração, esta elevação a Deus ou ao Grande Arquiteto do Universo, dependendo da sua sensibilidade, sente-se em harmonia e em aliança com todos aqueles que têm o mesmo objetivo. Porque é o mesmo Sopro que os anima. Mas para estar em harmonia, ele deve estar na mesma sintonia que eles, nem superior nem inferior. O que deveria levá-lo a questionar-se e a estar disponível aos outros através do dom de si.   Este dom deve ser completo e não ser nem pretensioso, para querer impô-lo aos outros, nem parasitário, na constante expectativa dos outros. 


Divindade

O que é divino

Quando trabalhamos na loja, o Volume da Lei Sagrada está aberto ao Prólogo de João. Parece claro ao iniciado que esta abertura corresponde ao que, originalmente, manifesta o pensamento de GADLU através do ato de criação do mundo. Existe um Livro do Universo e um Livro da Lei, uma manifestação e uma revelação que se sucedem para contribuir para a harmonia universal. Esta correspondência é o verdadeiro fundamento do simbolismo. É o elo que liga a ordem cósmica ao plano do Grande Arquiteto do Universo.  

 



Através do estudo dos símbolos, através do amor à verdade, a Maçonaria possui valores encontrados nas profundezas do homem. Isto supõe um esoterismo universal e eterno. É um reflexo dos valores do espírito humano respondendo a uma necessidade que não mudou desde a centelha criativa. Em todos os lugares da alvenaria somos confrontados com a morte, a caverna, a escuridão, mas também com a vida, a Luz, o leste.

É um ciclo de imortalidade.

A iniciação tornou-se uma necessidade desde o outono. A verdade seria oferecida ao homem sem velar o olhar, pois ele nasceu para contemplá-la e homenageá-la. Mas desde então ele desceu à matéria, a uma região oposta à Luz. É a verdade que ele submeteu ao trabalho de iniciação. O homem é o único que possui fala, que é nele a linguagem da inteligência e das faculdades espirituais, o meio pelo qual se comunica com todos os seres, até a divindade.


A busca pela Verdade requer a busca ou imitação do divino?

Estamos num processo fundamental para um maçom, e a busca do divino, ou seja, um retorno a si mesmo para encontrar em nós mesmos esta partícula de eternidade, é o mínimo que podemos fazer para escapar do tumulto da vida e dos murmúrios da o mundo. Porque temos uma noção da perfeição que procuramos e da liberdade que a acompanha, sabemos o que depende da nossa própria decisão e do que podemos escapar.


IV - CONCLUSÃO


Estamos num mundo muito particular que é o do simbolismo, do sagrado, e onde as palavras que usamos podem ser interpretadas de forma simbólica. Nosso trabalho na loja como iniciado nos permite, em comparação com outros homens, ir mais longe no caminho da busca por esta Verdade. Penso que graças a este caminho iniciático e às nossas possibilidades podemos ir mais longe nesta abordagem às noções de absoluto. Porque a Verdade faz parte do absoluto e temos a possibilidade, através da compreensão do nosso rito e do nosso simbolismo, de podermos aproximar-nos deste absoluto.

Devemos sentir-nos preocupados com esta missão que permitirá posteriormente a transmissão aos irmãos que nos sucederão.

Lembremo-nos da nossa iniciação ao 1º grau :

Como você foi apresentado à Loja? Por três grandes golpes.

Qual é o seu significado?   Peça e você receberá (A LUZ); Busque e você encontrará (A VERDADE); Bata e ela será aberta para você   (A PORTA DO TEMPLO).  

O que você viu quando entrou na Loja? Nada que a mente humana não consiga compreender: um espesso véu cobriu meus olhos. Não basta sermos levados à presença da Verdade para que ela seja inteligível para nós. A luz só ilumina o espírito humano quando nada se opõe ao seu brilho. Enquanto a ilusão e o preconceito nos cegarem, as trevas reinarão em nós e nos tornarão insensíveis ao esplendor da Verdade. 

O conteúdo simbólico de cada Grau pretende alertar o destinatário contra qualquer certeza: se a Verdade (com T maiúsculo) é una, as verdades são múltiplas e falaciosas. 


O simbolismo da Luz é amplamente utilizado para indicar ao F \ M \ que se a Noite emerge do Caos, as Trevas que a povoam são inadequadas para receber qualquer ensinamento iniciático e que a Luz deve emergir das Trevas. Mas se isto constitui uma condição necessária para a elevação espiritual, não é menos insuficiente porque os preconceitos (ignorância, fanatismo, ambição descontrolada) estão sempre à espreita para derrubar o vaidoso e apenas dar-lhe a aparência de um ensinamento do qual ele só possuirá os chocalhos insignificantes. É assim que qualquer Luz, qualquer raio que a componha, pode ser detido por um obstáculo que o ritual simboliza por uma ligadura opaca, susceptível de impedir a comunicação espiritual. E mesmo que o progresso do ritual remova o obstáculo durante a cerimónia, ele permanece presente em todo o seu simbolismo. É permanecendo no mesmo nível que se sugere o trabalho incessante a ser realizado pelo destinatário, a fim de eliminar qualquer interposição entre ele e a Luz e para que construindo seu Templo espiritual ele possa se aproximar da VERDADE.

 

 


A Verdade não se encontra seguindo uma linha reta, porque então estaríamos no caminho da verdade dos fanáticos, para quem o Homem deve ser escravizado por todos os meios, mesmo os mais perniciosos.

Da mesma forma, não devemos deixar-nos guiar pela razão pura, porque então acabaríamos com uma verdade científica que não é a verdade real.

Devemos seguir um caminho pouco convidativo, onde não há conforto, nem glória, nem riqueza além da do espírito e que chamo de Verdade dos fracos, porque, como a cana, triunfamos sobre a força através do poder do Conhecimento correto.

É estudando as crenças dos homens na sua busca pela Verdade universal que poderemos fazer a ligação entre o visível e o invisível e reunir o que está disperso, o que une em vez de separar.

Agindo desta forma, teremos dado um pequeno passo em direção ao divino e provado assim que os maçons não são ateus estúpidos nem libertinos irreligiosos.

fevereiro 23, 2025

ARLS UNIVERSITARIA GOIANA 4094

 


Atendendo à programação feita pelo irmão e confrade José Mariano, presidente da Academia Goiana Maçônica de Letras, estive na manhã deste domingo na ARLS Universitária Goiana 4094 para proferir a palestra "Maçonaria, de Isaac Newton à Internet" em conjunto com a mostra virtual dos livros dos acadêmicos da Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras.

A Loja, do Rito Moderno, conduzida pelo Venerável Mestre Miguel Tiago, funciona em um dos templos da ampla sede do GOB Goiás e é repleta de intelectuais e professores universitários, a maioria jovens e muito cultos.

A palestra despertou grande interesse e a sessão terminou depois do meio-dia devido aos enriquecedores comentários dos irmãos. Merece destaque o belíssimo comentário do irmão Orador, Anderson Lima da Silveira, que passeou com facilidade e erudição pela filosofia Maçônica, ao comentar a apresentação.

A Loja se comprometeu com a doação de 5 cestas básicas como retribuição da minha palestra. Foi um promissor início do meu trabalho em Goiânia.

PRATICAR FRATERNIDADE - Adilson Zotovici



É dito em Loja amplamente 

Predito pela irmandade 

Ouvir que o coração sente 

Ação de solidariedade 


Inda que seja prudente 

A carência, à verdade 

Ao profano, à nossa gente 

Prevalência da bondade 


A alguém que de repente 

Em grande dificuldade 

Num momento então carente 


Vasta a possibilidade 

Não  basta falar somente 

Mas *praticar Fraternidade* !!!



PALESTRA O CAMINHO DA FELICIDADE - Michael Winetzki


Vídeo da palestra realizada na Academia Maçônica de Letras de Rondônia em 02/12/2023




fevereiro 22, 2025

GRANDE LOJA MAÇÔNICA DE GOIÁS



 Chegando neste momento em Goiânia para uma semana de palestras e mostra de livros dos membros da Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras que tenho a honra de presidir.

Ficarei hospedado nos apartamentos da Grande Loja que me trazem tantas e tão boas recordações.

O trabalho começa amanhã, domingo, com uma palestra na ARLS Universitária Goiana 4094 do GOB GO e prossegue todos os dias, encerrando na próxima sexta feira com outra palestra na ARLS Reintegração e Concórdia 57, da GLEG, da qual sou membro honorário.

Nas duas semanas que fiquei em Brasília a retribuição às minhas palestras gerou mais de 100 cestas básicas doadas a entidades. Espero obter resultados semelhantes nesta belíssima capital de Goiás.

DIA INTERNACIONAL DO MAÇOM - Domingos da Paz



Queridos Irmãos Maçons,

Neste Dia Internacional do Maçom, celebremos a essência dos princípios que nos unem como uma irmandade global. Que a luz da Fraternidade, Igualdade e Liberdade brilhe intensamente em nossos corações e guie nossas ações.

A busca pelo conhecimento é um pilar fundamental da Maçonaria. Que nunca deixemos de aprender e crescer, buscando sempre o aprimoramento pessoal e coletivo. Que possamos compartilhar nosso saber com generosidade, iluminando o caminho para um futuro mais esclarecido e harmonioso.

A conexão com o divino nos fortalece e nos guia em nossa jornada. Que encontremos paz e inspiração nas nossas práticas espirituais, e que nosso compromisso com a fé nos sustente em momentos de desafio. Que a harmonia entre o espírito, a mente e o corpo seja sempre nossa meta.

Como irmãos, somos unidos por laços de amizade e apoio mútuo. Que a fraternidade nos inspire a construir pontes de entendimento e solidariedade, fortalecendo nossa irmandade e promovendo a união entre todos os seres humanos.

Que possamos lutar pela justiça e pela equidade, reconhecendo e respeitando a diversidade de pensamentos e culturas. Que a igualdade seja a base de nossas ações e de nosso compromisso com a humanidade.

Neste dia especial, renovemos nossos votos de fraternidade e compromisso com os ideais maçônicos. Que a amizade e o apoio mútuo sejam sempre presentes em nossas vidas, e que possamos continuar a construir um legado de paz, justiça e amor fraternal. 


TELHAMENTO OU TROLHAMENTO - Pedro Juk


Em 30.06.2014 o Respeitável Irmão Clovis Luciano de F. Júnior, sem declinar o nome da Loja, Rito, Obediência, Cidade e Estado da Federação apresenta a questão seguinte.

Caros amigos da redação Trolha, eu comprei um livro recentemente os Cadernos de Bolso de Aprendiz, Companheiro e Mestre; e lendo o Caderno de Aprendiz na pagina 63 sobre o telhamento ou trolhamento? O livro nos diz que o correto é telhamento, mas li em outro livro que na verdade seria trolhamento porque consultando o dicionário priberam da língua portuguesa de português europeu, trolha é aquele operário que assenta e conserta tijolos, logo trolhamento seria assentar e consertar telhados já o telhador é aquele que telha e o verbo telhar significa cobrir com telha. Eu li um livro muito interessante do Kennyo Ismail que me deu uma base muito mais sólida para esse assunto. Gostaria de saber uma posição de vocês em relação a isso.

Considerações: 

Assim se pronuncia o Novo Dicionário Aurélio – atualizado e versão eletrônica: 

Trolha - Substantivo feminino - 1. Espécie de pá na qual o pedreiro tem a argamassa que vai usando. 2. Brasil - Desempoladeira. Substantivo masculino. 3. Pedreiro ruim. 4. Servente de pedreiro. Se

Telhar - Verbo transitivo direto - 1. Cobrir com telhas; atelhar. Telhador (De telhar + -dor) - Substantivo masculino - 1. Aquele que telha.

Telhadura (De telhar + -dura) - Substantivo feminino - 1. Ato ou efeito de telhar. 2. Lugar onde se fabricam telhas. 

Neologia – Substantivo feminino - 1. Emprego de palavras novas, ou de novas acepções. 

Neologismo - Substantivo masculino - 1. Palavra ou expressão nova numa língua. 2. Por extensão - Significado novo que uma palavra ou expressão de uma língua pode assumir. 

Ponderações sobre os termos “telhamento e trolhamento” em Maçonaria: 

A origem dos “trabalhos cobertos” vem dos canteiros medievais onde os planos da obra, contratos de trabalho e o ensinamento da “arte” eram sigilosos. Essa prática estendeu-se para a Maçonaria Especulativa e por extensão a Moderna Maçonaria. 

Nesse caso a referência feita à “cobertura” significa exatamente o sigilo no trato dos acontecimentos e assuntos maçônicos dentro da Loja. Assim o rótulo assumiu o neologismo maçônico de “telhamento” pela cobertura dos trabalhos – ninguém pode ver nem ouvir o que se passa no canteiro (Loja). Desse costume apareceria o cargo do Cobridor como aquele que figuradamente cobre os trabalhos na Loja. Dependendo da vertente maçônica existe o Guarda Externo (francesa) e o Tyler (inglesa), assim como os conhecidos Cobridores, ou Guardas Internos. 

Como o termo se refere ao sigilo, os Sinais, Toques e Palavras guardados como verdadeiros segredos da Ordem assumiram também as características de “cobridores do grau”, posto que além de afastar bisbilhoteiros, preserva os segredos de cada grau, dando o caráter de qualidade para o maçom participar ou não de uma sessão de acordo com o seu nível de aprendizado. 

Assim o termo “cobertura” identifica-se com “telha” que, por extensão dá o caráter de “telhamento” (neologismo – termo encontrado no idioma vernáculo é telhadura). Também dessa associação apareceria o uso da palavra “goteira” para um não iniciado (costume adquirido pela má cobertura do recinto). 

Infelizmente, embora já exaustivamente explicado, alguns ainda produzem o equívoco de confundir “telhamento” com “trolhamento”. Essa interpretação enganosa foi inserida nos rituais brasileiros de há muito tempo atrás e veio se reproduzindo como uma erva daninha, embora alguns autores ainda “tentem” achar uma justificativa para a mesma. 

A palavra “trolha” rotula um instrumento usado pelo pedreiro no seu ofício. Ela pode ser a “colher de pedreiro”, ou a “desempoladeira, ou desempenadeira” donde o artífice se serve da argamassa e alisa a superfície para aparar arestas. Desse procedimento operativo, surgiria o termo figurado de “trolhamento” (outro neologismo maçônico) sugerindo a ação de aparar rusgas por eventuais desentendimentos entre os Irmãos. 

Assim, o ato do trolhamento significa apaziguar, enquanto que o de telhamento implica em cobrir. Afinal cobre-se um recinto com telhas ou com trolhas? O que não faz sentido é fazer analogia do trolhamento com o sigilo e o segredo maçônico, já que como Landmark específico o sigilo e o segredo fazem parte da “cobertura dos trabalhos maçônicos”, e nunca da digamos... “trolhadura dos trabalhos”. 

Definições maçônicas para os termos: 

Telha (do latim tegula) – substantivo feminino: designa uma peça, em geral de barro cozido, usada na cobertura de edifícios. 

Telhador – substantivo masculino: designa aquele que telha. 

Telhadura – substantivo feminino: designa o ato ou efeito de telhar. 

Telhamento – neologismo maçônico: designa o mesmo que telhadura. 

Trolha (do latim trullia, variação do latim trulla) – substantivo feminino: designa uma espécie de pá na qual o pedreiro tem a argamassa da cal que vai se servindo. Designa no Brasil, também a desempoladeira; a desempenadeira. 

Trolhamento – neologismo maçônico: designa o ato ou efeito de trolhar (neologismo). 

Telha – Na Maçonaria moderna como uma “construtora social”, os instrumentos de trabalho e materiais são simbolicamente os dos construtores de edifícios. Assim a cobertura do Templo também está em não permitir a presença de intrusos e bisbilhoteiros. Simbolicamente é feita a cobertura com telhas através do Telhador, por extensão o Cobridor, ou aquele que cobre. É a origem do termo “goteira” que em Maçonaria significa o lugar descoberto, ou o bisbilhoteiro que espiona os trabalhos – para que isso não venha acontecer o Cobridor “cobre o Templo”. 

Telhador – Como oficio daquele que cobre de telhas. Em Maçonaria recebe também o título de Cobridor, ou o Guarda do Templo, a quem compete o ato de “telhar”, ou fazer o “telhamento” naqueles que se apresentam à porta do Templo para verificar a sua qualidade maçônica de iniciado, bem como o seu Grau conforme o trabalho da Loja. 

Telhar – verbo transitivo direto significa o ofício de cobrir com telhas. Em Maçonaria compete ao Cobridor, ou Telhador, o ofício de telhar, ou examinar nos toques, sinais e palavras, os visitantes que se apresentam à porta do Templo no intuito de verificar se os mesmos são realmente Maçons e posteriormente se certificar da qualidade maçônica conforme o Grau para ingressar nos trabalhos que estão sendo realizados. Infelizmente o termo tem ainda sido confundido com o ato de “trolhar”, que verdadeiramente significa o ato de “passar a trolha”. Assim, trolhar nesse caso é termo altamente incorreto para se designar o referido exame, já que telhar está ligado ao ato de cobertura e cobertura é feito com telhas, não com trolhas. Do mesmo modo o Cobridor, ou Telhador não possui o título de “trolhador” em qualquer Rito ou Trabalho maçônico. 

Trolha – a Moderna Maçonaria como construtora social, viria absorver inúmeros instrumentos da arte de construir. Sob esse prisma a trolha não deixaria de nela ter um importante significado simbólico. Alguns autores, provavelmente pela etimologia da palavra, defendem a tese de que a trolha seria a colher de pedreiro. Contudo seja ela a colher de pedreiro, seja ela a desempoladeira, ou desempenadeira, conforme a definição apontada por bons dicionaristas do idioma vernáculo, a verdade é que ela, dentro das suas funções, serve para alisar a argamassa aparando e preenchendo as rugosidades. 

Nesse sentido a trolha e o ato de trolhar (neologismo maçônico) significa o meio que é usado para apaziguar os Obreiros que porventura estejam em litigio - aparar arestas. Esse apaziguamento, ou esse entendimento é rotulado pelo neologismo maçônico como “trolhamento”, já que trolhar designa o ato de passar a trolha. 

Lamentavelmente o termo “trolhamento” ainda tem sido equivocadamente usado em lugar de “telhamento” como se ambos tivessem o mesmo sentido. 

Finalizando: “telhamento” é um dos ofícios do Cobridor quando verifica a qualidade maçônica de um visitante. Já “trolhamento” significa o ato de apaziguar eventuais rusgas ou desentendimentos entre os Irmãos. 

O Cobridor Externo no Craft (inglês e norte-americano) é o “Tyler”. 

Desculpe o abuso do “prolixo”, todavia é uma das armas para combater essas carcaças de dinossauro – a insistência do tal “trolhamento” para a verificação. 

Finalizando, o Caderno de Bolso “A Trolha”, Instruções para a Loja de Aprendiz, R∴E∴A∴A∴ no que concerne a vossa questão está corretíssimo.